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Quando Filippelli conquistou o mundo

Quando Filippelli conquistou o mundo
Quando Filippelli conquistou o mundo

Por Albino Castro

Um inquieto e visionário paraibano de Umbuzeiro, de nome afrancesado, Francisco de Assis Chateaubriand (1892-1968), mas com sobrenomes lusitaníssimos, Bandeira de Mello, criaria, em 1950, em São Paulo, a TV Tupi, a primeira emissora de televisão de língua portuguesa do planeta – e, também, a primeira da América Latina. Só no ano seguinte a novidade chegaria à Argentina do casal Juan Domingo (1895-1974) e Evita Perón (1919-1952). Itália e Espanha fundariam suas estações em 1956 – e Portugal um ano depois.

A televisão foi ao ar, pela primeira vez, em 22 de março de 1935, na Alemanha – embora a França reivindique a invenção, por ter iniciado em 1931 estudos experimentais. O Reino Unido ganharia uma TV em 1936 e, em 1941, a magia do “petit écran” desembarcaria nos Estados Unidos.

A ousadia de Chateaubriand encorajaria, em meados dos anos 1970, outro inquieto e visionário brasileiro, o publicitário paulistano José Roberto Filippelli, responsável pela divulgação e comercialização em todos os continentes, com extraordinário sucesso, das novelas da Rede Globo. Aos 84 anos, de volta à sua desvairada São Paulo, Filippelli, de família originária de Nápoles, acaba de publicar o livro A Melhor Televisão do Mundo. A obra, escrita em tom de memórias, é fruto dos quase 25 anos nos quais o autor esteve na linha de frente, como um “caixeiro-viajante”, a vender os produtos da emissora carioca do Jardim Botânico. Residiu, inicialmente, na espanhola Barcelona, seguindo, após, para Roma, instalando-se entre as colinas do Circo Massimo, onde estão os bairros do Aventino e San Saba, e, por último, na esplêndida Londres.

A novela campeã de vendas foi A Escrava Isaura, de 1976, sucesso em todos os países em que foi exibida. Da Itália à China e de Portugal às Áfricas. A estrela da trama, Lucélia Santos, atriz nascida em Santo André, no ABC paulista, de 64 anos, se tornaria um dos ícones da teledramaturgia mundial – e, aqui, aparece ao lado de Filippelli. O desempenho de Lucélia, como uma jovem branca escravizada, comoveria os telespectadores até no Leste europeu. E, na Hungria, então sob regime comunista, fãs chegaram a organizar uma “vaquinha”, como recorda Filippelli, para que a personagem, que acreditavam ser verdadeira, pudesse pagar sua alforria.

As telenovelas expandiram sua popularidade, inegavelmente, a partir do Brasil, porém, surgiram em Cuba, no século XIX, onde os textos de folhetins são lidos para entreter homens e mulheres que trabalham na confecção dos charutos. Passaram, no início da década de 1930, ao rádio e, 20 anos depois, à televisão. Uma das mais celebradas autoras de novelas cubanas, Glória Magadan (1920-2001), refugiou-se em São Paulo, em 1964, contratada por Chateaubriand e, posteriormente, pela Rede Globo.

O livro de Filippelli tem a colaboração de Mary Lou Paris, da Editora Terceiro Nome, e a apresentação do jornalista Dácio Nitrini. O título, ao contrário do que possa parecer, não afirma que a Rede Globo é a melhor televisão do mundo. Trata-se de uma brincadeira com o fato de que, nas feiras internacionais, todos os vendedores se diziam representantes da melhor TV do mundo. Inclusive Filippelli.   

O sucesso, contudo, nunca lhe subiu à cabeça. Modestíssimo, lembro-me dele, entre os anos 1970 e 1980, quase se “justificando” pelo enorme êxito de suas vendas. Eu era correspondente de O Globo e seu vizinho, em Roma, à Via Latino Malabranca. Ouvi dele em várias ocasiões que o sucesso só fora possível pela qualidade dos produtos da Globo. E, cá entre nós, arremataria respondendo que, sem Filippelli, talvez a emissora da família Marinho jamais teria alcançado o merecido destaque universal. 


