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Primeiro episódio do videocast #diversifica vai ao ar em 27 de julho

Jornalismo para profissionais trans é destaque na estreia do #diversifica

O #diversifica, hub de conteúdo multimídia para Diversidade, Equidade & Inclusão (DEI) da Jornalistas Editora, lançará em 27 de julho o primeiro episódio de seu videocast. A atração faz parte do especial Subjetividades, que além da série de seis entrevistas em vídeo (YouTube) e áudio (podcast) contará com conteúdos para redes sociais e uma edição especial veiculada por este Jornalistas&Cia e pelo Portal dos Jornalistas. O objetivo é discutir a diversidade sob a ótica de vida e experiência de profissionais que se identifiquem com cada tema proposto por episódio: Negritude, Indígenas, LGBTQIAP+, Pessoas com Deficiência, Neurodivergências e Territórios.

“O especial partirá da compreensão de que as narrativas jornalísticas, ainda que busquem se encaixar num paradigma de objetividade, carregam as percepções de mundo e os valores morais, sociais e culturais daqueles que as constroem”, explica Luana Ibelli ([email protected]), coordenadora editorial do projeto e apresentadora dos episódios. “Através desta ótica, mostraremos que a produção jornalística, bem como seu alcance, se enriquece quando construída por pessoas de diferentes classes, raças e vivências”.

No episódio de estreia, que vai ao ar em 27 de julho, Caê Vasconcelos, editor do programa SportsCenter, da ESPN Brasil, e colaborador da Agência Mural e Ponte Jornalismo, abordará a temática da diversidade no jornalismo para profissionais LGBTQIAP+. Em pouco mais de uma hora de conversa, ele abordará questões sensíveis ao jornalismo, como a falta de preparo da imprensa para abordar assuntos envolvendo este público, e falará sobre seu processo de transição, ocorrido já enquanto jornalista profissional, além do atual momento de sua carreira.

Os episódios irão ao ar semanalmente, sempre às quartas-feiras, pelo canal do Portal dos Jornalistas no YouTube, e nos principais tocadores de podcast. Além de Caê, estão confirmadas as participações de Jairo Marques, da Folha de S.Paulo, que abordará a realidade de Pessoas com Deficiência; Luciana Barreto, da CNN Brasil, sobre Negritude; Nayara Felizardo, do The Intercept Brasil, abordando Territórios; Luciene Kaxinawá, da Amazônia Real, sobre a questão Indígena; e Erick Mota, do Regra dos Terços, sobre Neurodivergência.

Vale lembrar que o #diversifica é um dos 15 projetos brasileiros selecionados pelo Programa Acelerando a Transformação Digital, financiado pelo Meta Journalism Project, com o apoio da Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e Internacional Center for Journalists (ICFJ). Apoiam a iniciativa Rádio Guarda-Chuva, Imagem Corporativa, Énois Conteúdo e Oboré Projetos Especiais. O episódio de estreia sobre a temática LGBTQIAP+ tem patrocínio do Itaú. Empresas interessadas em associar sua marca podem obter mais detalhes com Fernando Soares ([email protected]) ou Vinicius Ribeiro ([email protected]).

Pesquisa anual do Gallup revela o tamanho do descrédito nas instituições nos EUA

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A nova edição da pesquisa anual do Gallup medindo a percepção do público sobre as principais instituições dos EUA, que saiu esta semana, reconfirmou uma tendência que outros estudos vêm apontando há tempos: a confiança caiu na maioria delas, mantendo-se estável em apenas uma.

A notícia pode não ser nova, mas merece atenção a extensão do descrédito do público da chamada maior democracia do planeta, onde operam as mais importantes corporações de vários segmentos de negócio. É um desafio para comunicadores, líderes e jornalistas.

Esse não é um problema americano apenas. A desconfiança da população, adubada por um conjunto de fatores, como polarização política, fake news e fadiga de notícias, reduzindo o nível de informação para fazer julgamentos acertados, é um mal planetário.

A tabela do Gallup assusta. Nenhuma das 16 instituições pesquisadas apresentou evolução positiva em relação a 2021. E houve declínio significativo em 11 delas.

Organizações sindicais foram as únicas que não se moveram, o que diante do desastre das demais pode ser considerado uma vitória.

