O publicitário Alex Periscinoto morreu em 17/1, em sua casa em São Paulo, aos 95 anos, de complicações decorrentes da Covid-19.
Nascido em Mococa, interior de São Paulo, de família humilde, trabalhou desde a adolescência. Começou nas indústrias de tecidos Matarazzo; passou depois ao varejo, na Sears e no Mappin, de que foi diretor. Em meados da década de 1950, dedicou-se exclusivamente à publicidade, e veio a revolucionar no Brasil esse segmento da comunicação.
Implantou, nas agências, o modelo de trabalho com uma dupla de criação, em que diretor de arte e redator atuavam lado a lado, o que permanece até hoje. Foi sócio da agência Almap, de Alcântara Machado, e ali criou o cargo de diretor de criação, que passou a ocupar.
Foi o primeiro jurado brasileiro no Festival de Cannes, ex-presidente da Fundação Bienal de São Paulo, e secretário de publicidade no governo do presidente Fernando Henrique na década de 1990. Publicou em 1995, com a colaboração de Izabel Telles, sua autobiografia Mais vale o que se aprende que o que te ensinam. Com o jornalista Walter Fontoura, fundou em 2000 a SPGA Consultoria de Comunicação.
O Exército enviou carta a Ana Clara Costa, editora-chefe da revista Época, exigindo “imediata e explícita retratação” por uma coluna de Luiz Fernando Vianna que acusa a corporação de agir para “matar brasileiros”.
O colunista escreveu que “em vários momentos da nossa história, o Exército brasileiro pôs-se a matar a população em grande quantidade”, citando a Revolta de Canudos e a ditadura militar. Vianna afirmou que recentemente o Exército voltou a envolver-se fortemente na política, agindo para pressionar a Justiça com a ocupação de cargos importantes do Governo Jair Bolsonaro por militares, que segundo ele, teve como efeito “um massacre na área da saúde”.
“No momento, o Exército participa de um massacre. Um general, Eduardo Pazuello, aceitou ser ministro da Saúde mesmo, como admitiu, sem saber o que é o SUS. Suas credenciais eram as de um craque da logística. Ele pode ser bom em distribuir fardas e coturnos, mas, como estamos vendo, não sabe salvar vidas”, escreveu o colunista.
Na carta a Época, o Exército repudiou o artigo e escreveu que o texto de Vianna revela “ignorância histórica e irresponsabilidade, não compatíveis com o exercício da atividade jornalística”, e pediu para que a revista “afaste qualquer desconfiança de cumplicidade com a conduta repugnante do autor e de haver-se transformado em mero panfleto tendencioso e inconsequente”. Segundo o Exército, o comportamento do colunista foi “leviano e possivelmente criminoso”, e afirmou que a corporação tem se empenhado para preservar vidas “estendendo a Mão Amiga”.
Em resposta, Época publicou a seguinte nota:
“Nesses dias sombrios que temos vivido em nosso país, a missão do jornalismo de Época tem sido informar a sociedade sobre fatos relevantes e, no espaço editorial, permitir a divulgação de manifestações das mais diversas correntes de pensamento, mesmo aquelas com as quais não concorda. O título e o conteúdo do artigo a que a carta do Exército se refere não refletem a opinião de Época sobre os militares brasileiros, mas apenas o pensamento do autor, que exerceu tão somente seu direito à liberdade de opinião. Há graves erros e omissões do presidente Jair Bolsonaro e de seus ministros, em especial o da Saúde, na condução da luta contra a pandemia. Mas Época entende que essa má condução não pode ser atribuída às Forças Armadas. Ao publicar essa carta do Exército, Época não está aquiescendo a exigências. Época demostra apenas seu apreço pelo debate democrático e pela liberdade de expressão. Discordar com espírito crítico, de forma respeitosa, é o que se espera de quem ocupa posição de relevo nas instituições mais importantes do estado.”
Justiça aceita recurso contra Aos Fatos por difamação do Jornal da Cidade Online
O presidente Jair Bolsonaro bloqueou em 18/1 o perfil da agência de checagem Aos Fatos no Twitter. Em resposta ao ocorrido, o site escreveu que a atitude de Bolsonaro é “arbitrária e demonstra crescente intolerância do mandatário ao contraditório”.
