Partida entre Athletico x Flamengo termina com discussão na área de imprensa
Guilherme Pinheiro, do canal Flazoeiro, foi intimidado por profissionais que trabalhavam na área de imprensa da Arena da Baixada, estádio do Athletico-PR, após a eliminação do time do Paraná pelo Flamengo na Copa do Brasil.
Encerrado o jogo, Guilherme falava sobre o desempenho do time carioca, quando Thiago Lucca, repórter da Rádio Trio de Ferro, de Curitiba, e responsável pelo jornal Pilarzinho Notícias, invadiu o vídeo e falou: “Calma, calma. Essa casa tem dono, aqui quem manda é o Athletico”. Guilherme respondeu que não falou sobre o Athletico, não desrespeitou o time, e que estava apenas comentando sobre o Flamengo.
Depois de alguns segundos, Thiago começou a gritar com Guilherme, e o ameaçou: “Eu vou arrebentar esse celular se você continuar fazendo essas palhaçadas. Vai lá pro meio da torcida do Flamengo”. Guilherme questionou: “O que eu estou fazendo? Estou trabalhando. Não estou falando do Athletico, não estou desrespeitando o Athletico, estou falando do Flamengo”.
Confusão no setor de imprensa da Arena da Baixada após Athletico 0x1 Flamengo.
“Calma, essa casa tem dono! Aqui quem manda é o Athletico! Eu vou arrebentar esse celular se você continuar fazendo essas palhaçadas!”, disse um dos jornalistas.
🎥 Reprodução pic.twitter.com/h3vEnXjlq5
— Planeta do Futebol 🌎 | DEU GREEN (@futebol_info) August 18, 2022
O vídeo da confusão viralizou nas redes sociais. Jornalistas criticaram a postura dos colegas que intimidaram Guilherme. João Paulo Cappellanes, do Grupo Bandeirantes, comentou: “Minha total solidariedade ao repórter que estava apenas trabalhando, como qualquer outro profissional naquele setor. Como jornalista e athleticano, me sinto envergonhado. Esse tipo de coisa só nos distancia ainda mais de onde queremos chegar. Vergonhoso”. Duda Gonçalves, repórter da ESPN, escreveu que “independe do conteúdo. Se está na área de imprensa, credenciado, que seja respeitado como”.
A Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná (Acep-PR) suspendeu Thiago Lucca de forma preventina por 120 dias. O documento, assinado por Greyson Assunção, presidente da associação, e Daniel Piva, diretor jurídico, diz ainda que ele tem “10 dias corridos para apresentar sua defesa”. A Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj) também se pronunciou, e elogiou a decisão dos paranaenses.
1º Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade abre inscrições
Estão abertas até 9 de dezembro as inscrições para a primeira edição do Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade, iniciativa do Instituto MOL, que reconhece trabalhos jornalísticos sobre cultura de doação e solidariedade.
São cinco categorias: Texto, Áudio, Vídeo e Fotojornalismo, voltadas para profissionais de imprensa, e Jovem Jornalista, destinada a estudantes de Jornalismo. Podem ser inscritos trabalhos veiculados entre 1º de janeiro e 5 de dezembro de 2022.
Um dos requisitos para se inscrever no prêmio é participar do Curso MOL de Jornalismo para a Solidariedade, formação online e gratuita sobre cultura de doação. As aulas fornecerão dados inéditos, ideias de pautas, listas de fontes, cases e personagens, com o objetivo de ampliar e aperfeiçoar a cobertura do tema. Além disso, os participantes terão acesso a recursos como o Guia de Pautas e o Guia de Fontes. A não participação no curso é critério de eliminação no prêmio.
O vencedor de cada uma das categorias para profissionais receberá R$ 5 mil, e o trabalho vencedor da categoria Jovem Jornalista será premiado com R$ 3 mil. Os resultados serão divulgados em março de 2023.
Caso Assange na reta final − e o que ele representa para o jornalismo livre
Por Luciana Gurgel

O Reino Unido anda “acéfalo”, vivendo uma combinação de férias de verão com os últimos dias de um primeiro-ministro no cargo.
No cargo é maneira de dizer, pois Boris Johnson viajou para celebrar a lua de mel e agora está de férias, enquanto vans tiram seus pertences de Downing Street, 10. A imprensa especula que ele pode nem voltar a morar lá até a posse do novo chefe de governo.
