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segunda-feira, junho 2, 2025

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Especial Jornalismo nas veias: Quatro gerações na comunicação

Adriana e seu filho Raphael; o patriarca Luiz de França, falecido em 2017; França Júnior, irmão de Adriana

Adriana França, da Assessoria de Imprensa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o tio-avô Wilson Carneiro Malta, o pai Luiz de França, o irmão França Júnior e o filho Raphael de França

Sabe qual o maior medo e o maior orgulho de um jornalista? É que seus filhos sigam a mesma profissão. Medo, pois todos sabem que ser jornalista no Brasil não é fácil. A profissão requer, além um olhar verdadeiramente atento e isento, um talento que não se aprende nas faculdades. Aliás, na “faculdade da vida profissional” é que aprendemos. Verdade seja dita.

Eu venho de uma família de jornalistas. Estamos na quarta geração comprometidos com a comunicação. Tudo começou com meu tio-avô, Wilson Carneiro Malta. Dono do Jornal de Petrópolis e da Rádio Difusora de Petrópolis. Ele deu início e a oportunidade para a nossa história familiar na comunicação.

Meu pai, Luiz de França, começou no rádio aos 16 anos. Ainda em Barbacena, Minas Gerais. Depois foi para uma rádio em Juiz de Fora, uma cidade maior, com mais oportunidades. Logo o tio Wilson reconheceu o talento do sobrinho-neto e o levou para a Difusora de Petrópolis. Aliás, na Difusora passaram, ainda garotos, grandes nomes da comunicação, como Paulo Giovanni (hoje atuando no mercado publicitário); o já falecido Paulo Barbosa; Gilson Ricardo, Wagner Montes, para citar somente alguns.

Dali foi um pulo para a carreira vitoriosa do França. Veio o primeiro lugar no programa A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti, em 1968; o contrato com a extinta TV Tupi e depois a Rádio Globo, por onde ficou por mais de 20 anos. França passou também pela Rádio Tupi e, por último, Rádio Manchete. Nessa última foi pioneiro em fazer programa ao vivo de forma remota. Montou um estúdio em casa, em Barbacena, e dali dava seu recado no microfone para os ouvintes do Rio de Janeiro.

Durante todo esse tempo pude presenciar sua evolução na carreira, suas dificuldades, sua garra e, sobretudo, suas vitórias. Como amava o rádio!  E, então, como não podia deixar de ser, seus filhos também foram para a área de comunicação. Meu irmão, França Júnior, foi radialista por anos.

Eu até tentei ser publicitária, mas o destino me desviou para o jornalismo. Primeiro no rádio. Foram quase 16 anos entre CBN e Band News RJ. Depois veio a experiência em comunicação corporativa e assessoria de imprensa, em gestão pública e privada. E lá se vão 30 anos de profissão, com direito a todas as alegrias e sufocos que só um jornalista sabe como são.

Fruta madura não cai longe do pé. Não é que meu filho Raphael de França é a soma de tudo que fomos! Com menos de quatro anos já tinha um pequeno estúdio de rádio no quarto. Fazia um programa imaginário, o Show do Neném, no qual colocava músicas e reportava as notícias do seu mundo infantil. E foi crescendo tendo o avô como ídolo. Sempre muito curioso e atento aos noticiários, às inovações do rádio, as novas mídias, as novas ferramentas e tecnologias de comunicação.

Aos 15 anos foi para o mercado e não parou mais. Além dessa curiosidade nata pela comunicação, herdou o espírito empreendedor do tio-avô Wilson Carneiro Malta. A perseverança do avô Luiz de França. A veia criativa do tio Francinha, e a seriedade no trato da profissão da mãe aqui. Isso tudo junto e misturado, somando-se a pegada plural que é inerente a essa geração dos 30 e poucos anos.

Especial Jornalismo nas veias: Quatro gerações na comunicação
Adriana e seu filho Raphael; o patriarca Luiz de França, falecido em 2017; França Júnior, irmão de Adriana

Incrível como essa geração de jornalistas e comunicadores desenvolve múltiplos talentos! Eles apuram, escrevem, editam, operam vários equipamentos, conhecem inúmeras ferramentas, inventam e se reinventam a toda hora. E estudam, se atualizam o tempo inteiro. Afinal, hoje em dia, o mercado de jornalismo, da comunicação em geral, não é só para os talentosos, mas sobretudo, para os fortes!

