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domingo, abril 28, 2024

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Domingos Meirelles assumirá ABI em meio a uma das piores crises da entidade

A diretoria que assumirá a ABI o fará em meio a uma das piores crises vividas pela instituição, com um grave racha político, por razões nem sempre declaráveis, e com o patrimônio ameaçado por dívidas e penhoras que se acumularam anos a fio. Pior: sem qualquer suporte imediato da ampla base de jornalistas do Brasil, que simplesmente ignora o lado associativo da entidade, reconhecendo-a apenas por seu prestígio externo e declarações pontuais em situações de ameaças à liberdade de imprensa ou violência contra os jornalistas. A pergunta elementar que qualquer jornalista de bom senso faz é: “Como uma entidade com o prestígio e a força da ABI elege uma diretoria com menos de 500 votos, num mercado em que só exercendo a atividade há mais de 55 mil profissionais; e que, somando-se ao exército de jornalistas que estão em outras atividades, ultrapassa a casa dos 100 mil!?”. Uma segunda pergunta, não menos inquietante, é: “Como uma instituição desse porte, que representa a imprensa de todo o Brasil, está praticamente ilhada no Rio de Janeiro, com pouquíssimas interlocuções em outras regiões do País?”. Esses são alguns dos desafios que a nova diretoria da Casa enfrentará, tendo como missão alargar imediata e imensamente a base de associados em todo o País, de olho sobretudo nas novas gerações que hoje não conseguem enxergar a ABI sequer de binóculos. Domingos Meirelles, por sua trajetória profissional e por sua capacidade de trabalho, mostra-se um nome a altura para, com uma diretoria atuante, enfrentar essas questões e tem-se mostrado disposto a fazê-lo, como revela nas conversas com correligionários. Não sem encarar novas investidas judiciais da oposição, que ainda pode trazer algumas dores de cabeça neste início de mandato. A posse não foi marcada, mas há entre os eleitos o desejo de fazer dela um evento de grande envergadura, transformando-a num marco desse processo de transição. As redes sociais continuam a despejar petardos de parte a parte, com mútuas acusações, mas também já se nota a entrada neste circuito de bombeiros que querem apagar os incêndios, defendendo o entendimento entre as correntes que participaram do pleito. O novo presidente – Com extensa folha de serviços prestados à ABI, Domingos Meirelles ali começou como editor do Boletim ABI, atual Jornal da ABI, ainda durante o regime militar. Em 2004, ocupou a Diretoria de Assistência Social e reverteu a iminente extinção do ambulatório da entidade. O bom desempenho gerencial o levou, dois anos depois, a acumular a Diretoria Administrativa, Serviços Gerais, Patrimônio, Departamento Jurídico e manutenção do edifício-sede. Na ocasião, a ABI passava por uma crise, em que Mauricio Azêdo foi duramente atacado, e que culminou com a saída de metade da diretoria. Isso não paralisou as atividades em curso, e datam dessa época realizações como a reforma de vários setores, com destaque para a Biblioteca Bastos Tigre, no 12º andar, e o auditório do 9º andar. Todas as obras físicas estão detalhadas no Relatório de Atividades da Diretoria até 2007, publicado no Jornal da ABI. Meirelles exerceu ainda o cargo de diretor Econômico-Financeiro na gestão de Mauricio Azêdo, até que a ingerência de pessoas de fora dos quadros da ABI na administração da casa o levassem a se posicionar como oposição. A morte de Azêdo, no ano passado, gerou outra crise na entidade, desta vez quanto à sucessão dele, e que redundou em ações judiciais, ora concluídas. Quando o vice Tarcísio Holanda assumiu a Presidência, em fevereiro deste ano, Domingos voltou à função de diretor Econômico-Financeiro, respondendo pelo gerenciamento da área de serviços gerais e manutenção do edifício-sede, simultaneamente à de editor do Jornal da ABI. Detentor de dois prêmios Esso e três Vladimir Herzog de Direitos Humanos, desenvolve, ainda, atividade literária, sendo autor de obras da moderna historiografia nacional: As noites das grandes fogueiras – Uma história da Coluna Prestes e 1930 – Os órfãos da revolução, livros que receberam os prêmios Jabuti de Reportagem e Ciências Humanas, respectivamente; e a obra coletiva As guerras dos gaúchos – A história dos conflitos. Agora cabe a ele, e aos seus colegas de Diretoria e Conselhos, resgatar o prestígio, a credibilidade e o espaço político que a ABI já ocupou no cenário brasileiro, além de congregar, na Casa do Jornalista, os profissionais experientes e os da mais nova geração.

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