Albino Castro

A história desta semana é novamente uma colaboração de Albino Castro, ex-SBT, EBC, tevês Gazeta-SP e Cultura, entre outros, que atualmente publica a coluna Mundos ao Mundo no jornal semanal luso-brasileiro Portugal em Foco.

Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para [email protected].

Ações protocoladas pela ABI no Supremo defendem a liberdade de imprensa no País

Empresária

Por Kátia Morais, editora de J&Cia em Brasília

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, deu dez dias para que o presidente Bolsonaro se manifeste sobre a ação movida pela Associação Brasileira de Imprensa que contesta o “declínio da liberdade da expressão no Brasil”. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI-6792/21 ), protocolada em 8/4, a entidade descreve um quadro de “ameaças a jornalistas e atividades”, “hostilização progressiva de profissionais de imprensa por autoridades governamentais e apoiadores”, “instauração de procedimentos de responsabilização criminal” pelo governo com base na Lei de Segurança Nacional, além de “restrições administrativas à liberdade de expressão de professores e pesquisadores”, “imposição de censura por decisões judiciais e matérias  jornalísticas”, “imposição de indenizações desproporcionais” e “ajuizamento de ações de reparações de danos” contra jornalistas e veículos de imprensa, “com o propósito de lhes impor constrição econômica e de dificultar o exercício do direito de defesa”. Para a ABI, as práticas “empobrecem progressivamente a esfera pública no Brasil, concorrendo para a erosão das bases do regime democrático”. Na decisão, Rosa Weber também pede explicações do Senado e da Câmara dos Deputados.

Em 13/4, a ABI também acionou o STF para que a Corte declare a inconstitucionalidade do emprego abusivo de ações judiciais e de inquéritos policiais que, com fundamento em crime contra a honra, serviriam para desestimular a participação crítica no debate público. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF – 826/21) foi distribuída ao ministro Gilmar Mendes.

Na ação, a ABI sustenta que, desde o início do atual governo, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública vem requisitando a abertura de inquéritos policiais para apurar publicações de jornalistas e outras manifestações públicas críticas. Segundo a associação, em 2019 e 2020, foram abertos 77 inquéritos, muitos deles com fundamento nos crimes contra a honra previstos nos Códigos Penal e Eleitoral (calúnia, difamação e injúria). “Ainda que sem viabilidade jurídica, tais procedimentos investigatórios servem ao propósito ilícito de silenciar jornalistas”, alega.

Para a ABI, o consenso em torno do estado democrático de direito tem sido abalado pela emergência de práticas autoritárias que têm como um de seus principais alvos a liberdade de expressão. A finalidade da ação é que o STF interprete, conforme a Constituição, diversos dispositivos do Código Eleitoral, do Código Penal e do Código Penal Militar que tratam dos crimes contra a honra e, ainda, o que tipifica esses crimes em relação ao presidente da República, a chefe de governo estrangeiro ou a funcionário público, a fim de coibir o emprego abusivo de procedimentos criminais para impedir o exercício pleno da liberdade de expressão.

Mariana Scalzo assume a Comunicação do McDonald’s no Brasil

Mariana Scalzo assume a Comunicação do McDonald’s no Brasil
Mariana Scalzo assume a Comunicação do McDonald’s no Brasil

Mariana Scalzo é a nova diretora de Comunicação no Brasil da Arcos Dorados, franquia que representa o McDonald’s na América Latina e Caribe. Ex-Grupo Boticário, onde liderou a área de assuntos institucionais e comunicação corporativa, em 25 anos de carreira ela também passou por Odebrecht, ali respondendo pela diretoria de comunicação do estádio do Maracanã, e por redações das editoras Globo e Abril e Folha de S.Paulo. Mariana, vale acrescentar, foi premiada pela ONU Mulheres pela campanha Com Você eu Jogo Melhor, em prol da equidade feminina; e pela Aberje, por ações de comunicação interna. Em 2020, foi TOP 5 entre os executivos de comunicação do País pela Mega Brasil.

Outras movimentações por lá foram a promoção de Mariana Augusto a gerente sênior de comunicação corporativa, e de Ana Flávia Andrade e Anderson Marin Lima a especialistas em comunicação corporativa, além da chegada de Carolina Tavares (ex-Edelman, Vivo e Claro), nessa mesma função.

A partir da esquerda, em cima: Mariana Scalzo, Carolina Tavares, Mariana Augusto, Anderson Marin e Ana Andrade.

A área reporta-se a David Grinberg, vice-presidente de Comunicação Corporativa, que atualmente comanda a área sediado na Argentina.

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Pandemia e redes sociais estão no bojo dos ataques à liberdade de imprensa

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A edição 2021 do Ranking Mundial Liberdade de Imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras, apresentado em Paris nesse 20 de abril, trouxe resultados preocupantes. Apenas 12 dos 180 países avaliados oferecem um ambiente seguro para a prática do jornalismo.

Não foi exatamente novidade, já que notícias sobre obstáculos ao trabalho da imprensa, agressões e mortes de jornalistas viraram quase rotina.

Duas culpadas foram apontadas: a pandemia, por ter servido como pretexto para bloqueios e censura, e as redes sociais.

Não se discute o valor das plataformas para a própria imprensa e para a sociedade. Mas o efeito colateral tem sido o uso que se faz delas para alimentar ódio contra o jornalismo como instituição, contra profissionais e contra veículos.

A RSF afirma em seu relatório que a desinformação, associada à intensificação da violência política na internet direcionada contra jornalistas, é um dos maiores desafios da atualidade para a garantia do direito à liberdade de expressão.

A entidade aponta que nos últimos anos governos de diversos países e matizes ideológicas incorporaram ao seu discurso público uma estratégia de minar a legitimidade do papel da imprensa como mediadora social e fiscalizadora do poder.

E critica o uso das plataformas por chefes de estado, parlamentares e autoridades para incentivar ataques contra profissionais e empresas de mídia “como forma de desviar a atenção sobre revelações comprometedoras, manter sua base política mobilizada e ter controle sobre o debate público”.

O Brasil caiu quatro posições no ranking deste ano e entrou para a zona vermelha, que sinaliza países em situação crítica. O presidente Bolsonaro figura no documento como governante que tem se destacado nos ataques à mídia e na desinformação, com referências à promoção do medicamento hidrocloroquina sem comprovação de sua eficácia.

Embora o presidente tenha se notabilizado pelos embates com a mídia, o problema não está só nele e nem no Brasil polarizado politicamente. Mesmo em países cujos líderes respeitam a imprensa (casos da Alemanha, do Reino Unido), as redes sociais estão contaminadas por discurso de ódio contra jornalistas.

Os motivos são diferentes. Em alguns países o problema é o governante. Em outros, grupos radicais e teóricos da conspiração. Mas o resultado é um só: um desgaste do jornalismo que diminui a confiança da sociedade e limita seu acesso a informações confiáveis e a diferentes opiniões.

A Europa tem sido particularmente afetada pelo extremismo de direita, que a pandemia só fez piorar. Negacionistas da Covid-19 e grupos inconformados com as medidas de isolamento social por seu impacto na economia deram-se as mãos em uma perigosa aliança, que levou a cenas inacreditáveis de repórteres perseguidos durante manifestações, fugindo ao som de cânticos pedindo a sua morte.

Facebook, novamente na berlinda

A imprensa não é a única vítima. Discurso de ódio e abuso online afetam minorias raciais, crianças, celebridades e anônimos. Por isso, está no radar de muitos que se preocupam com a ausência de limites e a fragilidade dos atuais sistemas de moderação de conteúdo.

