A ABI lamentou em nota a morte de Ricardo Carvalho, diretor licenciado da associação e conselheiro do Instituto Vladimir Herzog, que faleceu no último domingo (20/6), em São Paulo, por pancreatite. Segundo a ABI, o jornalista vinha enfrentando problemas de saúde há certo tempo.

“Estava almoçando quando o Cid me ligou: “O Ricardão morreu”. Entrei em estado de choque”, disse Paulo Jerônimo, o Pagê, presidente da entidade.

Ricardo começou a exercer o jornalismo em 1974 e, a partir daí, atuou como repórter em Folha de S.Paulo, Jornal da República e IstoÉ. Foi editor-chefe dos programas Globo Repórter e Bom Dia SP, da TV Globo, além de diretor de Jornalismo nas TVs Cultura e Gazeta.

Ao longo da carreira Ricardo dirigiu diversos documentários. Em 1985 fundou a produtora Argumento e a partir de 1990 especializou-se na área de meio ambiente e de direitos humanos.

Publicou vários livros, entre eles O Maestro, biografia de João Carlos Martins, O cardeal da resistência: as muitas vidas de Dom Paulo Evaristo Arns, publicado pela Editora Instituto Vladimir Herzog, e O cardeal e o repórter, relançado pela Editora Terra Redonda, ganhador do Prêmio Vladimir Herzog em 2010. Dom Paulo foi tema ainda do documentário Coragem, as muitas vidas do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, que acabara de disponibilizar na íntegra no YouTube. Estava finalizando a biografia do advogado e ex-ministro da Justiça José Carlos Dias. Deixa uma filha, Julia Blasi Rodrigues de Carvalho.

O Instituto Vladimir Herzog também lamentou a perda: “Ricardo sempre esteve ao nosso lado na luta pelos direitos humanos e pela preservação da memória, da liberdade e da justiça no Brasil. Temos um carinho muito especial por Ricardão que teve um papel fundamental na construção do Instituto, especialmente no nosso projeto Resistir é Preciso, para recuperar a história dos jornalistas perseguidos durante a ditadura civil-militar. Estamos consternados e desejamos conforto à família e aos amigos. Vá em paz, Ricardão!”.

Ivo Herzog, presidente do instituto, despediu-se em texto:

“ADEUS A RICARDÃO CARVALHO

Eram as eleições de 2008. Eu descobrindo os bastidores de uma campanha eleitoral. Com uma candidata, visitava um posto de votação quando fui apresentando àquele cara enorme, risonho, plugado no 220V. Ricardo Carvalho.

Menos de um 1 ano depois nascia o Instituto Vladimir Herzog, com o Ricardão operando a nossa apresentação na Cinemateca para mais de 2000 amigos do Vlado.

A trajetória do IVH cresceu muito graças a energia contagiante do Ricardão. A amizade era nova, a intimidade forte. Muita fricção resultou em um dos mais importantes projetos do Instituto Vladimir Herzog, um dos primeiros grandes trabalhos de recuperação da memória recente do Brasil: Resistir é Preciso. Livros, documentários, exposições.

Nesta esteira outro projeto, dom Paulo Evaristo Arns. Com a determinação do Ricardão, está história está eternizada.

Na continuidade desta jovial amizade, vieram o namoro dos nossos cachorros, passeios de bicicleta que sempre tinham parada obrigatória para um refresco na sua casa no Ibirapuera.

Palmeirense (chato), não perdia oportunidade de zoar comigo quando o Timão tropeçava.

Ricardão… Além da pauta da memória, um dos desbravadores pela luta em preservação do Meio Ambiente. Ou, como ele me disse na última quinta-feira, da Sustentabilidade.

Ricardão, você vai fazer falta. Muita falta para nós. O mundo fica bem mais triste sem o seu sorriso. Se cuida aí em cima.”.

 

(Veja+)

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