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Abraji e Fiquem Sabendo treinam profissionais sobre uso da LAI em reportagens

Abraji e Fiquem Sabendo treinam profissionais sobre uso da LAI em reportagens

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a agência de dados Fiquem Sabendo iniciam em julho o projeto LAI nas Redações, treinamento que visa a capacitar jornalistas de dez veículos do País para o uso da Lei de Acesso à Informação (LAI) na produção de reportagens.

A iniciativa surgiu depois dos resultados de uma pesquisa da Abraji sobre o uso da LAI pela imprensa. Os dados obtidos apontaram que quase metade dos jornalistas participantes da pesquisa (pouco mais de 48%) nunca fizeram pedidos de acesso à informação, e os que acionaram a LAI (quase 52%) tiveram dificuldades para obter respostas.

O curso, online e gratuito, será oferecido aos veículos contatados previamente pela Abraji durante a elaboração da pesquisa. O projeto dura um ano, e a meta é treinar 300 jornalistas de todo o Brasil.

Para Luiz Fernando Toledo, diretor da Abraji, “assim como o Excel era opcional no passado e hoje é uma ferramenta básica para muitas apurações, a LAI também deve estar no kit do jornalismo investigativo”.

Leia também:

Fabíola Reipert assina com a Record Entretenimento

Fabíola Reipert assinou contrato com a Record Entretenimento, empresa do Grupo Record voltada ao gerenciamento de carreira, publicidade, eventos, projetos especiais e licenciamentos.

Comentarista do quadro A Hora da Venenosa, ela terá sua carreira gerenciada pela empresa, que vai trabalhar sua imagem nas redes sociais e gerenciar projetos em diferentes setores. Em maio, Reinaldo Gottino, apresentador do Balanço Geral SP, também assinou com a Record Entretenimento, tornando-se o primeiro jornalista a entrar para o time da empresa.

Entre 1998 e 2009, Fabíola esteve no jornal Agora São Paulo, do Grupo Folha, assinando a coluna Zapping, sobre televisão e famosos. Passou também por SBT, Rede Mulher e CBN. De 2009 a 2016 foi colunista do R7, e desde 2014 está no A Hora Venenosa.

Histórias do Jornalismo Esportivo: A cachaça foi embora todinha

Por Walfran Valentim

Na década de 1980, quando militava na antiga extinta Rádio Poty de Natal, órgão dos Diários e Emissoras Associados, estava na cidade do Assu, região central do RN, para a cobertura de uma partida do campeonato estadual. Estava na hora do almoço quando nos deparamos com um assalto na agência do Banco do Brasil.

Histórias do Jornalismo Esportivo: A cachaça foi embora todinha - negociação com bandidos
Local onde as roupas dos reféns foram jogadas pelos bandidos

Como já tinha trabalhado na área policial, fui chamado pelo delegado-geral, amigo meu, para entrar no banco e negociar com os bandidos. Como o chefe da quadrilha garantiu não machucar ninguém, lá fui eu.

Quando entrei no local, levei um susto ao ouvir o grito: “O que o senhor quer aqui?” Ora, ele não pediu um repórter para ser intermediador da negociação? Quando ouvi esse grito, vi uma espada na mão do sujeito e seis comparsas mascarados. Não tive outra opção a não ser me mijar em pleno banco. A cachaça que tinha tomado no mercado, para me encorajar, foi embora todinha.

Histórias do Jornalismo Esportivo: A cachaça foi embora todinha - negociação com bandidos
Na cela, conversando com Erivam Chuvas, o chefe da quadrilha

Erivam Chuvas era o nome do bandido, que dizia constantemente ter pacto com o diabo. Experiência louca! Os bandidos exigiram um avião para fugirem com destino ao Pará, estado natal deles. Em Belém a polícia já os esperava. Houve grande tiroteio e seis ladrões mortos. Apenas Erivam escapou.

Recambiado pra Natal, não perdi a oportunidade de ser o primeiro a entrevistá-lo. “Lembra de mim? Me grite agora, seu fdp”. Estava tão fulo da vida, pois pensei que iria morrer naquele banco. Dinheiro recuperado, vítimas sem ferimentos, seis bandidos mortos e um preso. Experiência que não desejo a ninguém!


O Portal dos Jornalistas traz neste espaço histórias de colegas da imprensa esportiva em preparação ao Prêmio Os +Admirados da Imprensa Esportiva, que será realizado em parceria com 2 Toques e Live Sports, no segundo semestre. A história desta semana é de Walfran Valentim, presidente da Associação de Cronistas Esportivos do Rio Grande do Norte (ACERN).

