Os donos do Sleeping Giants Brasil, iniciativa que denuncia anúncios de empresas em sites de notícias falsas, decidiram sair do anonimato e revelar suas identidades em entrevista para Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Criado há sete meses, o perfil agia de forma anônima devido aos diversos ataques e ameaças diários.
Os responsáveis pelo projeto são Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle, casal de 22 anos de Ponta Grossa, no Paraná. Estudantes de Direito do sétimo período, eles não recebem nada pelo trabalho no Sleeping Giants, mas têm assessoria jurídica e de comunicação gratuita pela Rede Liberdade, grupo de advogados e jornalistas que atua em casos de violação de direitos e liberdade de expressão.
A iniciativa Sleeping Giants surgiu nos Estados Unidos em 2016, desmonetizando o site de extrema-direita de Steve Bannon, chefe da campanha vitoriosa de Donald Trump. Ao ler sobre o assunto para o trabalho de conclusão de curso da faculdade, Leonardo e Mayara decidiram criar o Sleeping Giants Brasil. Horas depois, tinham já muitos seguidores e foram oficializados como representantes brasileiros dos Sleeping Giants pelo criador do perfil americano, Matt Rivitz.
Até hoje, os donos fizeram com que três sites de notícias e dois canais de YouTube deixassem de arrecadar o equivalente a R$ 1,5 milhão. Segundo eles, 700 empresas já seguiram seus alertas e retiraram os anúncios de sites duvidosos. O Sleeping Giants Brasil tem 410 mil seguidores no Twitter e 170 mil no Instagram.
O grupo SBF, dono da loja de artigos esportivos Centauro, anunciou a compra da NWB, produtora de conteúdo sobre esporte e proprietária dos canais Desimpedidos e Acelerados no Youtube. Em fevereiro, a empresa já havia anunciado a compra da marca Nike.
Fundada em 2013, a NWB tem quatro canais sobre esportes no Youtube, além de 80 afiliados, que somam ao todo 81 milhões de seguidores no Instagram e 73 milhões de inscritos no Youtube. Os canais lançam em média 150 vídeos inéditos por semana, com cerca de 1,9 bilhão de visualizações por ano.
Uma das histórias mais marcantes que vivi no jornalismo ocorreu com um motorista de reportagem. Desculpem, leitores, não me recordo do nome dele. A memória, depois dos 50 anos, começa a ficar falha, mas acho que, na maior parte dos casos, o milagre é mais interessante do que o nome do santo. Pois bem, estava no Estadão, no início da década de 2000, atuando na editoria de Geral, sob a liderança da grande Ruth Bellinghini, na Chefia de Reportagem, e com o Pedro Autran, como editor. Autran é sobrinho do grande ator Paulo Autran. Um dia, tive que fazer uma entrevista com o infectologista David Uip, um dos maiores médicos da área no País, ali na Escola de Medicina da USP, na avenida Doutor Arnaldo, Zona Oeste de São Paulo.
Era um fim de tarde e tinha uma entrevista marcada com ele. No caminho, conversando com o motorista, ele me perguntou o que ia fazer na Secretaria. Até onde me lembro, iria conversar com o David Uip, um dos mais importantes médicos infectologistas brasileiros, sobre Aids e as tentativas de enfrentar essa terrível doença. Disse isso para o motorista, falei que ele podia me deixar lá, que pediria um carro para voltar à redação.
Para minha surpresa, ele perguntou se podia me acompanhar na entrevista porque gostaria de dar um abraço no amigo dele, o David Uip, que chamou de “Davizão”. Eu, com aquela ingenuidade típica da classe média que acredita até em mamadeira de piroca (ao menos a parte bolsonarista dessa classe social), perguntei que história era aquela. Disse que não havia problema algum nele me acompanhar, mas não havia entendido aquela história do “Davizão”.
Ele me explicou, então, que sempre morou na Casa Verde, bairro da Zona Norte de São Paulo, e, na juventude, gostava muito de jogar futebol nos vários campos de várzea que havia ao lado de rios e córregos da região. Disse até que era um craque, quase um Maradona da Casa Verde. Mas o grande diferencial do seu time era um goleiro alto para os padrões da época, com mais de 1,86 m, que pegava muito bem sob as traves; era como Lev Yashin, o grande goleiro soviético, mais conhecido como Aranha Negra, que parou os melhores atacantes do mundo, com sua roupa toda preta e 1,89 m de altura. Esse “Davizão”, assegurou ele, era o David Uip jovem, morador da Casa Verde, e apreciador do nobre esporte bretão.
