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sexta-feira, julho 25, 2025

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Apresentador acusa produção de programa de impedi-lo de opinar

Apresentador Nilvan Ferreira acusa produção de programa de impedi-lo de opinar

O apresentador Nilvan Ferreira, da TV Correio (João Pessoa), irritou-se com uma possível falha técnica ao vivo durante o telejornal Correio Verdade e acusou a produção do programa de cortá-lo para que ele não possa dar opiniões políticas.

“Fica parecendo para o povo lá fora que estão tentando me calar para eu não falar da história de fechar o comércio. Fica feio para a minha produção e se estiver fazendo isso eu vou para minha casa, que eu não sou palhaço”, declarou o apresentador, que é também presidente do PTB na Paraíba e já criticou durante o programa ações do Estado e da Prefeitura de João Pessoa.

Em nota publicada no site da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas da Paraíba repudiou a atitude de Nilvan Ferreira: “O assédio moral cometido despropositada e gratuitamente pelo radialista/político demonstra arrogância, falta de ética e de senso de companheirismo. É lamentável que um apresentador, que é parte da equipe e não mais importante que ela, não tenha pudor de externar uma postura deplorável, desqualificando os esforços de quem atua nos bastidores para tornar possível a realização do programa”.

A entidade destacou as condições de trabalho da TV Correio que, segundo a nota, “têm promovido demissões em massa e obrigado aqueles que permanecem a exercer cargas horárias extensas e sem remuneração adicional. Entendemos as dificuldades impostas pela empresa e reconhecemos as frágeis condições de trabalho oferecidas aos jornalistas do Sistema Correio. Lutamos para que essa situação seja superada”.

 

Marcelo Queiroga defende inclusão de jornalistas nos grupos prioritários de vacinação

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga defendeu na semana passada a inclusão de jornalistas na lista dos grupos prioritários do Programa Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19. Ele declarou que submeteu o pedido de inclusão dos jornalistas à coordenação do PNI, mas a decisão final dependerá da análise de critérios epidemiológicos.

A ação do ministro vem depois de uma mobilização da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e de sindicatos de jornalistas de todo o País, que apresentaram dados sobre o alto grau de mortalidade entre os profissionais de imprensa em decorrência da Covid-19.

Segundo relatório elaborado pela Departamento de Saúde e Segurança da Fenaj, em 2021, até 2 de junho, foram registradas 155 mortes de jornalistas por Covid num período de 153 dias, representando um aumento de 277% na média mensal de mortes no comparativo com 2020. O mês com o maior número de casos foi março deste ano, com 51 mortes. Os estados com os maiores números de vítimas (ao todo 37,8% das ocorrências) são São Paulo (27), Rio de Janeiro (24), Pará (19) e Amazonas (17).

Leia também:

Bolsonaro: “Quem tiver covid procure William Bonner e Miriam Leitão”

Os jornalistas William Bonner e Miriam Leitão foram alvos de provocação por parte do presidente Jair Bolsonaro na manhã desta segunda-feira (21/6). Em conversa com apoiadores, Bolsonaro comparou os profissionais a médicos, e afirmou que a população deveria procurá-los em caso de contaminação por Covid-19. “Quem estiver com Covid sabe quem procurar agora, o doutor William Bonner. A doutora Miriam Leitão também é muito boa”, disse o presidente.

O ataque acontece pouco depois do editorial divulgado no sábado pelo Jornal Nacional em relação a maca atingida dos 500 mil mortos pela pandemia, e que foi lido por Bonner. Apesar de não citar Bolsonaro, o texto afirmou que os equívocos da gestão da pandemia estão em “entrevistas, declarações e atitudes” do governo.

Já Miriam Leitão escreveu em sua coluna no jornal O Globo, também sobre os 500 mil mortos, que o presidente é culpado. “Sim, Bolsonaro é culpado, e essa não é uma frase política, é a simples constatação diante de abundantes fatos produzidos diariamente por ele mesmo, o mais irresponsável dos governantes que o Brasil já teve”, diz a coluna.

(Com informações do Poder 360)

Insper lança pós-graduação em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling

O Insper abriu inscrições para a primeira edição do Master em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling. O programa de pós-graduação lato sensu é composto por duas certificações independentes, com seis meses de duração cada e carga total de 420 horas: a Certificação em Jornalismo de Dados e Automação, que se concentra nas habilidades de estatística e programação, e a Certificação em Data Storytelling, com foco em design da informação, visualização de dados e narrativas multissensoriais. 