É tudo culpa da imprensa…

Luciano Hang
Luciano Hang, dono da Havan, moveu 36 ações contra jornalistas, veículos e críticos, mostra levantamento da Abraji

Alvo de operação da Polícia Federal em inquérito contra fake news e na mira da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por possíveis práticas como agiotagem, lavagem de dinheiro, contrabando, evasão de divisas e sonegação, o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, moveu ao menos 36 processos judiciais contra a imprensa, críticos e opositores, entre 2013 e 2021.

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), os principais afetados são jornalistas e veículos de comunicação, totalizando 23 ações. Somados, os processos por danos morais pedem um total de R$ 6,2 milhões em indenizações. Dentre as ações mapeadas, há também pedidos de remoção de conteúdo. Além disso, em nove processos, a Havan aparece como autora ao lado de Hang.

Parte das informações foi levantada pela defesa do jornalista Denis Burgierman, editor-chefe do programa Greg News, de Gregório Duvivier, e um dos alvos de Hang, e elas tiveram como objetivo demonstrar que o empresário tem um comportamento sistemático de tentar silenciar vozes críticas.

Repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo, Patricia Campos Mello também é um dos alvos do empresário. O motivo foi a reportagem publicada em 18 de outubro de 2018 que revelou que empresas teriam comprado pacotes de disparos em massa de mensagens no WhatsApp, durante as eleições daquele ano.

As mensagens tinham conteúdo contrário ao PT, partido que disputou o segundo turno das eleições com Bolsonaro, e a Havan estaria entre as compradoras dos pacotes que previam centenas de milhões de disparos de mensagens. A denúncia chegou, em 2020, à CPMI das Fake News, o que levou a jornalista da Folha a também ser atacada pelo presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduaro Bolsonaro.

No processo movido contra a Folha de S.Paulo e Patricia Campos Mello, Hang pede indenização de R$ 2 milhões.

Miriam Leitão e O Globo foram processados devido a reportagens que mostraram a coação, por parte de Hang, para que funcionários da Havan votassem em Jair Bolsonaro para presidente em 2018. Da mesma forma, o portal Brasil 247 e o jornalista Luis Nassif, do jornal GGN, foram processados por Hang por abordarem o assunto nos respectivos portais.

A reportagem do Brasil 247 foi retirada do ar por determinação judicial. No caso de Nassif, a decisão na justiça foi em favor do jornalista. Apesar de a matéria intitulada O que está por trás do terrorismo eleitoral do dono da Havan não contar com a assinatura de Nassif, a ação foi movida contra o responsável pelo site, e pedia que ele pagasse indenização por danos morais.

Para Nassif, trata-se do típico lawfare, ou seja, o uso da lei como instrumento de combate a opositores. “Hang tem dinheiro. Para ele, é peanuts [custo ínfimo] abrir um processo. Por outro lado, quem publica precisa contratar advogado e perder tempo se defendendo”, disse o jornalista à Abraji.

Luciano Hang ganhou projeção nacional durante as eleições presidenciais de 2018, que culminaram na vitória de Jair Bolsonaro (sem partido). O empresário foi um dos maiores apoiadores do então candidato à Presidência pelo Partido Social Liberal (PSL). A grande maioria dos processos foi iniciada justamente a partir de outubro de 2018, mês das eleições. Em comum, o empresário e o presidente da República demonstram intolerância à exposição de questões embaraçosas a eles relacionadas.

(Com informações da Abraji)

Ignácio de Loyola Brandão lança audiolivro e é um dos narradores

O contista, cronista e romancista Ignácio de Loyola Brandão lança este mês o audiolivro Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela (Global Editora), no qual ele próprio faz parte da equipe de narração, ao lado dos atores Camilo Brunelli, Zeza Mota, Thiago Ubaldo, Thiago Nalin, Gustavo Balog, Priscila Scholz, Flávio Costa, Alexandre Mercki, Paola Molinari e Clayton Heringer.

A obra conta a história de um futuro incerto em que todas as pessoas, ao nascerem, recebem tornozeleiras eletrônicas e são vigiados por câmeras. O mundo foi devastado por uma peste que dissolve corpos. As escolas foram abolidas, ministérios foram extintos, mais de mil partidos coexistem e, no meio disso tudo, acontece a história de amor entre Clara e Felipe.

Com 11 horas de duração, o livro foi feito com a tecnologia de áudio binaural, que simula a captação de sons pelo ouvido humano, para proporcionar ao ouvinte uma experiência única de imersão no universo criado pelo autor.

Nascido em Araraquara (São Paulo) em 1936, Ignácio passou pelas redações dos periódicos brasileiros Claudia, Última Hora, Realidade, Planeta, Ciência e Vida e Vogue, e da revista francesa Lui. Tem mais de 40 livros publicados, como Bebel que a Cidade Comeu, Zero, Não Verás País Nenhum e O Beijo Não Vem da Boca. Seus livros foram traduzidos para vários idiomas.

Venceu o Jabuti de Melhor Livro de Ficção em 2008 com O Menino que Vendia Palavras. Em 2016, recebeu da Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual é membro, o Prêmio Machado de Assis.

Leandro Fidelis e Hellen Santos levam o Prêmio Alltech de Jornalismo

A Alltech anunciou os vencedores da 5ª edição do Prêmio Alltech de Jornalismo, que reconhece trabalhos jornalísticos sobre inovação e tecnologia no agronegócio. Os vencedores das duas categorias foram anunciados durante o Alltech ONE Simpósio de Ideias, que vai até 25 de junho.

Na categoria Agricultura, o primeiro colocado foi Leandro Faria de Castro Fidelis, repórter da Revista Safra ES, com a reportagem Café commodity x especial: vale a pena investir?. E na categoria Criação e Nutrição Animal, a vencedora foi Hellen Crishi Piccolo Santos, da TV Globo, com a reportagem Leite orgânico avança entre produtores paulistas, que contou com a participação de Maurino Marques, Fabíola Marzabal, Alexandre Dantas, Francisco Maffezoli Jr. e Renata Puccinelli.

Leandro Fidelis e Hellen Santos levam o Prêmio Alltech de Jornalismo
Hellen Santos e Leandro Fidelis (Crédito: Divulgação Alltech/Arquivo pessoal)

Os trabalhos foram avaliados de acordo com os seguintes critérios: adequação ao tema, relevância, utilização de fontes, densidade e exatidão do conteúdo e qualidade editorial e técnica. A comissão julgadora foi formada por representantes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Alltech.

Tradicionalmente, os vencedores do prêmio recebem uma viagem para o Alltech ONE Simpósio de Ideias, realizado anualmente em Lexington, no Kentucky (EUA), mas por causa da pandemia o evento está sendo online neste ano. Leandro e Hellen receberam então homenagens e um prêmio em dinheiro de R$ 8 mil cada um, o equivalente ao custo de uma viagem para Kentucky.

Centenário da morte de João do Rio é nesta quarta-feira (23/6)

João do Rio

Nesta quarta-feira (23/6) completam-se 100 anos da morte de João do Rio, aos 39 anos, no Rio de Janeiro, por um mal súbito dentro de um táxi. João do Rio foi um dos maiores jornalistas da história do Brasil, muito pouco conhecido das atuais gerações. O nome dele era João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, ou simplesmente Paulo Barreto, jornalista, escritor, cronista, dramaturgo e homem de palácios e das favelas, que acabou eleito pela Academia Brasileira de Letras, em sua terceira tentativa.

Foi precursor – ou, como muitos afirmam, inventor – da reportagem e do novo jornalismo brasileiro, fazendo da atividade uma profissão de fato. Ele foi o primeiro a ir às ruas para descobrir e revelar a verdadeira alma da cidade e do povo do Rio de Janeiro.

Jornalistas&Cia o homenageou com um especial, publicado originariamente no Dia da Imprensa, em 1º de junho passado. Repercutam essa data e esse personagem tão emblemático para o jornalismo do País. Pautem em seus veículos, divulguem nas redes sociais, debatam.

A edição é fruto de três narrativas: de José Maria dos Santos, com brilhante carreira no jornalismo, também historiador, que mergulhou na pesquisa, construiu uma incrível narrativa da vida e morte de João do Rio, com uma impressionante riqueza de detalhes; de Moacir Assunção, professor de Jornalismo da Universidade São Judas, em São Paulo, que formou um grupo de alunas para aportar à edição os olhares da nova geração de jornalistas que vem aí; e de Assis Ângelo, que optou por um trabalho autoral, em que mescla poesia e ficção com a realidade do tempo de João e do próprio João.

Confira a edição! 


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Mister Bus, personagem que dá informações sobre trânsito em BH

Conhecido como Mister Bus, ele anda pelas ruas com um ônibus de plástico na cabeça, dando informações sobre os itinerários dos ônibus de BH.
Conhecido como Mister Bus, ele anda pelas ruas com um ônibus de plástico na cabeça, dando informações sobre os itinerários dos ônibus de BH.

Belo Horizonte é uma cidade com diversos personagens interessantes e que são conhecidos por suas ações diferenciadas. O mineiro Ricardo Teixeira, 49 anos, que está sempre pelas ruas da capital informando sobre o trânsito, é uma dessas figuras. Conhecido como Mister Bus, ele anda e/ou corre pelas ruas com um ônibus de plástico na cabeça, dando informações sobre os itinerários dos 2.854 ônibus de BH, divididos em 310 linhas.

Teixeira começou a gostar de ônibus em criança, mas naquela época não tinha brinquedo. Então, ele fazia ônibus com caixas de fósforos, de caldos, de maços de cigarros. Com o tempo, apareceram as Kombis de brinquedo e ele as transformava em ônibus. De lá pra cá, começou sua coleção de miniaturas, folders, revistas, recortes jornais. O famoso ônibus que o torna o Mister Bus, usado na cabeça, surgiu em 1999, quando houve a 1ª Volta Internacional da Pampulha, prova de atletismo mais famosa de Minas Gerais, com 17.800 metros. O ônibus na cabeça de Ricardo é um brinquedo de plástico, comprado em lojas de brinquedo, e a arte é feita por computador.

Mister Bus conta um pouco mais sobre o seu trabalho de comunicação: “Além do trânsito, o forte das informações que passo, por meios de comunicação, é do transporte público, com dicas, comportamento, uso das tecnologias e plataforma digitais, auxílio de passageiros nos ônibus, nos pontos e nas estações a ficarem atentos às informações que mudam com frequência”. De fato, Mister Bus faz, sem sombra de dúvidas, o papel de ponte entre a informação e a população, tornando-se um personagem importante para o jornalismo do cotidiano, sendo até mesmo uma referência para os veículos de comunicação.

“Fico atento às informações sobre transporte e trânsito de BH e Região nas redes sociais, aplicativos de trânsito e na própria imprensa e passo para os demais, inclusive às rádios, que até me consultam se há acidentes, alterações no transporte público, pois, às vezes, fico sabendo primeiro”. Atualmente, o trabalho dele é reconhecido por diversos órgãos de transportes, como o SETRABH (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH), pelos empresários de ônibus, população e imprensa.

Paralelamente ao trabalho dele como informante do trânsito na capital de Minas, Mister Bus tem um grande apreço pelo atletismo, pois já competiu e, agora, é seu principal hobby. Ricardo já participou de provas importantes, como a Maratona de BH, Maratona do Rio, Maratona de Blumenau, Meia Maratona do Rio, Volta da Pampulha e São Silvestre.

Questionado sobre seus sonhos, afirma que “são ser convidado para ir a diversas rádios e programas de TV para falar dos meus trabalhos sobre transporte e trânsito de BH e Região, Minas, Brasil e mundo, além de levar educação e segurança para todos que estão no trânsito com minhas dicas, com intuito de salvar vidas no trânsito, pois acidentes estão demais”.

E mais:

Congresso em Foco e Abraji vencem prêmio em Cannes

A campanha Bolos AntiBlock, promovida pelo site Congresso em Foco em parceria com a Abraji, recebeu um Leão de Bronze no tradicional festival Cannes Lions. Realizada pela agência FCB, a ação foi premiada na categoria Cultural Insight – Social % Influencer, pela maior premiação do setor publicitário do mundo.

Criada com o intuito de protestar contra autoridades do poder público que bloqueiam seguidores nas redes sociais, a plataforma inspirou-se nas receitas de bolo publicadas nas páginas de jornais censurados pela ditadura militar, para denunciar os bloqueios. Ao entrar no site e aceitar os termos de uso, a pessoa é convidada a se conectar a seu perfil no Twitter para que a ferramenta rastreie se ele foi bloqueado e por quem.

Caso a pesquisa retorne com algum resultado, um bloco em formato de criptoarte é criado para compartilhamento nas redes sociais, com “ingredientes” que variam de acordo com o cargo e o motivo do bloqueio.

Segundo dados da campanha, 42% dos bloqueios nas redes sociais foram feitos por deputados federais, 22% pelo presidente Jair Bolsonaro, ou seu vice, Hamilton Mourão, e 19% por ministros. Quase 20% dos bloqueados são jornalistas, 8% são profissionais de direito e 7%, de publicidade.

