A Agência Pública e seu diretor e editor Thiago Domenici foram alvo de ataques virtuais e de ameaças de agressão física nesta quinta-feira (27/10). Foi uma retaliação à reportagem “Matar e quebrar urnas”: evangélico líder de motociata incentiva crimes no Telegram, que expôs diálogos divulgados em um grupo de extrema direita no aplicativo de mensagens.

Assinada por Domenici, a matéria reproduziu áudios enviados em um chat do grupo por Jackson Villar da Silva, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), nos quais afirma que vai provar “fraude nas urnas” e que “cientista político tem que apanhar”. Silva também faz declarações preconceituosas contra a população baiana, além de estimular ameaças a eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os diálogos aconteceram no grupo Nova Direita 70 Milhões, entre os dias 3 e 23 de outubro. Ainda em suas falas, Jackson defendeu quebrar as urnas e sugeriu que estaria preparado para “quebrar esquerdista no cacete”.

Com a repercussão do furo, a Pública e o autor da reportagem entraram na mira dos criminosos, que continuaram a usar o grupo para desferir ataques:

“Ah, então é você pilantra (sic). Olha a cara desse safado, rapaz. Cabra desse tem que ir atrás dele. Olha a cara desse mano, olha a cara desse cretino. Vou mandar pra um amigo meu aqui, (inaudível) Praia Grande, né? Serginho, você conhece esse cara aí? Serginho, você conhece esse cara aí? Conhece esse vagabundo aí, Serginho? Vai ver o cara desse se encontrar comigo pessoalmente, pra ver se ele é esse cabra mesmo, mostrar pra ele como é que se dá uma pisa num cabra safado. Tava com medo, né? Vai engolir seu celular, seu vagabundo. Como tem gente sem vergonha, rapaz”.

Jackson Villar da Silva, de camiseta branca, ao lado do candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas: “Cabra desse tem que ir atrás dele”

Nos novos diálogos, ainda foi articulada pelos participantes uma ação orquestrada para denunciar as publicações relativas ao assunto nas páginas da Pública nas redes sociais, além dos próprios perfis da agência nas plataformas digitais, com o objetivo de derrubá-los. Também foi compartilhado no grupo o link do perfil de Domenici no Facebook.

Em nota, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) solidarizou-se com o jornalista e com a Pública, que, segundo a entidade, “em 11 anos de existência, se notabilizou por trabalhos premiados no Brasil e no mundo”.

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