É surpreendente que no primeiro ano de Joe Biden, um presidente mais cordato do que seu antecessor inflamado, a Presidência da República tenha sido a instituição com maior queda no país. Despencou 15 pontos percentuais.

O resultado é consistente com um declínio na popularidade do atual presidente mostrado por diversas pesquisas. E talvez seja influenciado pela polarização politica que se acentuou como legado de Donald Trump.

A polarização pode explicar também o fato de o Congresso permanecer na lanterna entre as 16 instituições pesquisadas. Em 2021, contava com a confiança de apenas 12% da população. Este ano a taxa recuou ainda mais, para 7%.

A segunda instituição que mais perdeu credibilidade na visão dos americanos é o Poder Judiciário. Aqui não há muita surpresa.

Tanto tribunais estaduais como federais ocupados por magistrados de pensamento conservador têm sido responsáveis pela aprovação de leis contrárias aos movimentos mais progressistas da sociedade.

As entrevistas do Gallup foram realizadas em junho, quando o debate em torno da lei do aborto fervia.

Nessa batalha cheia de mortos e feridos, a imprensa até que não se saiu tão mal. TVs e jornais perderam “apenas” 5% de credibilidade em um ano. E continuam mais confiáveis aos olhos dos democratas do que dos republicanos, boa parte deles alvo das campanhas que buscam desqualificar a imprensa tradicional.

Outro estudo sobre a imagem das instituições, o Edelman Trust Barometer, publicado em fevereiro, também registrou queda − de um ponto percentual em um ano e seis em relação a 2020 − para a confiança na mídia.

E o mais recente, o Digital News Report do Instituto Reuters, que saiu em junho, constatou que a confiança nas notícias caiu em quase metade dos 46 países pesquisados e aumentou em apenas sete.

Os três estudos não são diretamente comparáveis, pois formulam as questões de forma diversa. O Edelman trata da mídia de forma consolidada. O Gallup separa TV e jornais. E o Reuters indaga os entrevistados sobre a confiança nas notícias que recebem, e não na instituição.

Mas tudo caminha para o mesmo lugar. Há uma crise de confiança generalizada na sociedade, que não poupou nem o jornalismo, nem o setor público nem o privado. Empresas, bancos polícia, religião, todos perderam.

No mundo empresarial, alguns setores saíram-se melhor do que outros. Bancos perderam mais em confiança (-6 pontos) do que as grandes corporações (-4 pontos).

E os pequenos negócios perderam menos, apenas 2 pontos percentuais. Eles continuam liderando como a instituição mais confiável para os americanos.

Já para as empresas de tecnologia, tão criticadas nos EUA a partir da divulgação de documentos internos pela ex-funcionária Frances Haugen, a queda foi pequena quando comparada a outros setores, de 3 pontos percentuais. Elas estão 9º lugar entre as mais confiáveis − acima de jornais e TVs.

Os resultados completos podem ser vistos em MediaTalks.


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Tony Lagos é afastado da TVCI após comentários machistas

Tony Lagos foi afastado da TVCI na segunda-feira (11/7) após afirmar que mulheres abrem brecha para o machismo.
Tony Lagos foi afastado da TVCI na segunda-feira (11/7) após afirmar que mulheres abrem brecha para o machismo.

Tony Lagos, apresentador do Voz do Litoral, da TVCI (PR), foi afastado da emissora na segunda-feira (11/7) após afirmar que mulheres abrem brecha para o machismo. O comentário foi feito durante a exibição de um caso em que um homem matou o amigo por ter assediado sua parceira.

Tony afirmou que para um homem “chegar ao ponto de mexer com uma mulher, cantar, passar mão na mulher, é porque ela também deu uma certa liberdade”.

Em nota publicada no site, a TVCI diz não compactuar com a opinião do apresentador e que repudia qualquer forma de violência ou qualquer ato contra as mulheres.

Morre Gilberto Amaral, aos 87 anos, em Brasília

Morre Gilberto Amaral, aos 87 anos, em Brasília

Morreu nesta terça-feira (12/7) Gilberto Amaral, aos 87 anos, em Brasília. Ele estava internado desde a semana passada na UTI do Hospital DFStar, na Asa Sul, após sofrer uma queda em casa. Segundo amigos, convivia com um enfisema pulmonar e teve complicações após o ocorrido. Deixa a esposa, Mara Amaral, três filhos, seis netos e um bisneto.

