Cristiane Fontes, da Amoreira Comunicação, coordenou a pesquisa Narrativas Ancestrais, Presente do Futuro, que mapeou e analisou as percepções da sociedade sobre os povos indígenas no Brasil na última década. Segundo os dados obtidos, o espaço concedido a indígenas na imprensa brasileira cresceu nos últimos dez anos.

O levantamento foi feito com base em extensa análise documental e entrevistas com 350 formadores de opinião de diferentes segmentos. Em geral, os elogios dos públicos engajados com temas indígenas foram dirigidos a jornalistas e programas, e não a veículos de comunicação. André Trigueiro, Rubens Valente e Eliane Brum foram os mais citados pela excelência, relevância e alcance de seus trabalhos.

Em relação aos programas, destacaram-se Jornal Nacional e Fantástico, da TV Globo, como os telejornais que tiveram maior abertura às pautas indígenas. O estudo destaca também a emergência de veículos independentes, como Repórter Brasil, Agência Pública, InfoAmazonia e Amazônia Real, que mudou o cenário midiático do Brasil.

A pesquisa foi conduzida com públicos engajados e não engajados em questões indígenas. Entre os formadores de opinião não engajados, ou seja, que pouco sabem sobre temas relacionados aos indígenas, as informações que obtêm são baseadas na cobertura da grande imprensa. Entre esse público, concepções sobre os povos indígenas parecem ser formadas a partir de fragmentos de informação, às vezes apenas títulos de reportagens ou de publicações em redes sociais.

Para uma parte dos entrevistados, mudanças comportamentais como o enfrentamento ao racismo e maior preocupação com temas como representatividade de diversidade ajudaram no aumento da cobertura de temas indígenas. Mesmo assim, muitos dos participantes consideram esse aumento como ainda “insuficiente” ou “insatisfatório” por causa de omissões e distorções históricas, além da diversidade de povos e realidades por todo o País, não apenas na Amazônia.

Os públicos destacaram ainda a necessidade de maior visibilidade para povos de outros biomas brasileiros, e criticaram a generalização, com usos de termos inadequados, e o uso ainda frequente de cientistas como especialistas e não os próprios indígenas. Outras críticas incluem a falta de reportagens sobre o cotidiano dos povos indígenas e as questões que permeiam suas vidas, e a crise financeira da imprensa como uma limitação para reportagens investigativas sobre o tema.

Confira o estudo na íntegra aqui.

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