A venda da Tribune Publishing, dona de jornais como o Chicago Tribune, para o fundo de hedge Alden já parecia estar acertada. Mas um bilionário suíço de 85 anos e um empresário americano do ramo de hotelaria ofereceram US$ 100 milhões cada para comprar a empresa.
Hansjörg Wyss, o bilionário suíço, declarou que não quer ver “indo pelo ralo” outro jornal que pode trazer verdades ao povo americano. A possibilidade de compra pode ser um alívio para os profissionais da empresa, que manifestaram descontentamento com a venda para o fundo Alden, conhecido por fazer cortes severos.
Jair Bolsonaro está entre as autoridades que mais bloquearam jornalistas nas redes sociais
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou uma série de ações judiciais e administrativas que podem ser tomadas por jornalistas que forem bloqueados por autoridades nas redes sociais. Segundo levantamento da entidade, de 2014 a 2021 foram registrados 174 casos, 83 deles apenas em 2020.
No total, foram 88 profissionais – alguns em mais de uma rede – com o acesso impedido a perfis do presidente, de ministros, deputados e senadores, entre outros funcionários públicos.
O presidente Jair Bolsonaro é líder entre as autoridades que bloquearam, com 50 casos. Em seguida, vêm os irmãos Abraham e Arthur Weintraub, que impediram o acesso de 22 e 15 jornalistas, respectivamente, quando ainda faziam parte do governo.
Jair Bolsonaro está entre as autoridades que mais bloquearam jornalistas nas redes sociais
Ainda não há uma definição na legislação brasileira sobre bloqueios de jornalistas nas redes sociais por autoridades, mas a Abraji listou algumas medidas que podem ser tomadas nessas situações para tentar acessar o conteúdo de contas com informações oficiais. Dentre as orientações estão medidas administrativas, judiciais e até de tecnologia para burlar o bloqueio.
Vale lembrar que a versão aprovada pelo Senado do PL 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, classifica os perfis de pessoas em mandatos eletivos e ocupantes de cargos no Executivo como de interesse público. Isso proibiria os bloqueios. No entanto, o projeto ainda não foi aprovado em definitivo.
“Uma legislação específica sobre essa prática daria mais segurança aos jornalistas de que esse tipo de bloqueio não deve acontecer”, diz Letícia Kleim, assessora jurídica da Abraji. “A lei colocaria uma obrigação sobre as autoridades de não tomarem essas medidas e daria um parâmetro para quem for alvo de algum bloqueio ter assegurado seu direito por qualquer via, jurídica ou administrativa.”
O monitoramento da Abraji de jornalistas bloqueados por autoridades no Twitter tem apoio da Open Society Foundations. O objetivo do projeto é incentivar a discussão sobre a legalidade dessa prática. O formulário para registrar os bloqueios está aqui.
A TV Brasil anunciou a contratação de Marina Machado para comandar o novo programa Sem Censura
A TV Brasil anunciou a contratação de Marina Machado para comandar o novo programa Sem Censura. A jornalista, que esteve por 22 anos no Grupo Bandeirantes, de onde se desligou em setembro do ano passado, assumirá a atração que volta às telas em abril com novo formato.
Além da nova apresentadora, o programa de debates e entrevistas deixará de ser diário e passará a ser transmito às segundas-feiras, ao vivo, a partir das 21h30, diretamente dos estúdios da emissora, em Brasília.
Com passagens por TV Globo, TV Record e Rede 21, Marina Machado também é autora do livro Noites ao som de Cazuzae Lobão, além de roteirista e diretora do longa-metragem Zé Mineiro, Zé Brasileiro. Foi também duas vezes finalista do Prêmio Esso: em 2010, pela série de reportagens Mulheres Reféns do Medo; e em 2014, pelo trabalho Salvas da Família.