Gilberto era amigo pessoal do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que foi inclusive padrinho do casamento do jornalista. Destacou-se na cobertura dos bastidores da Política em Brasília, e sempre teve grande proximidade com muitos presidentes da República ao longo da história, como José Sarney e Fernando Collor de Mello.

Nascido em 1934, em São Sebastião do Paraíso (MG), desde pequeno Gilberto brincava com os microfones da rádio do pai, José Soares Amaral, em sua cidade natal. Em Belo Horizonte, tornou-se cronista conhecido, passando por veículos locais. Após ir morar em Brasília, trabalhou no Correio Braziliense, de 1975 a 2001, onde assinou uma coluna diária. Integrou também a equipe da TV Brasília, do grupo Diários Associados. Trabalhou também em Vogue, TV Bandeirantes e TV Globo. Em 1968, foi um dos repórteres que conheceu a rainha Elizabeth, da Inglaterra, em visita a Brasília. Ultimamente, era colunista social do Jornal de Brasília.

Congresso Mega Brasil voltará a ser presencial, em agosto, em São Paulo

Aberta a votação do TOP Mega Brasil

Um dos mais emblemáticos espaços culturais de São Paulo e do Brasil, a Unibes Cultural, na capital paulista, será pela primeira vez palco do Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, que chega neste 2022 à 25ª edição e volta a ser presencial. O encontro será nos dias 17, 18 e 19 de agosto, com o tema central Diversidade, Conectividade, Credibilidade – A Era da Comunicação Transformadora.

A abertura, na noite de 17 de agosto, será dedicada ao prêmio TOP Mega Brasil, que, em sua sétima edição, voltará a homenagear – também presencialmente – as feras da comunicação corporativa brasileira, nos segmentos agências de comunicação e executivos de comunicação corporativa, com os certificados e troféus da onça pintada. O segundo turno de votação, aliás, está em curso e para votar basta clicar aqui.

Nesse retorno ao ambiente presencial, e seguindo com rigor todos os protocolos sanitários definidos pelas autoridades brasileiras, o evento contará com um número limitado de participantes e um único ambiente de discussão – o auditório principal da Unibes.

Povos originais participam pela primeira vez do evento

Com curadoria de Eduardo Ribeiro e Marco Rossi, diretores da Mega Brasil e organizadores do encontro, o Congresso terá 11 painéis que debaterão temas estratégicos da comunicação e outros que transcendem o segmento, pelo impacto geral na sociedade.

“Essa é uma preocupação que trazemos conosco desde a primeira edição, em 1998”, – diz Marco Rossi – “pois entendemos que a Comunicação Corporativa não pode ficar restrita ao seu limite técnico ou operacional. Cada vez mais o setor se diversifica e é demandado, a régua sobe a cada dia e, por causa disso, o profissional da área tem de ampliar sua visão e o entendimento do mundo ao seu redor, estar antenado com os grandes temas contemporâneos, compartilhados pela sociedade em geral. Não é por outra razão que um dos destaques da presente edição, que nos deixa muito esperançosos, é o painel que reunirá comunicadores ativistas dos povos originários para falar dos desafios de quem vive essa realidade na Amazônia”.

O painel, cujo título é Comunicação – A nova arma dos povos originais da Amazônia, já tem confirmadas as presenças de Cassuça Benevides, jornalista que trabalha há mais de dez anos em projetos de comunicação ligados à mídia na Amazônia e que desde fevereiro de 2022 coordena a comunicação do Instituto Kabu, dos Kayapó Mekrãgnotí, do sudoeste do Pará; Eric Marky Terena, jornalista, DJ, especialista em etnomídias e um dos fundadores da Mídia Índia; Samela Sataré Mawé, ativista ambiental no Fridays for Future Brasil, jovem comunicadora na Apib − Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, na ANMIGA − Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, e apresentadora no Canal Reload; e Juliana Radler, idealizadora da Rede Wayuri, do ISA – Instituto Socioambiental do Rio Negro. Painel, aliás, que será moderado por Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura e que tem uma trajetória profissional de intenso envolvimento na cobertura da questão indigenista no Brasil.