Em março, o jornal britânicoThe Guardian teve acesso às regras do Facebook para os  moderadores. A orientação é de que ataques e até pedidos de morte não sejam removidos, à luz da liberdade de opinião.

No início desta semana, o Reino Unido elevou o tom contra a plataforma para que reveja os planos de implantação da criptografia de ponta a ponta no Instagram e no Messenger. O argumento é o risco de dificultar a investigação de abusos online contra crianças, terrorismo e extremismo.

As plataformas resistem, e talvez isso se deva à própria dificuldade de estabelecer os parâmetros entre o que é opinião e o que é violência − ainda que os mais críticos apontem o interesse comercial.

O agravamento de situações como a queda de confiança na imprensa, no entanto, não deixa muita alternativa senão encontrar fórmulas para que os danos das redes sociais não superem seus benefícios.


Veja em MediaTalks Nicarágua: repressão à imprensa agravada pela “Lei da Mordaça”, em que jornalistas contam como é trabalhar sob ameaças e perseguições.

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Morre o repórter fotográfico Lilo Clareto

Faleceu nessa terça-feira (20/4), em São Paulo, o repórter fotográfico Maurilo Clareto, o Lilo Clareto, que se tratava da Covid-19 no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ele havia sido transferido de Altamira, no Pará, onde morava com a família, na madrugada de 22 de março. Lilo foi por 11 anos repórter fotográfico de O Estado de S. Paulo e por sete anos trabalhou na revista Época.

A amiga Eliane Brum, colunista de El País, que trabalhou com ele em Época, liderou nesse período de internação uma campanha de arrecadação de fundos para pagar gastos com médicos, remédios, transporte e hospital. Emocionada, ela escreveu no Facebook:

“Nosso Lilo, meu Lilo, virou árvore, virou rio, virou floresta. Virou luz e virou chuva. Virou vagalume, borboleta amarela na Terra do Meio.

Lilo, meu Lilo, você é em mim e em todos que te amaram e que foram amados por ti. Você é em cada janela que abriu no mundo com sua câmera. Lilo, você é.

A causa direta da morte de Lilo Clareto foi Covid-19. Mas não foi o vírus que matou Lilo. Foi quem disseminou o vírus no Brasil, quem chamou a Covid de “gripezinha”, quem recusou vacinas, quem produziu aglomerações, quem agiu contra o uso de máscaras. Quem praticou crime de extermínio contra centenas de milhares de brasileiros e brasileiras, crime conta a humanidade.

Meu Lilo, nosso Lilo, não morreu por doença. Lilo morreu assassinado.

Eu te responsabilizo, Jair Messias Bolsonaro, por assassinato. Eu te responsabilizo, Jair Messias Bolsonaro, por crime de extermínio. Eu te responsabilizo, Jair Messias Bolsonaro. Eu te responsabilizo.

Eliane Brum e Lilo Clareto
Eliane Brum e Lilo Clareto

Organizações lançam site para pressionar governo por dados confiáveis sobre a vacinação

Organizações lançam site para pressionar governo a divulgar dados confiáveis sobre a vacinação
Organizações lançam site para pressionar governo a divulgar dados confiáveis sobre a vacinação

Sete organizações da sociedade civil lançaram nesta terça-feira (20/4) o site transparenciavacina.org.br, para divulgar informações sobre a vacinação contra a Covid-19 e pressionar o governo a disponibilizar dados confiáveis e acessíveis à população.

A página é parte da campanha Caixa Aberta, que reivindica transparência do Ministério da Saúde sobre o enfrentamento da pandemia. A iniciativa foi criada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pelas organizações Open Knowledge Brasil, Transparência Brasil, Transparência Internacional − Brasil, Observatório Covid-19 BR e Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade. O projeto tem apoio e supervisão do Laboratório Anticorrupção da Purpose e foi endossado por mais de 50 entidades.

