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terça-feira, dezembro 9, 2025

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100 anos de Rádio no Brasil: A tríade da tela viva e o áudio digital

Por Álvaro Bufarah (*)

Num sofá, alguém aperta o botão e o som sai, a imagem aparece, o app revela que “ninguém mais está só” – está conectado. A cena resume não um futuro distante, mas o agora brasileiro: o consumo de mídia já atravessa três mundos que antes pareciam separados – rádio digital, televisão conectada e plataformas de streaming – e agora convergem para formar o epicentro da cultura midiática. A esse movimento estudo da Kantar IBOPE Media atribui dados contundentes: em 2024/2025, o vídeo alcança mais de 99% da população, enquanto o áudio digital consolida-se com 92% da população ouvindo rádio ou streaming de áudio.

Segundo relatado no panorama original, a média brasileira dedica cerca de 8 horas por dia ao consumo de conteúdo digital e televisivo, e mais de 60% dos lares com internet utilizam serviços de streaming (Fonte do artigo base). Esse dado encontra eco nas pesquisas da Kantar: o consumo de vídeo, por exemplo, atingia 99,63% da população brasileira em 2023, com média de 5h14min por dia em TV linear e 2h23 em vídeo online. No áudio, o relatório Inside Audio 2025 revela que 92% dos brasileiros consomem alguma forma de áudio (rádio tradicional, música, podcast, streaming) em múltiplos formatos.

Esses números traçam um quadro onde a distinção entre “rádio”, “TV” e “internet” esbarra no óbvio: quem consome importa menos do que como consome. O usuário agora define o dispositivo, o momento, o formato – e o provedor regional, a emissora local, o app de streaming ou a plataforma de áudio digital estão todos na partida.

O material explica – bem – que provedores de internet regionais (“ISPs”) colocam-se como protagonistas nessa fase. A plataforma Watch e seu braço de áudio digital Awdio, por exemplo, já conectam mais de 500 provedores e 120 mil usuários ao ecossistema híbrido rádio + streaming. Esses provedores levam conteúdo local, estúdios nacionais e internacionais, e entregam à audiência sob o mesmo guarda-chuva conectado. Esse modelo ressoa com dados sobre banda larga fixa no Brasil: em junho de 2025, havia cerca de 52,9 milhões de acessos de banda larga fixa no País.

Isso significa que a “última milha” não é mais apenas infraestrutura; é distribuição de conteúdo personalizado. A rádio local acende o microfone, mas também olha para o app que toca no celular ou na TV conectada. A TV tradicional reclama antena, mas também convive com aplicativos e smartvs. O streaming já é multitela. A convergência lesiona velhos confortos – formatos fixos, horários lineares – e abre uma nova pauta: entrega em ecossistema.

Monetização pode ser escuta passiva – e continuará sendo para parte da audiência –, mas o novo impulso vem da interatividade, dos dados e da personalização. Plataformas híbridas permitem: recomendam-me rádio local + podcast + canal de filmes; oferecem pacote agregado; entregam publicidade segmentada e, no caso dos provedores regionais, faturamento com fidelização e retenção. O investimento publicitário brasileiro alcançou R$ 80 bilhões em 2023, com crescimento de 8% ano a ano, segundo a Kantar. A tríade (rádio digital + TV conectada + streaming) aparece no centro desse crescimento.

Mas nem tudo é automação e rostos happy-marketing. A convergência traz tensões:

  • Identidade e localidade: A rádio tradicional é local, presença de comunidade; o streaming é global, algoritmo; a TV conectada mistura ambos. Como manter a marca local forte em ecossistema global?
  • Infraestrutura e acesso: Apesar dos 52,9 milhões de fixos, a internet banda larga entra onde pode – em muitas regiões, a cobertura ou a velocidade ainda são limitadas. Inclusão digital permanece desafio.
  • Métricas e atenção: Muitos dados medem “consumo” (horas, telas), mas não equacionam “atenção real”, “profundidade de engajamento” ou “conversão”. O acesso está, mas o valor preciso acontece quando o conteúdo conecta.
  • Competição com ferro-velho de formatos: A TV tradicional domina o share de vídeo: em março um estudo apontou que a TV aberta detinha 70% do consumo de vídeo no Brasil (abratel.org.br). A rádio digital cresce, mas não abandona sua raiz analógica: precisamos de modelos híbridos sustentáveis, não substituição radical.

Em uma tarde qualquer, a avó aperta o controle da TV, muda para rádio, pega o tablet e abre o streaming. A felicidade não é linear: ela quer “algum canal que entenda o que eu quero agora”. A presente tríade – rádio digital, TV conectada, streaming – é o cabo invisível que une o sofá ao fone, o head-unit do carro ao app no celular.

