* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora regional de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro
Diana Aragão morreu no Rio de Janeiro na manhã de 27/1, aos 73 anos, vítima de câncer. Em setembro do ano passado, começou o tratamento contra a doença, mas seu organismo não reagiu bem. O velório e a cremação do corpo ocorreram no dia seguinte (28/1), no cemitério da Penitência, no Caju.
Nascida no Noroeste Cearense, foi criada em Curitiba e foi para o Rio ainda criança. Formou-se pela ECO-UFRJ. Iniciou a carreira em 1973, como estagiária no Caderno de Turismo do Jornal do Brasil. Passou pouco depois para o Caderno B e se encontrou: foi repórter e crítica de discos, TV e shows. Foi casada com Carlos Lemos, já falecido, de quem se separou na década de 1980. Esteve no JB por 14 anos, quando se transferiu para O Globo, em 1987, também como crítica de shows e discos.
Até 1990, foi repórter e crítica de shows na sucursal Rio da revista Visão, e colaborou ainda com o Jornal da Tarde, de São Paulo, e O Dia. Foi autora de textos e encartes para discos de artistas como Nana Caymmi, Maria Bethânia, Clara Nunes, Cartola e Elis Regina, entre vários outros. E redatora dos fascículos da série Os grandes da MPB, publicados pela editora Del Prado. Em 1993, ao lado de Tereza Aragão, e paralelamente ao trabalho como jornalista, começou a fazer direção e produção de shows.
Tão grande era sua influência no meio que fez parte do Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira. Fez frilas em assessoria de imprensa para o Centro Cultural Banco do Brasil, entre outros, e foi chamada a emitir pareceres na área de cultura da Fundação Petrópolis, no Estado do Rio. Integrava a Diretoria de Cultura da ABI desde 2020.
Diana deixa uma biografia da cantora Marlene (Marlene − A incomparável) e interrompeu a biografia que estava escrevendo sobre a cantora Alcione.
Leyla Chavantes Belinaso, esposa de Léo Batista, apresentador da Globo há mais de 50 anos, foi encontrada morta nesse domingo (30/1), na piscina de sua casa em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Ela faria 85 anos no próximo dia 25 de fevereiro.
O jornalista contou à Polícia Militar que a esposa estava à beira da piscina e ele dentro da residência. Ao sair da casa, encontrou Leyla segurando um macarrão-boia e com a face dentro d’água.
“De imediato, mergulhou para retirá-la, mas já estava em óbito. Os familiares fizeram contato com o médico da vítima com o intuito de atestar o óbito e liberar o corpo”, explicou nota da PM. O caso foi registrado na 32ª DP, que vai apurar as circunstâncias do ocorrido.
Ao UOL Esporte, a Globo lamentou o ocorrido e informou que Leyla morreu em decorrência de um infarto. Ela estava casada desde 1962 com Léo, com quem teve as filhas Cláudia e Mônica Batista.
1.318 troféus, 29 veículos premiados e 52.900 pontos (mais que o dobro em relação ao segundo colocado). O desempenho do Grupo Globo na pesquisa dos +Admirados Grupos de Comunicação da História é realmente expressivo. Ainda mais considerando que a pesquisa não soma premiações conquistadas por empresas afiliadas de suas emissoras, rádios e sites, que pertencem a outros grupos. Um exemplo claro é o caso do segundo colocado no levantamento, o Grupo RBS, que é dono da RBS TV, afiliada mais premiada da Rede Globo na história.
Entre os veículos mais vitoriosos do grupo destacam-se a TV Globo, +Premiado Veículo da História, e o jornal O Globo, terceiro colocado na mesma pesquisa. Mas também ocupam lugares de relevância na pesquisa outros veículos do grupo, entre eles os jornais Valor Econômico e Extra, a revista Época, a rádio CBN e o canal GloboNews.
Segundo colocado, com 24.670 pontos e 818 troféus, o Grupo RBS é a síntese da força do jornalismo gaúcho. Vale lembrar que seis dos dez +Premiados Jornalistas da História, incluindo a primeira colocada, Eliane Brum, começaram a carreira por lá ou ainda atuam no tradicional conglomerado da família Sirotsky. Entre os principais responsáveis pela ótima colocação, estão o jornal Zero Hora, a Rádio Gaúcha e a RBS TV.
Completa o pódio os Diários Associados, conglomerado fundado por Assis Chateaubriand e que foi por muitos anos o maior do País. Hoje, mesmo com grande parte de suas marcas descontinuadas, segue entre os primeiros colocados, em especial pelos bons desempenhos de três veículos ainda muito ativos no mercado: Correio Braziliense, Diário de Pernambuco e Estado de Minas.