O site mostra para os usuários quais dados e informações são divulgados pelo Ministério da Saúde e quais são os que deveriam ser de conhecimento público, mas não estão acessíveis ou disponíveis. Nestes últimos, as pessoas são convidadas a clicar em um botão e “pressionar o governo” para que divulgue a informação. Elaborada por uma equipe de especialistas em políticas públicas, transparência e saúde, a página mostra perguntas frequentes sobre a vacinação, como dúvidas a respeito do calendário de aplicações ou a distribuição de doses pelo País.

Nicole Verillo, gerente de Incidência Anticorrupção da Transparência Internacional – Brasil, declarou que “a falta de dados disponíveis sobre a vacinação contra a Covid-19 não é surpresa, considerando o histórico da atual administração federal, que vem adotando medidas para reduzir a transparência das informações públicas. Disponibilizar de forma fácil, ágil e completa as informações sobre a vacinação é fundamental não só para a população saber quando será vacinada, mas também para que possa acompanhar esse processo, reduzindo as possibilidades de descumprimento do cronograma”.

 

Repórteres Sem Fronteiras cobra solução de assassinatos de jornalistas no Brasil

Repórteres Sem Fronteiras cobra solução de assassinatos de jornalistas no Brasil
Repórteres Sem Fronteiras cobra solução de assassinatos de jornalistas no Brasil

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) cobrou esclarecimentos e punição para os casos de assassinato de dois jornalistas no Brasil nas últimas semanas, em circunstâncias ainda não esclarecidas. A entidade lamenta o “ambiente de trabalho extremamente tenso” e pede que as autoridades garantam a proteção da imprensa no País.

O radialista Weverton Rabelo Fróes, de 32 anos, conhecido como Toninho Locutor, foi executado em 4 de abril, na cidade de Planaltino, na Bahia. Fundador de uma rádio amadora local, ele apresentava um programa humorístico para a Rádio Antena 1. Foi assassinado na porta de sua casa por um homem armado em uma motocicleta, que fugiu logo em seguida.

Cinco dias depois, em 9 de abril, José Bonfim Pitangueiras, de 43 anos, produtor da Record TV, foi executado em Salvador por indivíduos armados. Segundo informações de pessoas próximas, Pitangueiras não havia mencionado ameaças recentes relacionadas ao seu trabalho.

Emmanuel Colombié, diretor do escritório da RSF para a América Latina, declarou que “toda luz deve ser lançada sobre esses assassinatos. As autoridades locais e federais devem identificar e levar à justiça os responsáveis por esses crimes, fazendo todo o possível para garantir a proteção dos jornalistas”.

A entidade lembra de outros casos recentes de ataques contra a liberdade de imprensa no Brasil: No começo do mês, a rádio Comunidade, de Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco, foi invadida por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro, após o radialista Júnior Albuquerque criticar a postura do presidente durante a pandemia de Covid-19. Em março, um bombeiro admitiu ter ateado fogo na sede do jornal Folha da Região, em Olímpia, no norte de São Paulo, em um ato de “revolta contra a imprensa”.

Vale lembrar que, nesta terça-feira (20/4), a RSF divulgou seu ranking sobre liberdade de imprensa ao redor do globo. O Brasil caiu quatro posições em relação ao levantamento anterior, e está agora em 111º lugar entre as 180 nações analisadas. Além disso, entrou na zona vermelha, composta por países onde o trabalho da imprensa é considerado “difícil”. Confira mais detalhes do ranking em MediaTalks by J&Cia.

