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sexta-feira, abril 26, 2024

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O encontro com a inovação

Eduardo Vieira

Por Ceila Santos

A imagem que lhe convido é do abismo. Como te toca esta palavra? Você se imagina no escuro, em queda, pulando, em vórtice, no túnel ou no fundo? Pra quem se identificou com fundo, você se imagina deitado, em posição de cócoras, levantando-se ou em pé, firme, com seu cajado na mão?

Pode ser que o imaginário cultural te leve justamente para o oposto da origem da palavra. Ou seja, um significado contrário do que ela representa. De origem latina, o significado da palavra abismo é lugar sem fundo, do latim byssos, de fundo, com o A que é sem: abyssos.

Atingir o fundo de um lugar sem fundo. É o risco que se corre quando levamos nossa atenção para dentro de nós. Podemos entrar em contato com as distorções feitas pelo mau uso das palavras e transformar tais ilusões em verdade e, assim, criar fundo para o abismo.

Andar firme e forte no fundo de um lugar sem fundo. E, detalhe, haverá todos os recursos para mantê-lo neste caminho: o fundo com milhares de opções sombrias, companhias pra te confirmar que o abismo é isso mesmo, com fundo, que merece cajado e firmeza. Ilusão?

É fato a existência das invenções, possibilidades e realidades que atravessaram os significados das origens das palavras e construíram significados opostos que internalizamos como verdade. Talvez, por isso, tantas palavras têm sido ditas com prefixo re: ressignificar, reconhecer, repensar, reinventar… Pra dar conta da complexidade que se tornou o mundo interno de cada um de nós, parece que as palavras nos convidam sempre a dar uma ré pra verificar se o significado é o da origem ou da travessia que virou o oposto.

Complexa contradição

Fica mais difícil de andar junto, de convidar muita gente pra dar o próximo passo, mas pra quem tem interesse em inovar e sustenta a leitura reflexiva pra saber o que a imagem do abismo tem a ver com a inspiração que Eduardo Vieira trouxe para meu caminho solitário vale lembrar que o lugar sem fundo é sinônimo de caos, puro movimento e eterna criação.

O que aprendi ao ouvir a história do Eduardo é que o caminho da inovação é ver o novo de frente e sustentar essa visão ciente que ela faz parte do futuro, com mil e uma possibilidades do novo. Está ali, pulsando, vivo, cheio de potência, mas ainda não tem forma. Vai sendo revelada, aos poucos. Isso não significa que tem o direito de ficar parada. Esperar acontecer não é estar a caminho da inovação. Ficar cavoucando o descoberto pra compreendê-lo, antes da forma, também não é recomendável. Há uma ação sutil que já foi dita: olhar o novo de frente.

Aprendi com as percepções que a história do Eduardo moveu em mim que inovar é ficar atento a esses dois movimentos, sem pressa e sem pressão. Atento ao cultivo do dia e às entregas prometidas, de olho na força que o futuro emerge e no tempo que esse futuro lhe acompanha. São detalhes que vão contribuindo para a sua percepção.

Subjetivo demais?

Eu não conheci os dez anos de quem foi o Edu antes de ele tornar-se a voz da inovação nos meus ouvidos. Enquanto a Ideal nascia no mundo da comunicação, eu mergulhava no futuro que me afastou do mercado corporativo e mudou radicalmente a energia do leva e traz que ainda se mantém como resquício das trocas que fazemos como comunicadores. A única lembrança que nutria do Eduardo era do jornalista de TI que esteve sentado ao meu lado, no Prêmio Imprensa Embratel.

Meu encontro com um dos CEOs da H+K Strategies não tinha a intenção de encontrar a inovação, sentir os efeitos de um insight cognitivo e partilhar a experiência através da imagem do abismo contigo. Quando falei com Eduardo ainda vivia a incógnita do meu caminho, seguia a forma de ouvir os relatos biográficos, agora, dos donos das agências e tinha a dica de Liliana Morales, minha amiga da faculdade, de que ele era o cara que pensava diferente.

Quando desliguei o Zoom, no mês de julho, que durou 90 minutos, o lide era o sonho de ser dono do próprio nariz. Em agosto, veio a frase: Ele começou revelando o sonho de ser dono do próprio nariz e terminou trazendo a percepção mercadológica, que ainda lhe tira o sono: provar os valores do campo comunicacional para o mundo. Edu fala o tempo todo de Reputação e Valores.

Ouvi-lo me fez sentir grande. Como se o olhar dele pudesse valorizar as paixões que sinto dentro de mim. Como se amar histórias e acreditar nelas pudesse, de fato, um dia ser verdadeiro. Sem distorções de realidades, caminhos ilusórios ou travessias de significados opostos. Como se houvesse um lugar pronto para valorizar o sentido e os significados das origens das palavras, ciente das invenções feitas que criaram o contrário da essência etimológica.

Imaginar esse mundo que Edu inspirou em mim com os valores da comunicação me fez acreditar que há espaço para líderes aprenderem as técnicas de diálogo consigo e com o mundo, pra aprender a ver o novo a partir dessa escuta profunda que requer ficar atento ao cultivo do dia que o futuro pede agora.

Eduardo Vieira

Eduardo Vieira
Hill + Knowlton Strategies

Linha do Tempo dos Papéis
1996 a 2000 – Universitário
Instituição: ECA/USP

1997 a 2007 – Jornalista  
Veículos: Gazeta Mercantil, Info, Exame e Época

2007-2015 – Empresário
Agências: Ideal e ConceptPR

2015 – 2020 – Sócio do WPP e Chairman do Grupo Ideal

Agências: H+K Strategies América Latina, Ideal H+K Strategies, Hill+Knowlton Brasil e Ogilvy PR & Influência

Gazeta Mercantil, Info, Exame e Época. Apesar da força e da credibilidade que cada marca dessas representa na história do jornalismo, nenhuma delas abrange o que a Ideal traz para história de Eduardo Vieira – que se torna referência nacional ao concretizar seu sonho de ser dono do próprio nariz.

É tão impactante a fundação da agência com Ricardo Cesar que não dá pra seguir o roteiro padrão do jornalista que virou empresário. Existe um depois de 2007 na vida de Eduardo que sintetiza a liderança da inovação na América Latina e nasce com uma palavra difícil de encontrar nas biografias: cocriação.

Nasce a Ideal, do Eduardo e do Ricardo, que vira uma potência mundial. É complexo compreender os significados de dois brasileiros fazerem parte do board mundial da Hill + Knowlton Strategies e sócios do WPP, a maior holding de comunicação do mundo.

Mais fácil lembrar que tudo começou pelo Google, que precisava suprir a necessidade de integrar o que, na época, era separado no Brasil: assessoria de imprensa X publicidade. Tudo indica que foi o livro-reportagem “Os Bastidores da Internet no Brasil”, escrito por Eduardo, que motivou o gigante da internet a convidá-lo para um Ciclo de Palestras, que daria início à concorrência que mudou a vida da dupla.

De editores da grande imprensa, eles viraram uma startup de PR Digital. Antes disso, Edu viveu dez anos como jornalista e, hoje, é um dos poucos líderes que compartilha suas reflexões no LinkedIn, comenta nas redes sociais e ainda indica cursos gratuitos para comunicadores. Colaborativo? Sem dúvida!

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