Luiz Fernando Brandão lança Para o bem ou para o mal, pela editora Gryphus. Na ficção, três personagens que nunca se conheceram têm histórias de vida que vão se cruzar para fazer na Índia um acerto de contas com o destino. O prefácio é de Washington Olivetto.

O autor fez carreira como executivo de comunicação em empresas como Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, Shell e Aracruz. Em paralelo, traduziu para o português obras de autores como Edgar Allan Poe e Vladimir Nabokov. Tem diversos artigos publicados sobre comunicação. Além disso, é instrutor de ioga, graduado em Mumbai, na Índia.

“Atuei durante quase 30 anos no mundo corporativo e por esse tempo todo minha veia de escritor ficou adormecida”, comenta Luiz Fernando Brandão. “Agora, sinto-me à vontade para mesclar ficção e realidade e trazer ao público reflexões sobre alguns dos dilemas que vivemos, na pele de três protagonistas, para o bem ou para o mal”.

Confira o prefácio:

Os destinos e peripécias de três personagens bastante prováveis na vida real se entrelaçam sutilmente em Para o bem ou para o mal, segundo livro do jornalista, escritor e tradutor Luiz Fernando Brandão, agora estreando na ficção.

O primeiro protagonista, Diego Velásquez Caravaca, um mestre espiritual muito bem-sucedido estabelecido em São Paulo, já ajudou muita gente no seu concorrido Centro para a Evolução Universal, mas não passa de outro picareta no florescente “mercado da salvação”. Entre as discípulas mais chegadas, ele atende por “Flautista”, apelido que cunhou para si inspirado no conto dos Irmãos Grimm – sendo que, na história engendrada por sua imaginação doentia, quem o anti-herói atrai e domina com o sopro de seu instrumento mágico não são ratos nem crianças, mas adultos tão ou mais fáceis de engabelar.

O segundo, Robert White Sherman, é um alto executivo financeiro de Nova York, diretor de um grande banco instalado nas Torres Gêmeas. Com seu talento natural associado a uma obstinação caprina e aos desígnios da sorte, ele é um mito nos círculos da grana preta. Orgulha-se, embora não o demonstre, do nome pelo qual é conhecido no mercado: “Matemático”, que poderia também sugerir um gênio solitário imerso em números, cálculos e projeções e indiferente a todo o resto. Mas ele não consegue esconder de si que parte considerável do dinheiro que o transformou em celebridade milionária provém de fontes duvidosas; desencantado, aproveita uma brecha do acaso para mudar radicalmente de vida e acaba engajado em uma fabulosa causa humanitária na longínqua Índia.

Por fim, temos Cátia Ferrão, jornalista inteligente e ambiciosa nascida e criada no interior fluminense. Após um difícil início de carreira, que perpassa questões como assédio sexual e moral, ela acaba se tornando vice-presidente de assuntos corporativos de uma poderosa fabricante de químicos agrícolas e sementes transgênicas que tem no Brasil seu maior mercado. O peso do cargo e a mística a ele associada abrem espaço para discutir, entre outros aspectos, os dilemas femininos no ambiente de trabalho e as redes sociais como quinto poder da atualidade.

O trunfo secreto da atraente executiva em sua vitoriosa trajetória profissional, quem diria, é uma entidade do outro mundo; por coincidência, Cátia é conhecida como “Cigana” entre seus pares na multinacional. Sorte ou azar? – Até certo ponto, os protagonistas saídos da imaginação de Brandão – ele próprio, tarimbado executivo de comunicação de grandes corporações –, embora bem-sucedidos no que se propuseram alcançar, estão a um só tempo em busca e em fuga.

Se o Matemático está à procura de uma nova vida, onde o materialismo e o consumismo possam dar espaço ao autoconhecimento, o Flautista sai de São Paulo rumo à Caxemira para escapar das consequências de um episódio com final trágico envolvendo uma jovem seguidora. A Cigana, por sua vez, após uma vida repleta de sacrifícios, chega ao topo de sua escalada profissional apenas para descobrir quão precária era a segurança que julgara conquistar e que ainda havia como encontrar o “caminho de volta”, ao visitar, em uma viagem a negócios, o afamado Yoga Institute, em Mumbai. Por sorte ou azar, cada um com sua história, todos os três acabam fazendo na Índia o acerto de contas com o destino.

O que vai acontecer com os protagonistas e como suas histórias irão se cruzar sem que nunca tenham se conhecido? O livro reserva ao leitor surpresas até as últimas página – uma história digna de um potencial roteiro de cinema, que inspirou, no prefácio, as palavras de um gênio da publicidade: Sei que Luiz Fernando gosta do raciocínio de que seu livro propõe ‘uma reflexão sobre a relativa fragilidade do julgamento humano’, mas o que mais me encanta na história é deixar bem clara essa intenção para todo e qualquer tipo de leitor, dos mais relaxados até os mais tensos, dos mais simplórios até os mais pretensiosos.

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