Google News Initiative abre inscrições para 3º Desafio de Inovação na América Latina

Google News Initiative abre inscrições para 3º Desafio de Inovação na América Latina

O Google abriu inscrições para a terceira edição do Desafio de Inovação da Google News Initiative (GNI) na América Latina, que visa a auxiliar na elaboração de projetos e produtos inovadores que ajudem organizações, veículos de notícias e jornalistas a criar modelos de negócios sustentáveis e diversificados na região. Interessados devem inscrever suas propostas até 7 de junho.

As propostas selecionadas receberão até US$ 250 mil para o financiamento de 70% dos produtos ou serviços propostos. Podem participar veículos digitais, tradicionais, rádios, freelances, ONGs, entre outros.

O programa está buscando projetos focados, mas não limitados, às seguintes áreas: Aumento do engajamento da audiência; desenvolvimento e diversificação de modelos de negócios; novos métodos de distribuição de conteúdo; combate à desinformação; aumento da confiança no jornalismo; estratégias para alcançar novos públicos; melhoria da eficiência dos fluxos de trabalho dentro das redações; e novas tecnologias para os veículos e para o jornalismo.

As inscrições devem ser feitas no site do projeto preferencialmente em inglês, mas serão aceitas em espanhol e português. Os candidatos devem produzir uma apresentação de slides explicativa, cujo modelo está disponível no site do Desafio. A GNI realizará em 3/5, às 19h, uma sessão de perguntas e respostas em português, transmitida no YouTube.

Em 2021, o programa selecionou 21 projetos na América Latina, sendo oito brasileiros, de Associação Fiquem Sabendo, Folha de S.Paulo, Estado de Minas, AzMina, Projeto #Colabora, Marco Zero Conteúdo, Rede Gazeta e AppCívico.

Angeli encerra carreira de cartunista após diagnóstico de afasia

Angeli encerra carreira de cartunista após diagnóstico de afasia

O cartunista Arnaldo Angeli Filho, mais conhecido como Angeli, anunciou aos 65 anos o fim de sua carreira após ser diagnosticado com afasia progressiva primária. A doença neurodegenerativa prejudica a comunicação e ao longo do tempo faz com que a pessoa seja incapaz de se expressar de forma verbal ou escrita. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (20/4) na Folha de S.Paulo, onde o cartunista atuou por mais de 50 anos.

Sobre a decisão, a Folha escreveu que “não é exagero dizer que o anúncio fecha uma era dos quadrinhos, já que o traço inconfundível de Angeli, sua estética punk e comportamento transgressor marcaram a identidade de uma geração”.

A também cartunista Laerte Coutinho declarou que Angeli “tem o peso de um Pasquim inteiro em matéria de influência e significado de uma época. Ele foi vital para a existência do que entendemos como humor em São Paulo”.

Carolina Guaycuru, esposa de Angeli, disse ao g1 que o cartunista recebeu o diagnóstico há alguns anos, mas que, de um mês para cá, a doença ficou “um pouco mais pesada”. Achamos que assim ele poderá trabalhar e produzir neste novo momento de vida mais tranquilamente. Encerra como cartunista, mas não como artista”.

A Companhia das Letras está preparando uma homenagem aos 50 anos de carreira do cartunista, que deve ser publicada ainda este ano. O projeto, organizado pela própria Carolina e por André Conti, reunirá tiras de jornais e revistas, charges, ilustrações e desenhos variados publicados nas últimas cinco décadas. A ideia é fazer dois volumes, reunindo cerca de mil trabalhos.

Angeli publicou seu primeiro desenho aos 14 anos, na extinta revista Senhor. Começou na Folha de S.Paulo em 1973, com a tira diária Chiclete com Banana, que lançou personagens históricos como Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock, os Skrotinhos, entre outros. Chiclete com Banana transformou-se em uma revista de quadrinhos independente de mesmo nome em 1985.

O cartunista teve ainda trabalhos veiculados em publicações internacionais, como as revistas Linus, de Milão; El Vibora, de Barcelona; Humor, de Buenos Aires; e o jornal Diário de Notícias, de Lisboa.

Tiago Leifert assina com a Amazon Prime para narrar jogos da Copa do Brasil

O apresentador Tiago Leifert anunciou no começo da semana que assinou com a plataforma Amazon Prime Vídeo para narrar jogos da Copa do Brasil. Ao todo, serão 15 partidas com narração dele. A estreia será nesta quarta-feira (20/4), às 19h30, no confronto entre Juventude-RS e São Paulo. Ao lado de Leifert, estará o streamer Casimiro Miguel, da TNT Sports, como comentarista.