É possível cursá-las em momentos distintos e, juntas, conferem ao aluno um diploma de pós-graduação lato sensu. Não há pré-requisitos para inscrever-se no programa, que vai contar com uma imersão na primeira semana de aula para passar as bases iniciais do jornalismo de dados e nivelar os conhecimentos necessários para as disciplinas obrigatórias. As inscrições vão até 14/7, e o início das aulas está previsto para 19 de julho.

Natália Mazzote

Natália Mazotte, coordenadora do Programa de Jornalismo e Comunicação do Insper, falou o Portal dos Jornalistas sobre os cursos, jornalismo de dados, métricas no jornalismo, o uso da tecnologia no jornalismo, o jornalista do futuro e a formação de jornalistas para a transformação digital das redações.

Portal dos Jornalistas − Tradicional pelos cursos de excelência em Administração, Direito, Economia e Engenharia, o Insper vem buscando uma aproximação com o Jornalismo há algum tempo e a criação do Master parece enquadrar-se nesse objetivo. Quais os planos da instituição nesse campo? Pensa-se outros projetos, inclusive na graduação?

Natália Mazotte − Nossa missão é ajudar a elevar a qualidade do debate público, e para isso olhamos os principais desafios do nosso atual ecossistema informacional e definimos alguns temas de atuação para os próximos anos: dados e automação, empreendedorismo, diversidade e despolarização. Esses temas vão aparecer em cursos de pós-graduação e de educação executiva, e também em programas de pesquisa aplicada, eventos conectando especialistas nacionais e internacionais e fellowships.

Portal − Temos hoje no Brasil vários projetos independentes no campo do jornalismo, muitos deles praticando o chamado jornalismo investigativo. São projetos praticamente sem fins lucrativos e que lutam pela sobrevivência recorrendo a financiamentos coletivos e não convencionais. Certamente são um público-alvo para um curso dessa natureza. Vocês terão preços diferenciados?

Natália − Nosso objetivo não é fazer cursos só para quem pode pagar, e isso está em linha com muitas outras áreas da escola. O Insper tem um amplo programa de bolsas que se estende ao jornalismo. Para o Master em Jornalismo de Dados, por exemplo, temos muitas bolsas parciais e integrais disponíveis, e queremos formar uma turma diversa, porque isso enriquece a experiência de todo mundo.

Portal − A propósito, quanto custará o curso e de que forma poderá ser pago?

Natália − O Master é dividido em duas certificações de um semestre, que podem ser cursadas separadamente. Então temos um preço que inclui as duas certificações, e outro para cada certificação avulsa. As informações sobre investimento e condições de pagamento podem ser consultadas na brochura do curso, disponível na aba de investimento.

Portal − O Insper concederá bolsas de estudo e, em caso positivo, quais as condições para as pleitear?

Natália − As informações estão todas na página do curso, mas as reproduzo aqui:

O Insper analisa a aderência do perfil do candidato ao perfil desejado para concessão de bolsa, tendo como base os seguintes aspectos:

  • Qualificação: Ter sido aceito no curso dentro do critério específico de seleção de alunos.
  • Diversidade: Considera a importância de ter candidatos que emprestem à turma distintas correntes de pensamento e experiências profissionais.
  • Impacto Social: A experiência profissional do candidato deve estar alinhada aos objetivos do programa. Ele deve possuir características que sugiram motivação pessoal e potencial de geração de impacto social.
  • Necessidade: A concessão da bolsa é condição necessária para a participação do candidato que, por conta de afazeres diversos, precisa de um estímulo extra para fazer o curso.
  • Comprometimento: Contribuir para o sucesso do programa, incluindo a obrigação de restituir os recursos recebidos na hipótese de interrupção do estudo (salvo se motivada por força maior).

Esta análise tem como base, além dos dados preenchidos pelos candidatos, a avaliação dos dados adicionais enviados:

  • Carta de intenção: Base para avaliação do potencial de impacto pelo candidato e da necessidade alegada para a concessão da bolsa.
  • Avaliação de perfil: São analisados experiência profissional, tempo de formado, nível de responsabilidade e influência na organização, entre outros.

Portal − Quantos alunos são esperados para essa primeira turma e quais os professores já confirmados?

Natália − Essa primeira turma terá até 25 alunos. Os professores já confirmados estão listados na página do curso. Os professores e respectivos currículos estão também na brochura que citei anteriormente.

Portal− Haverá convidados internacionais?

Natália − Vamos oferecer alguns webinários com convidados e provavelmente alguns deles serão internacionais, mas ainda não temos nomes confirmados.

Portal − As aulas serão todas ao vivo ou se pensa também num sistema de horários flexíveis, com o conteúdo disponível on demand?