Mas esse cabo não é apenas infraestrutura: é relacionamento. O rádio digital lembra que a voz importa. A TV conectada lembra que a imagem comporta narração e espetáculo. O streaming lembra que o usuário comanda. Quem entender isso não apenas entrega conteúdo: reside no momento de vida do ouvinte/espectador.

A convergência redefine o ecossistema – e treina a indústria para olhar para além da tela e da onda. Líderes regionais, estúdios, emissoras tradicionais e startups entram no mesmo baralho, disputam segmentos, personalizações e fidelização. No fim, o que está em jogo não é quem entrega mais tela ou áudio, mas quem acompanha mais de perto a jornada da atenção humana.

Fontes extras:

  • Kantar IBOPE Media – “Conteúdo em vídeo alcança 99,63% da população brasileira” (abril 2024) – kantaribopemedia.com+1
  • Kantar IBOPE Media – “92% dos brasileiros consomem áudio em múltiplos formatos” (Inside Audio 2025) – kantaribopemedia.com
  • ISPSolution / Análise Banda Larga Brasil 2025 – “52,9 milhões de acessos de banda larga fixa” – ispsolution.com.br
  • NegóciosSC – “Traço de consumo de vídeo diário de 5h14min em 2023” NegociosSC
  • ACAERT / Relatório Áudio – rádio digital e áudio online ganhando destaque – acaert.com.br
Álvaro Bufarah

Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

Estão abertas as inscrições para o Prêmio de Jornalismo do Governo do Mato Grosso

Webinário debate Inteligência Artificial e Comunicação Pública em lançamento de e-book

Repórteres e fotógrafos já começaram a inscrever suas produções jornalísticas para a primeira edição do Prêmio Anual de Jornalismo do Governo de Mato Grosso, para conquistar prêmios de até R$ 50 mil.

Desde a abertura das inscrições da premiação, no dia 31 de outubro, o site do prêmio recebeu mais de 13 mil acessos.

As inscrições continuam abertas, são gratuitas e se encerram no dia 30 de novembro — clique aqui para se inscrever. Os trabalhos devem seguir o tema “Políticas Públicas Estaduais inovadoras que tornaram Mato Grosso um lugar melhor para se viver”. O objetivo da premiação é reconhecer, valorizar e incentivar os profissionais da imprensa que valorizem o Estado de Mato Grosso.

Os profissionais da imprensa podem inscrever apenas um trabalho. Também podem participar jornalistas ou fotógrafos de todo o país. As produções jornalísticas devem ter sido publicadas entre 1º de julho e 30 de novembro.

Os vencedores vão ganhar um total de R$ 750 mil em dinheiro, sendo R$ 50 mil para o primeiro lugar, R$ 35 mil para o segundo e R$ 20 mil para o terceiro, para cada uma das cinco categorias a seguir:

  • Jornal impresso: para reportagens em texto publicadas em jornais e revistas, com mínimo de 4 mil caracteres;
  • Internet: para reportagens publicadas em sites, com mínimo de 3 mil caracteres;
  • Vídeo: para reportagens veiculadas em canais de televisão ou publicadas em plataformas digitais de vídeo, sendo possível também incluir episódios de podcasts publicados em plataformas de vídeo, com duração mínima de 3 minutos e 30 segundos e máxima de 6 minutos;
  • Áudio: para reportagens em áudio veiculadas em emissoras de rádio, sendo também aceitos episódios de podcasts publicados em plataformas de streaming, com duração mínima de 3 minutos e 30 segundos e máxima de 6 minutos;
  • Fotografia: para a melhor foto ou série de fotos publicadas em veículo impresso ou digital.

Os assuntos das reportagens e fotografias, relacionados ao tema central, podem estar nos seguintes eixos temáticos: Infraestrutura, Social, Meio Ambiente, Educação, Empreendedorismo, Agricultura, Saúde, Cultura, Esporte, Segurança, Ciência e Tecnologia e Turismo.

Após as inscrições, uma comissão formada por dois integrantes do governo e um da Faculdade de Jornalismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) avaliará as reportagens e definirá os finalistas com base na relevância, contribuição social, qualidade técnica, originalidade ou inovação, impacto e repercussão das reportagens e fotografias inscritas.

A cerimônia de divulgação dos vencedores da primeira edição está marcada para o dia 18 de dezembro.

Calendário

Inscrições — 31/10/2025 a 30/11/2025
Fase de julgamento — 5/12/2025 a 15/12/2025
Divulgação — 18/12/2025

Clique aqui para acessar o edital e conferir as demais regras do edital.