Este é o quarto projeto de Tiago desde que saiu da Globo, em setembro do ano passado, após 15 anos de casa. No mês passado, criou um canal no YouTube chamado 3 na Área, que tem a participação dos comentaristas Rica Perrone e Eduardo Semblano. Também estreou na função de comentarista na transmissão de jogos do Campeonato Paulista de 2022, no YouTube.

Esta não será, porém, a primeira experiência de Leifert como narrador. Ele foi responsável pela narração da versão em português do jogo eletrônico FIFA, de 2013 a 2020, ao lado do comentarista Caio Ribeiro. Iniciou a carreira aos 16 anos, como repórter do Desafio do Galo, torneio de várzea de São Paulo. Na Globo, foi editor e apresentador do Globo Esporte. Posteriormente, migrou para a área de entretenimento e apresentou The Voice Brasil e Big Brother Brasil.

Especial Jornalismo nas veias: Começou com advertência ao presidente Bush…

Especial Jornalismo nas veias: Começou com advertência ao presidente Bush...

Vicente Alessi, filho, integrante do Conselho Editorial da AutoData Editora, e o filho, Gil Alessi

O drama shakespeariano, aquele do príncipe dinamarquês, acompanhou Gil Alessi até o ponto de não retorno: foi obrigado a ser jornalista por falta de alternativa. Pois ele fugiu da profissão como lhe foi possível até descobrir, enfim, que não havia mais pra onde correr, onde se esconder. E aceitou que seu destino era juntar-se a nós.

Ele se juntou a uma galeria de crianças grandes editada em forma de livro pela Attachée de Presse, de Daysi Bregantini, quando comemorou seus 20 anos, em 2001, uma edição com jornalistas e seus filhos, também jornalistas. Naquela edição, a maior parte dos pais era constituída de amigas e amigos meus, queridos: a minha chefe Cecília Zioni, Joelmir Beting, meus chefes Nair Suzuki e Pedrinho Cafardo, Helinho Campos Mello, Ricardinho Kotscho e Ricardo Setti, Tão Gomes Pinto… fiquei enternecido com aquele trabalho da Attachée e hoje sugiro que a edição seja aumentada e revista, com Gil, claro, com Carlos, de Samuel Iavelberg, com dois filhotes de Luiz Henrique Fruet, os dois meninos de Aloysio Biondi

Decisão sábia, afinal, a de Gil. Ele se tornou um muito bom profissional, daqueles para quem Eduardo Martins teria uma palavra de apoio, e sabe, sempre, qual o seu lado. Melhor: não tem dúvida a respeito de qual seja o seu lado.

Claro que acompanhei de perto sua vida profissional, desde a incipiente assessoria ao Instituto Sou da Paz àqueles frilas para revistas editadas por Marianinha Bergel até tempos mais próximos, amadurecendo, em que a forma começou a dispor de tanta importância quanto o conteúdo. Passar quase sete anos no El País Brasil pelas mãos de Carla Jimenez – que conheci quando tinha 20 anos, junto com outro amigo querido, Serginho Ayarroio –, e na companhia de uma rapaziada excelente, foi fundamental para que percebesse o valor e a importância das tarefas que nos caem nas mãos.

Ele diz, hoje, que pretendia uma profissão “mais prática e menos acadêmica”, e acredita que suas alternativas lamentavelmente o carregariam para a universidade, para a didática e para a pesquisa.

Ôuquei. Mas sempre soube, desde que o rebento tinha, lá, seus 10, 12 anos, que muitas características para o jornalismo já estavam concentradas ali, na figura adorável e ainda gorduchinha de Gil.

Desde o primeiro grau, cumprido no Colégio Caravelas até a 8ª série, e depois no Colégio Equipe, ele mostrou estar próximo das letras, apesar de a sua própria ser uma barafunda. O menino era curioso, muito curioso, desde pequeno. Os como, por que e de que jeito dele costuravam a farra dos almoços familiares de fim de semana. Ouvia minhas histórias de olhos muito abertos, o que hoje não acontece. Leituras eram forma de vida corrente para ele e sua irmã, Helena, quatro anos e meio mais velha, nascida em 1978, testemunha próxima dessa história de aceitação, ao lado da mãe, Maria.

Quando a nação do império invadiu o Iraque na Guerra do Golfo, Gil perpetrou redação escolar à luz de suas impressões a respeito da guerra noturna que nunca ninguém vira de maneira massiva. O título era Advertência ao Presidente Bush. Ele dizia que o império não tinha direito à invasão.