Enquanto os dias passam no que foi apelidado de “zombie government”, um caso que muitos consideram divisor de águas na história da liberdade de imprensa segue em compasso de espera: Julian Assange continua preso na penitenciária de Belmarsh, com a autorização de sua extradição para os EUA aparentemente paralisada.
A secretária do Interior Priti Patel, a quem hoje cabe a decisão, continua no cargo e apoia a provável nova primeira-ministra, Liz Truss.
Truss é aliada de primeira hora de Boris Johnson, que deve continuar com influência sobre o novo governo.
Ela própria, hoje secretária Nacional de Relações Exteriores, tem um perfil pouco inclinado a perdoar um suposto crime de guerra ou a querer arrumar uma inimizade com um aliado poderoso como os EUA.
Isso significa que são poucas as chances de a nova gestão mudar de opinião sobre o destino de Assange. E a atual já disse que vai seguir a decisão judicial, que autorizou o envio do fundador do Wikileaks para os EUA.
A defesa de Assange chegou a sinalizar que poderia apelar para um tribunal de direitos humanos europeu, mas até agora não o fez.
Salvo uma reviravolta no caso, a extradição pode acontecer antes da posse do novo primeiro-ministro (ou nova), para preservá-lo(a) do desgaste. Ou depois, caso ele (ou ela) queira usar o ato para simbolizar firmeza e proximidade com os EUA.
Pelo vazamento de segredos das guerras do Irã e do Iraque, Assange responde a 18 processos, que podem valer 175 anos em uma prisão de segurança máxima. Os processos, movidos pelo Departamento de Estado, foram iniciados na administração de Barack Obama. Passaram por Trump, e agora estão sob Joe Biden.
Quando o democrata tomou posse, partidários de Assange e sua mulher, Stella, esboçaram esperança de que o novo presidente poderia desistir das acusações, mas isso não aconteceu. Seria improvável, pois em 2010, então vice-presidente dos EUA, Biden disse que Assange era um “terrorista de alta tecnologia”, que colocou vidas em risco e tornou a vida do país mais difícil.
Este é o ponto central do caso Assange, e onde ele deixa de ser uma causa individual para se transformar em coletiva, com impacto sobre o jornalismo e sobre a democracia.
Assange não é unanimidade. Há quem o critique, e quem não o considere um jornalista. É o que acontece com o CPJ (Comitê de Proteção a Jornalistas), que em um manifesto há alguns anos disse que não o considerava como tal porque o Wikileaks não é um veículo com publicação regular.
Mas o mesmo CPJ, assim como as organizações de liberdade de imprensa, de expressão e de direitos humanos, entende que o vazamento de segredos importantes para a sociedade faz com que os processos contra ele representem uma ameaça.
Se condenado como jornalista ou como fonte, Julian Assange servirá de modelo para processos contra outros jornalistas, empresas de mídia ou informantes, podendo levar a autocensura da mídia e medo por parte de quem poderia revelar histórias de interesse da sociedade.
O jornalismo investigativo se sofisticou e tem jogado luz sobre escândalos de corrupção e crimes por meio de redes colaborativas globais. Colocar isso em risco é um retrocesso.
Por isso, partidários de Assange e do jornalismo livre tentam de tudo. O mais recente ato foi um processo movido por dois advogados e dois jornalistas denunciando que a CIA os espionou quando visitaram o fundador do Wikileaks na embaixada do Equador em Londres.
Pode não dar em nada, mas são as armas de uma guerra que pode ter um desfecho com repercussões importantes para o futuro do jornalismo. E que merece ser acompanhada.
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ANJ define presidentes executivo e do Conselho de Administração
Em nova configuração, Marcelo Rech, eleito presidente da Associação Nacional dos Jornalistas (ANJ), assumiu a Presidência Executiva nesta quarta-feira (17/8). Também foram definidas as novas composições dos Conselhos de Administração e Fiscal e da Diretoria da entidade para o biênio 2022-2024.
No discurso de posse, Rech reiterou a importância “da defesa da democracia e do jornalismo profissional, que vive dias difíceis em todo o mundo, como alicerce basilar da sociedade. Nossa causa é a defesa do jornalismo profissional como instituição, um oxigênio, uma peça fundamental para o avanço da sociedade”.