Para Tai Nalon, diretora executiva de Aos Fatos, o bloqueio soa como uma “reação agressiva ao acompanhamento sistemático que é feito das declarações do presidente no contador de checagens. (…) É uma ação casuística, autoritária e também contraproducente, já que qualquer outro perfil, logado ou deslogado, pode ler o que Bolsonaro publica na rede social”. Em 15/1, a agência contabilizava quase 2.300 informações falsas do presidente desde que assumiu o cargo.
No texto, Aos Fatos destaca a opinião de Francisco Cruz, advogado e diretor do Internet Lab: “Ao bloquear o acesso de jornalistas, o presidente tenta criar obstáculos para que a imprensa e a população possam debater e questionar as propostas do governo. (…) Apesar de ser uma conta pessoal, ela é efetivamente usada pela Presidência da República, o que confere caráter público às suas publicações”.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), ao menos 32 jornalistas já foram bloqueados por Bolsonaro no Twitter. O mesmo estudo detectou que, de 2014 até o começo desta semana, 65 jornalistas tinham sido bloqueados por autoridades públicas brasileiras com perfis nas redes sociais, somando 128 casos. Vale lembrar que Bolsonaro já responde a ações sobre o tema.
Em assembleia realizada em 15/1, profissionais de imprensa da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) decretaram a partir desta segunda-feira (18/1) greve por tempo indeterminado. Eles são responsáveis pela produção do Correio Popular (Campinas-SP), do portal do jornal e da revista Metrópole.
Os grevistas reivindicam o pagamento de salários e verbas trabalhistas em atraso, pois estão sem receber salário desde maio de 2019, bem como outros direitos, como FGTS, 13º e férias. Nas últimas semanas, os trabalhadores, junto com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), buscaram negociar com a empresa.
Para pressionar a RAC, realizaram paralisações de até 24 horas, mas não obtiveram sucesso nas tratativas. O SJSP declarou que “segue aberto à negociação caso a empresa apresente propostas concretas”.
Carine Pereira, que deixou a Rede Globo em 5/1, fez um desabafo no Instagram relatando que foi vítima de assédio moral dentro da emissora. Ela trabalhou no grupo por sete anos, foi apresentadora do Globo Esporte Minas de 2017 a 2019, e recentemente estava à frente Bom Dia Minas.
No vídeo publicado, ela contou que sofreu assédio de superiores, denunciou o ocorrido e foi “mudada de horário e de função” após realizar a denúncia na ouvidoria da empresa. Ela se sentiu a única prejudicada depois da denúncia.
“Enfrentei muito preconceito por ser mulher e por não ser desse meio”, declarou Carine. “No começo eram piadinhas dos colegas, algum tratamento diferenciado porque eu não era dali, mas depois foi o meu chefe. Ele dizia: ‘Ah, a Carina consegue essa exclusiva porque é mulher, tem o que você não tem, oferece o que você não oferece…’ Quando era colega, eu retrucava, mas quando era o chefe, não, porque era alguém que eu admirava. E as coisas foram piorando”.
Segundo Carine, ela e colegas resolveram entrar em contato com o RH, mas a ação não resolveu o problema: “Depois a gente fez uma denúncia na ouvidoria da empresa. Fui mudada de horário, de função. Para mim, as coisas pioraram. Eu era a única mulher dessa galera que denunciou e sinto que fui a única prejudicada”.
O Lance entrou em contato com a Globo, que comunicou que não comenta casos como o de Carina e reafirmou que os assuntos internos são investigados por uma equipe especializada.
Paulo Jeronimo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), enviou em 14/1 uma representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o presidente Jair Bolsonaro por repetidos atentados cometidos por ele ao estado democrático de direito.
O documento destaca atos de incitação à violência e declarações públicas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, os partidos políticos e o próprio TSE: “Não se trata da primeira vez que o representado assaca aleivosias contra o sistema representativo brasileiro, devendo ser notificado para comprovar suas alegações, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade”. A ABI relembra a fala de Bolsonaro de que as eleições de 2018 foram fraudadas e que somente foi eleito porque teve muito voto.
O texto cita também o comentário do presidente em relação à invasão do Capitólio nos EUA. Ele comentou que, “se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter um problema pior que os Estados Unidos“. Segundo a ABI, o comentário incentiva grupos radicais que o apoiam a atentar contra as instituições democráticas e republicanas.