Homenagem

A primeira edição do Prêmio Anual de Jornalismo receberá o nome do jornalista Ademar Andreola. Já a categoria fotojornalismo, de forma excepcional, levará o nome do fotojornalista Marcos Vergueiro. Ambos deram contribuições significativas à imprensa mato-grossense e eram servidores da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) no momento de seus falecimentos.

Pedro Nakamura, de O Joio e O Trigo, é novamente hostilizado por representantes da indústria do cigarro

Pedro Nakamura, de O Joio e O Trigo, é novamente hostilizado por representantes da indústria do cigarro
Crédito: Koa'link/Unsplash

O repórter Pedro Nakamura, de O Joio e O Trigo, foi hostilizado nesta segunda-feira (17/11) por representantes da indústria do cigarro durante a cobertura da Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP11), realizada em Genebra, na Suíça, que discute o tratado global do tabaco. Ao entrevistar parlamentares, o repórter enfrentou xingamentos e discursos que descredibilizavam seu trabalho. Além disso, uma assessora de imprensa do SindiTabaco chegou a avançar contra o jornalista e tentou desligar seu gravador.

As hostilidades começaram quando uma comitiva de políticos, entidades ligadas ao tabaco, influenciadores e veículos de regiões fumicultoras, que foram a Genebra com o apoio do SindiTabaco, tentaram forçar sua entrada na COP11. O texto da convenção proíbe a participação de parlamentares da bancada do tabaco e veículos ligados às empresas patrocinadas pela indústria.

Nakamura entrevistou o deputado federal Rafael Pezenti (MDB-SC) que, durante a entrevista, atacou o repórter e O Joio e o Trigo, afirmando que o veículo defende uma “ideologia” e que Nakamura “não faz jornalismo”. O parlamentar chegou a dizer também que o repórter era um “homem fraco”. Durante a entrevista, o deputado federal Marcelo Moraes (PL-RS) filmou, aos risos, a conversa.

Pouco tempo depois, uma assessora de imprensa do SindiTabaco começou a gritar com Nakamura, questionando quem o financia. Ela chegou a avançar contra o repórter, na tentativa de desligar o seu gravador. Ao longo de todo o trabalho de cobertura de Nakamura, ele foi filmado por por representantes e aliados da indústria. Após as hostilidades, o repórter entrou em contato com a organização da COP11, que demorou a acionar a segurança.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que Nakamura foi hostilizado por representantes da indústria do cigarro. Em setembro, durante a cobertura de um seminário sobre a indústria do tabaco, na Expointer, principal feira de agronegócio do Rio Grande do Sul, os deputados federais Rafael Pezenti e Marcelo Moraes, os mesmos que hostilizaram Nakamura agora, direcionaram ataques e discursaram contra o jornalista e O Joio e O Trigo.

Com informações de O Joio e O Trigo.

Benjamin Back é o novo comentarista da TMC

Benjamin Back (Crédito: YouTube/Domingol-CNN Brasil)

A rádio TMC, que foi ao ar no mês passado em substituição à antiga Transamérica, anunciou a contratação de Benjamin Back, que passa a integrar a equipe de comentaristas da emissora. Segundo informações de Gabriel Vaquer, do F5 (Folha de S.Paulo), Back comentará os acontecimentos dos principais times de São Paulo. Ele seguirá também à frente do Arena SBT, do SBT, e do Domingol, da CNN Brasil.

O novo desafio profissional marca o retorno de Back ao rádio. Ele trabalhou por anos no comando do Estádio 97, da rádio Energia 97. Trabalhou também na Bandeirantes, na RedeTV e na Fox Sports, antes da fusão com a ESPN.

Fabíola Cidral assina com a RedeTV

Fabíola Cidral assina com a RedeTV
Fabíola Cidral (Crédito: Divulgação/RedeTV)

A RedeTV anunciou nesta segunda-feira (17/11) a contratação de Fabíola Cidral, ex-CBN, que passa a integrar a equipe de apresentadores do canal. A partir de 1º de dezembro, ela vai ancorar o RedeTV! News, principal telejornal da emissora, que vai ao ar de segunda a sábado, das 19h55 às 20h30. Fabíola segue também como apresentadora do UOL, onde está desde 2021, à frente do UOL News.