Rech vai acumular os cargos de presidente executivo e presidente da diretoria da ANJ. Carlos Fernando Lindenberg Neto, o Café, estará no comando do Conselho de Administração.
A nova diretoria também é composta pelos vice-presidentes eleitos Álvaro Teixeira da Costa (Correio Braziliense/DF), Ana Amélia Cunha Pereira Filizola (Gazeta do Povo/PR), Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Junior (Correio/BA), Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Neto (A Gazeta/ES), Francisco Mesquita Neto (O Estado de S.Paulo/SP), Jaime Câmara Júnior (O Popular/GO), João Roberto Marinho (O Globo/RJ), Luciana de Alcântara Dummar (O Povo/CE), Maria Judith de Brito (Folha de S.Paulo/SP), Mário Alberto de Paula Gusmão (Jornal NH/RS), Nelson Pacheco Sirotsky (Zero Hora/RS) e Sylvino de Godoy Neto (Correio Popular/SP).
Nayara Felizardo fala sobre territórios no #diversifica
Repórter do The Intercept Brasil, com foco na cobertura de temas relacionados às regiões Norte e Nordeste, Nayara Felizardo é a convidada do quarto episódio do videocast #diversifica. Desta vez, a apresentadora Luana Ibelli ganhou o reforço de Anna França, estagiária do Portal dos Jornalistas, baseada em Juazeiro, na Bahia.
Durante o bate-papo, elas abordaram discussões relevantes, como o hábito da imprensa de considerar pautas locais do Sudeste como se fossem de interesse nacional; os estereótipos das populações do Nordeste perpetuados pela mídia; os cuidados necessários para cobrir territórios com os quais o jornalista não tem familiaridade; e o quanto a cultura brasileira perde quando sotaques diversos são “neutralizados” para se encaixarem em um “padrão nacional”.
O programa é uma produção do #diversifica, hub multimídia de Diversidade, Equidade & Inclusão (DEI) da Jornalistas Editora e está disponível no canal do Portal dos Jornalistas no YouTube, e nos principais tocadores de podcast, Ela faz parte do especial Subjetividades, iniciativa que reúne seis jornalistas para discutir a diversidade na profissão sob a ótica as quais estão inseridos.
Antes de Nayara, participaram do videocast Caê Vasconcelos, do UOL, que abordou questões relacionadas ao mercado de trabalho e cobertura sobre a temática LGBTQIA+; Jairo Marques, da Folha de S.Paulo, que falou sobre a inclusão de pessoas com deficiência no Jornalismo; e Luciana Barreto, da CNN Brasil, que destacou as barreiras profissionais para jornalistas negros e o problema do racismo estrutural no Brasil.
Nas duas próximas semanas irão ao ar as entrevistas com:
- 24/8 – Luciene Kaxinawá, da Amazônia Real (Indígenas)
- 31/8 – Erick Mota, do Regra dos Terços (Neurodivergência).
E em 31 de agosto, uma edição especial de Jornalistas&Cia trará um resumo com as principais discussões levantadas durante os bate-papos.
O #diversifica é um dos 15 projetos brasileiros selecionados pelo Programa Acelerando a Transformação Digital, financiado pelo Meta Journalism Project, com o apoio da Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e Internacional Center for Journalists (ICFJ). Apoiam a iniciativa Rádio Guarda-Chuva, Imagem Corporativa, Énois Conteúdo, Oboré Projetos Especiais e Itaú. Empresas interessadas em associar sua marca podem obter mais detalhes com Fernando Soares (fernandosoares@jornalistasecia.com.br) ou Vinicius Ribeiro (vinicius@jornalistasecia.com.br).
Marcelo Freitas lança livro sobre bastidores da cobertura da Covid
Os bastidores da cobertura da Covid-19, a maior operação da imprensa brasileira em toda a sua história, são apresentados no livro Nós também estivemos na linha de frente, de Marcelo Freitas. O lançamento foi nesta quarta-feira (17/8), no Sindicato dos Jornalistas de Minas. A obra conta como foi a migração do jornalismo presencial para o home office; os desafios enfrentados para a cobertura da pandemia no novo modelo; a formação do Consórcio de Veículos de Imprensa; as agressões e tentativas de intimidação que os jornalistas sofreram durante a Covid-19; a parceria do jornalismo com os cientistas; e o retorno ao sistema presencial nas redações, a partir de 2022.