Na disputa pela quarta colocação, a pesquisa registrou a única mudança de posição entre os Top 10 de 2021: com o segundo lugar entre os +Premiados Grupos de Comunicação do Ano, o Grupo Folha/UOL ultrapassou o Grupo Estado, agora o quinto +Premiado da História.
Confira a relação com os Top 50 +Premiados Grupos de Comunicação da História:
Depois de garantir o título dos +Premiados Veículos do Ano, com a TV Globo, o Grupo Globo terminou mais uma vez à frente da pesquisa dos +Premiados Grupos de Comunicação do Ano.
Foram 34 prêmios conquistados ao longo de 2021, por 11 diferentes veículos: TV Globo, Valor Econômico, O Globo, Globo News, SporTV, Época, ge.com, Extra, Galileu, CBN e Globo Rural. No total, essas conquistas renderam 1.125 pontos, quase o dobro do segundo colocado.
Com 600 pontos, quase 90% deles conquistados pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL, respectivamente 2º e 3º colocados entre os +Premiados Veículos do Ano, aparece o Grupo Folha/UOL na segunda posição. No total, foram 17 prêmios conquistados no ano passado, por três publicações − além de Folha e UOL, também foi registrada pela pesquisa uma premiação para o podcast 37 graus.
Completa o pódio na terceira posição, com 470 pontos, o Grupo Bandeirantes. Somadas as conquistas das rádios Bandeirantes e BandNews FM, das tevês Terra Viva e Bandeirantes, e do site Band.com.br, foram 20 troféus em 2021.
Os Top 10 deste ano trazem ainda, pela ordem, os grupos RBS, Estado, Metrópoles, Record, Intercept, Diários Associados e Editora Abril.
Encerram-se no domingo (30/1) as inscrições para Prêmio Anual de Excelência Jornalística da Sociedade Internacional de Imprensa (SIP), que reconhece o trabalho de jornalistas em produções de rádio, TV, veículos impressos e digitais.
Podem concorrer profissionais de América Latina, América do Norte, Caribe e Espanha. As 12 categorias são Caricatura, Cobertura Noticiosa na Internet, Cobertura Noticiosa, Cobertura Noticiosa em Celulares, Crônica de Direitos Humanos e Serviço à Comunidade, Crônica, Fotografia, Infografia, Opinião, Jornalismo de Dados, Jornalismo em Profundidade, Jornalismo Ambiental, Jornalismo Universitário e Jornalismo em Saúde. O primeiro colocado em cada categoria receberá US$ 2 mil (aproximadamente R$ 11,4 mil).
A SIP concederá também o Grande Prêmio de Liberdade de Imprensa para uma personalidade ou organização que tenha feito ações relevantes e significativas em favor da liberdade de imprensa.
As inscrições devem ser feitas neste link. Não é preciso ser associado da SIP para se inscrever, que pode ser feito da forma coletiva (equipes de reportagem) ou individual. A cerimônia de premiação será em outubro, durante a 78ª Assembleia Geral da SIP.
Em 2021, Saulo Araújo (Metrópole) venceu a categoria Cobertura de Notícias na Internet, e o Estadão foi o primeiro colocado em Jornalismo de Dados.
Daniela Arbex lança, pela Intrínseca, Arrastados: os bastidores do rompimento da barragem de Brumadinho. A escrita precisa da autora coloca o leitor dentro do cenário no instante do colapso da barragem. Dessa forma, ela procura impedir que mais uma tragédia brasileira se perca em meio à banalidade do noticiário cotidiano.
Daniela Arbex (Foto: Carmelita Lavorato)
A tragédia de 25 de janeiro de 2019 deixou marcas profundas no Brasil. Daniela viajou mais de dez vezes até a cidade e entrevistou mais de 200 pessoas para reconstituir em detalhes as primeiras horas da catástrofe. Também acompanhou o desenrolar das indenizações e das contrapartidas institucionais para reparação dos danos materiais. O livro conta ainda com fotografias que ajudam a dimensionar e humanizar a catástrofe.
Daniela tem mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três Esso e o americano Knight International Journalism Award. Foi repórter especial do jornal Tribuna de Minas por 23 anos e dedicou-se depois à literatura, com livros-reportagens. Seu título Holocausto brasileiro gerou documentário pela HBO e série de ficção na Globoplay. Seu livro sobre a boate Kiss terá adaptação pela Netflix. Outros livros mereceram o Jabuti e ela própria, o Troféu Mulher Imprensa.
