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sábado, junho 21, 2025

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Capitais brasileiras promovem protestos pela libertação de Julian Assange

Seis capitais brasileiras tiveram nesta sexta-feira (25/2) protestos em favor da libertação do jornalista Julian Assange, fundador do Wikileaks, que tornou públicos documentos secretos sobre violações cometidas pelo governo dos Estados Unidos contra populações e governos, como brutalidade das operações militares em Afeganistão e Iraque. O ativista é perseguido pelos EUA há 12 anos.

As mobilizações ocorreram em São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e em diversos outros países. Em paralelo às mobilizações, jornalistas, políticos e juristas realizarão em Nova York o Tribunal de Belmarsh, inspirado no Tribunal Russell-Sartre, de 1966, para cobrar a libertação de Assange. A mobilização internacional é articulada por Assembleia Internacional dos Povos (AIP) e Internacional Progressista.

Assange está sendo acusado de crimes de conspiração e espionagem pelo governo estadunidense, e poderia pegar até 175 anos de prisão. Em janeiro, a justiça britânica acatou uma ação movida pelo ativista, que poderá recorrer à Suprema Corte do Reino Unido contra sua extradição para os Estados Unidos.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Giovani del Prete, secretaria operativa da AIP, disse que a mobilização “é uma luta anti-imperialista, é uma luta fundamental no que diz respeito a revelações da verdade sobre os crimes de guerra. Imagina só se Assange estivesse revelando crimes de guerra da China, por exemplo? Ele estaria sendo tratado pelos EUA como um herói. Agora, como ele está revelando crimes de guerra dos EUA e seus aliados, tem essa perseguição política”.

Folha de Londrina aprova estado de greve por atrasos salariais

Folha de Londrina aprova estado de greve por atrasos salariais

Jornalistas da Folha de Londrina decretaram estado de greve devido ao atraso de salários, incluindo o 13º de 2021, como forma de protesto à situação. Os profissionais aprovaram paralisação de um dia, cuja data ainda será definida.

Segundo informações da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a própria empresa vem pedindo que os jornalistas fiquem quietos e não façam barulho: “O gestor, Nicolás Mejía, parece mais preocupado em camuflar a forma desastrosa com que conduz a empresa do que realmente com seus trabalhadores, que de vítimas de um ‘calote’ estão virando ‘caloteiros’, por não terem como pagar suas próprias dívidas”.

Os atrasos salariais teriam começado em 2019. Agora em fevereiro, Mejía solicitou em reunião interna que os profissionais tolerem o que tem sido feito na gestão da Folha de Londrina, dizendo frases como “o pior ainda não chegou”, enxergando um futuro com “possibilidades”, apenas, entre outros.

O Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) vem acompanhando o caso e já protocolou denúncias no Ministério Público do Trabalho. A entidade destaca que nem o sindicato nem os jornalistas têm acesso à situação financeira real da Folha de Londrina. Foi distribuída na Justiça uma ação que envolve o atraso e o parcelamentos de salários, com pedidos de obrigação de regularização e danos morais coletivos.

“Ninguém quer que a Folha de Londrina feche, mas Nicolás Mejía precisa parar de ‘confiar’ e ‘acreditar’ que o futuro será melhor, indo além de promessas vazias”, declarou o Sindijor em assembleia extraordinária com os jornalistas, em 10 de fevereiro. “Priorizar resultados ‘a nível de mercado e a nível financeiro’ de verdade, não tornando ainda mais difícil a situação crítica da empresa com a sua gestão”.

Jovem Pan News exibe imagem de jogo e credita a ataques na Ucrânia

Não passou despercebida nas redes sociais a gafe cometida pela Jovem Pan News, que nesta quinta-feira (25/2) exibiu imagens de um jogo como se fossem da invasão russa à Ucrânia.

Durante a exibição do Jornal da Manhã, por volta das 9h, o comentarista Luís Artur Nogueira falava sobre os possíveis impactos do conflito na economia. Ao seu lado, com a tela dividida, eram exibidos vídeos de ataques com mísseis contra um avião. As imagens, porém, faziam parte do jogo de videogame Arma 3.

O jogo, curiosamente, se passa na década de 2030, envolvendo uma operação fictícia em que militares da OTAN entravam em confronto “inimigos do leste” liderados pelo Irã e apoiados por uma coligação entre países do Oriente Médio e da Ásia.

