No canal, que tinha cerca de 74 mil seguidores no site e nas redes sociais, Oliveira denunciava casos de violência e crimes que ocorriam no bairro de Pirambu. A última postagem abordou a prisão de um suspeito de duplo homicídio ocorrido no domingo (6/2). Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o jornalista foi ameaçado para que não publicasse informações sobre criminosos da região.
Para Emmanuel Colombié, diretor do escritório regional da RSF para a América Latina, “as circunstâncias que sugerem uma relação direta entre a atividade jornalística exercida por Givanildo Oliveira e seu assassinato devem ser levadas a sério e consideradas como prioritárias na linha de investigação sobre o crime. As autoridades locais devem conduzir uma investigação rigorosa e transparente para identificar os autores e mandantes desse crime”.
A RSF declarou que vai acompanhar os desdobramentos do caso e pressionar as autoridades para que o autor do crime não saia impune. A entidade lembra também que Oliveira foi o primeiro jornalista assassinado no Brasil este ano e que, na última década, ao menos 30 comunicadores perderam a vida no País.
Vale lembrar que o Brasil ocupa a 111ª posição entre 180 países no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, elaborado pela própria RSF. O País está na zona vermelha, em que a liberdade de imprensa é considerada “difícil”.
O Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) terá formado inédito em 2022, ano em que a entidade completa 20 anos de existência. Pela primeira vez, o evento será híbrido, mesclando a parte online e a presencial, em São Paulo.
Nesta 17ª edição, será realizado durante cinco dias, de quarta-feira a domingo, entre 3 e 7 de agosto. Os dois primeiros dias, 3 e 4/8, serão online e gratuitos. Os três restantes, 5, 6 e 7/8, serão presenciais, na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), com inscrições pagas. No último dia do evento, ocorrerá o 4º Domingo de Dados, com oficinas e palestras sobre jornalismo de dados e bastidores de investigações ligadas ao tema.
O congresso terá a participação de referências nacionais e internacionais do jornalismo investigativo para debater técnicas de apuração, projetos inovadores, transparência pública, segurança profissional e outras questões relevantes para a democracia. A Abraji está recebendo ideias de palestras, cursos, oficinas, palestrantes e moderadores para o evento, e também para o Domingo de Dados. Interessados podem enviar sugestões por meio de formulário até 28 de fevereiro.
Iara Lemos,gaúcha radicada em Brasília, prepara para este mês de fevereiro o lançamento, em Lisboa, de seu primeiro livro, A Cruz Haitiana − Como a Igreja Católica usou de seu poder para esconder religiosos pedófilos no Haiti, já lançado no Brasil pela Tagore Editora.
Em décadas de pesquisas, ela apresenta fatos sobre a atuação da Igreja Católica no Haiti, denunciando que aqueles que mais deveriam ser da confiança da população usaram do prestígio trazido pela posição religiosa que obtiveram junto à Igreja Católica para negociar favores sexuais com crianças famintas.
A obra chega à Europa com o objetivo de fortalecer a luta de jornalistas e entidades ligadas aos direitos humanos, que têm unido forças para denunciar religiosos que cometeram crimes de pedofilia e foram escondidos embaixo dos tapetes das sacristias. A primeira parada fora do Brasil será em Lisboa, em 25/2, às 18h30, na Livraria da Travessa (rua da Escola Politécnica, 46); e no dia 27, às 16h, no Palácio Baldaya, com a presença da autora. Em novembro, a obra, traduzida para o francês, será lançada na Bélgica. Versão online do livro está disponível na Amazon.
Iara, 42 anos, é graduada em Jornalismo pela UFSM e especialista em História Política do Brasil. Também é mestranda em Estudo sobre Mulheres – Gênero, Cidadania e Desenvolvimento pela Universidade Aberta de Portugal. Atuou em Folha de S.Paulo, Rede Globo, IstoÉ e Grupo RBS. Venceu um Prêmio Esso, categoria Interior, e tem menção honrosa no Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, entre outros.
Em setembro de 2020, durante o lançamento do livro no Brasil, Iara Lemos concedeu uma entrevista à Kátia Morais, editora de Jornalistas&Cia em Brasília. Confira!
Últimos dias de inscrições para o programa de trainee para redatores do Grupo Empiricus, que oferece dez vagas para jornalistas recém-formados interessados em escrever e cobrir o mercado de investimentos e temas relacionados a economia e finanças. As inscrições vão até a próxima segunda-feira (21/2).