Alberto Luchetti, meu ex-colega de Estadão e centroavante do time da Redação na época em que eu era o técnico, me manda um artigo que escreveu falando sobre a volta às atividades de Fausto Correa da Silva, o Faustão, depois de um período sabático após deixar a Rede Globo. Com a saúde recuperada, assume o comando de um novo programa, agora na Rede Bandeirantes, onde se transformou em grande sucesso como apresentador e animador há quase 40 anos.
Sem entrar no mérito das considerações feitas por Luchetti, resolvi escrever esta crônica para o J&Cia a fim de resgatar lembranças que povoam a minha memória e envolvem diretamente a amizade entre eu e Faustão, construída logo que cheguei ao diário da família Mesquita, em novembro de 1979. A par disso, também para revelar quanto ele foi e segue sendo importante em minha vida e, principalmente, para agradecê-lo por tudo o que fez por mim. O que não fiz até agora por não conseguir um contato pessoal com ele após passados tantos anos depois da ajuda que me deu.
Larguei o cargo de editor-chefe do Jornal da Cidade de Jundiaí para ser subeditor de Política sob as asas do lendário Eduardo Martins na redação da sede do bairro do Limão. Tempos depois, certa noite, já dividindo a Chefia de Reportagem com Moacyr Castro, durante um dos nossos plantões Fausto Silva confidenciou-me, preocupado, que pretendia buscar algo mais do que lhe ofereciam os dois empregos como repórter esportivo de Estadão e Rádio Globo. Vivia a inquietação que instiga no ser humano destemido, desde que com alma determinada, a procura por novos desafios. Inquietação própria dos gênios e que sempre acaba em algo grande, cercado de todo o sucesso. Vitória justa que premiou Faustão, que a alcançou por merecimento, resultante de um árduo trabalho como o dos que não medem sacríficos a fim de transformar em realidade o que antes era apenas um sonho.
Tempos depois, igualmente durante um daqueles plantões, o amigo a quem os colegas apelidaram de “elefantinho da Cica”, dado o seu corpo um tanto volumoso, revelou-me que surgira uma oportunidade para subir a ladeira e conseguir o que poderia ser, dizia, uma vida melhor tanto profissional como, principalmente, pessoal. Revelo essas confidências porque quase embarquei com ele nessa viagem: a compra de uma emissora de rádio em Itapira, no interior de São Paulo. Ele me convidou e aceitei. Tal como ele, eu também tinha dois empregos, no Estadão e na Rádio Globo, que me deixavam apenas quatro horas para dormir e muitas horas de cansaço físico e mental. Então me imaginei comandando programas, como já fizera em companhia de José Paulo de Andrade na Difusora de Jundiaí. Só que agora tendo como ouvinte a população de uma belíssima e pacata cidade na região próxima a Campinas. Todavia, nada deu certo e o projeto não foi em frente, pois o dono morreu e a filha resolveu manter a empresa nas mãos da família.
Entretanto, Faustão não sossegou. Convidado por Goulart de Andrade foi integrar o Comando da Madrugada, apresentado nos fins de semana, e imediatamente se revelou uma das atrações do programa. Nesse tempo tive a honra de ser um dos amigos que, junto com outros, como Nailson Gondim e Fran Augusti, escreveram algumas das “bobagens” que ele soltava no ar. Mais tarde isso passou a ser feito por especialistas na matéria, agora não mais no Comando. Seu sucesso foi tão grande, não só em São Paulo, mas Brasil afora, que ele ganhou espaço próprio na emissora do Morumbi e assim sua carreira televisiva deslanchou definitivamente com o Perdidos na Noite. Lembro-me de que, já morando em Boa Vista, para onde vim como correspondente em Roraima do Grupo OESP (Estadão, JT e Agencia Estado), certa manhã, ao entrar numa loja do centro, uma das balconistas, que já me conhecia, contou entusiasmada:
− Seu Plínio, ontem estava assistindo o programa do Faustão na TV Caburaí (retransmissora do sinal da Band) e de repente ele disse: “Atenção, Plínio Vicente, que está perdido em Boa Vista, Roraima, cercado de índios por todos os lados. Avise-me se precisar de ajuda que eu peço para o Para-Sar fazer seu resgate”. Não sabia que o senhor conhece ele.
Contei-lhe a história toda e como “amigo do Faustão” acabei ficando famoso na Rua Jaime Brasil, principal artéria comercial da cidade.
