Por Osvaldo Rodrigues Filho*

Osvaldo Rodrigues Filho

Este não é um texto produzido pelo ChatGPT. Talvez esse mecanismo de inteligência artificial esteja dizendo isto, quem sabe? Aí que está o desafio do repórter, inerente à profissão, que é ter credibilidade. Só a consegue quem assina embaixo do que escreve e, caso divulgue informação errada, admita e corrija o erro cometido. Fake News, expressão disseminada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seus delirantes tempos de Casa Branca, não é coisa nova.

Na história, o jornalismo está repleto de publicações mentirosas, distorções de acontecimentos, abordagens intencionalmente erradas, omissões de fatos e dados, manipulações grotescas e reportagens criminosas. O ingrediente que fez pesar este cardápio foi a tecnologia digital. Com a chegada da internet no início dos anos 1990, mais precisamente da world wide web, a www, a comunicação virou de ponta-cabeça várias vezes. Os referenciais do jornalismo começaram, então, a ser trucidados. Como? Velocidade e ubiquidade, ou seja, a capacidade de instantaneamente se estar em todos os lugares ao mesmo tempo, tornaram-se a tônica do processo de apuração e publicação de notícias.

Imagine que delícia, apertar um botão do seu computador e, no mesmo instante, centenas, milhares, milhões de pessoas lerem o que você escreveu. Impossível um jornalista não se apaixonar por esse poder. Acontece que tudo o que chega fácil some mais depressa ainda, não demorou muito para nós descobrirmos a mão dupla dessa via. Essa mesma tecnologia permitiu a todos publicarem o que quisessem para as mesmas centenas, milhares, milhões de pessoas, nos trazendo para a era da participação total da população no jornalismo, um sistema de carta do leitor nunca imaginado.

Rapidamente, as empresas jornalísticas passaram a oferecer links para comentários, fóruns de discussão e e-mails para falar diretamente com o seu público. Isso é muito bom, informação para todos é condição básica de qualquer sociedade desenvolvida e civilizada, assim como ouvir as demandas daqueles que o leem, ouvem e veem é extremamente saudável para qualquer jornal, portal de notícias, canal do YouTube, rádio, emissora de TV e por aí vai. O problema é que essa facilidade toda também serviu aos mal-intencionados.

É aí que está a chave para essa questão. A disciplina da verificação é a alma do trabalho jornalístico. Não se publica algo, qualquer que seja a informação, sem a devida checagem e antes de ouvir o contraditório. É assim que deve trabalhar um repórter, não vou nem dizer bom repórter porque quem não age assim não pode ser chamado como tal. No bom jornalismo, essa é a postura dos profissionais com comportamento ético e uma profunda consciência de classe e de seu papel perante a sociedade. É isso o que procuramos ensinar no curso de jornalismo da Universidade São Judas. Ser repórter é algo maravilhoso. Não há ChatGPT que o substitua.


(*) Este artigo é de Osvaldo Rodrigues Filho, jornalista e coordenador de Comunicação e Artes da Universidade São Judas campus Mooca.

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