O Grupo Empiricus engloba a casa de análise Empiricus, a corretora Vitreo, os portais Seu Dinheiro e Money Times, e a startup Real Valor. Os selecionados atuarão em São Paulo, de março a junho de 2022. Para participantes de outros estados, o programa oferece bolsa-auxílio, auxílio moradia e outros benefícios. Ao final do projeto, haverá a possibilidade de efetivação.
A ideia do programa é preparar profissionais de modo a que estejam prontos para cobrir o mercado de investimentos, que está em constante evolução: “Buscamos jovens com motivação e talento para aprender junto com a gente os caminhos do setor, que segue em larga expansão”, explica Thiago Veras, diretor de RH da Empiricus. “(…) O programa de trainee pode ser porta de entrada para uma carreira no mercado financeiro, vemos nele muito potencial para encontrar grandes novos talentos”.
Tiago Leifert comentará no YouTube neste sábado (19/2), a partir das 18h30, o jogo entre Corinthians e Botafogo de Ribeirão Preto pelo Campeonato Paulista. Será a estreia do jornalista na função e seu primeiro trabalho fora da Globo, de onde saiu no ano passado após 15 anos de casa. Segundo Cristina Padiglione (Folha), a participação será como convidado, sem compromisso para futuras transmissões.
A partida marca o retorno de Leifert aos esportes. Ele iniciou a carreira aos 16 anos, como repórter do Desafio do Galo, torneio de várzea de São Paulo. Na Globo, foi editor e apresentador do Globo Esporte. Posteriormente, migrou para a área de entretenimento e apresentou The Voice Brasil e Big Brother Brasil. Ele também foi narrador da versão em português do jogo FIFA, de 2013 a 2020.
Em comunicado enviado à imprensa, Leifert declarou: “Eu me sinto muito feliz de participar de novo de uma transmissão de futebol! A última vez foi dentro de um videogame. Na vida real, faz uns 13 anos! Bom demais estar de volta. E outra: vai ser a minha primeira vez comentando ao vivo um jogo, antigamente eu era repórter”.
O jogo terá narração de Chico, do canal Desimpedidos, e comentários dos ex-jogadores Dodô e Milene. A partida faz parte do acordo do YouTube com a Federação Paulista de Futebol para transmitir gratuitamente jogos do Paulistão. De 2022 até 2024, o YouTube exibirá 16 partidas do torneio por temporada, incluindo uma das semifinais e as duas finais.
A ideia agora está se estendendo a encontros corporativos e atividades como coletivas de imprensa e congressos, que começam a ressurgir depois do período de trevas que alguns países viveram em 2021.
Mesmo sem as restrições do ano passado, vários encontros estão adotando este ano o formato combinado, oferecendo a possibilidade de participar ao vivo ou virtualmente.
Para quem gosta da ideia, aqui vai mais um argumento: eventos híbridos podem ser mais sustentáveis − desde que algumas regras sejam seguidas.
Essa foi a constatação de um estudo publicado na revista Nature Communications, provando em números que as conferências virtuais ou híbridas têm o potencial de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
O tamanho do negócio é gigante. Os cinco autores citam um levantamento da Oxford Economics constatando que em 2017 os eventos empresariais mobilizaram 1,5 bilhão de pessoas de 180 países, demandaram US$ 2,5 trilhões em investimentos e contribuíram com 26 milhões de empregos.
Mesmo com o abalo causado pelo pandemia, a previsão é otimista. A Allied Market Research tinha avaliado há dois anos a indústria de eventos em US$ 1.135,5 bilhões. Em janeiro passado, projetou aumento de 11% até 2028.
Um grande negócio, mas também um grande problema ambiental, com megaestruturas e uma multidão de participantes cruzando os céus.
O tamanho do problema
Segundo os autores do trabalho, até agora esse impacto não tinha sido quantificado.
O que eles fizeram foi medir os efeitos de alimentação, acomodação, preparação, execução, tecnologia da informação e comunicação e transporte.
Depois de muitas contas, gráficos e tabelas, a conclusão foi de que a transição da conferência presencial para a virtual tem o potencial de diminuir a pegada de carbono em 94% e o uso de energia em 90%.
Se o evento tiver 50% de participação presencial, a pegada de carbono e o uso de energia podem ser reduzidos em dois terços.
Mas não basta trocar uma coisa pela outra. O estudo faz recomendações sobre como atingir esses resultados.
Uma delas é a descentralização. Os pesquisadores sugerem que conferências com mais de 50% de participação presencial devem ter hubs em diferentes localidades, a fim de reduzir deslocamentos.