O prêmio é o segundo do Congresso em Foco em parceria com a FCB. Em 2019, o projeto Trending Botics levou o Leão de Bronze em Cannes na categoria Digital Craft.

(Com informações do Portal Imprensa)

Resultados de Economist e pesquisa do Reuters mostram que perdura a confiança na imprensa

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Há exatamente um ano, preparávamos uma edição especial examinando os efeitos da pandemia sobre o jornalismo e a informação no mundo, que marcou o lançamento do MediaTalks. Quando recebemos os relatos das seis correspondentes brasileiras que colaboraram para a edição, percebemos pontos em comum, apesar de virem de países diversos.

Um deles era o medo da quebra de empresas jornalísticas, a despeito das taxas de audiência explodindo. O outro era o temor de que o ganho de confiança na mídia apontado nas primeiras pesquisas pós-Covid fosse temporário. E em todos, as fake news haviam se tornado um problema ainda maior.

Esta semana trouxe algumas respostas para as incertezas daqueles dias. Uma é que a quebradeira não se confirmou. Houve perdas − de empregos, de veículos que não resistiram, talvez por comorbidades anteriores. Mas não foi o “evento de extinção em massa” que alguns previram.

Os resultados do grupo The Economist, que acabam de ser publicados, são mais um exemplo de reação àquele cenário desolador. A receita cresceu 3%, o que é uma vitória diante da catástrofe que se apregoava. E o lucro bateu 27%.

Uma das medidas foi dar os anéis para não perder os dedos. O grupo fechou duas empresas deficitárias, sacrificando alguns empregos, mas preservando outros. Mergulhou da digitalização, reformulando a versão online e criando novos produtos digitais. A base de assinantes cresceu 9% e a fidelidade do leitor aumentou.

Mas, como diz um mandamento de comunicação, o que vale não é só o que se faz durante uma crise, mas o que se fez antes dela. E o The Economist já tinha deixado de ser apenas uma empresa que vende revistas.

O grupo tem três divisões − eventos corporativos, educação executiva e consultoria − que exploram a reputação da marca para gerar receita e reduzem a dependência do produto principal. Na crise, elas ajudaram equilibrar as contas.

Resultados de Economist e pesquisa do Reuters mostram que perdura a confiança na imprensaNão foi a única empresa de mídia a contrariar previsões pessimistas − e o New York Times virou referência de crescimento na pandemia. Isso dá a pista para responder a outra questão levantada há um ano: o ganho de confiança se sustentaria?

A resposta veio no Relatório de Mídia Digital do Instituto Reuters, publicado nesta quarta-feira (23/6), e é boa. A confiança aumentou 44% globalmente. E o Brasil ficou em sétimo dentre 46 países onde a confiança na imprensa é mais alta.

Não é pouco, depois de um ano em que se agravaram os confrontos entre o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores com a mídia.

A resistência da imprensa como instituição no País mostrou-se alta, embora alguns veículos tenham sido afetados pela polarização, que reforçou a confiança sobre marcas conforme crenças políticas.

A confiança mostrada na imprensa constatada pelo Reuters é mais do que um reconhecimento a quem se desdobra para informar o público e um bem para a democracia. Se bem aproveitada, pode se traduzir em negócio. The Economist e New York Times servem como exemplo.

A capacidade do The Economist vender análises, atrair patrocinadores para eventos e alunos para seus treinamentos corporativos está diretamente relacionada à excelência de seu jornalismo e a confiança nele.

Por outro lado, os temores sobre as fake news não eram infundados. O estudo do Instituto Reuters mostra o Brasil como o mais preocupado do mundo com a desinformação. E onde o que mais enxerga o WhatsApp como canal de disseminação de fake news sobre a Covid-19.

Resultados de Economist e pesquisa do Reuters mostram que perdura a confiança na imprensa

Ainda que não seja surpresa, pois o problema já tinha sido identificado em outros estudos, é algo a ser tratado com atenção pelas plataformas, pelos cidadãos e pelas empresas, pelas ONGs, pela imprensa.

A educação é  preocupação de especialistas em todo o mundo. Mas o que chama a atenção no estudo do Reuters é que a própria população brasileira tem consciência de que é bombardeada com desinformação pelas plataformas digitais, em uma escala significativa. E parece não saber o que fazer para discernir fato de fake. Teria sido um pedido de ajuda?


Veja em MediaTalks a matéria completa sobre a nova edição do Relatório Reuters e as conclusões sobre o Brasil.

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