Arena da Inovação quer ir além do Metaverso

Tema que vem despertando cada vez mais interesse e que começa a impactar de forma relevante a comunicação corporativa, o Metaverso terá espaço na Arena da Inovação, mas, como sempre acontece, este evento satélite do Congresso quer ir além da abordagem que vem sendo dada ao tema e trará outros ingredientes ao debate, que ampliam o universo de entendimento sobre para onde caminhamos: Neurociência e Web3 aplicados à Comunicação.

“Sempre buscamos estar up to date com os temas de grande impacto para a comunicação corporativa e este ano o Metaverso é de fato a bola da vez”, comenta Edu Ribeiro. “Mas queremos debatê-lo não só sobre a perspectiva do presente, mas do que se pode projetar a partir dos conhecimentos atuais para o futuro próximo, sobretudo levando-se em conta a experiência nada exitosa do Second Life, de anos atrás, que surgiu com a aparência de que iria revolucionar os costumes corporativos e sociais e foi um grande fiasco. E agora, como será com o Metaverso? Tem consistência? Merece que se invista nele? Qual o grau de preocupação que devemos ter em aderir ou não aos seus encantos?”.

Vale registrar que a Arena da Inovação abrirá oficialmente o Congresso, logo após a apresentação do Radar Abracom, que mostrará em primeira mão os resultados de uma pesquisa feita pela entidade – que reúne as agências de comunicação – junto aos clientes. O título da Arena é A Neurociência e a Web3 aplicada à Comunicação e a Revolução esperada com o Metaverso. Dela participarão Regina Monge, fundadora e dirigente do Neurobranding Lab; e Gil Giardelli, professor, escritor e inovador na @5Era; com moderação de Ricardo Cesar, fundador e CEO do Grupo Ideal e presidente & CEO da H+K Latin America.

Os apoios ao Congresso

q Apoiam o Congresso Mega Brasil as seguintes organizações: GM, Gerdau, XP Inc., SAP, Samsung, Energisa, Hotmart, Iguá, MRV, Philip Morris Brasil, McDonald’s, OEC, Trama Reputale, EMS, Boxnet, Unibes Cultural, ABRP, ABRJ-SP, Abracom, Conferp, Latam Airlines e Janssen.

Inscrições abertas

As inscrições para o Congresso Mega Brasil estão abertas e podem ser feitas clicando aqui. Até esta sexta-feira (15/7) custam R$ 1.130; após essa data, subirão para R$ 1.600.

iJnet: O avanço do jornalismo de dados nas universidades brasileiras

Texto publicado originalmente em 10/7/2022 pela iJnet

Por Taís Seibt

Até pouco tempo o jornalismo de dados era apenas uma vertente do jornalismo digital ou investigativo, mas vem ganhando cada vez mais espaço como disciplina específica nas faculdades de Jornalismo do Brasil. A oferta vem ao encontro das demandas do mercado de trabalho, mas a implementação nas universidades ainda é um desafio diante da necessidade de especialização dos professores nessa área.

Em um recente artigo acadêmico, o pesquisador Marcelo Träsel, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), traçou um panorama do ensino de jornalismo de dados no Brasil em 2019, chegando a 32 instituições de ensino superior com esse tipo de oferta, sendo 15 públicas e 17 privadas. No total, foram identificadas 52 disciplinas nessas instituições, sendo 36 obrigatórias.

Na opinião de Träsel, um dos pioneiros na pesquisa sobre jornalismo de dados no Brasil, embora seja desejável, os cursos de Jornalismo não necessariamente precisam de uma disciplina dedicada exclusivamente a esse tema. “O trabalho com dados poderia ser transversal, acontecendo em qualquer aula que trabalhe com a prática jornalística, porque essas técnicas são úteis para todas as editorias e uma boa proporção do noticiário trabalha com números”, analisa. O principal empecilho para isso, na avaliação de Träsel, é a falta de professores capazes de ensinar jornalismo guiado por dados, já que poucos receberam algum treinamento ou têm experiência profissional nessa área.

