Verónica Goyzueta assumiu em janeiro o cargo de coordenadora de projetos do Amazon Rainforest Journalism Fund (RJF) na América Latina, iniciativa do Pulitizer Center que tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância de florestas tropicais no clima do mundo todo, incentivando a produção de reportagens sobre temas como desmatamento, mudanças climáticas locais e globais, entre outros.
Ela será responsável por identificar e entrar em contato
com possíveis parcerias locais; comunicar-se com os jornalistas que integram o
projeto e garantir que estão trabalhando de acordo com os princípios que o
fundo estabelece; e fazer relatórios com levantamentos de dados e pesquisas
sobre o tema. Verónica assume no lugar da inglesa Jan Rocha, a primeira
responsável por coordenar o RJF na América Latina.
Nascida no Peru, Verónica mora no Brasil há mais de duas
décadas, tendo sido correspondente internacional de veículos como Dow Jones,
Financial Times, os espanhóis Vocento e ABC, entre outros, cobrindo
principalmente política, temas sociais e questões ambientais. Em 2004, venceu o
Prêmio Comunique-se como melhor correspondente estrangeira no Brasil. É
vice-presidente da Associação dos Correspondentes Estrangeiros em São Paulo,
entidade que presidiu por duas vezes.
Faleceu nesse domingo (16/2), aos 58 anos, Antonio Fornazieri Júnior. Especializado no segmento automotivo, Tonhão, como era carinhosamente conhecido, sofreu um infarto fulminante enquanto dormia, na madrugada de sábado para domingo.
Formado em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, cidade onde sempre atuou e morava, começou a carreira em 1980 como
revisor do Diário do Povo. Integrou por muitos anos a redação do Correio
Popular, além de colaborar com outros jornais da Rede Anhanguera de
Comunicação. Com dificuldades para se recolocar no mercado, desde seu
desligamento do Correio, Tonhão ultimamente fazia alguns frilas.
Ele mantinha o costume de acordar bem cedo todos os dias e
comunicar-se com a filha Lígia, que vive atualmente na Eslováquia. Na manhã
desse domingo, porém, Lígia não recebeu o contato dele. A esposa, Isabel, só
percebeu quando acordou, por volta das 7h30.
Velado com uma camisa retrô do Corinthians, seu time do
coração, o sepultamento ocorreu na tarde do mesmo dia, no Cemitério Aleias, em
Campinas.
O The Intercept Brasil publicou nesta sexta-feira (14/2) uma reportagem que denuncia a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro no compartilhamento de notícias falsas via WhatsApp. Segundo David Nemer, autor da reportagem, ao menos 20 grupos de WhatsApp são administrados pelos números de telefone vinculados aos dois políticos.
A reportagem mostra que as informações falsas e conteúdo de
extrema direita compartilhados nos grupos atingiram mais de cinco mil pessoas. Além
disso, parte do conteúdo atacava diretamente a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia
Campos Mello, com montagens, mensagens misóginas e trechos editados de
vídeos que insinuavam que ela estaria se prostituindo para conseguir
informações de Hans River, ex-funcionário da empresa Yacows, que
mentiu e a atacou em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) das Fake News.
Nemer conta que monitorou 70 grupos de WhatsApp desde março
de 2018, e que 20 deles eram administrados pelos dois filhos de Jair Bolsonaro.
O objetivo era promover campanhas eleitorais e espalhar informações falsas para
denegrir pessoas contrárias a Bolsonaro, formando um “ecossistema sofisticado
que dava aos usuários funções específicas: produzir, compartilhar e consumir
informações erradas, bem como recrutar novos membros do grupo”.
O jornalista e escritor Laurentino Gomes receberá em 26/5 o Prêmio Personalidade da Comunicação 2020, concedido desde 2000 pelos profissionais de comunicação corporativa àqueles que se destacam, pelo conjunto da obra, ao desenvolvimento do jornalismo e da comunicação do Brasil. A cerimônia de premiação está marcada para o Teatro do CIEE, em São Paulo (rua Tabapuã, 445), como parte do 23º Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas.
