23.1 C
Nova Iorque
segunda-feira, julho 14, 2025

Buy now

Início Site Página 342

CNN anuncia a contratação de 14 especialistas

CNN anuncia a contratação de 14 especialistas

A CNN Brasil anunciou a contratação de 14 especialistas de diferentes áreas, que chegam para reforçar a cobertura das mais diversas editorias da emissora. Os novos contratados, referências nas áreas de economia, negócios, gestão, direito, inclusão, agronegócio, meio ambiente, tecnologia, educação e cultura, devem estrear a partir de janeiro de 2022.

Entre eles está o maestro João Carlos Martins, que fará análises e comentários sobre Cultura na emissora, às terças-feiras, no Live CNN. Outra especialista que chega à CNN é Nina Silva, CEO do Movimento Black Money, que deve comentar Diversidade e Empreendedorismo no programa Novo Dia, às sextas-feiras.

“Além de trazer a informação na velocidade que os tempos atuais exigem, o novo elenco aprofunda os temas mais relevantes para a sociedade brasileira oferecendo as melhores análises para a população”, diz comunicado enviado pela CNN à imprensa.

Os 14 especialistas contratados são Alexandre Schwartsman (Economia), Antonio Batista da Silva Junior (Negócios/Gestão), Carmem Perez (Economia/Agronegocio), Claudia Costin (Educação), Daniel castanho (Empresas/Gestão/Educação), Erika Bechara (Meio Ambiente), João Carlos Martins (Cultura), Neca Setubal (Gestão/Inclusão), Nina Silva (Empreendedorismo e Diversidade), Marcos Fava Neves (Economia/Agronegócio), Mauricio Pestana (Direito/Inclusão), Patrícia Travassos (Tecnologia), Rubens Barbosa (Brasil no Mundo), Sergio Vale (Economia).

Coleguinhas “de fora”

Coleguinhas “de fora” exterior

Por Sílvio Ribas 

Eles têm sotaque notável, chefes no exterior e tocam pautas bem parecidas com as dos jornalistas de redações brasileiras. São coleguinhas que dão ao público estrangeiro uma cobertura cotidiana agregada com a visão própria de quem é de fora. Cada vez mais raros aqui em razão das sucessivas crises da imprensa e da economia, esses repórteres gringos dão provas diárias de grande profissionalismo ao explicar ao mundo os fatos surreais deste país.

Além de nos ensinar práticas distintas para o nosso ofício comum, a presença deles entre nós também serve de indicador do interesse externo sobre o maior e mais populoso país latino-americano. Em minha longa vida na imprensa, tive a honra e o prazer de conhecer e fazer parcerias com correspondentes internacionais no Brasil. Muitos desses se apaixonaram pela nossa gente, cultura, paisagens e até nosso famoso “jeitinho”.

Minha referência mais remota desse pessoal, majoritariamente sediado em Rio, São Paulo e Brasília, é a britânica Diana Kinch, emissária de agências e veículos focados em siderurgia e mineração, como o Metal Bulletin. Figura afável e muito ativa nas entrevistas coletivas dos institutos IBS (Aço) e Ibram (minério) e de companhias minero-metalúrgicas como Vale, Mannesmann e Usiminas, ela era a enviada especial mais presente nas Minas Gerais.

Em Sampa, lá no comecinho deste século, fiz amizade com Pamela Druckerman, jovem staff reporter do The Wall Street Journal, que cruzou o território tupiniquim para apurar temas variados. Danilo Jorge, meu companheiro de Gazeta Mercantil, até tentou, sem sucesso, convencê-la a cobrir o Carnaval em Diamantina (MG). Hoje ela é autora de bestsellers sobre a criação de filhos, estilo de vida, choque cultural e dilemas afetivos.