O livro teve como base entrevistas com 61 profissionais de imprensa, além de assessores de comunicação de instituições, cientistas e o ex-ministro da Saúde Nelson Teich. Também foram entrevistados diretores de instituições representantes dos jornalistas e empresas na área de comunicação.
Freitas considera que o jornalismo apresenta, em sua essência, um paradoxo, pois é a profissão que reporta o que acontece no mundo, dos pequenos aos grandes acontecimentos, alegres ou tristes, mas quase não fala de si próprio. E essa situação se fez presente também durante a pandemia, quando, segundo o autor, pouco ou nada se falou sobre como as redações se reorganizaram, da noite para o dia, para cobrir um acontecimento do porte da Covid-19. “Nenhum veículo mostrou como foi a rotina do jornalista trancado em casa, em home office e tendo que noticiar algo que não gostaria que fosse notícia. Nenhum veículo descreveu o medo dos jornalistas que iam para as entrevistas coletivas ou para os hospitais. O objetivo do livro é mostrar um pouco de tudo isso”.
O preço do livro é de R$ 55 e ele pode ser adquirido aqui.
Pública: Governo Federal nega acesso a peças de campanhas milionárias durante período eleitoral

Texto publicado originalmente em 15/8/2022 pela Agência Pública
Ministério das Comunicações barra Lei de Acesso à Informação com justificativa das eleições; Secretaria de Comunicação é oitavo maior anunciante de política no Facebook no país
Por Bruno Fonseca
O Ministério das Comunicações está barrando o acesso a dados públicos e usando o período eleitoral como justificativa. Através da Lei de Acesso à Informação (LAI), a Agência Pública requisitou o acesso às peças produzidas nas campanhas “Governo Honesto, Trabalhador e Fraterno”. No início de agosto, revelamos que o governo pagou quase R$ 90 milhões neste ano para agências de publicidade realizarem as três campanhas.
O acesso às peças foi negado, segundo o Ministério, devido ao “período de defeso eleitoral”. Nas palavras do governo, o período “restringe a divulgação de material publicitário com assinatura/marca figurativa do governo federal”.
A justificativa do governo, contudo, não tem fundamento na legislação que trata da divulgação publicitária no período das eleições, baseada na chamada Lei das Eleições, a 9.504/1997.
“A legislação eleitoral não impede o atendimento a pedidos de acesso à informação. Pelo contrário. É justamente em período eleitoral que o cidadão tem (ainda mais) direito a acessar informações públicas, mesmo se essas informações forem peças publicitárias feitas pelo órgão de comunicação”, explicou à reportagem Bruno Morassutti, cofundador e coordenador de advocacy da agência de dados independente e especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), Fiquem Sabendo.
A Pública apurou que a justificativa já foi utilizada outras vezes pelo Ministério das Comunicações para negar acesso a dados públicos. Em julho, a pasta negou enviar as transcrições dos discursos do presidente Jair Bolsonaro (PL) usando o período de defeso como razão. Outro pedido, que requisitou o acervo dos vídeos publicados no canal do Planalto no YouTube entre 2018 e 2022 também foi negado com a mesma justificativa.
“Estamos em um momento particularmente sensível em relação às consequências da falta de informação. É sempre lesivo em uma democracia, há um dano difuso, quando não se cumpre a lei de acesso à informação. Mas em especial no período eleitoral essa informação é ainda mais relevante para que a população compreenda se o governo está fazendo propaganda institucional e quais os seus custos, ainda mais quando o chefe do poder é um dos candidatos”, explica o consultor da Transparência Internacional Brasil, Michael Mohallem. Na visão do especialista, quando órgãos públicos não cumprem com o acesso à informação e a transparência à utilização de recursos públicos, há mais brechas para corrupção e desvio da finalidade da máquina pública. “O não cumprimento pode caracterizar infração disciplinar de um agente político ou autoridade que decida pela não resposta. No limite, isso pode levar a um processo de improbidade administrativa”, explica.
