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segunda-feira, maio 6, 2024

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Vem aí a biografia de Zózimo, por Joaquim Ferreira dos Santos 

Joaquim Ferreira dos Santos prepara a biografia de Zózimo Barroso do Amaral, que pretende lançar em 2015, pela Intrínseca, cujo slogan é Publicamos poucos e bons livros. Não são poucos os livros escritos por Joaquim. Autor de Leila Diniz: uma revolução na praia; Em busca do borogodó perdido; Feliz 1958, o ano que não devia terminar; O que as mulheres procuram na bolsa, entre outros, teve seu maior sucesso com Minhas amigas: retratos afetivos, e entrou na coletânea As cem melhores crônicas brasileiras. Ele conversou com Portal dos Jornalistas sobre o trabalho mais recente. Portal dos Jornalistas – Desde quando se dedica a esse projeto? Joaquim Ferreira dos Santos – Há um mês. Na verdade, estou começando. Acabo de chegar de uma entrevista com um amigo do Zózimo. Portal dos Jornalistas – Mas, antes da nota na coluna do Ancelmo Gois, Anna Ramalho noticiou no blog desde maio, e você foi capa da revista Carioquices, do Ricardo Cravo Albin. Joaquim – Estava só conversando. Há algum tempo, não tinha nada acertado. Portal dos Jornalistas – Você era colunista. Chegou a trabalhar com Zózimo? Joaquim – Trabalhei no Jornal do Brasil, mas eu era repórter e editor das revistas Programa e Domingo, e ele já era um grande colunista. Me pedia nota, que nem eram grandes notas. Eu falava alguma coisa, e ele tinha a capacidade de transformar aquilo, com uma inteligência e humor que não havia no que eu havia dito a ele. Tinha um leque de recursos que transformava as coisas. Além disso, era uma pessoa muito agradável, muito querida. Portal dos Jornalistas – Pretende falar mais sobre o profissional ou sobre a pessoa? Joaquim – É uma biografia, vou falar sobre os dois. Zózimo inventou o jornalismo de notas, acrescentou humor a um colunismo que já existia. Pôs uma pá de cal no colunismo social. Ele começa como colunista social e acaba falando de economia, política, e sobre toda a cidade. No início frequentava os salões, no final, o Maracanã. Acaba como uma figura fácil, correndo de bicicleta na Lagoa. Esse é meu grande personagem, um personagem que talvez já tenha ido embora. Portal dos Jornalistas – Vai falar também das pessoas que o cercavam, dos que trabalharam com ele? Joaquim – Se Deus quiser! Tem sugestões? Portal dos Jornalistas – Você as conhece melhor do que nós. E os lugares por onde andou? Joaquim – Zózimo era um repórter da alma da cidade. Pretendo, com a ajuda dele, percorrer esses lugares do Rio onde o carioca circulava: o roteiro aonde ia pessoalmente, ou os lugares pelos quais tinha interesse. Um Rio eclético, que tanto falava dos ricos como dos pobres. Para isso, o melhor caminho é ler as colunas escritas pelo Zózimo. A família guardou coleções completas, tenho lido e rido muito. Portal dos Jornalistas – E qual a importância dele no jornalismo? Joaquim – O grande parâmetro dos colunistas continua sendo Zózimo. Tinha muitas fontes, muita informação, e colocava isso no papel. Hoje as colunas falam de todos os assuntos. Quando ele pegou essa tarefa, em 1969, deixou O Globo e a coluna Swann, e passou assinar com seu nome no Jornal do Brasil. A partir daí, o humor do colunista se intromete e dá sal ao produto. Portal dos Jornalistas – Zózimo cunhou uma frase, quando perguntado sobre o que considerava uma boa coluna. Ele respondeu dizendo que era aquela que ele tinha tido mais tempo pra fazer. Isso ainda vale, na era da internet? Joaquim – Vale, no sentido de poder apurar melhor, escolher a nota, trabalhar mais a informação. Ele tinha o problema de fechar a coluna cedo, às 5h da tarde, e vivia o drama de ficar a descoberto. O tempo era um drama para ele: o que acontecesse depois das 5h da tarde não entrava na coluna. Mas ele tem várias frases. Portal dos Jornalistas – Quais? Joaquim – A que eu mais gosto, de quando está ligando para as pessoas e ninguém tem nada, não sabe de nada. Uma hora, diz para a pessoa do outro lado: “Em branco não sai”. E vinha com: “E o Fulano de Tal, hein?” Conta a Miriam Leitão, que trabalhou na coluna um período, que certa vez não tinha nota e faltavam quatro linhas. Ele disse: “Deixa comigo”. E botou: “Não será surpresa para essa coluna”, reticências, “nada mais é surpresa para essa coluna”. E vamos para o dia seguinte. Portal dos Jornalistas – Zózimo não era do tipo que gostava de rabada com agrião (N. da R.: prato que Joaquim aborda em suas crônicas). O que vocês dois têm em comum? Joaquim – Ele também gostava de comida simples, fato talvez mascarado por um cardápio sofisticado para a época – um estrogonofe? Mas, no cotidiano, gostava de coisas simples. Também somos amantes do Rio, dos fatos e lugares da cidade; suas lendas, verdades e pessoas. Sou Flamengo, e tive essa coluna (N. da R.: Gente Boa, em O Globo) e sofri. Lamentei muito não ter prestado atenção no que o Zózimo estava fazendo. Se tivesse observado, teria feito com mais sabedoria e facilidade.

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