Os trechos que foram ao ar na Jovem Pan como se fossem cenas de guerra reais viraram piada na internet, principalmente por parte de gamers, que logo identificaram o erro. No Twitter oficial do canal, o vídeo foi retirado do ar depois de algumas horas, mas ele ainda está disponível em outras contas.

Confira:

 

RSF aponta como superar falhas dos programas de proteção a jornalistas na América Latina

A RSF lançou em 22/2 o relatório Sob Risco - Como superar as falhas dos programas de proteção a jornalistas na América Latina.
A RSF lançou em 22/2 o relatório Sob Risco - Como superar as falhas dos programas de proteção a jornalistas na América Latina.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lançou em 22/2 o relatório Sob Risco – Como superar as falhas dos programas de proteção a jornalistas na América Latina. Como resultado de uma pesquisa feita em parceria com a Unesco, em 2021, nos quatro países mais perigosos para a imprensa na região − México, Honduras, Colômbia e Brasil −, o estudo busca avaliar o impacto de medidas de proteção para jornalistas ameaçados pelo Estado.

Para construção do relatório, que contém diagnósticos e recomendações, foram entrevistados 75 atores de diferentes esferas, a exemplo de beneficiários, responsáveis pela implementação dos mecanismos de proteção e representantes de organizações da sociedade civil que trabalham com a questão.

Emmanuel Colombié, diretor do escritório da RSF para a América Latina, afirma que “os jornalistas da América Latina não podem mais ser alvos. É urgente interromper esta espiral de violência que tem consequências dramáticas para as democracias da região.”

Ao retratar uma perspectiva regional sem perder as características de cada país, o estudo aponta ainda que a responsabilidade de proteção dos jornalistas deve ser mais bem compartilhada entre as autoridades federais e estaduais. Segundo o documento, é urgente a elaboração de procedimentos e protocolos nacionais que levem em conta a diversidade dos profissionais, para melhor compreensão de suas necessidades individuais e coletivas.

Quartel d’Abrantes

Quartel d’Abrantes

Por Antonio Carlos Seidl

Sempre fui um grande fã de comédias. Um gênero que consagrou artistas hilariantes nas telas. Quem nunca morreu de rir com as comédias-pastelão, com as situações engraçadíssimas e surreais vividas pelo Gordo e o Magro, Carlitos, pelos Irmãos Marx, por Abbott e Costello…

Nos anos 1990, passei a incluir entre meus comediantes favoritos uma absolutamente improvável dupla, formada pelo mais longevo rei à espera do trono, o príncipe Charles, e pelo aclamado “comediante dos comediantes” da Grã-Bretanha, John Cleese, destaque do grupo britânico de comédia nonsense Monty Python.

Eu os vi contracenando num sketch de comédia soi-disant verde. Foi − segundo se tem notícia − o único ato de todos os tempos dessa singular dupla de estrelas. Num vídeo de 15 minutos, intitulado Grime Goes Green (Grime se Torna Verde), John Cleese faz o papel de um mal-humorado industrial, chamado James Grime. Na cena central da fita, ele rejeita a acusação de que sua empresa estaria poluindo o meio ambiente, mas é aconselhado por assessores a preparar a fábrica para uma iminente visita de inspeção a ser feita por um membro da monarquia britânica.

Em seguida se dirige, aos gritos, a um visitante sentado numa poltrona na sala de espera, que lê, encoberto pelo jornal bem aberto, bradando que não vai mudar sua empresa por causa de “monarcas bisbilhoteiros”. Grime para de gritar, constrangido, em meio a uma frase, quando o visitante abaixa o jornal, revelando ser His Royal Highness Charles Philip Arthur George, Prince of Wales.

Charles (terceiro, a partir da esquerda) e Cleese (extrema direita), com integrantes do elenco do filme

“Aquela importante visita real que o senhor estava esperando, o senhor acaba de recebê-la”, diz o príncipe a um envergonhado James Grime. E repreende o businessman poluidor, com humor seco, sarcástico, e uma expressão cênica à altura de um Buster Keaton, mas com voz:

“Se todos os empresários forem esperar uma visita real para pôr fim às suas atividades nocivas ao meio ambiente, nós não chegaremos a lugar nenhum… Cuidar do meio ambiente deve se tornar um componente fundamental da boa prática empresarial”.