Natália − Sim, as aulas terão horários fixos e serão síncronas, mas os conteúdos vão ficar gravados para alunos que eventualmente não puderem participar em alguma data ou que queiram rever uma aula.

Portal − Houve algum entendimento ou negociação com as empresas de mídia, pensando em grupos e preços diferenciados para elas?

Natália − Fechamos parcerias com as principais associações de jornalismo e comunicação do País, como ANJ, Aner, Abracom, Ajor e Abraji, para oferecer 15% de desconto aos colaboradores das associadas.

Portal − O Insper trabalha com patrocínios, que possam eventualmente subsidiar os preços finais das inscrições?

Natália − Sim, trabalhamos com patrocínios para cobrir bolsas parciais e integrais e ampliar o acesso aos nossos cursos.

Guia orienta jornalistas contra ataques virtuais

O guia traz instruções para jornalistas e criadores de conteúdo sobre como lidar com ataques no ambiente digital.
O guia traz instruções para jornalistas e criadores de conteúdo sobre como lidar com ataques no ambiente digital.

O InternetLab e o Redes Cordiais lançaram um guia de instruções para jornalistas e criadores de conteúdo sobre como lidar com ataques na internet. Falando sobre ataques online e trolls – Um guia para jornalistas e criadores de conteúdo na internet traz informações sobre o que são e como agem os trolls, o que são ataques online e quais os impactos e riscos quando associados ao poder de amplificação de jornalistas, influenciadores e produtores de conteúdos em redes sociais.

Para ajudar a evitar o aumento de conteúdos danosos e auxiliar comunicadores a falar sobre trolls no ambiente digital, o guia de 30 páginas aponta algumas estratégias de abordagem de minimização de danos e dicas para avaliação de relevância, se a notícia é ou não um fato.

O documento instrui o leitor a como agir caso seja vítima de ataques, aconselhando a guardar provas do assédio para que possam ser usadas em denúncias formais, contar com uma rede de apoio e contatar agências de checagem em casos que envolvam desinformação.

E mais:

Rafael Colombo deixa quadro da CNN por conflito com Alexandre Garcia

O apresentador Rafael Colombo, da CNN Brasil, que estava à frente do quadro Liberdade de Opinião, pediu para deixar o programa. Segundo o site F5 (Folha de S.Paulo), ele teria se sentido incomodado com a citação de Alexandre Garcia, que também participa do quadro, em um relatório do Google enviado à CPI da Covid sobre propagação de fake news.

Segundo fontes próximas a Colombo ouvidas pelo F5, o apresentador já estava descontente em realizar o quadro com Garcia pela postura negacionista e pró-governo do comentarista. Apesar da saída, Colombo continua à frente do jornal Novo Dia.

Em 12 de junho, o jornal O Globo publicou que o canal de Garcia no YouTube está no topo da lista de canais que lucraram ao publicar vídeos com notícias falsas, inclusive de apoiadores ao presidente.

Os dados do Google, enviados à CPI da Covid, mostravam que o comentarista lucrou ao menos R$ 70 mil com audiência e publicidade de vídeos contendo fake news. A lista mostra que, ao todo, 385 vídeos foram deletados pelo YouTube após serem classificados como disseminadores de informações falsas sobre a pandemia.

Em maio, Rafael Colombo e Alexandre Garcia tiveram divergências de opinião ao vivo. Colombo comentou uma fala do presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de editar decreto para garantir o direito de ir e vir durante a pandemia. Bolsonaro criticou o isolamento social e as medidas restritivas impostas pelos governadores e prefeitos. Garcia ficou do lado do presidente, enquanto Colombo, dos governadores e prefeitos.

Leia também: Participantes de audiência pública criticam EBC por censura

Governo Federal pagou R$ 120 mil em verbas públicas a Sikêra Jr., mostra CPI

A CPI da Covid revelou que recebeu um documento da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) que mostra que o governo federal pagou R$ 120 mil em verbas públicas para o apresentador Sikêra Jr. (RedeTV), amigo do presidente Jair Bolsonaro. Os pagamentos foram feitos de dezembro de 2020 a abril deste ano.

Segundo o documento, analisado pela Folha de S.Paulo, a quantia foi paga por meio de campanhas publicitárias para a empresa José Siqueira Barros Junior Produções, que pertence ao apresentador. Uma delas foi sobre cuidado precoce para a Covid-19, que orientava o público a buscar um médico nos primeiros sintomas. Nessa campanha, Sikêra recebeu R$ 24 mil.

Em setembro de 2020, a campanha Semana Brasil 2020, sobre a retomada da economia e dos empregos, rendeu ao apresentador cerca de R$ 16 mil. E outros R$ 80 mil foram pagos para outras campanhas, não relacionadas à pandemia.