Rodolfo Stancki é um desses poucos. Lecionando jornalismo de dados na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) há cerca de um ano, a base para o trabalho em sala de aula veio de uma formação em reportagem assistida por computador (RAC) no período em que ele trabalhava como repórter da Gazeta do Povo, por volta de 2011. “Sempre tentei implementar alguns elementos daquelas aulas na minha rotina como repórter e, depois, como professor de Redação”, conta. Mesmo assim, Stancki foi buscar mais formação quando passou a dar aula de Jornalismo de Dados: “Ainda estou fazendo alguns cursos, a formação é constante”.

Levar profissionais do mercado para a universidade, por meio de cursos de extensão, acaba sendo uma opção para suprir esse gap dos docentes sem deixar de oferecer treinamento aos estudantes. A jornalista Thays Lavor, editora-chefe do Data.doc do jornal O Povo, do Ceará, é uma dessas profissionais que se dedica a realizar oficinas de curta duração para jovens jornalistas. “Pela experiência, eu notava que os jornalistas recém-formados ou mesmo os com alguma experiência, possuíam lacunas que iam desde o desconhecimento de plataformas de transparência, ou seja, onde buscar os dados, até como trabalhar esse material para fazer análises e extrair reportagens”, conta. E assim, ela preparou cursos focados em plataformas públicas de dados e como extrair informações relevantes delas.

Começando pelo básico 

O conteúdo programático trabalhado por Lavor no nordeste brasileiro é similar ao descrito por Stancki no sul do país. “Geralmente começamos a disciplina com um projeto de reportagem de dados, navegando em portais de transparência e outros bancos de informações disponíveis pela rede”, diz o professor Stancki. Também a metodologia de fact-checking, fortemente associada ao trabalho com dados hoje em dia, é trabalhada em sala de aula.

A resistência aos cálculos e planilhas é, muitas vezes, uma barreira. “É comum os alunos dizerem ‘fiz jornalismo, pois não gosto de matemática’, e assim, inconscientemente, eles já ingressam com um obstáculo para aprender”, observa Lavor, que também é mestre em comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e cursa especialização em ciência de dados na Esalq/USP. “Quando o aluno vê a aplicabilidade da técnica, a importância daquele passo dentro do processo, aí se anima em estar ali e se permite aprender”.

Träsel observa que a maioria dos currículos de Jornalismo não prevê uma disciplina de estatística, que é central para coberturas de ciência e saúde, por exemplo. Ele também percebe que muitos estudantes não aprenderem sobre a estrutura do Estado antes de chegarem à universidade. “Saber qual órgão é responsável pelo quê é tão importante quanto saber matemática, porque para encontrar bases de dados ou fazer um pedido de acesso à informação precisamos ter pelo menos uma vaga ideia de em qual poder ou esfera administrativa o assunto tramita”, pontua.

Competência transversal 

Na visão da estudante Amanda Bernardo, que cursa o sétimo semestre de Jornalismo na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e integra a primeira turma de Jornalismo de Dados e Checagem da instituição, a aula específica de jornalismo de dados tem apresentado recursos e conhecimentos que não estavam presentes em outras disciplinas do curso. “Ainda existem cortes muito marcados quando o assunto é jornalismo de dados na graduação. Em outras disciplinas, esse definitivamente não é um assunto, exceto por alguns professores que são mais ligados a essa área”, observa.

A avaliação da estudante coincide com o observado por Marcelo Träsel, que considera essa transversalidade uma conquista para longo prazo. “Daqui a uns 10 ou 20 anos, talvez, o trabalho com dados esteja integrado em todas as disciplinas. Neste momento, porém, ainda precisamos ensinar essas técnicas aos futuros jornalistas, que por sua vez desenvolverão essas habilidades em redações e, no futuro, podem vir a se tornar professores”, projeta.

Por essa falta de transversalidade, Amanda considera fundamental a universidade em que estuda promover atividades ligadas a esse tema, como o Open Data Day Porto Alegre e a Maratona de Dados Unisinos, que fazem parte da agenda acadêmica desde 2019, com a participação de palestrantes reconhecidos nacionalmente. “Esse suporte extraclasse torna muito mais dinâmico o aprendizado”, conclui a estudante.

“Os jornalistas precisam se apropriar destas técnicas para poder fortalecer suas investigações, jornalismo e tecnologia caminham lado a lado”, diz Lavor. Stancki arremata: “A competência de investigação e análise de dados parece ser um dos futuros do Jornalismo, o que vai diferenciar a produção jornalística da produção de conteúdo dos demais usuários”.