Conto tudo isso para chegar ao principal: meu eterno agradecimento a um amigo leal e solidário. Numa madrugada dos anos 2000 acordei com fortes dores, me levaram para o hospital e fui diagnosticado com uma pancreatite aguda. Fui submetido a uma bateria de exames e os médicos me disseram que eu precisaria iniciar o tratamento imediatamente caso não quisesse ser exterminado por um câncer fulminante. Problema: não havia como fazer o tratamento em Boa Vista e a clinica especializada mais próxima ficava em Manaus.
Reuni a família, contei o tamanho do drama e então bateu o desespero: era um tratamento caro e não tínhamos como pagar. Depois de estudar algumas possíveis soluções, cheguei à conclusão que não havia nenhuma saída. O desespero aumentou, pois tudo estava ficando ainda mais difícil e então passei a temer pela minha via. Foi quando me lembrei do que Fausto Correa da Silva me disse na noite em que me despedi dos amigos e colegas de Estadão no Bar do Elias, ali perto do antigo Parque Antártica.
− Se tiver problemas, me avise. Se puder ajudar eu ajudo.
Recorri a várias pessoas até que consegui seu telefone com outro amigo dos tempos do Estadão. Liguei, um assessor atendeu e pedi-lhe para falar com Faustão. Quando ouvi sua voz e o indefectível “Ôrra, meu!!!”, que ele emendou com “ainda tá perdido no meio dos índios?”, não tive coragem de lhe pedir aquele enorme favor. Seria abusar demais. Conversamos, nos despedimos e eu voltei ao meu drama. Entretanto, ele era quem poderia me socorrer. Cerca de duas semanas depois criei coragem e lhe mandei um fax contando da minha situação.
Para encurtar a história: fiquei um mês internado em Manaus, voltei curado e sem a ameaça de ser destruído pelo câncer no pâncreas. Hoje, muitos anos depois, mesmo sem jamais ter voltado a conversar com ele, todo dia 29 de abril, no meu aniversário, acendo uma vela para o santo que acabei criando: São Faustão. Afinal, a três meses de completar meus 80 anos, devo minha vida a ele, amigo querido, que tem o coração do tamanho de um elefante. Por isso lhe presto este meu tributo: mil vezes obrigado, Fasto Correa da Silva, e que sua volta seja uma nova e permanente jornada de sucesso, o mesmo que você conquistou em Gazeta, Record, Band e Globo.
Plínio Vicente da Silva
A história desta semana é novamente de Plínio Vicente da Silva, agora uma homenagem a Faustão, que reestreou na Band em 17 de janeiro.
Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.
A Folha de S.Paulo abriu inscrições para o 66º Programa de Treinamento em Jornalismo Diário, o segundo voltado exclusivamente para profissionais negros. Pessoas formadas em qualquer área de conhecimento e estudantes universitários podem se inscrever até 18 de março.
O treinamento, de três meses, será realizado em meio período, no formato híbrido, com atividades remotas e presenciais. Os participantes terão aulas de práticas jornalísticas, língua portuguesa, economia, direito e outros temas diversos. A seleção será por meio de prova, dinâmicas e entrevistas. O domínio do inglês não é requisito para a seleção.
A coordenação do curso será de Flávia Lima, editora de Diversidade, que conduziu a última edição do treinamento. No final do programa, os trainees produzirão um projeto final, que será publicado na Folha. Na edição passada, a turma produziu o caderno especial Afrofuturismo Já, sobre questões da população negra envolvendo educação, cultura e segurança pública.
Vale lembrar que, segundo o estudo do Perfil Racial da Imprensa Brasileira, feito por este Portal dos Jornalistas e pela newsletter Jornalistas&Cia, apenas 20,1% dos jornalistas das redações do País declaram-se pretos e pardos, número quase dois terços menor do que a representação da população negra do Brasil, de 56,20%, segundo projeções da PNAD/IBGE 2019.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nesta quinta-feira (27/1) os resultados do Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2021, que mapeou as violações contra a imprensa ao longo do ano passado, classificando-as por tipo de agressão, local, gênero das vítimas e dos agressores, motivos, entre outros.
Segundo o relatório, em 2021, o número de violações contra jornalistas e a imprensa em geral bateu recorde, chegando a 430 casos, dois a mais do que os 428 registrados em 2020. O principal agressor foi o presidente Jair Bolsonaro, responsável por 147 casos (pouco mais de 34% do total), sendo 129 agressões envolvendo descredibilização da imprensa e 18 episódios de agressões verbais contra jornalistas.
Destaque também para dirigentes da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsáveis por 142 casos, seguidos por políticos e assessores (40) e manifestantes bolsonaristas (20).