Autor do recém-lançado Escravidão (Editora Globo), que terá ainda dois outros volumes, e da trilogia 1808, 1822 e 1889, Laurentino tornou-se um dos autores mais lidos do País na última década, fato que ele mesmo atribui ao exaustivo trabalho de repórter que se propôs a recontar capítulos importantes da história do Brasil, apoiado nas técnicas e linguagem jornalísticas.
Paranaense, Laurentino foi repórter, editor e correspondente de publicações como Veja e Estadão. Foi também editor e depois diretor da Abril, responsável por vários títulos da empresa.
Com este prêmio, ele comporá uma galeria já integrada, entre outros, por Alberto Dines, Antonio Augusto Amaral de Carvalho (Tuta), Audálio Dantas, Boris Casoy, Caco Alzugaray, Domingo Alzugaray, Fátima Turci, Gaudêncio Torquato, Johnny Saad, José Hamilton Ribeiro, José Marques de Melo, Marcos Mendonça, Maurício Azedo, Miguel Jorge, Miriam Leitão, Nelson Sirotsky, Octavio Frias de Oliveira, Paulo Nassar, Roberto Civita, Ruy Mesquita e Vera Brandimarte.
A edição 2020 do Prêmio Personalidade da Comunicação conta com o patrocínio da MRV Engenharia e será aberta aos participantes do 23º Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas e convidados. Mais informações pelo 11-5576-5600 ou [email protected].
O comentarista esportivo Wagner Vilaron anunciou nessa quinta-feira (13/2) sua saída do Grupo Globo, onde permaneceu por 12 anos. O contrato dele com a emissora termina nesta sexta-feira (14/2).
Em suas redes sociais, Vilaron confirmou a informação,
afirmando que está “concentrando energias para novos desafios”. O futuro dele
ainda não foi definido. Ao Observatório
da Televisão, Vilaron disse que a “reformulação faz parte,
uma vez que quem chega tem suas predileções e ideias sobre formato e conteúdo.
Entendo que foi um acerto interessante para os dois lados”. Segundo o site, a
Globo pensava em dispensar o comentarista desde janeiro.
Vilaron chegou ao SporTV em 2008 e ficou conhecido pela
dupla que formou com o narrador Jota Júnior nas transmissões de jogos do
campeonato brasileiro, principalmente no Premiere, canal por assinatura da
Globo. Antes, trabalhou como repórter em O Estado de S. Paulo e Diário de S. Paulo.
A Redação do Diário de Montes Claros era um espaço de aprendizado e de muita descontração. Na década de 1970, a secretária era Suely, que estava à frente do atendimento aos assinantes, cuidava de toda a parte de venda avulsa de assinaturas e dos meninos que saíam pelas ruas para vender a edição do dia. Havia o time de cronistas, que publicava suas colunas, o time dos repórteres, que diariamente cobria as notícias da Câmara de Vereadores, da Prefeitura, da Justiça e da página de polícia.
Na
venda de anúncios, tínhamos Valdemiro Miranda, Wilson Castro Brito e Aristeu de
Melo Franco. E havia também a turma da oficina, encarregada de montar as
edições, rodar os exemplares e arrumar tudo para a distribuição.
Num
ambiente dominado por homens, surgiam sempre histórias engraçadas e a gozação
era geral. O clima era descontraído, uns mais sérios, outros mais brincalhões.
E a Redação sempre recebia novos colaboradores. Quem chegava era introduzido no
universo do Jornalismo com um “batismo”, uma brincadeira, sem muitas
consequências. Apenas pra ficar na história dos “casos da Redação do
DMC”.
Os
apelidos só pegavam quando o apelidado dava bola. Trabalhava na oficina o
“Marcha Lenta”, um linotipista que era muito devagar e minucioso com as suas
tarefas. O outro era o “Grampão”, um sujeito muito alto. E o João
”Lefú” foi outro apelido que pegou. O João Miranda é irmão do Waldemiro
Miranda e chegou para trabalhar no jornal por indicação do irmão. Era magro,
desengonçado e logo a turma começou a chamá-lo de João “Lefú”. Ele ficava muito
bravo. E a turma pegou no pé dele. João trabalhava como cobrador e atendia aos
telefonemas na Redação. Quando era alguém que já sabia que ele odiava o apelido
invariavelmente perguntava:
– Quem
é que está falando?