Além disso, mudar o cardápio do coffee break de encontros presenciais para dietas baseadas em vegetais e melhorar a eficiência energética de tecnologia da informação e comunicação nos virtuais podem reduzir ainda mais a pegada de carbono.
Networking x Inclusão
Como tudo na vida, trocar o formato presencial por um modelo híbrido ou totalmente virtual traz vantagens e desvantagens.
A perda óbvia é o networking. Algumas conferências até criaram atividades de socialização online, mas elas não substituem a conversa do cafezinho.
Por outro lado, atividades virtuais e híbridas são mais inclusivas e podem alcançar mais público.
Uma pesquisa feita pela Nature Communications entre seus assinantes em março de 2021 revelou que 74% dos acadêmicos preferiam continuar com reuniões científicas somente virtuais ou ter uma opção virtual, apesar da “fadiga do Zoom”.
O motivo relatado foi a descoberta de que depois o isolamento da pandemia permitiu participar de mais eventos e apresentar mais trabalhos do que naquela era distante em que viagens eram permitidas, mas limitadas pelo tempo e pelos custos altos.
O mesmo raciocínio pode valer para reuniões de empresas, conferências de negócios e apresentações para a imprensa.
Juntando-se a isso o benefício em potencial para a mudança climática, o dicionário de palavras mais populares de 2022 pode ganhar um novo vocábulo: depois do trabalho híbrido, a conferência híbrida.
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Henrique Repiso (esq.), Salvador Silva e Nelson Rodrigues
O Grupo CDI, décimo maior em faturamento da comunicação corporativa no País, segundo o Anuário da Comunicação Corporativa (R$ 37,2 milhões – base 2020), acaba de dar um novo passo para melhorar seu posicionamento no Ranking das Agências.
Ao incorporar, numa operação de troca de ações, a NR7, especializada nas áreas de tecnologia, inovação e empreendedorismo, e a Seven PR, seu outro braço de mercado, focada em startups em estágio inicial (early stage), a holding passa a integralizar faturamento superior a R$ 50 milhões, portfólio com 240 clientes e 235 colaboradores.
Com isso, a depender dos números de 2021, ainda não disponíveis, poderá ganhar uma ou duas posições no ranking geral, além de consolidar a segunda colocação entre os grupos nacionais.
O movimento une Antonio Salvador Silva, presidente do Grupo CDI, Nelson Rodrigues, fundador e líder da NR7 e da Seven PR, e Henrique Repiso, um dos articuladores do negócio, que foi da CDI por quase 12 anos, antes de migrar para a NR7.
Henrique Repiso (esq.), Salvador Silva e Nelson Rodrigues
Em comunicado distribuído nesta quinta-feira (17/2), Salvador destaca a complementaridade de atuação das duas organizações e dá pista de que continuará indo às compras: “A ideia é que novos movimentos como esse sejam feitos nos próximos meses”.
As agências NR7 e Seven PR, que fecharam 2021 com faturamento de R$ 14,7 milhões e 169 marcas − como Locaweb, WDC Networks, Cel.Lep, Sami, Adventures Inc, Facily, Clara, Pier, Elo7, Bling e Flores Online −, serão integradas à holding, que conta também com as empresas CDI Comunicação, Sallero e Manacá Filmes.
Segundo o comunicado, “as organizações permanecerão independentes, preservando a autonomia das operações, com sinergia entre as áreas de back office do grupo. Nelson, que há 12 anos fundou a NR7, fará parte do board, e Henrique, diretor executivo, assume como CEO da NR7”.
Nessa nova configuração, o grupo terá condições de atender, debaixo do mesmo guarda-chuva, a empresas em estágio inicial, mais maduras e também enterprises. Além disso, informa que “colocará à disposição do mercado uma rede internacional de agências e consultores de diversos setores da economia”.
Reportagem do Núcleo Jornalismo denunciou ao menos setes grupos públicos de exploração sexual infantil no Facebook, em português, encontrados com certa facilidade. A repórter Laís Martins, que assina o texto, enviou os grupos que encontrou à rede, que os excluiu. Alguns estavam em operação há anos.
A reportagem mostra que os grupos, com milhares de membros, podiam ser acessados por qualquer usuário e eram utilizados para aliciamento de menores, mostrando conteúdo de conotação sexual referindo-se a crianças e adolescentes.