Na quarta-feira (16/6), Sikêra Jr. comentou as revelações: “Estão questionando que o Sikêra recebeu dinheiro da Saúde. Recebi, do Ministério da Saúde, eu não trabalho de graça. Eu vivo de quê? De propaganda, né? (…) Eu sou um profissional, eu vivo disso, eu não tenho outra forma de viver, não. O que vier para mim. Eu anuncio vocês. Pagando? Leia a Folha de S.Paulo, assine”.

Sobre o caso, a RedeTV declarou à Folha que empresa de publicidade do apresentador é de responsabilidade dele.

Oslo, 15h50

O Reino da Noruega é reconhecido pelo Brasil como terra do bacalhau, dos vikings e da banda pop A-ha. Mas, em 22 de julho de 2011, o pacato país escandinavo foi alvo de triste referência ao tornar-se palco de dois insólitos atos terroristas, que até hoje descrevem o capítulo mais violento de sua história. Correu o mundo a notícia de que o nacionalista de direita Anders Behring Breivik desferiu solitariamente dois ataques, na capital Oslo e, duas horas depois, na Ilha de Utøya, matando ao todo 77 e ferindo outros 51. 

A civilizada nação nórdica ficou chocada. As manchetes dos jornais locais, quase sempre amenas – como o rumor sobre gravidez de uma princesa, por exemplo –, foram sequestradas por um cruel atirador. Diante desse novo e angustiante contexto, o governo norueguês alterou bruscamente o roteiro de viagem pré-agendada com grupo de seis jornalistas brasileiros, convidados a visitar sítios turísticos e empresas inovadoras e a conhecer in loco o modo de viver de um povo que goza de indicadores sociais invejáveis. 

Por uma semana, a press trip passou por Bergen, Ålesund, Trondheim e outras cidades. A estadia em Oslo, alvo do primeiro assalto de Breivik, foi encurtada e deixada apenas para o fim. Pousamos em Bergen em 14 de agosto e percorremos o interior norueguês nos dias seguintes. Só chegamos à capital na noite de véspera de regressar ao lar. Com voo marcado para a madrugada do dia seguinte, um domingo, não desistimos da pauta quente, apesar do drible que os nossos atenciosos anfitriões tentaram nos aplicar. 

Eu (Correio Braziliense), Janaina Lage (O Globo) e Bruna Siqueira Campos (Diário de Pernambuco) tomamos o metrô para o centro, rumo ao ground zero, com nossos planos de reportagem exclusiva. Chegando lá, apontei para a imagem que motivaria o lead comum de nossas matérias. O relógio na fronte do prédio avariado por bomba, ao lado do Ministério do Petróleo, parou em 15h50, hora da explosão. Nossos textos seguiram pouco depois e saíram nos jornais em 22 de agosto, um mês após o duplo atentado.

A despeito do isolado episódio de terrorismo, descobri na Noruega um lugar em que autoridades servem ao público, educação e saúde são para todos e bem-estar alia-se à satisfação profissional. Sem burocratas ou serviçais, o país líder em qualidade de vida nos dá lições. Lá, donos do capital e operários almoçam lado a lado, lavam pratos e dirigem o carro ou pedalam na volta para casa após jornada que acaba por volta de 16h. A distância de eleito e eleitor é mínima e até a família real é vista sem pompa em público.


Sílvio Ribas

A história desta semana é novamente uma colaboração de Sílvio Ribas, assessor parlamentar do senador Lasier Martins (Podemos-RS). 

Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

Participantes de audiência pública criticam EBC por censura

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foi alvo de críticas na audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, em 14/6, pela ausência de programações voltadas para o combate ao racismo.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que a reunião foi motivada por denúncias de que está existindo, dentro da EBC, uma censura em relação à temática do povo negro.

Ex-membro do Conselho Consultivo da empresa, cineasta e doutor em comunicação, Joel Zito Araújo disse que atualmente a EBC está desconectada da realidade brasileira, deixando de cumprir seu papel de comunicação pública: “Eu não vejo no jornalismo da atual EBC a preocupação que se tinha antes com problemas graves da sociedade brasileira, como o extermínio da juventude negra nas periferias brasileiras”.

O cineasta afirmou também que hoje vê a TV Brasil quase como uma televisão chapa branca: “Eu não vejo ali espelhado um esforço dessa televisão de estar conectada com a maior preocupação do Brasil neste momento, que é esse profundo desastre social com a morte de quase 500 mil brasileiros pela Covid. Eu não vejo a EBC envolvida em campanhas educativas para ajudar o brasileiro a se cuidar”.

