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sexta-feira, abril 26, 2024

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Aos 82 anos, morre Telmo Martino

Faleceu na madrugada desta 3ª.feira (3/9), no Rio de Janeiro, Telmo Martino. Aos 82 anos, estava internado desde 22/8, no Hospital Samoc, onde faleceu por complicações decorrentes de pneumonia. Carioca com passagens por importantes veículos brasileiros e internacionais, tendo inclusive atuado como redator nos serviços de transmissão radiofônica para o Brasil da BBC, em Londres, e na Voz da América, em Washington, seu nome ficou muito ligado ao período em que assinou no Jornal da Tarde, de São Paulo, uma coluna que levava seu nome. Escreveu também para Senhor, Diners, Última Hora, Correio da Manhã e Folha de S.Paulo. No final da década de 1980 sofreu um AVC e nos anos seguintes alternou suas atividades entre redações de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que seu último trabalho foi como colunista do site Babado, no portal iG. Segundo relatos de amigos, desde 2000 vinha morando no Rio de Janeiro, mas por causa de uma forte depressão se afastou, passando inclusive longos períodos sem sair de casa. Sem jamais ter casado, também não deixou filhos. No artigo O meu Jornal da Tarde, que publicou na edição abril/maio/junho na Revista da ESPM, Humberto Werneck lembra do antigo companheiro de redação, ainda no antigo prédio da rua Major Quedinho: “É espantoso que Telmo, fino no trato mas corrosivo na escrita, tenha atravessado anos de São Paulo sem mais que um chute no traseiro desferido pelo poeta Mário Chamie. Vai aqui uma historinha dele. No dia em que chegou à redação (a esta altura, no 6º andar, de onde decolaria em 1976 rumo à Marginal do Tietê), Telmo, tímido e desambientado, aceitou convite para sentar-se ao lado de Flávio Márcio, ótimo jornalista (que morreria jovem, em 1979), enquanto ele diagramava uma página. Pelas tantas, em seu esforço para impressionar o recém-chegado, Flávio declarou que ‘gostaria mesmo é de ser uma puta internacional’ – ao que o colunista retrucou: ‘Ué, viaja…’. A mordacidade de que Telmo foi o suprassumo era um atributo muito apreciado no JT”. Essa mordacidade quem também ressalta é Regina Echeverria, que nos anos 1980 sentava junto dele nos fundos da Redação do JT, na Marginal do Tietê: “Ria muito das tiradas dele, mas muitas vezes ficava com pena do ‘alvo’, pois Telmo era ferino demais. Lembro, por exemplo, que ele sempre arrumava motivo para espicaçar a Myriam Muniz, a quem só chamava de “a tensa dos 5%”, por causa de uma história que ela queria 5% da bilheteria de um show de Elis Regina. Tinha também uma figura na Política, que ficava do outro lado da Redação, que a gente ia todo dia olhar só pra comentar a roupa. Telmo estava sempre concentradíssimo no trabalho, mas se ligava em tudo o que passava ao redor. Nunca falava de si mesmo, acho que no fundo era muito solitário”. Marta Góes, que com ele conviveu entre os anos 1980 e 1990 no Caderno 2 – onde era editora e ele, colunista –, disse a Jornalistas&Cia que “tinha uma admiração enorme pelos textos dele, era uma entre os milhares de leitores e me deliciava com a coluna do Jornal da Tarde. Até hoje, há pessoas para quem eu olho e lembro o apelido que o Telmo dava – nem sempre gentil. Foi essa coluna, em que trazia uma olhar diferente sobre a cidade, ficcional, e por vezes até cruel, que o tornou conhecido. Ele tinha muito talento, era um sujeito muito sofisticado intelectualmente. Era um colaborador luxuoso”.

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