Tijolinho era um dos repórteres esportivos mais queridos onde quer que trabalhasse. Com ele não tinha mimimi, era pra fazer, feito estava – gostava de dizer. Uma semana antes da decisão pelo título estadual entre Flamengo e Vasco, no Maracanã, o chefe o escalou para uma importantíssima pauta. Prevendo a vitória do mengão, o que acabou acontecendo, o editor começou a elaborar a cobertura das comemorações, sabidamente muitas. E mandou Tijolinho para o morro da Mangueira, onde, lhe avisaram, haveria um espetáculo de fogos de artifício comandado pela torcida rubronegra que morava na favela.
Antes de ir morro acima, Tijolinho ficou sabendo que precisaria “pedir licença ao homem”, o poderoso chefão da comunidade, que tinha o sugestivo apelido de Ricardo Coração de Leão. Achou melhor passar por lá uns dias antes, conhecer o ambiente, fazer uns contatos, essas coisas muitas vezes indispensáveis para o sucesso desse tipo de matéria. Passou por algumas biroscas, tomou umas cachaças “para dar coragem”, conversou com uns, com outros, até que ficou combinado: o encontro entre ele e “seu” Coração de Leão (ele gostava de ser chamado assim). Seria num lugar conhecido como Buraco Quente, onde funcionava a principal boca de fumo da Mangueira naquela época. Já meio cá meio lá por conta das cachaças, Tijolinho foi pontual. O traficante-chefe também não se fez de rogado.
Ricardo Coração de Leão chegou montado numa motocicleta poderosa. Trazia na cintura duas pistolas calibre 45, arma só permitida às Forças Armadas. Todo cerimonioso, Tijolinho explicou que precisava fazer umas fotos da torcida mangueirense comemorando o título do Flamengo. Precisava de sua autorização. Cheiradão, o homem tirou o capacete, virou-se para o repórter e, entre dentes, debochou: “Festa do Flamengo, é? Pois eu quero que você, seu patrão e seu jornal vão tomar…” Dito isso, ainda berrou: ” Eu só é Vasco. E já que você tá querendo um show pirotécnico, vai ter agora”. E puxou as pistolas da cintura, dando vários tiros para o alto, no que foi seguido pelos comparsas que, confusos, já não sabiam quem estava atirando em quem.
Os que assistiram à cena disseram mais tarde ao próprio Tijolinho que ele parecia uma perereca descendo o morro em meio ao tiroteio que se seguiu. Chegou na redação roxo de susto, mas inteiro. Ricardo Coração de Leão cumpriu pena no presídio de segurança máxima Bangu 3. Tijolinho faleceu no final dos anos 1990, deixando no setor um vazio que ainda não foi preenchido em jornal algum, dizem os que com ele conviveram.
Magda Almeida
A história desta semana é novamente uma colaboração de Magda Almeida. Carioca, hoje residindo em Porto Alegre, no Rio teve passagens por Jornal do Brasil (repórter especial e editora), Jornal da Tarde e O Estado de S. Paulo (repórter especial) e O Dia, onde foi ombudsman e criou e administrou o Instituto Ary Carvalho, braço social, cultural e de educação do grupo O Dia.
A vacinação da enfermeira Mônica Calazans foi um marco histórico e sinaliza para dias melhores. Mesmo assim, o pensamento negacionista contra a vacina segue sendo difundindo, principalmente nas redes sociais. Não só aqui no Brasil, mas no mundo inteiro.
Com isso em mente, o Instituto Reuters para Estudos do Jornalismo divulgou um relatório consolidando o que se aprendeu em 2020 a partir das pesquisas sobre a relação do público com o noticiário sobre a Covid-19. Há boas reflexões para jornalistas e comunicadores empenhados em conscientizar a sociedade sobre medidas de controle e vacinas, como a necessidade de usar múltiplas plataformas, o risco da fadiga de notícias e as desigualdades no consumo de informações.
O estudo sugere evitar políticos como fontes e valorizar os grupos que emergem como altamente confiáveis e percebidos como capazes de ajudar a entender a crise, como autoridades de saúde, cientistas e médicos.
Nós acrescentamos mais um grupo à lista: os idosos. Itália, Reino Unido e França estão lançando mão deles para endossar a segurança da vacina. A Itália foi bem longe na ideia: escalou a Dona Fiorina Fiorelli, que com nome de flor completou em 12 de janeiro 108 anos e foi uma das primeiras a tomar a vacina para mostrar que não há o que temer.
Como Portal dos Jornalistas e Jornalistas&Cia adiantaram em dezembro, nos próximos meses a Redação do Valor Econômico e a Redação Integrada Infoglobo passarão por mudanças em suas estruturas. As alterações foram informadas em dois comunicados do diretor-geral Frederic Kachar.
