Edmar Barros, fotojornalista que viajava a trabalho para a agência Futura Press, a revista Amazônia Latitude e a norueguesa Rainforest Foundation, recebeu uma ameaça de morte em seu celular após registrar queimadas no município de Lábrea, a 853 km de Manaus, no Sul do Amazonas. Ele fez um boletim de ocorrência na Polícia Civil do estado.

Edmar Barros/Arquivo pessoal
Edmar Barros/Arquivo pessoal

Durante a viagem, o repórter publicou algumas fotos em suas redes sociais mostrando a devastação local. Segundo o UOL, este é um período em que os focos de fogo aumentam na região, e Lábrea costuma liderar o ranking de incêndios irregulares na Amazônia.

“Você vai queimar junto na queimada”, dizia a mensagem afirmando que o jornalista teria o mesmo fim que a vegetação do ramal do km 42 da BR-230.

Edmar afirmou que “o ramal 42 é um ramal gigantesco que tem lá, com áreas clandestinas, e há quilômetros e quilômetros queimados. Fica na beira da estrada da BR-230. Grileiro é o que mais existe nesta região. É sempre perigoso, é uma terra sem lei. Mas nunca havia recebido ameaça no meu celular”.

A mensagem de ameaça foi enviada via WhatsApp e com um número de remetente registrado no Amazonas. Ela chegou ao telefone do fotógrafo às 19h21 da segunda-feira (23/8).

A mensagem, reproduzida do mesmo modo como foi enviada, dizia: “Edmar estou lhe trazendo um recado para vc, do pessoal do 42, se vc vier meter seu rabo aqui em Lábrea para denunciar as derrubadas vc vai queimar junto na queimada, vou te dar dois dias para vc sumir aqui da região, fica dito seu vagabundo, x9 do caralho, seu relógio está contando, fique ligeiro”.

De acordo com o boletim de ocorrência, a ameaça foi enviada quando o repórter fotográfico já estava em Manaus, após ter passado dez dias registrando queimadas e desmatamento, de 9 a 19 de agosto.

“Se a mensagem foi enviada por alguém da região mesmo, é impossível saber quando foi enviada, porque a internet é muito ruim lá. Então, você envia uma mensagem e, às vezes, leva dias para chegar”, disse.

Com anos de experiência fotografando queimadas recorrentes no Sul do Amazonas, essa foi a primeira vez que o fotojornalista foi ameaçado. “O que aconteceu é o de sempre numa cobertura, mas nada de ameaça ou agressão”.

No ano passado, o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) classificou 2020 como sendo o ano mais violento para jornalistas no Brasil desde o começo da década de 1990, quando a entidade sindical iniciou a série. O título foi dado após a Fenaj registrar 428 ataques a profissionais da imprensa, incluindo dois assassinatos.

 

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