As duas maiores comunidades somavam juntas quase 40 mil membros. Em um ano, tiveram cerca de 386 mil interações em 21 mil posts. Segundo a reportagem, a existência e a continuidade de grupos públicos como esses “sugere que, apesar de ser prioridade declarada da empresa, os sistemas de moderação do Facebook ainda são insuficientes no combate absoluto contra abuso sexual infantil em sua principal plataforma, pelo menos no Brasil e em português”.
Após a publicação da reportagem do Núcleo Jornalismo, o Facebook removeu os sete grupos citados. Em nota enviada por e-mail, a Meta, empresa dona da rede social, escreveu: “Não permitimos que nossas plataformas sejam usadas para colocar crianças em perigo. Nossos esforços para combater a exploração infantil se concentram na prevenção de abusos, detecção e denúncia de conteúdos que violam nossas políticas e também no trabalho com especialistas e autoridades para manter as crianças seguras”.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou nessa terça-feira (15/2) parcerias com as principais plataformas digitais para combater fake news, com foco nas eleições deste ano. Fazem parte do acordo Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai. O TSE ainda negocia com LinkedIn, mas não conseguiu contato com o Telegram.
As plataformas assinaram entendimentos individuais, levando em conta as particularidades de cada rede, que listam ações, medidas e projetos desenvolvidos em conjunto com o TSE para combater a desinformação e impedir que publicações enganosas ganhem grande proporção e possam comprometer a legitimidade e a integridade das eleições. As ações continuarão mesmo após o período eleitoral, até 31 de dezembro.
Redes como TikTok, Facebook e Instagram seguirão removendo postagens com conteúdo nocivo. Daniele Kleiner Fontes, chefe de políticas públicas do Twitter, declarou que a rede não depende “apenas de decisões binárias de remoção e ou exclusão de conteúdo, pois sabemos que oferecer a pessoas o contexto adequado é também uma ferramenta eficaz e importante para combater a desinformação”.
Já o WhatsApp continuará a suspender contas que apresentem “atividade inautêntica”. Segundo Dario Durigan, representante do aplicativo, o WhatsApp suspende mais de 8 milhões de contas por mês ao redor do mundo. Para ele, as eleições brasileiras são as mais importantes para o WhatsApp no mundo em 2022.
O Google declarou que publicará relatório de transparência de anúncios políticos. Marcelo Lacerda, diretor de relações governamentais da empresa no Brasil, explica que os relatórios darão “visibilidade sobre quem contratou esses anúncios, quanto pagou, para quem esses anúncios foram servidos e quais os parâmetros utilizados para a segmentação desses anúncios”.
Outras iniciativas que serão realizadas pelas plataformas consistem em trazer informações oficiais sobre o processo eleitoral para os usuários.
Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, a iniciativa servirá para garantir eleições mais seguras, limpas e sem mentiras ou discursos de ódio: “Acho que renderá bons frutos para que a gente possa empurrar as fake news, a desinformação e as teorias conspiratórias para a margem da história e permitirmos um debate público de maior qualidade”.
Vale lembrar que, desde o começo do ano, Barroso vem criticando o Telegram por não possuir representação no Brasil e não se submeter às leis brasileiras. O aplicativo, que até o momento não faz parte da parceria, é frequentemente utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
A Polícia Civil de Santa Catarina indiciou o homem suspeito de ameaçar o editor executivo do Intercept Brasil Leandro Demori e sua família em Balneário Camboriú. O caso ocorreu em 9 de janeiro, durante as férias do profissional. Ele, a esposa e o filho de apenas três anos saiam de uma mercearia quando um homem os seguiu, aproximou-se de Demori e disse “se liga que a vida do teu filho depende de ti”. Logo em seguida, deu a volta e entrou em outra rua.
O delegado David Queiroz, responsável pelo inquérito, explicou que não foi possível identificar motivação de cunho ideológico-político no ocorrido, e, portanto, o crime imputado ao suspeito foi de ameaça. O suspeito não teve a identidade revelada e não explicou o motivo da abordagem ao jornalista, mas negou que se tratava de uma ameaça. O inquérito foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal. A Justiça ainda pode determinar novas diligências.
Desde 2019, Demori anda com seguranças devido a ameaças que passou a receber, especialmente após a publicação da série de reportagens sobre os arquivos da Vaza Jato. Vale lembrar que, segundo o Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil– 2021, da Federação Nacional dos Jornalistas, no ano passado o número de violações contra jornalistas e a imprensa em geral bateu recorde, chegando a 430 casos.