A censura foi o tipo de violação à liberdade de imprensa mais frequente, com 140 casos (aproximadamente 32,5% do total). A descredibilização da imprensa, que ocorre quando o agressor tem o objetivo de desqualificar e desacreditar o jornalismo, foi o segundo tipo de agressão mais identificado, com 131 casos.
Em 2020 e 2019, a descredibilização ficou à frente da censura. Mas em 2021, a mudança se deu, segundo a Fenaj, pelos casos de censura ocorridos na EBC, sob direção do Governo Bolsonaro.
Em relação aos locais onde ocorreram as agressões, a região Centro-Oeste foi considerada a mais violenta, com 169 casos, o equivalente a quase 57% do total, seguida por Sudeste (69) e Nordeste (25).
Na semana passada publicamos no MediaTalks uma matéria sobre o Doomsday Clock, o relógio do juízo final, que desde 1947 indica o quanto a humanidade está perto da destruição usando uma metáfora visual poderosa: a distância dos ponteiros para a hora fatal, meia-noite.
Foi a segunda matéria mais lida este mês, tanto pelos que recebem a newsletter MediaTalks (principalmente pessoas da área de mídia) quanto por leitores do UOL que a acessaram por lá.
Isso confirma a força da ideia do relógio como elemento de divulgação científica, uma criação de cientistas que muitos dizem não terem muita habilidade para se comunicar, e o tamanho da preocupação com o futuro.
Criado há 77 anos pelos integrantes do Projeto Manhattan da Universidade de Chicago, o boletim que serve como parâmetro para determinar o horário a cada ano teve como um dos fundadores Albert Einstein, preocupado com o mau uso da energia atômica.
As ameaças mudaram. As mudanças climáticas entraram formalmente no radar do painel em 2007.
O boletim deste ano também menciona armas biológicas, ciberssegurança, resposta à pandemia e o que os autores classificaram como “ecosfera de informação corrompida que afeta a tomada de decisões racionais”.
Trata-se de uma definição acadêmica para uma velha conhecida: a desinformação.
A preocupação é tamanha que o problema mereceu um capítulo só para ele, intitulado Tecnologias Disruptivas na Era da Desinformação.
Como é escrito por cientistas americanos, a ênfase é dada a situações ocorridas no país, como a invasão do Capitólio.
O boletim reconhece avanços no Governo Biden. Mas alerta que a desinformação floresceu fora do Poder Executivo, citando o Congresso e alguns estados como locais em que ela “se enraizou de forma alarmante e perigosa”.
Os autores expressam preocupação com a desinformação em torno da Covid pelo mundo, dificultando a missão de autoridades de vacinar a população e o convencimento sobre o uso de máscaras e manutenção do distanciamento social.
Na Europa essa crise tomou proporções assustadoras.
No último domingo, cenas ao vivo de um protesto antivacina em Bruxelas lembravam as de um país em guerra, com bombas de efeito moral e pesados carros de segurança para conter manifestantes enfurecidos.
Vulnerabilidade psicológica
O papel das mídias sociais também foi objeto de atenção dos autores do boletim do relógio do fim do mundo, sob a ótica da ciência. Eles observam que campanhas aproveitam-se da vulnerabilidade psicológica dos seres humanos para espalhar desinformação e desunião. E criticam as empresas de mídias sociais por não terem mudado de comportamento diante do cenário.
Outro risco visto pelos cientistas no campo da desinformação é o ataque a instituições que proporcionam a continuidade política e detêm conhecimento sobre como resolver os problemas da sociedade.
Essas ameaças podem não ser tão concretas como o lançamento de uma bomba por um ditador irresponsável. Porém, vão corroendo o tecido social e acabam por influenciar todas as demais ameaças, inclusive a ambiental, ao favorecerem o avanço do negacionismo.
No bloco final do documento os cientistas responsáveis pelo Doomsday Clock fazem uma lista de recomendações para afastar o mundo do apocalipse. Uma delas é que governos, empresas de tecnologia, acadêmicos e organizações de imprensa cooperem para identificar e implantar ações práticas e éticas destinadas a combater a desinformação e as fake news na internet.
Há recados também para as corporações e para o setor financeiro. Segundo o relatório, governos e empresas devem deixar de investir em projetos de combustíveis fósseis e direcionar recursos para opções adequadas ao meio ambiente.
Os cientistas finalizam com um apelo aos cidadãos: que não percam oportunidades de endereçar a líderes políticos, empresas e líderes religiosos uma pergunta simples: “O que você está fazendo para resolver o problema da mudança climática?”.
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