A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lançou o relatório Amazônia: Jornalismo em Chamas, que aborda os desafios e obstáculos do jornalismo e da liberdade de imprensa na região da Amazônia. A ONG detectou 66 casos de ataques à imprensa nos nove estados da Amazônia Legal, entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023.

O relatório destaca que os jornalistas e os meios de comunicação enfrentam desafios estruturais específicos na Amazônia, como a complexidade logística dos deslocamentos, desigualdades tecnológicas, dificuldades de financiamento (especialmente o jornalismo local e independente), e interferência de poderes políticos e econômicos no conteúdo editorial.

Entre os 66 casos de violações da liberdade de imprensa registrados, 16 estavam ligados a reportagens sobre agronegócio, mineração, povos indígenas e violações de direitos humanos. O relatório explica que a região da Amazônia é um ambiente hostil para jornalistas, com diversos ataques e ameaças de indivíduos que querem evitar que determinadas informações sejam divulgadas.

Isso gera uma espécie de “autocensura” entre os jornalistas na região, com o objetivo de evitar ataques de representantes dos poderes político e econômico, “em um contexto marcado pela ausência de uma política de prevenção, proteção e valorização do jornalismo”, destaca a RSF.

Outro problema apontado pelo relatório é a interferência editorial, principalmente no que se refere ao financiamento das atividades jornalísticas. Há enorme pressão por parte de anunciantes e conflitos de interesse, o que faz com que os veículos adotem uma linha editorial favorável aos anunciantes, para que consigam manter o financiamento. Isso acaba favorecendo a propagação de notícias falsas sobre a Amazônia.

Além disso, destaca a RSF, devido às constantes ameaças e ataques, os jornalistas precisam ser de certa forma criativos para se protegerem e poderem informar sobre a realidade de diversas áreas isoladas: “A cooperação internacional e o fortalecimento das redes locais desempenham, portanto, um papel fundamental”, diz a ONG.

Por fim, a RSF faz recomendações para a criação de um ambiente mais favorável para o jornalismo na Amazônia, que incluem a defesa de informações confiáveis, independentes e plurais; políticas de prevenção e proteção a jornalistas, principalmente àqueles que trabalham com temas sensíveis da região; promoção de um ecossistema midiático plural e financeiramente sustentável; fortalecimento de programas de educação midiática e de combate à desinformação na Amazônia; e ampliação do monitoramento de ataques contra jornalistas na região.

Leia o relatório na íntegra.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments