Paulo Roberto Ferreira lança A censura no Pará, obra que aborda o período da ditadura militar no Estado. Diversos registros de jornais antigos e depoimentos de jornalistas da época estão reunidos no trabalho, narrando a caminhada da imprensa paraense desde 1964 até a reconquista da democracia, 21 anos depois. A obra é resultado de um levantamento em cinco jornais que circulavam no Pará antes e logo após o golpe militar. “Eu queria compreender como a mídia tratava a conjuntura que resultou na deposição do presidente João Goulart e desmistificar o discurso da neutralidade da imprensa paraense”, disse o autor ao Leia Já. Com 40 anos de profissão, jornalista e professor universitário, Ferreira passou por diversos jornais de renome, trabalhou como apresentador e diretor de tevê, comentarista em rádio, funcionário público na Caixa Econômica Federal e até secretário do Estado de Comunicação. Chegou a perder o emprego na Caixa Econômica por estar envolvido com o grupo de trabalhadores da empresa. Certa vez, ao ser intimado para depor na Polícia Federal, seu chefe recebeu ordens de não o liberar do expediente para isso. “O objetivo era criar um constrangimento para que eu não aparecesse para depor, pois assim a polícia iria me prender. E ao me prender minha ficha ficaria mais suja na empresa. Nunca consegui cargos de confiança dentro da Caixa, pois meu nome era tido como inimigo do regime”, contou.