Um argumento em favor de disciplinas dedicadas ao jornalismo guiado por dados, na visão de Träsel, é que elas permitiriam ir além da análise de dados públicos com planilhas eletrônicas. “Com um semestre inteiro à disposição, o professor pode, talvez, ensinar algumas técnicas básicas de visualização de informação, ou ensinar os rudimentos de linguagens como R, SQL e Python”, sugere.

Nessa caminhada, também instituições externas à universidade ganham relevância. Muitas delas são citadas pelos próprios professores como agentes de sua formação para dar aulas. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) tradicionalmente oferece oficinas em seus congressos anuais e desde 2019 realiza o Domingo de Dados. A Escola de Dados tem uma ampla oferta de cursos não só para iniciantes, mas também para quem busca conhecimentos mais avançados em programação. A Fiquem Sabendo é referência quando o assunto é Lei de Acesso à Informação, sendo a plataforma WikiLAI a bibliografia básica em diversos treinamentos. Há ainda os cursos massivos do Knight Center for Journalism e muitos outros. Para quem busca pós-graduação aplicada, o master do Insper e o MBA do IDP são opções de especialização em jornalismo de dados no Brasil.

Organizações realizam ato em memória de Bruno Pereira e Dom Phillips em 16/7

Organizações realizam ato em memória de Bruno Pereira e Dom Phillips em 16/7

A Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, em parceria com a Comissão Justiça e Paz de SP, a Comissão Arns, o Instituto Vladimir Herzog e a OAB-SP realizam no próximo sábado (16/7) um ato em memória do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, na Catedral da Sé, centro de São Paulo, das 10h às 11h30.

Além de homenagear os dois profissionais assassinados na Amazônia, o ato Bruno e Dom presentes: em defesa dos povos indígenas do Brasil visa a defender a importância da vida, da terra e da cultura dos povos indígenas e tradicionais, bem como a proteção do meio ambiente e o combate a violações de direitos humanos.

Beatriz Matos, viúva de Bruno, e Alessandra Sampaio, viúva de Dom, estarão presentes. O ato terá também com participações culturais, como o cantor Chico César, o coral indígena Opy Mirim, a cantora Marlui Miranda e cantora lírica Tati Helene.

As entidades organizadoras do ato assinaram manifesto no qual destacam a crescente violência contra os povos indígenas e tradicionais, bem como o desmonte de políticas públicas de preservação do meio ambiente. As organizações cobram também justiça pelas vítimas.

“Honrar a memória desses defensores de direitos humanos exige dar continuidade à sua bem-aventurada missão”, diz o manifesto. “Assim, devemos relatar e denunciar a violência que se impõem sobre esses povos, exigir que sejam tomadas as providências devidas para a sua proteção, e transformar todas as crenças e estruturas que dão espaço para a violência”.

Inscrições para Prêmio Nacional de Jornalismo em Seguros vão até sexta (15/7)

6º Prêmio Nacional de Jornalismo em Seguros anuncia vencedores

Termina nessa sexta-feira (15/7) o período de inscrições para o VI Prêmio Nacional de Jornalismo em Seguros, realizado pela Escola de Negócios e Seguros (ENS). A premiação, que valoriza trabalhos jornalísticos sobre temas relacionados ao setor de Seguros, tem apoio institucional da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) e da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).

Os trabalhos inscritos concorrerão em cinco categorias: Mídia Impressa, Audiovisual, Webjornalismo e Imprensa Especializada do Mercado de Seguros, além da nova categoria Inovação, que premia reportagens com foco em ideias originais e criativas de empresas que agregaram novas tecnologias ou ferramentas para gerar melhorias para a área de seguros.

Cada categoria terá cinco finalistas, escolhidos por uma Comissão de Seleção. Os três melhores trabalhos serão premiados da seguinte maneira: R$ 15 mil para o primeiro colocado, R$ 6 mil para o segundo e R$ 3 mil para o terceiro. Podem ser inscritos trabalhos veiculados em mídia impressa, rádio, TV, websites e na imprensa especializada.

A cerimônia de premiação está programada para setembro, provavelmente em formato online. Inscrições e regulamento completo no site do prêmio.

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