Formada em Jornalismo pela UniSantos, com MBA em Economia pela FIA e pós-graduação em Urbanismo Social pelo Insper, Fabíola tem mais de 30 anos de carreira. Trabalhou por mais de 20 anos na rádio CBN, da Globo. Durante uma década, apresentou o CBN São Paulo, programa focado em jornalismo urbano e comportamento. Em 2021, assinou com o UOL, onde atua como apresentadora a analista política. Conduziu debates e sabatinas nas eleições de 2022 e 2024. Esta é a primeira experiência da jornalista em tevê aberta.

Diário de Pernambuco comemora 200 anos

Diário de Pernambuco comemora 200 anos

O Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal em circulação no Brasil, com sede em Recife, completou no começo do mês 200 anos de existência. Fundada em 1825, a publicação, que nasceu como um jornal de anúncios, foi criada pelo tipógrafo Antonino José de Miranda Falcão. A primeira edição, com apenas quatro páginas, foi rodada na casa de seu fundador. Atualmente, é comandado pelo empresário Carlos Frederico Vital.

Posteriormente, o Diário de Pernambuco pertenceu por décadas aos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, consolidando-se como uma referência do jornalismo no Nordeste. Um dos casos mais emblemáticos que marcou a história do jornal é o da lenda urbana Perna Cabeluda, que foi inclusive explorado no recente filme O Agente Secreto. Em 1975, o repórter Raimundo Carrero conversou com um morador de São Lourenço da Mata que dizia ter sido atacado por uma perna cabeluda. A história estampou as páginas do jornal, com a manchete “Perna fantasma surge em moradia em Tiúma”.

Em 2022, a Universidade Federal de Pernambuco firmou uma parceria com o Diário de Pernambuco para restaurar e digitalizar o acervo físico do jornal. E em janeiro deste ano, foi publicada uma lei municipal que torna a publicação Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural do Recife.

Prefeito de Parauapebas (PA) agride jornalista durante COP30; organização suspende político

Prefeito de Parauapebas (PA) agride jornalista durante COP30; organização suspende político
Aurélio Goiano (Crédito: Leandro Gouveia/CBN)

Aurélio Goiano (Avante), prefeito de Parauapebas (PA), deu um tapa no rosto do repórter Wesley Costa, da Rádio Liberal, do Pará, em frente ao estúdio da emissora em Belém, durante a cobertura da COP30. O caso ocorreu na última sexta-feira (14/11). A organização da COP30 decidiu suspender a credencial de Aurélio Goiano.

Segundo informações da CBN, que ouviu pessoas próximas ao ocorrido, a agressão teria sido motivada por uma postagem feita por Costa nas redes sociais que mostrava Goiano, apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro, conversando amigavelmente com o ministro da Secretaria Especial da Presidência, Guilherme Boulos.

Pouco tempo depois da publicação, a assessoria da prefeitura de Parauapebas confirmou uma entrevista de Goiano com o jornalista. Quando Costa chegou ao local marcado para realizar a entrevista, levou um tapa do prefeito. Antes da agressão, Goiano direcionou xingamentos a duas produtoras da Rádio Liberal. Seguranças da ONU conduziram o prefeito a uma área reservada. Costa recebeu atendimento médico e passa bem. Ele afirmou que fará uma queixa na polícia por agressão. O prefeito de Parauapebas não quis se manifestar.

Manual de Redação do Jornalismo Indígena tem pré-lançamento em Belém, durante a COP30

Manual de Redação do Jornalismo Indígena tem pré-lançamento em Belém, durante a COP30
Crédito: Iago Jenipapo Kanindé

A Articulação Brasileira de Indígenas Jornalistas (Abrinjor) realizou na quinta-feira (13/11) o pré-lançamento do Manual de Redação do Jornalismo Indígena, ferramenta que orienta profissionais imprensa sobre como cobrir e narrar, com responsabilidade, ética e respeito, as histórias dos povos originários. O evento de pré-lançamento ocorreu na Casa Maracá, em Belém, palco da COP30.

Com o título Poranga Marandúa (que significa “notícia boa” em Nheengatu, língua falada na terra indígena Alto Rio Negro), o manual, feito por mais de 60 jornalistas indígenas de mais de 40 povos, apresenta diretrizes para uma cobertura antirracista, decolonial e comprometida com a justiça climática, reconhecendo a centralidade da escuta, da comunidade e da ancestralidade nas práticas jornalísticas.

O evento de pré-lançamento reuniu comunicadores, pesquisadores e lideranças de diversos biomas do País para debater a cobertura sobre os povos indígenas. O encontrou refletiu sobre como a crise climática é também uma crise da comunicação, que acaba de certa forma silenciando e reproduzindo estereótipos sobre os povos originários.