Juliana Cézar Nunes, jornalista da EBC, declarou que é preciso resgatar os dez primeiros anos da empresa, quando era feita uma comunicação pública representativa da população brasileira de maioria negra, para que a emissora volte a ter um conteúdo de televisão pública de combate ao racismo.

Ao ser fundada, a empresa ficou responsável pelos canais de rádio e TV que eram dirigidos pela estatal Radiobrás e pela Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto. O objetivo da nova empresa era unificar e gerir as emissoras federais já existentes, instituindo o Sistema Público de Comunicação.

Roni Baskis, diretor-geral da EBC, disse que a produção da programação das emissoras de rádio e TV não segue determinações governamentais, assim como não há orientação para redução de conteúdos de qualquer temática: “Não existe qualquer orientação da direção da empresa de que tenha que ter diminuição desse tipo de conteúdo temático. Talvez a única emissora que cumpra toda a legislação com relação à abordagem do tema, inclusive na Semana da Consciência Negra, em novembro, seja a Empresa Brasil de Comunicação”.

Segundo Benedita, estamos vivendo um processo altamente ideológico e político que tem promovido uma série de atos de censura: “A discriminação que nós estamos assistindo, com o cancelamento de programas e de políticas públicas, censura em campanhas publicitárias e de comunicação, isso tem impactado principalmente as questões raciais”.

E mais:

Campanha tenta impedir compra de programa de espionagem pelo governo

Reportagem de Thiago Assunção, publicada nesta quinta-feira (17/7) no site da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), chamou a atenção para o lançamento de uma campanha criada por 35 organizações da sociedade civil, para tentar impedir que o Ministério da Justiça compre um programa de espionagem digital usado por governos para monitorar e invadir celulares.

O movimento surgiu após o Ministério da Justiça, no mês passado, ter cogitado adquirir no pregão eletrônico, entre outras ferramentas de espionagem, o programa Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group. Para especialistas ouvidos pela Abraji, o software pode violar o direito à privacidade e impactar o exercício do jornalismo no Brasil.

“Se o governo manifesta interesse em comprar essa tecnologia, sem definir os critérios de uso e como será feito esse controle, é bem preocupante para os jornalistas”, afirma Guilherme Amado, vice-presidente da Abraji. Para ele, os profissionais de comunicação têm o direito de manter o sigilo das fontes quando sabem que a informação é de extrema importância para as investigações jornalísticas.

Descoberto em 2016, o Pegasus foi criado para coibir a ação de criminosos e terroristas, mas também já foi utilizado por governos para invadir celulares e monitorar conversas de jornalistas e opositores políticos.

De acordo com reportagem do New York Times, isso teria acontecido no México, em 2017. Esse mesmo programa foi utilizado pelo governo saudita para espionar o jornalista Jamal Khashoggi, morto em 2018, no consulado da Arábia Saudita na Turquia.

O programa se assemelha a um vírus, que permite o rastreamento em segredo de todas as atividades registradas no celular infectado. É possível identificar mensagens digitadas, e não apenas as enviadas, além de acessar contas bancárias, redes sociais e e-mail. O Pegasus também permite que o celular infectado funcione como um espião remoto, pois consegue ativar o microfone para ouvir conversas, tirar fotos, acessar a localização e monitorar os sites navegados.

Para Amado, o interesse na compra dessas ferramentas gera insegurança: “A aquisição de um programa de espionagem ilegal, especialmente nas mãos desse governo, é alarmante, pois há indícios concretos de que a Abin possa estar sendo desvirtuada.”

Vale lembrar que reportagens publicadas por UOL e na Revista Época revelaram que órgãos do governo podem estar envolvidos em ações de espionagem. A do UOL mostra a ação sigilosa do governo para identificar professores e policiais que pertenciam ao chamado “movimento antifascismo”. Já o da Revista Época aponta que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu relatórios para subsidiar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) na anulação do caso Queiroz.

“Nenhum governo está autorizado por seu povo ou pela Constituição a espionar pessoas ou organizações. Isso desequilibra a correlação de forças e dá ao governo um poder incomparável, impossível de ser detido. A privacidade, a intimidade e os sigilos telefônicos e telemáticos são garantidos por lei no Brasil, e só podem ser violados em casos muito específicos, sob ordem judicial”, completa Amado.

Além da campanha on-line contra a compra da ferramenta, as organizações Conectas, Igarapé, Rede Liberdade, Sou da Paz e Transparência Internacional, que fazem parte do Pacto pela Democracia, apresentaram denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre irregularidades e ilicitudes na contratação do programa de espionagem.

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