Pude ainda trocar figurinhas com emissários que vieram à capital paulista para saber a quantas andavam aqui os badalados negócios digitais. Um desses era Max Smetannikov, da norte-americana Inter@ctive Week, que redigiu um artigo de referência para pesquisas acerca do desenvolvimento da rede mundial dos computadores nesta parte do globo. Atualmente, o versátil periodista de origem russa tornou-se também um estrategista de mídias.

Outra experiência gratificante que tive com estrangeiros foi ter sido “colega de firma” da turminha da GZM International Weekly Edition, publicação semanal da Gazeta Mercantil criada no início dos anos 1990 e que a turma do veículo principal chamava carinhosamente de A Gazetinha.

Nos dava orgulho danado ver matérias nossas publicadas na newsletter, todas bem editadas por Brian Gould e traduzidas para inglês e espanhol. Nessa equipe de múltiplas origens nacionais e que ficava numa estação de trabalho no meio da redação-sede estavam Dina Thrasher (hoje assessora da Câmara de Comércio Brasil-Canadá), Johann Weber, Jonathan Duran, Kendra Johnson, Patricia Wisnefski e Tony Rosenberg.

Na minha atual fase de Brasília, ganhei outros valiosos amigos de profissão, como o britânico Anthony Boadle, da Reuters, e Stéphane Schorderet, assessor da Embaixada da França. Este chegou a ser o meu intérprete na cúpula do G20 em Cannes (2011).

Nessa viagem, dei também uma forcinha a colegas estrangeiros fazendo o papel de fonte brasileira, como nas entrevistas para Xiaomeng Lan, do jornal China Times, Pedro Benevides, da tevê portuguesa RTP, e um canal vietnamita. Tudo isso graças à bandeirinha verde e amarela que eu exibia com orgulho na minha lapela. Brazil-zil!

Coleguinhas “de fora” exterior
Silvio dá entrevista para Pedro Benevides, da TV portuguesa (2011)

A história desta semana é novamente uma colaboração de Sílvio Ribas, assessor parlamentar do senador Lasier Martins (Podemos-RS).

Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

Luciano Hang vai à Justiça contra charge que o acusa de “deixar a mãe ser cobaia”

Luciano Hang, dono da Havan, entrou com ação na Justiça contra o ilustrador Fernando Rosário, conhecido como Nando Motta, por uma charge que critica as supostas atitudes do empresário em relação ao tratamento de sua mãe contra a Covid-19.  

Nela, personagens de filmes de terror como Jason e Hannibal soltam frases como “dizem que deixou a mãe ser cobaia”, “fraudou a causa da morte dela” e “monstro”. Eles se referem ao próprio Hang, que caminha atrás dos personagens.

Luciano Hang vai à Justiça contra charge que o acusa de “deixar a mãe ser cobaia”

A charge faz referência ao depoimento de Hang na CPI da Covid. Ele disse ter tomado conhecimento da ausência de menção à Covid-19 no atestado de óbito da mãe, que faleceu após ser internada em um hospital da Prevent Senior, em SP, investigado pelo uso de medicamentos e tratamentos comprovadamente ineficazes contra a doença.

Na ação, Hang pede R$ 50 mil de indenização por danos morais, além da retirada da charge no ar, que, segundo ele, contém informações falsas, sem qualquer comprovação, e que estão causando dano a sua imagem. O caso está na Justiça de Santa Catarina.


Notícias relacionadas:

Jornalista que “derrubou” o Muro de Berlim morre aos 92 anos

Jornalista que “derrubou” o Muro de Berlim morre aos 92 anos

Morreu na terça-feira (14/12) o jornalista italiano Riccardo Ehrman, aos 92 anos, em Madri, última cidade onde trabalhou antes de se aposentar. Ele ficou conhecido por fazer uma pergunta história a um político da República Democrática Alemã (RDA) em 1989, que levou à queda antecipada do Muro de Berlim.

Em 9 de novembro de 1989, Ehrman, que na época trabalhava para agência de notícias italiana Ansa, questionou Günter Schabowski, porta-voz do regime da Alemanha Oriental, sobre novas regras no controle da fronteira e quando a lei entraria em vigor. Após um mal-entendido, e pressionado sobre datas, o porta-voz respondeu: “Pelo que sei, ela entra… já, imediatamente”.