Para Helena Sária, vice-presidente Regional Norte II da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que esteve presente no evento, o manual é um grande marco para a imprensa brasileira: “O jornalismo brasileiro precisa aprender a ouvir quem há séculos protege a Terra. Este manual não é apenas um conjunto de orientações técnicas, é um chamado ético para que a imprensa reconheça os povos indígenas como protagonistas e especialistas de suas próprias narrativas”.

Criada em 2022 e com a atuação de mais de 70 jornalistas indígenas de 45 povos, a Abrinjor trabalha com formação, defesa de direitos e produção de conteúdos que visibilizam saberes, realidades e lutas dos povos originários.

“Golpe” ou defesa da imparcialidade jornalística? Crise na BBC vai muito além da edição da fala de Trump

Sede da BBC (Crédito: Wikimedia Commons)

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Nessa terça-feira (11/11), falando pela primeira vez na TV sobre a edição de seu discurso no dia da invasão do Capitólio exibida em um programa da BBC antes das eleições de 2024, Donald Trump foi direto: “Tenho obrigação de processar”.

No dia seguinte, o premiê britânico Keir Starmer foi pressionado no Parlamento pelo líder dos Liberal-Democratas a exigir que Trump desista da ação de US$ 1 bilhão, garantindo que ele não receba “nem um centavo” dos cofres públicos.

Starmer evitou o confronto. Destacou a importância da BBC em um mundo tomado pela desinformação, embora tenha reconhecido que a rede precisa “arrumar a casa”. E aproveitou para acusar o antigo governo Conservador de orquestrar uma campanha para desacreditar a emissora pública.

Os dois episódios expõem um cenário cada vez mais evidente desde o vazamento de um relatório interno publicado pelo Daily Telegraph, apontando falhas na imparcialidade da BBC, inclusive na edição de falas de Trump.

O debate vai além de teorias sobre imparcialidade ou erros pontuais. Ganha força a ideia de um “golpe” para atingir a BBC por onde mais dói: o bolso.

Financiada com recursos públicos e uma taxa obrigatória paga por domicílios, a emissora tem seu contrato renovável em 2027. A ofensiva para minar sua credibilidade começou no governo de Boris Johnson.

Um dos nomes centrais da nova crise é um conselheiro indicado por ele, acusado de ter articulado o vazamento que deu a Trump munição para atacar mais uma instituição da imprensa, chamando seus jornalistas de “corruptos”.

Há dúvidas sobre a viabilidade de um processo por difamação, já que o programa nem foi exibido nos EUA. Também chama atenção o fato de Trump só ter se ofendido um ano depois – e de não ter processado outros veículos que noticiaram suas falas incendiárias na época da invasão.

Mas isso é secundário. O que importa é que a crise cruzou o Atlântico, envolvendo o líder da maior potência global – e inimigo declarado da liberdade de imprensa – em uma disputa com desdobramentos mais transformadores – não necessariamente para melhor –  do que outras crises já enfrentadas pela rede.

Leia o artigo completo em MediaTalks.

Sede da BBC (Crédito: Wikimedia Commons)

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Estadão promove cortes em equipes de Jornal do Carro e Estradão

Um profundo corte atingiu em cheio nesta semana as equipes dos suplementos automotivos do Estadão. Segundo apurou este Jornalistas&Cia, foram desligados ou não terão seus contratos renovados cinco profissionais, entre eles, na equipe do Jornal do Carro, o editor-chefe de digital Diogo de Oliveira e os repórteres Igor Macário, Rodrigo Tavares e Vagner Aquino, que permanece até o fim do mês, quando seu contrato chega ao fim; e no Estradão, o repórter Thiago Vinholes.

Antes do Estadão, Diogo teve uma rápida passagem pela HPE, como analista de Comunicação para as marcas Mistubishi e Suzuki, foi editor multiplataforma e repórter da Autoesporte, editor de automóveis do portal R7 e repórter da Autopress.

Igor integrava a atual equipe do JC desde maio, em sua segunda passagem pela publicação, onde somava sete anos no total, e antes atuou em Karvi, Quatro Rodas e Autopress.

Também oriundo do Rio de Janeiro, assim como Diogo e Igor, Rodrigo era freelancer para o suplemento do Estadão há quase três anos. Foi criador do poodcast PodCarro.

Com quase 20 anos de atuação no setor automotivo, Vagner estava no Jornal do Carro há cinco anos e meio e antes teve passagens destacadas pelo Grupo Printer e pelo Diário do Grande ABC.

Há um ano e meio no Estradão, Thiago tem sua carreira destacada tanto na imprensa automotiva – com passagens por Carsale e Motorpress – quanto na especializada em aviação, tendo sido editor-chefe do site Airway por quase seis anos.

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