Rachel Sheherazade pede indenização do SBT e acusa Silvio Santos de assédio moral

Rachel Sheherazade pede indenização do SBT e acusa Silvio Santos de assédio moral
Rachel Sheherazade pede indenização do SBT e acusa Silvio Santos de assédio moral

Rachel Sheherazade, demitida do SBT em agosto de 2020, pede na Justiça indenização da emissora no valor de R$ 20 milhões. Segundo o Notícias da TV (UOL), que teve acesso ao processo, ela afirma que nunca recebeu nenhum direito trabalhista, como férias remuneradas e 13º salário. A jornalista também acusa Silvio Santos, dono do SBT, de assédio moral e humilhação em rede nacional, e alega que foi vítima de censura e boicote por parte da chefia de Jornalismo da emissora.

A ação foi protocolada em 11 de março, na 3ª Vara do Trabalho de Osasco (SP), cidade em que a sede do SBT está instalada. Um dos episódios destacados na ação foi a cerimônia do Troféu Imprensa, realizada em 9 de abril de 2017, quando Sheherazade recebeu o Troféu Internet de melhor apresentadora de telejornal, que ela havia conquistado em 2016. A jornalista afirma ter sido humilhada em rede nacional por Silvio Santos na ocasião.

O processo destaca a seguinte frase do dono do SBT: “Eu te chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz, foi para ler as notícias, e não dar a sua opinião. Se quiser falar sobre política, compre uma estação de TV e faça por sua própria conta”. A defesa de Sheherazade declarou que Silvio Santos teve uma atitude “nitidamente machista, que colocou a figura feminina numa posição em que a beleza física é supervalorizada em detrimento dos atributos intelectuais”.

Além disso, a jornalista acusa o SBT de censura. Ela foi afastada do comando do SBT Brasil, segundo sua defesa, em represália a suas publicações em redes sociais: “Silvio Santos a afastou da apresentação do telejornal SBT Brasil como nítida forma de punição em razão de seus comentários e opiniões, bem como reduziu seu espaço no ar”.

Outros fatos apontados no processo foram os boicotes que sofreu de colegas de trabalho. Sheherazade anexou prints de mensagens que trocou com José Occhiuso, diretor de Jornalismo do SBT, em que ela reclamava do desequilíbrio de distribuição de tarefas importantes. Por muitas vezes, seu nome era “esquecido” e somente Carlos Nascimento, que também deixou a emissora, acabava aparecendo.

Outro anexo é um e-mail que José Roberto Maciel, CEO do SBT, lhe enviou em outubro de 2014. Sheherazade havia pedido afastamento do trabalho para se submeter a uma cirurgia. O executivo relembrou a ela sobre a linha editorial do SBT e pediu para que ela revisse seu posicionamento político nas redes sociais, além de reduzir o tom, visto por ele como agressivo. Maciel disse que a postura dela envergonhava a ele e a muitos colegas de trabalho.

A Justiça Trabalhista marcou para 3 de agosto, às 10h10, a primeira audiência do caso. Confira mais detalhes na reportagem do Notícias da TV.

Hans River é condenado a indenizar Patrícia Campos Mello por danos morais

Após as condenações do presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro, ambas por danos morais à repórter especial da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, Hans River foi condenado pelo mesmo motivo em 14 de abril. Ex-funcionário da Yacows, ele foi uma das fontes ouvidas pela jornalista para uma reportagem sobre disparos ilegais em massa de mensagens a favor de Jair Bolsonaro, durante as eleições presidenciais de 2018.

A decisão é do juiz André Augusto Salvador Bezerra, da 42ª Vara Civil de São Paulo. Ele determinou ainda que River pague as custas processuais e os honorários advocatícios no valor de 15% da condenação. Cabe recurso. Na decisão, o magistrado afirmou que “sucede que as críticas dirigidas à autora pelo réu, citado na reportagem, não focam o trabalho. Focam a sua condição de mulher, o objeto de dominação sexual, conforme históricas práticas colonialistas que, em pleno século 21, ainda proporcionam forma ao sexismo”.

Ao prestar depoimento à CPMI das Fake News, em fevereiro de 2020, River mentiu e insultou a repórter da Folha ao afirmar que ela teria se insinuado sexualmente a ele em troca de informações. Após o ocorrido, Patrícia acionou a Justiça.