Autoridades locais pretendiam criar um relaxamento dos controles da fronteira, mas Schabowski não havia sido informado, e o assunto não tinha sido mencionado. Foi Ehrman quem levantou o tópico.

“Saí imediatamente e enviei um telex para a minha sede em Roma: ‘O Muro caiu'”, contou em 2014, no 25º aniversário da queda do Muro de Berlim. A notícia de Ehrman rapidamente se espalhou, e, durante três horas, guardas de fronteira, que não foram informados do novo regulamento, tiveram que conter a travessia. Depois que a TV Oeste confirmou a notícia, a passagem foi finalmente liberada.

Em entrevista à agência de notícias EFE, em 2019, Ehrman contou que não havia preparado nenhuma pergunta, e que até chegou atrasado à coletiva: “Fiz a pergunta porque as viagens eram uma situação importante naquele momento”.

Ehrman nasceu em Florença em 4 de novembro de 1929. De origem polonesa e judaica, foi enviado aos 13 anos a um campo para judeus criado pelo ditador italiano Benito Mussolini no sul da Itália.

Estudou Direito e Música, e iniciou a carreira como repórter nos jornais Il Matino e La Natione, de Florença. Trabalhou na agência Associated Press em Roma e em Nova York, e posteriormente na Ansa, pela qual foi correspondente em Ottawa, no Canadá, e em Berlim. Em 1992, mudou-se para Madri, como correspondente responsável por Espanha e Portugal.

Andréia Sadi e Natuza Nery promovem curso online de jornalismo político

Andréia Sadi e Natuza Nery promovem curso online de jornalismo político

Andréia Sadi e Natuza Nery, ambas comentaristas de Política no Grupo Globo, promovem o curso Jornalismo político na prática − Como ter uma carreira de sucesso, que ensina ferramentas essenciais para a cobertura política, com o objetivo de ajudar estudantes e profissionais a desenvolverem suas carreiras na área. As inscrições vão até 20 de dezembro.

Entre os temas abordados estão como estabelecer, cultivar e fidelizar fontes; como conduzir reportagens e entrevistas; como conseguir um furo de reportagem; como colocar-se no mercado de trabalho, entre outros. “Reunimos nestas aulas tudo aquilo que nós gostaríamos de ter aprendido logo no início das nossas carreiras”, explica Natuza.

Ao todo, são 27 aulas, com 12 horas de conteúdo original, divididas em 14 módulos. Além dos principais tópicos do jornalismo político, o curso discute temas atuais do cenário político brasileiro, como a CPI da Covid e as eleições de 2022. “Levamos para as aulas casos de repercussão nacional e explicamos todo o processo que levou tal notícia a ser destaque no noticiário”, diz Sadi.

O curso é 100% online, realizado por meio da plataforma Hotmart, com aulas gravadas e outras ao vivo. Inscrições aqui.


Notícias relacionadas:

Aner completa 35 anos nesta quinta-feira (16/12)

Aner completa 35 anos nesta quinta-feira (16/12)

A Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) completa nesta quinta-feira (16/12) 35 anos de existência. A entidade representa as editoras de revistas, com o objetivo de promover e defender os interesses comuns do mercado de revistas, nas áreas editorial e comercial.

Ela nasceu durante o processo de abertura política pós-ditadura militar. O movimento inspirou-se em projetos internacionais como a Fédération Internacional de la Presse Périodique (FIPP), criada em 1925, e a Magazine Publisher Association (MPA), dos Estados Unidos, em 1919. Na época, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) já atuavam no Brasil.