– É o
João.
– Qual
João?
(pausa).
João respirava e aos berros dizia:
– É o
João “Lefú”, seu FDP!!!
Quando
os veteranos do jornal se encontram, sempre lembram, com saudades, das
histórias que vivenciamos nos mais de 20 anos de funcionamento do Diário de
Montes Claros. Lembro-me de muitas outras. Agora vou contar para os mais novos
o que é a linotipo.
O jornalista
Felipe Gabrich era um dos que gostavam de dar as boas-vindas, dando tarefas
para os “focas” daquela época. Eram telefonemas com notícias para
serem apuradas e que muitas vezes não tinham um fundo de verdade. Mas o novato
ia atrás e todos esperavam o retorno do “foca” da vez pra saber o
resultado da apuração…
Certo
dia, o novato recebeu uma encomenda:
– Vá à
oficina e peça ao Tião, o chefe do setor, pra te entregar a linotipo, que
preciso dela aqui.
O
novato atravessou a porta que ligava a Redação e a oficina e foi procurar pela
linotipo. Tião, muito espirituoso, apontou para a máquina onde era feita a
composição do jornal e disse:
– Pode
apanhar e levar! É aquela ali!
Para
espanto do “foca”, a linotipo era uma máquina de 1.700 quilos que ocupava uma
parte do galpão onde era impresso o jornal. Devia ter uns três metros de
altura, toda em ferro preto, por onde os lingotes de chumbo passavam e iam se
formando as linhas de texto, a base para a impressão do jornal.
O
nosso “foca” da vez voltou pra Redação e foi recebido às gargalhadas
pela turma que já esperava pela resposta do jovem aprendiz de jornalista.
Voltando
ao assunto da máquina linotipo, que me inspirou a escrever essa coluna. Em
poucos anos, ela deverá estar nos museus que contam a história da imprensa.
Ainda temos gráficas espalhadas pelo Brasil que adotam o antigo sistema de
impressão. Hoje, os jornais de todo o mundo, estão passando pelo processo do
digital. Os grandes jornais brasileiros, como o Estado de Minas, O Estado de S.
Paulo, O Globo, a Folha, só pra citar os maiores, já têm suas versões e
assinantes online. E já surgem redações e projetos que já publicam desde o
início somente em suas páginas web, palavra que aprendi nos últimos
meses. As edições impressas estão sendo substituídas pelas versões online, sem
hora certa para fechamento, com páginas recheadas de matérias coloridas, textos
com vídeos que dão outros detalhes da história. Gráficos para atrair a atenção
dos leitores, que passam pelas notícias rapidamente, com o simples toque do
dedo. As atualizações são constantes. O jornalista já não se preocupa mais em
apurar todas as informações para depois voltar à Redação e escrever as
reportagens. Hoje, com seus celulares smartphones vão apurando e
publicando, em tempo real milhares de notícias. E, ao longo do dia, vão
corrigindo informações e acrescentando outras.
Nesse
mês de junho de 2017, registro dois fatos históricos. O primeiro foi a decisão
sobre o Diário Oficial do Estado de São Paulo, que agora só existe na versão
online. Economia de milhões por ano com papel e impressão. O conteúdo publicado
na página do jornal, na internet. O segundo fato é o novo modelo de jornalismo
da Gazeta do Povo, do Paraná, que substituiu a versão impressa pela online. ”Mobile first“ (ou
traduzindo: primeiro você vai ler no seu celular ) é a nova modalidade de
consumo de notícias. As edições impressas da semana do centenário Gazeta do
Povo não circulam mais… Acho que por amor à história ou pelo ”faturamento” e
em respeito aos leitores mais antigos mantiveram a edição de domingo. Mas a
gráfica foi fechada e a edição dominical é terceirizada.