O filme foi exibido pela primeira vez durante um almoço de lançamento do Guia do Empresário Verde, pela organização ambientalista Business in the Environment, presidida pelo príncipe Charles. Assim, Charles tornou-se o primeiro membro da família real a falar em um filme de ficção. A ideia foi dele, com o apoio de John Cleese, que àquela época produzia filmes humorísticos para treinamento de executivos.

Cleese disse que achava muito fácil representar um empresário: “Ser simpático, um tanto cruel e incompetente é a coisa mais natural para mim”, afirmou com seu característico tom sarcástico.

A pré-estreia do filme que uniu o Monty Python à Coroa, em defesa do meio ambiente, foi em 8 de novembro de 1990 no Hotel Café Royal, ou “The Café”, na Regent Street, um dos mais requintados restaurantes de Londres, predileto de muitos nomes famosos da vida britânica, das artes à política, entre eles, em tempos passados, Oscar Wilde e sir Winston Churchill, sempre saboreando charutos cubanos Romeo y Julieta e sorvendo champanhe Bel Roger.

Presente ao convescote como representante da Folha de S.Paulo, enviei reportagem para a Redação, que teve uma chamada na primeira página: “Charles vira ator contra a poluição”, ao lado de uma foto colorida do príncipe Charles contracenando com o ator John Cleese no vídeo ambientalista para empresários.

Em seu discurso, o príncipe Charles disse que a defesa do meio ambiente também é um bom negócio. E, num tom de advertência, afirmou: “As pressões para a tomada de medidas ambientais não vão cessar, e os custos da inércia poderão ser ainda mais altos, em termos da perda de negócios e de competitividade.”

Essas declarações foram publicadas em 16 de novembro de 1990. Muito tempo se passou, mas continua tudo como dantes no quartel d’Abrantes: corremos o risco de um holocausto ambiental, convivendo com uma realidade perversa de desastres ecológicos, descaso com a natureza, desmatamento, queimadas, poluição dos rios, efeito estufa, negligência das empresas e dos governos com o meio ambiente em todo o mundo… Exxon Valdez, Tokaimura, Deep Water Horizont, Ultracargo, Samarco, Vale, Mariana, Brumadinho … Três décadas depois, há algo mais atual? Nihil sub sole novum… (Nada de novo sob o sol)

P.S.: Exemplares de O beijo na calçada – Crônicas extraordinárias de um repórter ordinário, com dedicatórias exclusivas e frete grátis, podem ser encomendados pelo correio eletrônico do autor: antonioseidl@gmail.com.


Antonio Carlos Seidl

A colaboração desta semana é do jornalista e escritor Antonio Carlos Seidl. Ele acaba de lançar O beijo na calçada − Crônicas extraordinárias de um repórter ordinário, livro que reúne 40 textos independentes, dos quais selecionou para este Memórias a versão resumida de uma das crônicas.

Formado pela UFRJ, com mestrado na London School of Economics, foi editor assistente do Serviço Brasileiro da BBC de Londres, repórter e correspondente da Folha de S.Paulo em Londres e assessor de imprensa do HSBC Bank Brasil. É também autor de Do palácio ao bordel – Crônicas e segredos de um jornalista brasileiro em Londres (Grua Livros − 2018).

Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

Grupo RBS paga Plano de Participação de Resultados de 2021

O Grupo RBS anunciou para seus colaboradores o Plano de Participação de Resultados (PPR) de 2021. A partir da superação de 30% do EBITDAP (sigla que em português significa lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) orçado, a empresa distribuirá, em março, R$ 24,2 milhões, o que significa 2,33 salários por colaborador.

O ano passado foi de recuperação econômica para o grupo por causa da crise gerada pela pandemia de Covid-19. Em agosto, ao realizar mais de 50% do EBITDAP orçado no primeiro semestre, a empresa já havia antecipado 0,5 salário para os funcionários. O anúncio foi motivo de comemoração na empresa.

Com informações do Coletiva.net. 

Justiça decreta fim da recuperação judicial do Grupo Abril

O juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, decretou o fim da recuperação judicial do Grupo Abril, iniciada em agosto de 2018. O grupo é dono da editora Abril, que publica as revistas Veja, Capricho, Você S/A, entre outros títulos.

No processo de recuperação, a Abril declarou havia acumulado cerca de R$ 1,6 bilhão em dívidas. Segundo a sentença de encerramento, até setembro do ano passado, 100% dos créditos em dólares e 99,4% dos valores em reais haviam sido pagos.