A Globoplay, serviço de streaming por assinatura do Grupo Globo, deverá produzir uma série com base no premiado livro Rota 66, de Caco Barcellos. A obra, vencedora em 1993 dos prêmios Jabuti de Reportagem e Livro do Ano de Não-ficção, conta a história do esquadrão da morte da Polícia Militar de São Paulo, que operou entre os anos 1970 e 1990.
Rota 66 expôs o sistema de extermínio promovido pela PM paulista
Em um trabalho que levou anos de pesquisa, o atual apresentador do Profissão Repórter reuniu dados e identificou milhares de pessoas mortas pelas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa do Comando Geral da PM paulista conhecida pela sigla ROTA.
Segundo Patricia Kogut, em sua coluna em O Globo, o elenco já está sendo sondado para o projeto, que ficará a cargo da Boutique Filmes. A data de início das gravações, porém, ainda não foi confirmada por conta dos números da Covid-19. O roteiro ficará aos cuidados de Teodoro Poppovic, também autor de Feras, para a MTV, e integrante da equipe da série internacional El presidente, da Amazon.
Além de Rota 66, Caco Barcellos também venceu o Jabuti em 2004 com Abusado, livro que apresenta a lógica, os meandros e o modus operandi das grandes corporações criminosas que comandam o tráfico de drogas e outras atividades criminosas no Rio de Janeiro, através da história do traficante Juliano VP.
Saída de Thierry Henry das redes pode impulsionar ações contra o discurso de ódio
O ex-jogador de futebol Thierry Henry anunciou em 26/3 sua saída das redes sociais, em protesto à grande quantidade de posts racistas nas plataformas digitais. A ação tem como objetivo pressionar as empresas de tecnologia para que tomem mais medidas contra o discurso de ódio.
Segundo o francês, as redes agem com muito mais vigor para remover posts que ferem direitos autorais do que para combater racismo e outros conteúdos tóxicos, e que vai permanecer fora das plataformas até que a situação melhore. Além de Henry, vários outros jogadores foram vítimas de discurso de ódio online. Mais recentemente, foi o volante brasileiro Fred, do Manchester United.
Veja em MediaTalks as reações à saída de Henry das redes e a posição do Facebook a respeito do movimento do atleta.
O Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ, em inglês) divulgou os vencedores do concurso de reportagens sobre a Covid-19. Ao todo, a entidade recebeu 672 inscrições em cinco idiomas nas categorias Ciência e saúde; Transparência, crime e corrupção; e Desigualdade, negócios e economia.
Os brasileiros Priscila Pacheco e Alexandre de Maio, junto com uma equipe transfronteiriça com base em Brasil, Polônia e Espanha, venceram a categoria Ciência e saúde com a reportagem Favelas vs. Covid-19, publicada no site polonês Outriders. O texto mostra como comunidades periféricas lidaram com a pandemia de Covid-19 na ausência de assistência do governo brasileiro. A equipe produziu uma HQ digital que destacou três iniciativas diferentes.
Alexandre, que editou e escreveu revistas urbanas de hip hop em São Paulo e ajudou a lançar o Catraca Livre, hoje atua como freelance na criação de histórias em quadrinhos para diversos veículos. Priscila formou-se em Jornalismo em 2014 e começou a carreira na agência Mural. Agora, trabalha na Aos Fatos.
Na categoria Transparência, crime e corrupção, a vencedora foi Clair MacDougall, de Burquina Fasso. Ela escreveu uma reportagem sobre como a ONU lidou com a morte, em Mali, de um salvadorenho que foi o primeiro soldado da paz da ONU a morrer de Covid-19.
E o americano Amir Khafagy venceu a categoria Desigualdade, negócios e economia com uma matéria sobre a situação precária de catadores de lixo em Nova Orleans, agravada pela pandemia, sem salário mínimo ou equipamentos de proteção adequados.