Achei a história bem esquisita e imaginei até que ele estava mentindo. Decerto bateu aquela questão, carregada de preconceito, na minha mente: “Como um simples motorista vai conhecer o melhor infectologista do Brasil?”. De qualquer forma, decidi tirar a história a limpo. Cheguei, me anunciei e, depois de uma breve espera, comecei a fazer a entrevista com o Uip. Ao terminar, antes de me despedir, pedi licença para fazer uma pergunta pessoal a ele. Contei a história do motorista e perguntei se ele a confirmava. Para minha surpresa, o “Davizão” confirmou tudo, disse que morou na Casa Verde quando jovem, jogava futebol e, em razão da altura, era goleiro dos times de várzea. David Uip, com seu rosto grande e anguloso, é um homem muito inteligente e um verdadeiro gentleman no tratamento.
Perguntei se poderia pedir para o motorista subir ao gabinete dele. Sem pestanejar, o médico, um dos mais premiados infectologistas do País, pediu que eu avisasse ao colega motorista e o convidasse a nos juntar a nós. Este, visivelmente emocionado, entrou na sala do David Uip e o abraçou, sendo correspondido pelo médico, também muito feliz por encontrar um velho amigo. Ambos ficaram mais alguns minutos, ao meu lado, conversando e relembrando velhas histórias de amigos que ambos conheciam, em uma palestra franca e agradável.
Em seguida, voltei com o motorista para a Redação, não muito distante da Casa Verde, onde os dois amigos fizeram história no futebol de várzea. Aliás, esclareço que essa denominação tem a ver com a primeira partida de futebol no Brasil, disputada entre os times da São Paulo Railway (SPR) e Companhia de Gás (atual Comgás) na Várzea do Carmo, atual Parque d. Pedro II, Centro de São Paulo, no distante ano de 1895. No caminho, vim pensando como esse mundo é engraçado. Um goleiro de time varzeano chegou a médico infectologista e, um dia, teve a oportunidade que, decerto, não esperava, de rever um velho amigo, que participava da mesma atividade, mas havia se tornado motorista de reportagem. Como diria aquele cantor sertanejo: “Èta mundo véio sem porteira!”. Em um perfil publicado na revista IstoÉ, em que é retratado como uma celebridade, descubro que Uip, que dirigiu o Centro de Convergência contra o coronavírus na capital paulista, mantém o hábito de jogar futebol como um aplicado meio-campista, agora não mais como goleiro, no Esporte Clube Pinheiros, agremiação de elite da cidade.
Moacir Assunção
A história desta semana é de um estreante neste espaço: Moacir Assunção, jornalista e historiador, autor ou coautor de 12 livros, dois deles, Os homens que mataram o facínora e São Paulo deve ser destruída (ambos pela Record), finalistas do Prêmio Jabuti. Com passagens por Estadão, Diário Popular e Jornal de Brasília, também é professor do curso de Jornalismo da Universidade São Judas, em São Paulo.
Estudantes do curso de Jornalismo da Faap lançaram o podcastEx-Foca, que coloca frente a frente um estudante e um profissional da área para debater o jornalismo em geral, crise no mercado e aumento dos campos de atuação. Cada aluno é responsável por contatar o jornalista convidado, pensar, editar e produzir o episódio.
O projeto foi idealizado pelos professores do Laboratório de Gestão de Carreira de Jornalismo da Faap: Álvaro Bufarah, Ana Roberta Alcântara, Carlos Alberto Gomes de Souza, Isabel Cristina de Araújo Rodrigues e João Gabriel de Lima, além da coordenadora do curso Edilamar Galvão.
O podcast tem o apoio deste Portal dos Jornalistas. Semanalmente, um episódio do projeto será reproduzido em nossas plataformas. O primeiro capítulo do Ex-Foca entrevista Natalie Gedra, correspondente da ESPN na Inglaterra, onde cobre a Premier League, campeonato inglês de futebol. O episódio foi produzido por Giordano Pienegonda, com direção do professor Carlos Gomes.