O momento decisivo para a criação da Aner ocorreu durante reunião que uniu as principais editoras do País em defesa de seus interesses e direitos. O encontro, organizado por Thomaz Souto Corrêa, da Abril, reuniu Roberto Civita (Editora Abril), Oscar Bloch Siegelmann (Bloch), José Roberto Sgarbi (Carta Editorial), Hélio Paulo Gonçalves (EBID – Páginas Amarelas), Luiz Fernando Levy (Gazeta Mercantil), Mauro Guimarães (Jornal do Brasil), João Roberto Marinho (Rio Gráfica – antecessora da Editora Globo), Charlotte Seddig Jorge (Sigla) e Paulo Augusto de Almeida (Editora Três).

Desde o começo, a atuação da Aner teve forte característica política, combatendo intervenções do governo no funcionamento das editoras de revistas. Roberto Civita foi eleito presidente pelo primeiro conselho administrativo, e Murillo de Aragão assumiu a vice-presidência executiva da entidade. Hoje, o presidente é Rafael Soriano.

Leia mais sobre a história da Aner.

Edital da Jeduca anuncia pautas selecionadas

Edital de Jornalismo de Educação da Jeduca anuncia pautas selecionadas

A Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) anunciou nesta quarta-feira (15/12) os projetos de reportagem selecionados na categoria Jornalista do 3º Edital de Jornalismo de Educação. São oito pautas, de profissionais de seis estados, em quatro regiões do País. Cada projeto receberá uma bolsa de R$ 8 mil para a produção do trabalho.

A categoria Estudantes, que premia Trabalhos de Conclusão de Curso, ainda está com as inscrições abertas, até 31 de janeiro. Mais informações aqui.

Confira a seguir as pautas selecionadas:

Impacto das mudanças climáticas na educação de meninas e jovens do semiárido brasileiroAnelize Moreira (MG) e Camila Salmazio (SP), para o portal Lunetas

Socioeducação: como estudam adolescentes brasileiros que cumprem medida de privação de liberdade?Fernanda La Cruz (RS), para o projeto #Colabora

Lutando por igualdade: os desafios de professores, estudantes e pais LGBTs em sala de aulaÍcaro Kropidloski (RS), para o site Nonada

Dez anos de cotas: os beneficiados e as lições para os próximos anosÍtalo Cosme (CE) e Patrick Freitas (SP), para o jornal O Estado de S. Paulo

Professores sem giz, alunos sem carteiras: a desestruturação de escolas indígenas no AmazonasJullie Pereira (AM) e Ariel Bentes (AM), para o site Amazônia Real

Hora da Merenda: efeitos da insegurança alimentar na educação em Minas GeraisLara Alves (MG) e Pedro Rocha Franco (MG), para a Rádio Itatiaia

Militarização de escolas na BahiaPaulo Oliveira (BA) e Linda Gomes (BA), para o portal Meus Sertões

Desigualdades na educação formal dos povos ciganos no Brasil: Desafios e perspectivasRoi Rogeres Fernandes Filho (BA), para o portal Educação & Justiça

Adriana Araújo assina com a Band

Adriana Araújo assina com a Band

A apresentadora Adriana Araújo é a nova contratada da Bandeirantes. Ela integrará a equipe de jornalismo de diferentes veículos do grupo, como o canal de TV aberta, a BandNews TV e a rádio BandNews FM. Também fará parte da cobertura das eleições de 2022, que pretende ser a maior da história já feita pelo grupo, segundo Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da Band.

“Desenvolver novos projetos na Band é um desafio e uma oportunidade de fazer o que sempre defendi: jornalismo ao vivo, dinâmico, com responsabilidade e bem próximo do público, com empatia, do jeito que eu gosto”, declarou Adriana.

A apresentadora iniciou a carreira em 1995, como repórter da TV Globo em Belo Horizonte, e depois foi transferida para Brasília. Assinou com a Record TV em 2006, onde permaneceu por 15 anos, sendo dez à frente do Jornal da Record. Em junho de 2020, fez críticas à emissora e ao telejornal pela forma como abordavam a pandemia de Covid-19, e foi substituída por Christina Lemos. Depois, comandou o Repórter Record Investigação. Deixou a emissora em março deste ano.