Pesquisa da BBC Monitoring mostra aumento de fake news sobre vacina da Covid-19 na França
A BBC Monitoring divulgou recentemente um estudo que mostra um aumento da desinformação sobre a vacina contra a Covid-19 na França, num período de alta da doença no país. Os motivos para esse aumento são, entre outros, a aversão ao Estado e o sentimento francês de liberdade.
Outro motivo é a crença em Didier Raoult, renomado médico francês que defendeu a cloroquina com base em estudo com 42 pacientes e depois teve que se retratar. Leia mais sobre a pesquisa da BBC Monitoring em MediaTalks by J&Cia.
200 anos da imprensa no Maranhão serão celebrados com série de eventos
Em abril de 1821 era fundado em São Luís o primeiro jornal do Maranhão. Chamava-se O Conciliador do Maranhão e tornou-se o marco do início da atividade jornalística maranhense – que, nesses 200 anos, mostrou-se pujante e bastante diversificada. Para comemorar, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está organizando uma série de eventos.
Está previsto para o mês um evento de abertura do bicentenário. Em setembro, haverá a entrega da Comenda 200 anos da imprensa no Maranhão, honraria que a UFMA vai oferecer a personalidades da imprensa no estado. Em novembro, deverá ser feito um seminário temático para apresentação de pesquisas na área e lançamento de um livro temático.
A Revista Outros Tempos está com chamada aberta para seleção de artigos, resenhas e estudos de casos que irão compor o volume 18, número 32 (2021.2), para o dossiê temático Imprensa no Maranhão: 200 anos de história. O prazo para submissão é até 31 de março. O edital com mais informações está disponível no site.
Em discurso, à tribuna, senador Marcos do Val (Podemos-ES). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O Senador Marcos Do Val (Podemos-ES) ganhou na justiça uma ação para a retirada do ar de uma checagem realizada pelo Projeto Comprova, coalizão de 28 veículos liderada pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
A apuração contestou uma publicação do senador em que ele usava trechos fora de contexto de uma fala de Drauzio Varella, com intuito de sugerir que o médico estava minimizando a pandemia. Por se tratar de um vídeo antigo, a opinião de Drauzio, assim como a situação da pandemia, não são mais as mesmas. Por esse motivo a publicação foi considerada enganosa, por não informar a data original do vídeo.
A determinação foi anunciada em 25/3 pelo juiz Rodrigo Cardoso Freitas, da 5ª Vara Cível de Vitória (ES). O juiz acatou o pedido dos advogados do senador, com a alegação de que a publicação da checagem do Projeto Comprova ofendeu a imagem e a honra de Marcos Do Val.
Até o momento, a justiça determinou a retirada do ar da checagem no site da Folha de S.Paulo, além de uma publicação de retratação e que o jornal não republique ou divulgue outro material semelhante. Além da Folha, a checagem foi ao ar pelo portal UOL e pelo SBT.
Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) defendeu que a decisão do juiz do Espírito Santo seja revista, pois segunda a entidade fere o princípio constitucional da liberdade de imprensa.
A repórter especial da Folha de S.Paulo Patricia Campos Mello venceu em primeira instância uma ação movida contra Jair Bolsonaro por ofensas proferidas pelo presidente em fevereiro do ano passado.
Em sabatina no Congresso, realizada em 11 de fevereiro do ano passado, Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da Yacows, uma das empresas que teria feito os disparos à favor da campanha de Bolsonaro, afirmou sem apresentar provas que Patricia havia oferecido sexo em troca de informações para a reportagem.
Ao comentar o caso, o presidente disse: “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”.
No Jornalismo, o jargão “dar um furo” significa publicar uma informação que ninguém publicou ainda. Ao usar a expressão, Bolsonaro enfatizou o duplo sentido da palavra quando se referiu à jornalista. Apoiadores ao seu lado deram risada.
A indenização foi fixada em R$ 20 mil, além das custas e despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação. Na sentença, a magistrada entendeu que as acusações feitas por Bolsonaro tinham o propósito de ofender a reputação de Patricia Campos Mello.