Anteriormente, Jair Bolsonaro foi condenado em primeira instância por danos morais à repórter da Folha, e terá que pagar R$ 20 mil, além das custas e despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação. Também cabe recurso da condenação. Após o depoimento de Hans River na CPMIT das Fake News, o presidente disse que Patrícia “queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro também foi condenado por danos morais contra a jornalista. Em live realizada em maio do ano passado, ele declarou que Patrícia “tentava seduzir” fontes para obter informações que fossem prejudiciais ao presidente. Eduardo foi condenado a pagar R$ 30 mil, além das custas processuais e honorários advocatícios no valor de 15% da condenação. Cabe igualmente recurso da decisão.

CNN Brasil investiga acusação de racismo contra Basília Rodrigues

Basilia Rodrigues, comentarista política da CNN Brasil, foi vítima de racismo por parte de um apoiador do deputado federal Nikolas Ferreira.
Basilia Rodrigues, comentarista política da CNN Brasil, foi vítima de racismo por parte de um apoiador do deputado federal Nikolas Ferreira.

Basília Rodrigues, comentarista política da CNN Brasil, foi alvo de racismo dentro da emissora. Denúncias recebidas pelo site Alma Preta, divulgadas em 15/4, apontam que a jornalista foi vítima de perseguição vinda de colaboradores do jornal. O caso está em investigação pela CNN Brasil.

Fontes da CNN afirmam que a profissional sofreu racismo por seu cabelo e recebeu tratamento diferente do que é dado a outros jornalistas em situações semelhantes.

“A edição do jornal Novo Dia chegou a reclamar da comentarista estar ’descabelada’. De acordo com as fontes, Basília mudou o cabelo de um lado para o outro, o que deixou uma parte mais volumosa. Os funcionários dizem ser comum orientar as pessoas, quando estão ao vivo, a arrumar o cabelo”, afirma o texto do Alma Preta. “Eu já cansei de ver esse tipo de orientação quando a pessoa está na bancada. Era a mesma coisa que deveriam ter feito: ’Basília, quando você mexeu o seu cabelo de um lado para o outro, ele ficou fora do lugar. É só mexer nele de novo”. É um briefing e um cuidado para se ter com qualquer tipo de apresentador, e não tiveram com ela”, completou.

Além disso, as denúncias apontaram que em recentes participações ao vivo da comentarista, os editores de imagem optaram por ocultá-la, deixando apenas sua voz e usando imagens de apoio para ilustrar as entradas ao vivo.

Também teriam ocorrido reclamações por conta do “fundo” que aparecia nas entradas que a jornalista fazia de sua casa. Foram criticadas “uma parede toda branca” e um fundo “com uma prateleira”. Em outra entrada ao vivo “a reclamação foi de que ela estaria ’olhando para cima’ no vídeo”. Segundo os profissionais ouvidos pelo site, diversas reclamações direcionadas ao trabalho de Basília seriam resolvidas com um pedido de ajuste ou chamada.

A direção da CNN Brasil divulgou uma nota reconhecendo a acusação como “gravíssima” e ressaltou: “A CNN Brasil não tolera qualquer tipo de discriminação, seja racial ou de outra natureza, e apura com rigor e transparência qualquer denúncia. Somos uma emissora recém-chegada ao Brasil, que debate abertamente questões de diversidade, equidade e justiça social”.

A jornalista se manifestou em sua conta pessoal do Twitter agradecendo às mensagens de solidariedade e apoio que recebeu e destacou: “Agradeço também pela posição adotada pela CNN Brasil. O relato é grave e está sendo apurado”.

Basília Rodrigues foi por doze anos repórter da CBN na Capital Federal e é responsável por acompanhar os principais debates políticos no País. Também teve passagens por jornais como Correio Brasiliense e Gazeta do Povo.

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