Em suas redes sociais, Adriana afirmou: “Fui repórter do começo ao fim desse ciclo, ao persistir na defesa da notícia, da verdade. E quero me lembrar daqui 20 ou 30 anos que, num dos momentos mais dramáticos da humanidade, me posicionei ao lado da ciência e da vida. E lutei por preservar a dignidade profissional da qual não se pode abrir mão. Vou sempre me lembrar de quem caminhou junto comigo nessa jornada. Felizmente todos eles sabem quem são”.

Após 19 dias de paralisação, acaba greve na EBC, a mais longa desde 2013

Com 19 dias de paralisação, greve na EBC é a mais longa desde 2013

Em assembleia nessa terça-feira (14/12), as trabalhadoras e trabalhadores da EBC decidiram suspender a greve de 19 dias, a mais longa desde 2013, ano em que os profissionais suspenderam as atividades por 16 dias. Ao mesmo tempo, mantiveram o estado de greve, após decisão judicial de quantitativo mínimo, enquanto o Tribunal Superior do Trabalho analisa o Dissídio Coletivo. Nesta quinta-feira (15/12), haverá mediação chamada pelo Ministério Público do Trabalho. Segundo os movimentos sindicalistas de radialistas e jornalistas de Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, cerca de 70% dos funcionários aderiram à paralisação.

O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (SJPDF) informou que a greve, iniciada em 26 de novembro, foi em protesto à retirada de direitos dos trabalhadores, à demora na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho e ao avanço na privatização da empresa.

Em entrevista ao Poder 360, Juliana Cézar Santos, coordenadora do sindicato, disse que as reivindicações dos funcionários são “reajuste salarial de acordo com a inflação” e “manutenção das cláusulas do último acordo coletivo”. “Diariamente, os empregados e empregadas sofrem censura, assédio moral e perseguição. A gestão da empresa é dividida entre militares e pessoas ligadas ao gabinete do ódio da família Bolsonaro”, denuncia a coordenadora.

O estopim da greve foi a suspensão do antigo acordo coletivo, há um mês, o que fez com que diversos direitos deixassem de valer, como o auxílio a pessoas com deficiência, a estabilidade pós-licença-maternidade e o adicional noturno.

Em 8/12, a EBC chegou a acionar a polícia contra os funcionários em greve por causa de um aparelho de som, que, segundo os grevistas, estava desligado. E um dia depois, a empresa entrou com uma ação de Dissídio Coletivo junto ao Tribunal Superior do Trabalho.

Ao Poder 360, Márcio Garoni, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas e funcionário da TV Brasil, disse que a EBC vem sendo “intransigente”, recusando pedidos dos trabalhadores, como a reposição das perdas da inflação e a regulamentação do trabalho remoto, e querendo implementar um banco de horas, o que, segundo ele, “é muito prejudicial aos funcionários”.

Boris Johnson e a falta que faz um bom assessor de imprensa

Boris Johnson e a falta que faz um bom assessor de imprensa

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A gestão da Coivd-19 no Reino Unido foi turbulenta desde o início. Mas nem quando o país registrava 1,2 mil mortes por dia, número absurdo diante de seus 67 milhões de habitantes, o desgaste de imagem do primeiro-ministro foi tão grande como agora.

A culpa não é só do coronavírus. Boris Johnson enfrenta denúncias envolvendo doações ao partido Conservador e uso de verbas para reformas na residência oficial, bem como questionamentos sobre o custeio de viagens de férias.

No entanto, tudo piorou depois das notícias sobre confraternizações realizadas em Downing Street 10, onde trabalha a cúpula da administração pública, no longínquo dezembro de 2020, quando o país amargava um lockdown.

Parece notícia velha. Mas a mídia, os adversários políticos e sobretudo a população não perdoam o fato de os criadores das regras que separaram famílias inteiras no Natal passado terem sido os primeiros a descumpri-las.