O encerramento, porém, segundo o juiz Oliveira Filho, não significa o fim de processos paralelos à ação principal, que não serão prejudicados, pois todos os pagamentos tiveram que ser incluídos no plano de recuperação feito pela empresa em 2019. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, caso alguma obrigação do plano de recuperação não seja cumprida, os credores podem pedir a falência do grupo na Justiça ou a execução da dívida.

Nos últimos anos, para cobrir a dívida, o Grupo Abril vendeu alguns de seus ativos. Em dezembro de 2019, por exemplo, vendeu a marca Exame por R$ 72,3 milhões para o BTG Pactual. E em maio do ano passado, a sede da editora Abril na marginal Tietê, em São Paulo, foi comprada pela família Fares, dona das lojas Marabraz, por R$ 118,7 milhões.

Jornalismo online cresce no Brasil

O jornalismo digital no Brasil teve, em 2021, um crescimento de 34% em comparação aos últimos três anos, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (23/2) pelo Atlas da Notícia, iniciativa que mapeia veículos jornalísticos no território brasileiro.

Na liderança do segmento de notícias no País, os veículos de mídia online ultrapassam os crescimentos de rádio (33,5%), impresso (23,4%) e televisão (9,1%).

Esse aumento fez com que os desertos de notícias, classificados pela entidade como sendo as regiões sem cobertura significativa da imprensa, tivessem uma queda de 9,5% em comparação com 2020.

Em entrevista ao Poder360, Sérgio Lüdtke, coordenador da pesquisa, afirmou que o impacto de um deserto de notícias é a dependência das pessoas das notícias de grupos de WhatsApp e sites de prefeituras, o que é danoso para a democracia.

“A falta de fiscalização do poder e a dependência só da versão do poder são muito ruins para democracia, muito ruins para que as pessoas formem suas opiniões sobre o que está acontecendo no lugar onde vivem”.

No Brasil, 47% dos municípios possuem ao menos um veículo de jornalismo, o que soma um total de 2.602 cidades. De acordo com a pesquisa, esses municípios representam 182 milhões de pessoas, ou 86% da população brasileira.

Com 13.734 veículos mapeados nesta edição, o Atlas mostrou ainda que, com aproximadamente 4.670 veículos digitais, em 2021 o Brasil teve o fechamento de 79 veículos jornalísticos, sendo a maior parte de impressos.

3º Festival 3i abre inscrições a anuncia programação

Festival 3i será presencial, de 5 a 7 de maio, no Rio de Janeiro

A terceira edição do Festival 3i já está com inscrições abertas. O evento, totalmente online e gratuito, reúnirá renomados nomes do jornalismo brasileiro e internacional para debater o jornalismo digital. O festival é organizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), à qual este Portal dos Jornalistas é associado, com o apoio de Google News Initiative e Meta Journalism Project.

O evento será realizado de 15 a 25 de março, em formato multiplataforma. Os participantes poderão interagir, compartilhar desafios e trocar experiências, além de terem contato com as últimas tendências do empreendedorismo na comunicação, novos modelos de negócios, narrativas e práticas.

Ao todo, serão 40 horas de programação, transmitidas no YouTube e no Facebook do Festival 3i, divididas em cinco grandes temas: democracia, empreendedorismo, diversidade, meio ambiente e distribuição, com a presença de nomes como Jon Lee Anderson (New Yorker), Rosental Calmon Alves (Centro Knight para o Jornalismo nas Américas e Cátedra Unesco em Comunicação), Eliane Brum, Alison Bethel McKenzie (Report for America), Kátia Brasil (Amazônia Real), Maristela Crispim (Eco Nordeste), Janine Warner e Mijal Iastrebner (SembraMedia), Ale Higareda (Malvestida.com), Felipe Estefan e Nishant Lalwani (Luminate), entre outros.

A programação foi pensada e organizada por um grupo de 21 organizações associadas à Ajor: Aos Fatos, Maré de Notícias, Agência Mural, Projeto #Colabora, Revista AzMina, Marco Zero Conteúdo, Gênero e Número, ((o))eco, Nós, Mulheres da Periferia, Nexo Jornal, Ponte Jornalismo, Notícia Preta, Agência Eco Nordeste, Agência Envolverde, Énois, PerifaConnection, Alma Preta, Agência Amazônia Real , Matinal Jornalismo, Núcleo Jornalismo, Regra dos terços e Revista Imprensa.

Confira a programação completa e inscreva-se aqui.