A reportagem Invisíveis no banco da frente, produzida por Manoela Alcântara para o site Metrópoles, foi a vencedora do Prêmio 99 de Jornalismo. O trabalho mostrou o risco que correm motoristas e cobradores, segunda categoria mais afetada pela pandemia de Covid-19, para manter o transporte urbano rodando.
A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, em inglês) lançou em 10/12, Dia Internacional os Direitos Humanos, sua campanha anual contra a impunidade a crimes contra profissionais de imprensa.
A entidade lançou também o Livro Branco sobre Jornalismo Global, que mostra que quase 2.700 jornalistas foram mortos desde 1990, destacando também a impunidade aos crimes. Em 2020, 42 profissionais foram assassinados. O Iraque é o país com maior número de mortes, com 339 assassinatos, seguido por México, com 175, e Filipinas, com 159.
Em seu site, a IFJ declarou que “a impunidade acontece quando os estados não buscam reparação por crimes contra os trabalhadores da mídia, incluindo assédio físico e online, ameaças, ataques, prisão arbitrária e assassinato. (…) Esses movimentos encorajadores contra a impunidade são uma evidência de que os governos podem reduzir os níveis de impunidade em seus países se tiverem a vontade política necessária para fazê-lo. No entanto, os casos positivos permanecem raros e ainda há muito trabalho a ser feito”.
Médico considera que Brasil está atrasadíssimo na aprovação da vacina e que esquemas diferentes de vacinação por estados não são a melhor opção
E que o País é o campeão mundial da confusão no combate à Covid-19
Em live promovida pelo MediaTalks na tarde desta quinta-feira (10/12), o médico Drauzio Varella disse que os Conselhos de Medicina do País estão sendo omissos ao não punir médicos que se manifestam publicamente defendendo conceitos cientificamente errados ligados à Covid-19. Ele citou o exemplo da atuação do conselho norte-americano, que suspendeu por vários meses o registro de um médico que insistia em não usar a máscara em locais públicos.
“Devido ao seu conhecimento técnico, os médicos têm muito mais responsabilidade do que qualquer outra pessoa de se manifestar corretamente sobre a pandemia. Não consigo entender as motivações de alguns. E nem a omissão dos órgãos de classe, que têm a obrigação de zelar para que isso não aconteça”.
O comentário foi feito durante a discussão sobre os prejuízos causados pela desinformação no combate à pandemia. O especialista defendeu que a liberdade de expressão não pode ser usada como pretexto para a veiculação de desinformação e que seus autores devem ser responsabilizados quando o erro for comprovado pelos fatos e dados disponíveis.
Emmanuel Colombié, diretor da Repórteres sem Fronteiras para a América Latina, que também participou do encontro, reforçou a importância da educação midiática, um esforço coletivo de toda a sociedade. Natália Leal, diretora da agência de checagem Lupa, fez um apelo para que as pessoas pensem duas vezes antes de transmitir informações que recebem pelas redes sociais, como áudios de pessoas que não se identificam, que podem ser encaminhadas às agências verificadoras.
“Vacina melhorará o quadro gradativamente, mas 2021 será igual a 2020”
Drauzio Varella avalia que o Brasil está atrasadíssimo na aprovação da vacina, e que ficou dependente da Sinovac e da desenvolvida por Oxford. Mas acha que as outras vacinas, que dependem de conservação em temperaturas negativas, deveriam ter sido consideradas desde o início, com o apoio da iniciativa privada para a sua distribuição. Observou que sem coordenação e unidade será mais difícil imunizar toda a população, e que as diferentes opções de vacinação por estados não é a melhor opção.
“O Brasil tem experiência em vacinar a população, tem condições de produzir vacinas e ninguém imuniza de graça como faz o SUS. O problema é que cada estado quer fazer de um jeito e não há chance de dar certo dessa maneira. No que diz respeito ao combate à Covid-19, o Brasil é o campeão mundial da confusão”.
