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sexta-feira, abril 26, 2024

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Encontro de Jornalistas discute a relação entre políticas públicas e comunicação

Em um evento que se dividiu entre a discussão de políticas públicas e sociais para populações mais carentes do semiárido brasileiro, e os desafios para divulgar essas iniciativas junto à imprensa brasileira, a cidade de Natal recebeu na última semana a oitava edição do Encontro de Jornalistas, iniciativa promovida pela Fundação Banco do Brasil. Com o tema Desenvolvimento social e políticas públicas – Os desafios da comunicação, o encontro reuniu cerca de 80 jornalistas de várias regiões do País para apresentar projetos de captação e armazenamento de água em regiões que historicamente sofrem com a seca. Como exemplo dessas iniciativas, a edição debateu a importância das chamadas cisternas de placas, que hoje abastecem cerca de 700 mil residências naquela região e que permitem uma autonomia de fornecimento de água para consumo, capaz de atender a uma família de cinco pessoas por até oito meses sem chuva. Mas assim como na edição do ano passado em Manaus, o encontro mais uma vez ressaltou a importância e o papel da mídia para a difusão dessas iniciativas junto às populações mais afastadas dos grandes centros. Dos cinco painéis programados para o evento, dois tiveram temáticas relacionadas à atividade jornalística. Uma das moderadoras do evento, a repórter especial do Diário do Nordeste Maristela Crispim, ressaltou a relevância e a grande quantidade de notícias e fatos que o semiárido brasileiro pode oferecer para os veículos de imprensa: “É um mundo de pautas, já que temos o semiárido mais populoso do planeta. São muitas realidades e histórias diferentes, que rendem um vasto material jornalístico”, destacou a profissional, que justamente em uma dessas viagens pela região produziu a reportagem Retrato sertanejo: esperança e convivência. Vencedor do Grande Prêmio J&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade em 2011, o trabalho mostrou a vida em várias comunidades, de Minas Gerais até o Piauí, passando por nove estados. > Embora a região possa ser vista como rica em pautas para os jornalistas, a presença desses profissionais na cobertura das iniciativas locais é defendida por ONGs e entidades como estrategicamente essencial pelo seu caráter social de informação à população. “Notícia é informação que vira conhecimento, e o conhecimento é muito valioso para essas pessoas que vivem em realidades diferentes da nossa”, destacou a secretária executiva da Rede Nacional de Mobilização Social (COEP) Gleyse Peiter. “Pensando por esse prisma, ressalto três pontos que mostram como a participação da imprensa é fundamental para o desenvolvimento dessas políticas: ela se mostra essencial para levar ao público carente conhecimento sobre os direitos que ele tem e irá exercer; para promover as boas ações e exemplos, porque é por meio dessa divulgação que outras pessoas podem se espelhar e promover por si mesmas a mudança em suas vidas; e pela importância da mídia no fortalecimento da participação social, aprofundando essa discussão no cotidiano das pessoas e fazendo com que o tema sustentabilidade esteja sempre presente também em outras editorias”. Apesar do apelo por uma presença maior do tema entre a imprensa, Gleyse reconhece que o crescimento de espaço que o assunto teve nos últimos anos é bastante satisfatório: “Quando comecei minha atuação em projetos sociais, em 1993, o espaço que a mídia dava para esses temas era praticamente nulo, e desde então isso evoluiu muito. Essa trajetória faz com que a gente acredite que essa abordagem irá crescer ainda mais nos próximos cinco ou seis anos”. Também presente ao encontro, a editora do Empreendedor Social da Folha de S.Paulo Paula Leite destacou algumas pesquisas recentes da publicação que mostram uma demanda dos leitores por maior número de matérias positivas, entre elas as de sustentabilidade e relacionadas a projetos sociais de sucesso: “Mas não é porque a gente cobre esse tema que temos que deixar de lado nosso senso crítico. Quando vamos conhecer um projeto ou uma ONG, por exemplo, temos que olhar com o critério jornalístico e sempre nos perguntar o que aquilo tem de novo, de relevante, e quantas pessoas efetivamente irá afetar. Tem muita gente fazendo bons projetos, mas nem todos são inovadores e nós, como jornalistas, temos que mostrar algo que seja inovador, algo que mude a forma como as pessoas encaram as coisas”. Ainda que haja necessidade de manter essa posição mais crítica, Paula reconhece que questões relacionadas ao semiárido poderiam aparecer com mais frequência na mídia. “A cobertura ocorre quando a seca já chegou. Não existe cobertura de projetos de sustentabilidade e de outros que estão acontecendo nesses lugares”. O encontro foi encerrado pelo diretor responsável da revista Envolverde Dal Marcondes, que falou sobre a atual situação da imprensa especializada em políticas sociais e sustentabilidade: “Estamos em um momento fantástico para promover a divulgação desses temas. Com pouco investimento, é possível acompanhar o segmento pelas novas mídias digitais. No nosso caso, por exemplo, com um investimento médio de R$ 12 mil mensais chegamos a atingir números de visitações que muitas publicações mais antigas e consolidadas não conseguem”. *O repórter viajou a Natal a convite da Fundação Banco do Brasil

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