Crises na CNN não são só da emissora, mas também da mainstream media

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Se houvesse uma eleição para escolher o jornalista que mais perdeu em 2021, Chris Cuomo ganharia fácil. Mas ele não foi o único perdedor de uma história que envolve tráfico de influência, assédio sexual e práticas jornalísticas questionáveis.

Saem chamuscadas também a sua empregadora, a CNN, e a instituição imprensa, que vive um declínio de credibilidade com potencial de ser agravado por episódios dessa natureza.

Cuomo perdeu o assento de âncora de um programa no horário nobre devido a uma “consultoria informal” ao irmão Andrew, ex-governador de Nova York, que renunciou por denúncias de assédio sexual.

Perdeu ainda um programa de rádio e um contrato com a HarperCollins para escrever um livro sobre a era Trump.

Consta que briga para tentar receber o restante do contrato com a TV, o que pode ser dificultado pela revelação de que o motivo real da dispensa foi uma denúncia de assédio sexual.

Em uma maré de azar, a emissora teve que administrar ao mesmo tempo o desligamento de seu CEO, Jeff Zucker, e em seguida da diretora de marketing com quem o executivo mantinha um relacionamento “meio secreto”.

No entanto, o motivo da saída de Allison Gollust não foi o romance, e sim seu envolvimento na história dos Cuomo. Ela teria facilitado a vida do ex-governador, para quem já havia trabalhado, acertando o teor de perguntas em entrevistas dadas por ele à emissora.

Crises na CNN não são só da emissora, mas também da mainstream media
Jeff Zucker, Allison Gollust e Chris Cuomo

Lamestream media

A CNN é reconhecida pela excelência de seu jornalismo. Mas entrou no alvo de uma parcela dos americanos insuflada por Donald Trump a desacreditar na mainstream media.

O ex-presidente, que passou o mandato espezinhando a emissora, tem deitado e rolado com as confusões que a envolvem.

Até quem é da casa acusa o golpe. No domingo, o comentarista de mídia Brian Stelter, que trocou o New York Times pela CNN, disse que seu empregador vivia uma “bagunça legal”.

Ainda é cedo para medir a extensão dos danos à rede, enfrentando uma crise de governança na reta final da fusão de sua dona WarnerMedia com a Discovery. E perto do lançamento de seu streaming CNN+.

Só que ela não é a única atingida. A crise transborda para o jornalismo dos grandes conglomerados.

Eles reinavam absolutos até serem desafiados pela descentralização da produção de notícias via redes sociais. E pelo que se tornou um pesadelo para editores: a fadiga de notícias.

Fadiga de notícias nacionais

A crise da CNN acontece no momento em que o jornalismo político dos EUA nunca enfrentou tamanho desinteresse.

Crises na CNN não são só da emissora, mas também da mainstream mediaUma pesquisa da Fundação Knight e do Gallup publicada esta semana revelou que apenas 33% dos americanos querem acompanhar notícias nacionais.

É a menor taxa da série histórica, bem abaixo da média dos últimos anos, de 46%.

O comportamento não se repete em relação a notícias locais e internacionais, que mantiveram níveis de interesse estáveis.

O problema está nas páginas e programas que tratam de política − recheados de polarização − e de temas nacionais como a Covid, diretamente relacionados a políticas governamentais.

O Gallup acha que pode ter havido uma “síndrome de burnout”, depois de um 2020 com eleições nacionais e uma pandemia inédita, tornando impossível não prestar atenção no noticiário.

Mas a tese não explica a redução de 13 pontos percentuais em relação à mediana.

Essa não é a primeira pesquisa a apontar fadiga de notícias. No entanto, sendo a fadiga associada a um setor do noticiário e não a qualquer tipo de notícia, o estudo sugere a necessidade de repensar a forma como temas políticos estão sendo tratados.

Nesse contexto, a CNN é um símbolo preocupante. Sua crise tem o potencial de aprofundar a desconfiança com o conteúdo. Ou o mero desinteresse, como capturou a pesquisa Knight/Gallup.

Por ironia, Chris Cuomo passou anos tentando desconstruir Donald Trump, apoiado por seu chefe Joe Zucker, responsável pela linha editorial da CNN.

Agora, os dois colocaram involuntariamente lenha sequinha na fogueira acesa pelo ex-presidente para incinerar a mainstream media que tanto o incomodou.

Leia a pesquisa completa em MediaTalks.


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