Havia uma promessa ali − e é razoável a ideia, então, que repito de vez em quando para plateia cada vez menor – de que Gil deveria ter optado rapidamente pelo jornalismo para não perder tempo. Mas… claro que não. Escolheu ciências sociais e, pra não correr a tentação de puxar fumo o dia inteiro, foi obrigado a escolher uma segunda especialidade que lhe ocupasse o tempo vago, relações internacionais. A primeira ele fez seriamente e a segunda abandonou no primeiro instante possível – mas manteve sua vaga na PUC, o que foi muito importante ao fim dos quatro anos de USP, em 2010: voltou à escola, mudou de curso e investiu no jornalismo.

Acho que para Gil foi um golpe, que ele assimilou como aquele tal de cabrito bom que não berra. Eu fiquei animadíssimo com as perspectivas a bordo da minha certeza de que o caminho era aquele, sim.

Foram mais quatro anos de escola e fiquei muito pimpão quando ele apresentou seu TCC, que deixou feliz o orientador Luiz Carlos Ramos, querido amigo do Estadão, em banca da qual participaram o também amigo do Folhão Serginho Pinto de Almeida e o também professor Hamílton Octávio de Souza, outro velho amigo do Estadão e de lutas sindicais. Foi uma festa bonita, essa do TCC.

Mas aí tínhamos o dia seguinte. Gil já trabalhava, na produção de A Liga, tarefa que certamente lhe deu grande capacidade de resolver encrencas e de entender um pouquinho melhor a alma humana, que, junto a algum talento, são os segredos de qualquer profissão.

O desafio no Repórter Brasil, agora, o coloca numa experiência bem distante daquela do ser ou não ser. É um profissional maduro o que chega lá, que aceita e, espero, divirta-se muito, com sua escolha tardia: ser jornalista.

Repórteres Sem Fronteiras cria fundo de apoio a jornalistas exilados

A Repórteres Sem Fronteiras, em parceria com as fundações Rudolf Augstein e Schöpflin, está lançando o JX Fund, fundo de apoio destinado a jornalistas exilados, forçados a deixarem seus países em decorrência de guerras ou crises. O projeto fornecerá aconselhamento e assistência para desenvolver modelos sustentáveis de negócios fora de seus países.

Entre os primeiros profissionais beneficiados pelo fundo estão jornalistas do Novaya Gazeta, jornal investigativo russo especializado na cobertura de temas políticos e sociais, e outros dois veículos do país. Em um primeiro momento, a ideia era que o fundo ajudasse apenas os jornalistas russos, devido à pressão do Kremlin após o início da guerra na Ucrânia. Agora, o projeto também ajudará jornalistas de outras partes do mundo. A ideia é arrecadar um total de três milhões de euros. Até o momento, o fundo está com 1,5 milhão.

Para Christophe Deloire, secretário-geral da RSF, “é essencial garantir o futuro do jornalismo em nossos respectivos países, e também nos quatro cantos do mundo. Se o jornalismo russo, por exemplo, morresse, seria uma verdadeira catástrofe para o povo russo, mas também para os países europeus, para suas instituições e suas sociedades democráticas. É essencial continuar investigando e publicando relatórios sobre o regime e a sociedade russos se quisermos preservar a paz e a democracia futuras no país, mesmo que esse trabalho deva ser realizado do exterior, se necessário. É por esta razão que criamos, com os nossos parceiros, este fundo europeu para esclarecer as zonas cinzentas”.

Além do fundo, a RSF vem atendendo, por meio de seu Centro de Liberdade de Imprensa em Lviv, na Ucrânia, às necessidades dos jornalistas que estão cobrindo a guerra. A entidade distribui capacetes, coletes à prova de balas, manuais de segurança, além de apoio psicológico e assistência financeira e jurídica.

Rodolfo Schneider é o novo diretor nacional de Conteúdo da Band

Rodolfo Schneider é o novo diretor nacional de Conteúdo da Band

Rodolfo Schneider, até então diretor executivo de Jornalismo e Esportes da Bandeirantes, foi promovido e assumiu a Direção Nacional de Conteúdo da emissora, sendo responsável por todas as áreas de produção do Grupo Bandeirantes.

Na empresa há 18 anos, Schneider começou como estagiário de jornalismo no Rio de Janeiro, em 2004. Em comunicado à imprensa, a Band informou que, na nova função, ele responderá pelas áreas de Jornalismo, Esporte e Entretenimento, Produção e Operações de Rádio e Televisão do Grupo.