Governo pagou R$ 89 milhões para seis meses de campanhas positivas
Os quase R$ 90 milhões pagos pelo Ministério das Comunicações para agências de publicidade realizarem as três campanhas “Governo Honesto, Trabalhador e Fraterno” foram atestados entre fevereiro e junho deste ano — justamente o período que antecedeu as restrições por causa das eleições. Desde o dia 2 de julho, a Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal (Secom) deletou os seus perfis nas redes sociais, tornando impossível acessar o conteúdo dessas campanhas. No período, é proibido qualquer ação de comunicação que possa configurar propaganda eleitoral ou desvio de finalidade — a legislação não cita a Lei de Acesso à Informação.
O Ministério informou à reportagem que as três campanhas milionárias levaram à produção de filmes para TV, Internet e plataformas de vídeos curtos, spot, posts e banners para redes sociais, peças para digital out of home (DOOH), mobiliário urbano (MUB), vinhetas, anúncio para jornal e revista, adesivo e minidoor.
Ainda segundo o governo, apesar dos pagamentos terem ocorrido apenas neste ano, as peças foram veiculadas desde 18 de dezembro de 2021. A última veiculação teria ocorrido em junho de 2022, totalizando pouco menos de seis meses de campanhas. Em média, isso equivale a um gasto de mais de R$ 504 mil por dia para a veiculação.
Secretaria de Comunicação é 8º anunciante do Facebook no Brasil em temas políticos
O Governo Federal, através da Secretaria Especial de Comunicação Social, já gastou mais de R$ 896 mil em anúncios nas redes do Facebook/Meta desde agosto de 2020. O gasto coloca a Secom como o oitavo maior anunciante na plataforma dentre todos os anúncios marcados como temas sociais, eleições ou política. O primeiro lugar é ocupado pela Brasil Paralelo.
Segundo os dados do Facebook, a Secom gastou em média R$ 32 mil para cada anúncio. Ao todo, foram 28 anúncios.
Um dos exemplos é de um anúncio sobre o Auxílio Brasil, ainda com o valor de R$ 400. A postagem, veiculada no Facebook e Instagram entre 25 e 30 de junho, custou entre R$ 80 mil e R$ 90 mil. Ela rendeu mais de 1 milhão de impressões, a maior parte vista por mulheres entre 25 e 34 anos, que acessaram do estado de São Paulo.
Além disso, o Governo Federal gastou outros R$ 500 mil em anúncios que não foram veiculados com o rótulo da Secom. Ao todo, o Governo gastou mais de R$ 1,3 milhão em anúncios nas redes do Facebook.
Ministério das Comunicações diz que não impulsiona conteúdo nas redes
Apesar de ser um dos maiores anunciantes do Facebook em temas políticos, a Secretaria de Comunicação do Governo Federal tem dificultado o acesso às informações sobre esses impulsionamentos. Isso porque, em resposta a um pedido de acesso à informação, o Ministério das Comunicações — estrutura da qual a Secom faz parte — afirmou que “não houve nenhuma publicação impulsionada” nas redes gerenciadas pelo Ministério. “Nosso tráfego em todas as redes sociais é adquirido 100% de forma orgânica”, acrescentou a pasta.
Contudo, segundo dados do Governo, a Secretaria Especial de Comunicação Social do próprio Ministério pagou quase R$ 30 milhões para agências de publicidade realizarem campanhas em redes sociais durante a presidência de Jair Bolsonaro.
A maior parte desse valor foi paga para as agências realizarem ações no Facebook, mais de R$ 15,8 milhões. Outros R$ 11,3 milhões foram pagos para campanhas no Twitter, R$ 2,5 milhões no Linkedin e R$ 286 mil no Tik Tok.
Esses valores foram pagos a quatro agências de publicidade e propaganda que têm contratos com o governo: Calia/Y2, Artplan, Nova S/B e PPR. Dos R$ 30 milhões pagos pelo governo a essas empresas, R$ 25,6 foram repassadas às plataformas — parte do dinheiro que o governo gasta fica com as próprias agências, que cobram pelo trabalho de anunciar em redes sociais, TVs, rádios e outras mídias
Questionado pela reportagem, o Ministério das Comunicações informou que não responde pelas redes da Secom. Já a assessoria de imprensa da Secom não respondeu aos questionamentos da reportagem e orientou que os pedidos fossem realizados via Lei de Acesso. Os pedidos via LAI, contudo, precisam ser direcionados ao Ministério das Comunicações no sistema do governo, desde a recriação do Ministério, que ocorreu em julho de 2021.