A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou em 26/4 o novo relatório Monitoramento de ataques gerais e violência de gênero. O lançamento foi feito durante um encontro online transmitido no canal da Abraji no Youtube. O relatório traz números relativos ao cenário da liberdade de imprensa brasileira, que abrange questões como violência política online e de gênero em 2023.

Segundo os dados coletados pela pesquisadora Rafaela Sinderski, o ano de 2023 apresentou 330 ataques, uma queda de 40,7% em relação ao último ano do governo Bolsonaro, que teve 557 ataques em 2022. Contudo, Sinderski alerta que a redução não é necessariamente motivo de tranquilização: “É preciso questionar se o cenário está melhorando ou o padrão de violência que está mudando”.

No ano passado, os discursos estigmatizantes de profissionais da imprensa, produzidos com frequência por atores políticos, predominaram e representaram 42,7% dos ataques registrados. As agressões também ocorrem sobretudo em ambientes digitais, sendo online 52,15% dos casos coletados, principalmente os direcionados a mulheres.

O relatório revelou que em 2023 foram realizados 82 ataques de gênero, uma redução sobre os 145 registrados em 2022. Entre eles, 32 foram explicitamente ofensas, ações discriminatórias ou atos de violência, sexual, laboral e digital.

Os dados apontaram que nos últimos quatro anos atores estatais foram responsáveis pela maioria dos ataques, participando de 55,7% dos casos de 2023. Também houve aumento das agressões físicas, alcançando 38,2%, contra os 31,2% de 2022. A Abraji destaca que os atos de 8 de janeiro influenciaram nos resultados, uma vez que resultaram em diversos profissionais atacados verbal e fisicamente durante o episódio.

“A maioria dos agressores são agentes estatais. Isso é muito grave, principalmente quando são agentes políticos eleitos, que passaram pelo processo democrático, estão inseridos nesse contexto, e ainda assim se dedicam a atacar um pilar da democracia, que é a imprensa livre e independente”, afirma Rafaela Sinderski.

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