A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foi alvo de críticas na audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, em 14/6, pela ausência de programações voltadas para o combate ao racismo.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que a reunião foi motivada por denúncias de que está existindo, dentro da EBC, uma censura em relação à temática do povo negro.

Ex-membro do Conselho Consultivo da empresa, cineasta e doutor em comunicação, Joel Zito Araújo disse que atualmente a EBC está desconectada da realidade brasileira, deixando de cumprir seu papel de comunicação pública: “Eu não vejo no jornalismo da atual EBC a preocupação que se tinha antes com problemas graves da sociedade brasileira, como o extermínio da juventude negra nas periferias brasileiras”.

O cineasta afirmou também que hoje vê a TV Brasil quase como uma televisão chapa branca: “Eu não vejo ali espelhado um esforço dessa televisão de estar conectada com a maior preocupação do Brasil neste momento, que é esse profundo desastre social com a morte de quase 500 mil brasileiros pela Covid. Eu não vejo a EBC envolvida em campanhas educativas para ajudar o brasileiro a se cuidar”.

Juliana Cézar Nunes, jornalista da EBC, declarou que é preciso resgatar os dez primeiros anos da empresa, quando era feita uma comunicação pública representativa da população brasileira de maioria negra, para que a emissora volte a ter um conteúdo de televisão pública de combate ao racismo.

Ao ser fundada, a empresa ficou responsável pelos canais de rádio e TV que eram dirigidos pela estatal Radiobrás e pela Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto. O objetivo da nova empresa era unificar e gerir as emissoras federais já existentes, instituindo o Sistema Público de Comunicação.

Roni Baskis, diretor-geral da EBC, disse que a produção da programação das emissoras de rádio e TV não segue determinações governamentais, assim como não há orientação para redução de conteúdos de qualquer temática: “Não existe qualquer orientação da direção da empresa de que tenha que ter diminuição desse tipo de conteúdo temático. Talvez a única emissora que cumpra toda a legislação com relação à abordagem do tema, inclusive na Semana da Consciência Negra, em novembro, seja a Empresa Brasil de Comunicação”.

Segundo Benedita, estamos vivendo um processo altamente ideológico e político que tem promovido uma série de atos de censura: “A discriminação que nós estamos assistindo, com o cancelamento de programas e de políticas públicas, censura em campanhas publicitárias e de comunicação, isso tem impactado principalmente as questões raciais”.

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