Estou com 86 anos de idade. Sou jornalista desde sempre. Publiquei um jornal estudantil, participei da redação de outros jornais, publiquei uma revista e em 1962, juntamente com um grupo de amigos, fundei o Diário de Montes Claros, onde passei muitas madrugadas fechando as páginas do jornal, acompanhando a composição na linotipo, a montagem manual das páginas, uma a uma, para impressão do jornal e saindo da Redação com as mãos pretas de tinta. Nos anos 1980, o DMC introduziu a impressão off-set e a linotipo deixou de ser o equipamento mais importante da gráfica do Diário. Trinta anos depois, temos um novo cenário na imprensa e no jeito de fazer jornalismo. O ritmo das mudanças é assustador! Tudo é muito rápido! Não imaginei que estaria hoje acompanhando essa revolução que está acontecendo na imprensa brasileira e mundial. E digo que, para mim, leitor assíduo, é muito gostoso abrir a edição do JN e ler, calmamente, os textos publicados no velho estilo: com tinta e papel jornal.
Virgínia Queiroz
A contribuição desta semana vem novamente de Virgínia Queiroz, da Infinity, que trabalhou por 25 anos na TV Globo-SP e teve uma rápida passagem pela Band. Em homenagem ao pai, Décio Gonçalves de Queiroz, falecido em maio de 2018, ela separou algumas histórias que ele publicou na coluna Canto de Página do Jornal de Notícias, de Montes Claros, no Norte de Minas, e enviou a este J&Cia.
Décio Queiroz
Vale lembrar que ele próprio dirigiu por décadas o Diário de Montes Claros, além de ter sido revisor no Estadão, nos anos 1950. A história que reproduzimos é da edição de 6 e 7/08/2017.
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Tem alguma
história de redação interessante para contar? Mande para [email protected].
Está disponível desde o final do ano passado, ainda em fase de implantação e testes, a Ola Podcasts. A plataforma chega com o desafio de criar diferentes modelos de negócio – além da publicidade – para produtores desse tipo de conteúdo. Entre seus principais diferenciais, o serviço prevê pagamento de royalties a partir de assinaturas para produtores exclusivos, estúdio próprio e equipe comercial para rentabilizar podcasts por meio da já tradicional publicidade.
“Estamos apostando em um produto que é uma das principais
tendências no mundo quando falamos em novas mídias”, explica Bruno Venga, sócio do fundo de
investimentos Gulf, que criou a plataforma. “Queremos ser um parceiro
institucional, que incentive a produção desse tipo de conteúdo, oferecendo uma possibilidade
real de monetização, e serviços que facilitem a criação por produtores
independentes”.
Bruno Venga, sócio da Gulf Tech, criadora da Ola Podcasts
Especializado nos segmentos financeiro e imobiliário, o fundo criou há dois anos a Gulf Tech para investir no ramo de tecnologia. Segundo Bruno, publicitário com a carreira construída na área de Telecom, o foco da nova empresa será investir em projetos próprios, a partir do zero, e nesse panorama a Ola Podcasts foi a primeira aposta.
Como
funciona?
O serviço agregará quatro tipos de podcasts e terá, em princípio, três modelos de monetização, de acordo com a categoria em que os podcasts estão inseridos:
Agregados: A partir de RSS Feed, a plataforma agregará todo podcast disponível no Brasil e no mundo. A exceção fica apenas para casos de serviços exclusivos de outras plataformas, como ocorre atualmente com o Café da Manhã, da Folha de S.Paulo, que tem exclusividade com o Spotify;
Gratuitos: Qualquer pessoa poderá incluir e até produzir seus programas dentro da plataforma, sem nenhum custo. Os proprietários desses podcasts receberão um RSS Feed que permitirá ainda a publicação do conteúdo em outras plataformas. Ao criar seu canal, o proprietário poderá optar por permitir a monetização publicitária. Nesse caso, uma equipe comercial poderá trazer anúncios de acordo com o perfil do podcast e o foco dos anunciantes;
Premium: Conteúdo exclusivo com curadoria da Ola Podcasts, produzido a partir de um estúdio próprio, e que estará disponível exclusivamente para assinantes. Serão aproximadamente 50 podcasts incluídos nesse sistema, que receberão uma parcela do valor angariado com as assinaturas, levando em consideração a relevância e a audiência de cada atração;
Freemium: Mescla entre os modelos “Gratuito” e “Premium”. Nele, produtores selecionados poderão utilizar os estúdios da plataforma para produzir seus programas. Esses podcasts também serão rentabilizados a partir de publicidade, mas terão preferência na equipe comercial em relação aos gratuitos.