Outra novidade na Band é a contratação de Luis Erlanger, que será responsável pela consultoria de novos produtos e projetos para a filial do canal no Rio de Janeiro. Erlanger foi diretor editorial da Central Globo de Jornalismo, diretor da Central Globo de Comunicação e diretor da Central Globo de Análise e Controle de Qualidade.

Em São Paulo, Cris Moreira, até então diretor Comercial Nacional, assume o cargo de diretor-geral. E o empresário e CEO da Eletromidia Daniel Simões é o novo Diretor Nacional de Mercado.


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Especial Jornalismo nas veias: Tiago Maranhão, meu filho

Especial Jornalismo nas veias: Tiago Maranhão, meu filho

Carlos Maranhão, ex-diretor de Redação das Vejinhas, e o filho, Tiago Maranhão

Filho e neto (pelo lado materno) de jornalistas, Tiago tinha uma vocação hereditária. Mas iria seguir o mesmo caminho? Sem nunca ter procurado influenciá-lo diretamente, fiquei em dúvida até o dia em que ele marcou um almoço comigo e sua mãe para falar sobre o próprio futuro. Foi direto ao ponto e disse que iria prestar vestibular para Jornalismo. Perguntei se estava ciente das dificuldades do mercado e de que os salários dos seus pais – eu como diretor de Redação, ela como editora de arte – eram exceções e não a regra na profissão. Ele respondeu que sim para as duas perguntas e erguemos um brinde para lhe desejar boa sorte.

Embora seja complicado elogiar publicamente um filho, passados mais de 20 anos não posso esconder meu orgulho: Tiago tornou-se um jornalista respeitado e bem-sucedido. Não só, inicialmente, no meio impresso e em sites, mas sobretudo na televisão e hoje em dia no meio que desconheço por completo, a inteligência artificial.

Graças ao convite honroso de J&Cia., tive agora a chance de passar tudo isso em revista (sem trocadilho) e de lhe perguntar coisas sobre as quais nunca havíamos conversado com alguma profundidade. Eis aí.

Pai: Por que você resolveu ser jornalista?

Filho: Acho que nunca sequer considerei outra carreira. Para ser completamente honesto, contemplei a ideia de estudar Direito durante um período. Mas senti que o jornalismo era a minha vocação. Nunca encarei em termos de carreira, mas sim com um sentido de missão e realização.

Pai: Que missão?

Filho: Informar com clareza, traduzindo o que é nebuloso, checando o que é suspeito, dando o espaço correto ao que é mais relevante. Dar contexto é fundamental, manter uma perspectiva saudável é essencial. Se puder fazer isso com alguma graça e personalidade, missão cumprida.

Pai: Quando você tomou a decisão de ser jornalista?

Filho: Durante os últimos anos no colégio, já pensando no vestibular, eu alimentava uma visão romântica da profissão, me imaginava em grandes coberturas, com textos de fôlego, sonhava em ser repórter especial de uma grande revista. Acredito que nessa época eu já estava decidido. O curioso é que o jornalismo esportivo não era necessariamente meu plano principal, nem o trabalho em televisão. Foram caminhos que minha carreira tomou, um pouco por decisão minha e oportunidades que persegui, muito por sorte também.

Pai: O que é jornalismo para você?

Filho: Jornalismo é contar histórias que precisam ser contadas. A partir daí, a definição começa a ficar flexível. Talvez essas histórias precisem ser contadas porque estão escondidas e são de interesse público, ou porque são injustiças que precisam ser corrigidas ou talvez apenas porque são histórias divertidas, quem sabe inspiradoras ou simplesmente boas histórias.

Pai: Eu praticamente só trabalhei em revistas – Placar, Playboy, Veja, Veja São Paulo – e vivi quatro décadas na Editora Abril. Você, ao contrário, esteve em quase todas as mídias, passando por Reuters, iG, Exame, Band, Globo e SporTV, antes de ir para a Amazon, onde atualmente cuida do conteúdo da Alexa. Quem de nós tomou as melhores decisões na carreira?

Filho: Queria evitar respostas exageradamente clichês, mas aqui preciso dizer que sua carreira sempre foi minha maior referência profissional. E não porque foi uma carreira de sucesso, com coberturas que um dia eu sonhava fazer, como Copas do Mundo e Jogos Olímpicos, e por dirigir grandes redações, e sim pelo respeito e deferência que sempre falam de você para mim: “O Maranhão tem o melhor texto”, “seu pai faz as melhores entrevistas”, “ninguém apura com tanto rigor”, entre outros elogios que ouço.

