O cartunista Arnaldo Angeli Filho, mais conhecido como Angeli, anunciou aos 65 anos o fim de sua carreira após ser diagnosticado com afasia progressiva primária. A doença neurodegenerativa prejudica a comunicação e ao longo do tempo faz com que a pessoa seja incapaz de se expressar de forma verbal ou escrita. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (20/4) na Folha de S.Paulo, onde o cartunista atuou por mais de 50 anos.

Sobre a decisão, a Folha escreveu que “não é exagero dizer que o anúncio fecha uma era dos quadrinhos, já que o traço inconfundível de Angeli, sua estética punk e comportamento transgressor marcaram a identidade de uma geração”.

A também cartunista Laerte Coutinho declarou que Angeli “tem o peso de um Pasquim inteiro em matéria de influência e significado de uma época. Ele foi vital para a existência do que entendemos como humor em São Paulo”.

Carolina Guaycuru, esposa de Angeli, disse ao g1 que o cartunista recebeu o diagnóstico há alguns anos, mas que, de um mês para cá, a doença ficou “um pouco mais pesada”. Achamos que assim ele poderá trabalhar e produzir neste novo momento de vida mais tranquilamente. Encerra como cartunista, mas não como artista”.

A Companhia das Letras está preparando uma homenagem aos 50 anos de carreira do cartunista, que deve ser publicada ainda este ano. O projeto, organizado pela própria Carolina e por André Conti, reunirá tiras de jornais e revistas, charges, ilustrações e desenhos variados publicados nas últimas cinco décadas. A ideia é fazer dois volumes, reunindo cerca de mil trabalhos.

Angeli publicou seu primeiro desenho aos 14 anos, na extinta revista Senhor. Começou na Folha de S.Paulo em 1973, com a tira diária Chiclete com Banana, que lançou personagens históricos como Rê Bordosa, Bob Cuspe, Wood & Stock, os Skrotinhos, entre outros. Chiclete com Banana transformou-se em uma revista de quadrinhos independente de mesmo nome em 1985.

O cartunista teve ainda trabalhos veiculados em publicações internacionais, como as revistas Linus, de Milão; El Vibora, de Barcelona; Humor, de Buenos Aires; e o jornal Diário de Notícias, de Lisboa.

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