A assinatura do serviço será de R$ 9,90 por mês ou R$ 79,90 por ano. Como contrapartida, o usuário terá acesso irrestrito aos canais premium, que produzirão a média de 200 episódios inéditos por mês.
Dentre os podcasts já disponíveis na plataforma, destaque para produções jornalísticas, como o Papo de Mãe, com Mariana Kotscho e Roberta Manreza, que traz entrevistas com especialistas e histórias de maternidade/paternidade; Volta ao mundo, com dicas de viagem, de Zeca Camargo; e Vai se food, com Ailin Aleixo.
Outras atrações, também comandadas por jornalistas, que devem estrear em breve são o canal Histórias que não posso contar, de Madeleine Lacsko, e o Mari Mulher, também comandado por Mariana Kotscho, que estreia em 5/3 discutindo violência doméstica com Maria da Penha e a comandante Elza Paulina de Souza, da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo.
O comentarista Marco Antonio Villa foi suspenso da programação da Jovem Pan e corre o risco de ser demitido novamente. Felipe Moura Brasil, atual diretor de Jornalismo da emissora, deve deixar o cargo. As informações são do colunista do UOL Flávio Ricco.
Em entrevista à coluna, Tutinha, presidente da Jovem
Pan, comentou que um dos fatores que levaram ao afastamento de Villa foi a
briga com o comentarista Rodrigo Constantino. Os dois se desentenderam e
discutiram ao vivo durante o Jornal da Manhã, na sexta-feira passada
(7/2). Tutinha disse que está “pensando num novo programa que ele possa
apresentar. Mas só em março, porque ainda estamos decidindo sobre os novos
programas que estrearemos em 2020”.
Em relação a Moura Brasil, o presidente da Pan explicou que ele não quis renovar seu contrato com a emissora, que se encerra em 24/2: “Não era compatível trabalhar na revista Crusoé, apresentar programa e ser diretor de Jornalismo. Pedi para ele ficar no programa Os pingos nos is e estou esperando a decisão final dele”.
Também segundo Flavio Ricco, críticas frequentes ao governo
de Jair Bolsonaro teriam provocado essas decisões.
Léo Veras (Ponta Porã News/MS) foi executado nessa quarta-feira (12/2) na cidade paraguaia Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. Ele noticiava ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas na região, e vinha sofrendo diversas ameaças devido ao conteúdo que publicava.
Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, por volta das 21h, dois pistoleiros encapuzados invadiram a residência de Veras, que estava jantando com a família, e fizeram 12 disparos contra o jornalista. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Marco Amarilla, promotor responsável pelo caso, afirmou que Veras já sabia que iriam matá-lo, e chegou até a se despedir de sua esposa: “Em uma conversa que manteve com sua esposa, ele disse: ‘Amor, se cuida, cuida das crianças’. Praticamente se despede da família. Ou seja, já sabia que iriam matá-lo”. Um amigo de Veras, que não quis se identificar, confirmou ao G1 que o jornalista estava muito nervoso e tenso nos últimos dias, e que estava sendo ameaçado frequentemente.
O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul lamentou a morte de Léo Veras e se solidarizou com a família e amigos, afirmando que o jornalista foi “mais uma vítima dos ataques contra os trabalhadores da comunicação, nestes tristes tempos de cerceamento da liberdade de expressão”.
Em nota conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores e Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) lamentaram o assassinato de Veras: “As entidades se solidarizam com a família, os amigos e os colegas do jornalista, e esperam que as autoridades do Paraguai e do Brasil esclareçam o caso com celeridade e que os responsáveis pelo crime sejam encaminhados à Justiça e punidos nos termos da lei”.
Um protesto no British Museum em Londres no fim de semana chamou atenção para sensibilidades que têm afetado a imagem de instituições culturais no Reino Unido e em outros países ocidentais. Galerias e museus enfrentam questionamentos por aceitarem patrocínios de empresas cujas atividades ou práticas são condenadas por ativistas. E por manterem no acervo artefatos de outros países obtidos na época colonial.