Pai: Obrigado, mas fico até constrangido…

Filho: Bem, dito isso, acho que o mercado mudou demais e muito rápido nas últimas décadas, o que talvez explique minha experiência mais, digamos, diversa. O que posso afirmar é que tudo me serviu de aprendizado para o que veio em seguida.

Pai: Quais são para você as principais diferenças entre o que eu fazia e o que você faz no jornalismo?

Filho: Talvez a principal diferença seja o formato. Ou melhor, formatos. Décadas atrás, uma matéria de revista era pensada apenas para as páginas impressas da revista. Depois vieram os formatos para site, celular e tablet. Hoje os formatos são interativos, uma reportagem pode ser um carrossel no Instagram, uma entrevista pode estar no TikTok com uma edição esperta ou no YouTube com links para outros conteúdos. Há também uma diferença na percepção de quem recebe a notícia em relação ao veículo e ao jornalista. Existe um conceito que se forma antes mesmo de se ler a manchete.

Pai: A mais velha das suas três filhas optou por uma área completamente diferente da nossa: a neurociência. As duas menores têm hoje 7 e 2 anos de idade. Gostaria que pelo menos uma delas se tornasse jornalista?

Filho: A Isabel já está a poucos meses de concluir o doutorado em neurociência e acredito que vai seguir nessa carreira. Já Cecília e Clara, as mais novas, se eu fosse apostar, diria que vão adotar profissões que sequer foram inventadas ainda. Algo relacionado a comunicação, quem sabe?

Pai: Onde você imagina que estará daqui a cinco anos? Dez? Vinte?

Filho: Três meses antes de ir para a Amazon, eu sequer cogitava mudar de emprego, muito menos trabalhar com inteligência artificial. Então, gosto de pensar que ainda vou me surpreender algumas vezes com os rumos da minha carreira. A única coisa que sei é que vou sempre trabalhar com as palavras. Como você.

Polícia descarta motivação profissional em ataque contra Gabriel Luiz

Gabriel Luiz está no Grupo Globo desde 2014
Gabriel Luiz está no Grupo Globo desde 2014

O repórter da TV Globo em Brasília Gabriel Luiz, de 28 anos, foi esfaqueado na noite de 14/4 (quinta-feira), em um estacionamento perto de sua casa, no Distrito Federal. Ele foi atingido por diversos golpes no pescoço, abdômen, tórax e na perna, e internado em estado grave, mas estável, no Hospital de Base do DF (HBDF).

Após a captura dos dois suspeitos de terem cometido o crime, a Polícia Civil do Distrito Federal descartou qualquer outra hipótese que não tentativa de latrocínio (homicídio por tentativa de roubo).

José Felipe Leite Tunholi, de 19 anos, foi preso e após audiência de custódia, teve sua prisão convertida em preventiva, sendo transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda por tempo indeterminado. Já o segundo envolvido, um menor de 17 anos, está recolhido no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), ligado à Subsecretaria de Políticas para Crianças e Adolescentes.

Segundo a polícia, os dois confessaram envolvimento no caso, disseram que decidiram assaltar Gabriel Luiz porque ele estava caminhando sozinho, e afirmaram não conhecer o jornalista.

Gabriel tem se destacado nos últimos anos por suas reportagens investigativas, que apuravam irregularidades nos mais variados setores do poder, e por isso chegou-se a ventilar a hipótese de que o ataque tivesse como motivação algum tipo de retaliação.

Em um de seus últimos trabalhos, por exemplo, o jornalista apurou uma denúncia de balas perdidas em um clube de tiro em Brazlandia, região administrativa do Distrito Federal. Após a reportagem, o Exército interditou o local, alegando risco à segurança das pessoas. O caso, inclusive, foi registrado nas redes sociais do jornalista dois dias antes do ataque.

Gabriel Luiz está no Grupo Globo desde 2014
Gabriel Luiz está no Grupo Globo desde 2014

Formado em Jornalismo na Universidade de Brasília (UnB), Gabriel entrou na Globo como estagiário, em 2014. Em 2017, foi contratado como repórter do G1 DF, portal no qual ficou por dois anos, até 2019, quando migrou para a equipe do DF1, como editor do jornal local da capital.

Segundo os últimos boletins médicos, Gabriel, que passou por quatro cirurgias, está lúcido, estável, consciente e já consegue conversar, mas segue sem previsão de alta.

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