“Se pessoas não tomarem a vacina, a pandemia não vai passar”
O médico disse também que as pessoas devem se conscientizar de sua responsabilidade em tomar a vacina e que devem fazer isso assim que ela estiver disponível. Ele lembrou da época em que atuou com a população carcerária do Carandiru. Havia um consumo generalizado de cocaína injetável, associado à proliferação da Aids.
Os viciados consideravam que tinham o direito de fazer o que quisessem com suas vidas. Até que o médico passou a argumentar em palestras que o vírus da Aids poderia ser passado para as esposas em visitas íntimas, e daí para o resto da família. O resultado foi que o consumo cessou não só na penitenciária, mas em toda a periferia.
“Da mesma forma, se as pessoas não tomarem a vacina, o vírus vai continuar circulando entre nós indefinidamente, contaminando outras pessoas e até os familiares. Quem não tomar, tem o direito de ficar passando a doença para os outros? A vacina não é uma salvação instantânea. A melhoria será gradual e 2021 será igual a 2020. Se tudo correr bem, com menos mortes. Mas teremos que continuar com todos os cuidados que estamos tomando agora, até que a vacina permita que a população ganhe imunidade, o que é um processo lento.”
“Não houve uma campanha nacional de informação. Sem a imprensa estaríamos perdidos”
Dauzio Varella enfatizou que desde o início da pandemia não foi veiculada nenhuma campanha governamental com esclarecimentos sobre a doença, o que abriu caminho para a desinformação.
“Desde o início da pandemia estava claro que não se podia aglomerar. Quase um ano inteiro se passou, com grande carga de sofrimento mundial, e as pessoas continuam se manifestando contra até hoje. Por quê? Porque não é agradável. E daí disseminam as fake news. Se não fosse a imprensa explicando quais os cuidados a tomar, estaríamos perdidos. Tenho um grande respeito pelo trabalho dos jornalistas. A falta de compreensão sobre a importância desse trabalho parte de uma minoria insignificante.”
A CBN estreia em 13/12 CBN Sustentabilidade, programa que aborda os principais assuntos sobre ESG (Enviroment, Social e Governance, na sigla em inglês). A atração irá ao ar aos domingos, sob o comando de Rosana Jatobá, que tem anos de experiência na cobertura de meio ambiente e sustentabilidade.
O programa terá entrevistas com grandes nomes da área para discutir políticas de empresas sobre questões ambientais, sociais e de governança. Às segundas e quintas-feiras, após a edição das 13h do Repórter CBN, Rosana comentará as principais notícias de corporações que se comprometem com essas mudanças.
O Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa anunciou os vencedores da primeira edição do Prêmio IREE de Jornalismo. Colunista do UOL, Rubens Valente venceu o prêmio principal com a série de 19 reportagens iniciada com Ação sigilosa do governo mira professores e policiais antifascistas, publicada em 24/7 deste ano. Pela conquista, ele receberá a quantia de R$ 50 mil reais.
Na categoria Política, o prêmio foi para a série de reportagens Retrato falado, de Carol Pires, para a revista piauí. Já a categoria Economia e Negócios foi concedida a André Borges, do Estadão, pela reportagem Petrobras tem ‘depósito’ irregular no mar. Ambos receberão R$ 30 mil cada pela conquista.
Gustavo Faleiros assumiu em novembro como editor de investigações ambientais no Pulitzer Center, em São Paulo, onde coordena a Rainforest Investigations Network, rede de jornalistas investigativos em Amazônia, Congo e Sudeste Asiático. Segundo ele, dez bolsistas serão selecionados para receber salários por todo um ano e produzir reportagens investigativas, e os meios de comunicação que os apoiarem também vão receber recursos financeiros na produção das matérias, seja em viagens ou fotografias.
Gustavo era editor do site InfoAmazonia, que fundou em 2012 e é dedicado à cobertura da região com o uso de jornalismo de dados. Antes, teve passagens, entre outros, por Valor Econômico, O Eco e Centro Knight. Com a saída dele, Juliana Mori, ex-editora do Fantástico, também cofundadora do InfoAmazonia, assume a edição do conteúdo. Na parte de dados e tecnologia, o InfoAmazonia conta com Stefano Wrobleski, ex-Repórter Brasil, que recentemente trabalhou em projetos dados da Abraji