Assessores de comunicação têm a missão de aconselhar os líderes nas crises e atenuar problemas diante da imprensa e do público.

Ironicamente, coube a uma graduada assessora o episódio mais inacreditável do enredo.

A protagonista foi Allegra Stratton, experiente jornalista de TV, que havia sido contratada por Johnson para ser a porta-voz do governo. A ela caberiam os briefings diários para a imprensa, no modelo americano, em um auditório que consumiu quase 2 milhões de libras (e mal foi usado).

Stratton cometeu um erro infantil, ignorando um conselho elementar dado a executivos em media trainings: nem de brincadeira deixar-se gravar falando o que não falaria em público.

Em uma simulação para o papel que viria a desempenhar, respondeu com ironias a perguntas sobre uma suposta confraternização na sede do governo durante o lockdown, em meio a risos.

A falha primária, capaz de comprometer o governo se o vídeo vazasse − como vazou −, é incompatível com uma profissional de seu calibre. E mais: tendo ao lado um time de profissionais de comunicação.

Difícil entender como ninguém apagou o trecho, que ficou esperando para sair das trevas e assombrar o governo no momento certo.

O momento foi justamente após rumores sobre as festas começarem a aparecer. Sem provas, quem poderia confirmar? Mas as provas existiam, verbalizadas pela principal figura da comunicação do governo britânico naquele momento.

Depois do vazamento, um furo da ITV, Stratton pediu demissão aos prantos, desculpando-se por ter dado a impressão de fazer troça. Não era impressão, como se pode atestar no vídeo.

Mas continuou faltando assessoramento. O primeiro-ministro passou a semana esquivando-se de responder sobre as confraternizações, e se teria participado delas. Até que o tabloide Sunday Mirror colocou a pá de cal.

“Nada vai acontecer”

No domingo, publicou uma foto de Johnson comandando alegremente um quiz, ao lado de dois auxiliares sem máscara. Não há provas de que os demais competidores estivessem ou em grupos em outras salas da sede do governo, quebrando o isolamento, como as “fontes” informaram à imprensa.

No entanto, diante de imagens, fica difícil acreditar que as outras festinhas não aconteceram ou que o líder da nação não tinha conhecimento delas.

Mais difícil ainda é entender como nenhum assessor impediu seu assessorado de comandar o quiz, já que qualquer um poderia capturar a imagem.

Alguns analistas atribuem esse comportamento de Boris Johnson a um excesso de confiança, a uma sensação de que nada vai acontecer com ele.

Pode ser. E quem trabalha ou já trabalhou em assessoria de imprensa sabe que nem sempre os conselhos são seguidos.

Mas, nesse caso, os próprios assessores entraram no jogo do “nada vai acontecer”, falha imperdoável para quem é treinado para antecipar crises.

É verdade que ao fim de 2020 todos estavam extenuados depois de quase um ano de pandemia, ansiosos para confraternizar. Mas não eram apenas os que comandavam o governo. Era toda a população.

Não foi seguro brincar com esse sentimento. E o preço para a nação é alto.

Uma pesquisa feita pelo instituto YouGov na semana passada revelou que 70% dos entrevistados não confiam em Boris Johnson para liderar as medidas de contenção da variante ômicron.

Pior: entre os que não se mostram inclinados a cumprir regras de isolamento, um em cada cinco atribui a decisão ao mau exemplo dado pelo primeiro-ministro e por seus auxiliares.

Isso é mais do que crise política. É uma severa crise de confiança, com efeitos sobre a saúde pública, que assessores mais responsáveis e cuidadosos poderiam ter ajudado a evitar − para começar, proibindo festas e não participando delas ou brincando com a câmera ligada.

Se há uma lição nessa história é a de que contra fatos (e fotos, e gravações…) não há argumentos.


Inscreva-se em mediatalks@jornalistasecia.com.br para receber as newsletters MediaTalks trazendo notícias, pesquisas e tendências globais em jornalismo e mídias sociais.

pt_BRPortuguese