A ação no museu londrino foi
feita pela organização BP or not BP?, cujos representantes lá entraram ocultos
dentro de um “Cavalo de Troia”, em alusão à exposição Troy, Myth and Reality, patrocinada pela
British Petroleum. Passaram 51 horas fazendo protestos que ganharam
visibilidade gigantesca na imprensa e em mídias sociais.
Os patrocínios representam uma
parcela importante da receita dos museus britânicos, que empregam sofisticados
esquemas de marketing para produzir exposições grandiosas, promover eventos e
conceder licenciamentos. Assim, reduzem a dependência de verbas estatais. Para
não virarem alvo de críticas, poderão ter que evitar a associação com marcas
que provoquem sentimentos adversos.
A Tate Modern e a National
Portrait Gallery já seguiram esse caminho. A primeira anunciou ano passado a
decisão de não mais receber apoio da família Sackler. E a segunda desistiu de
uma doação de um milhão de libras por parte do fundo administrado pelo clã.
Os Sackler comandam o império farmacêutico Purda Pharma, fabricante de opioides tidos como causadores de dependência severa. O grupo virou alvo de uma campanha liderada pela fotógrafa americana Nan Goldin, que sofreu com o vício e se converteu em aguerrida ativista.
Ativistas da BP or not BP? chegaram em um “Cavalo de Troia” e tiveram grande cobertura
Colonialismo – Mas a maior dor de cabeça é o movimento contra o colonialismo, que coloca em risco justamente os acervos que atraem visitantes e patrocinadores. Há pressão crescente pela repatriação da objetos advindos das expedições arqueológicas realizadas na época colonial, responsáveis por boa parte das riquezas expostas nos museus daqui.
Os defensores da permanência das
peças sustentam que muitas foram trazidas com autorização de autoridades. E que
estão preservadas e são vistas por mais gente do que se estivessem em locais
remotos. Ou ainda que nem todos os que reclamam os objetos são herdeiros dos
povos originais.
Mas em uma época em que o
respeito a minorias e a valorização das culturas tradicionais é tão relevante,
tais argumentos não se têm mostrado suficientes para conter a onda.
Quem está se destacando
positivamente nesse campo são as universidades do Reino Unido. Compelidas pelos
alunos a repatriar objetos, não têm a justificativa de serem proibidas por
legislação a fazê-lo, como os museus estatais. E estão entregando os anéis para
não perderem os dedos.
Na segunda-feira (10/2), o jornal
The Times publicou resultado de um levantamento dos pedidos recebidos pelas
principais escolas superiores britânicas, demonstrando que a maioria repatriou
ou já se comprometeu a repatriar peças requisitadas por países ou grupos
indígenas recentemente.
No caso das universidades a
situação é mais fácil, pois sua atividade-fim não é visitação. Já para os
grandes museus, que dependem dos visitantes, a situação é mais complicada.
Uma das maiores controvérsias
envolve as esculturas de mármore do Parthenon, da Grécia. Metade delas está no
British Museum, trazidas no século 19 por Lord Elgin, razão pela qual são
conhecidos como Elgin Marbles. Diante de pressões do Governo grego, o conselho
da instituição descartou ano passado a possibilidade de os devolver, mas o caso
não deve parar aí.
Já existem decisões judiciais
obrigando à devolução de objetos reclamados. Mesmo que ela não seja
obrigatória, porém, trata-se de uma questão de percepção, que pode acabar se
estendendo a patrocinadores ou doadores.
Os valores da sociedade mudaram.
A tecnologia colocou nas mãos dos cidadãos e de grupos organizados ferramentas
para engajar ativistas e disseminar protestos, alertando para questões que
pouca gente se dava conta no passado.
As instituições têm pela frente a
complexa missão de encontrar saídas para manter sua saúde financeira sem
colocar em xeque a imagem de responsabilidade e respeito às culturas que se
dispõem a valorizar. O exemplo de alguns museus e universidades britânicas pode
ser inspirador.