Vera Brandimarte
No Valor, Vera Brandimarte, diretora de Redação desde 2003, deixará o cargo em abril. Até lá, vai focar em realizar a passagem da gestão para Maria Fernanda Delmas e depois continuará assessorando o jornal em novas iniciativas. Ela foi responsável por importantes projetos, como Valor PRO e Valor Investe.
Vera iniciou a carreira na Gazeta Mercantil, onde trabalhou por 15 anos em diferentes funções, incluindo a liderança das editorias de Agronegócio e Finanças, coordenação de editorias e foi chefe de Redação. Também passou por Jornal do Brasil, como repórter especial, editora de Economia, editora executiva e chefe da sucursal São Paulo; e O Estado de S.Paulo, onde atuou na Chefia de Redação. Em 1999, uniu-se a Celso Pinto e Carlos Eduardo Lins da Silva para conceber o Valor Econômico, lançado em maio de 2000.
Maria Fernanda Delmas, que desde 2017 atua como editora executiva de Integração da Redação Integrada, mudará do Rio para São Paulo e assumirá a posição de diretora de Redação do Valor. A transição ocorrerá até março.
Formada em Jornalismo pela UFRJ, ela iniciou a carreira na Gazeta Mercantil, em São Paulo. Foi repórter de Economia na revista IstoÉ e na sucursal do Estadão no Rio de Janeiro. Ingressou em O Globo em 2000 como repórter e foi editora de Economia. Por dois anos, atuou no mercado em outras atividades na área de comunicação e retornou para a Redação como editora executiva da Mesa Central.
Letícia Sander, que hoje responde pela Redação Integrada na sucursal São Paulo, mudará para o Rio para assumir as funções de Maria Fernanda na Mesa Central. O substituto de Letícia na sucursal de São Paulo será Renato Andrade.
Editores executivos
O grupo de editores executivos do Valor atuará em uma nova configuração a partir deste mês, com as saídas de Célia Franco, Pedro Cafardo e Cláudia Safatle, que fizeram parte do time fundador do veículo. Eles vão se dedicar a novos projetos, mas continuarão colaborando com o jornal.
Cláudia Safatle chegou ao Valor em 2000. Antes, passou por Gazeta Mercantil, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil, e foi assessora do Banco Central. Ultimamente liderava a redação em Brasília. Cristiano Romero mudará para Brasília e assumirá a função de diretor adjunto. Zínia Baeta, que vinha atuando como editora de Legislação, assumirá a posição de Cristiano como editora executiva.
Célia Franco iniciou a carreira em jornalismo na Folha de S.Paulo, onde foi repórter de Economia. Ficou por 20 anos na Gazeta Mercantil, onde atuou em diversas posições de chefia da redação e dirigiu a Gazeta Mercantil Weekly Edition, em Londres.
Sérgio Lamucci, editor de Brasil, será promovido a editor executivo e assumirá as funções de Célia. Pedro Cafardo começou a carreira como repórter da Folha de S.Paulo, onde foi também editor de Economia. Trabalhou em outros jornais, como a Gazeta Mercantil, onde atuou na editoria Nacional, e em O Estado de S. Paulo, onde foi editor-chefe. Foi também editor de Economia em outras publicações.
Robinson Borges, que atuava como editor do EU& Fim de Semana, substituirá Pedro na função de editor executivo.
A ADS Comunicação Corporativa comemora neste domingo (17/1) 50 anos de atuação. Com o sloganinovando desde sempre, a empresa informa marcar sua trajetória “com responsabilidade social corporativa, prevenção e gerenciamento de crises, programas de relacionamento com stakeholders, gestão de redes sociais, marketing digital, marketing de influência, eventos, entre outros.
Fundada por Antonio De Salvo, falecido em 2008, a ADS foi uma das primeiras a abrir portas em um mercado que na década de 1970 era praticamente desconhecido. Desde então, atendeu a centenas de clientes de todos os setores da economia e conquistou os principais prêmios nacionais e internacionais da categoria. Por seu quadro de colaboradores passaram alguns dos principais nomes do mercado de Relações Públicas e do Jornalismo do País.
Ingrid Rauscher, CEO da ADS, diz que a agência tem quatro pilares principais: “Compreensão do ambiente de mudanças que norteia a comunicação, a confiança de seus clientes, a capacidade da agência de oferecer soluções criativas e inovadoras e o talento de uma equipe de profissionais comprometidos com a entrega de resultados consistentes para os clientes”.