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terça-feira, julho 8, 2025

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Os 468 anos de São Paulo em prosa, verso e música

Jornalistas&Cia e Portal dos Jornalistas encontraram um jeito diferente de homenagear São Paulo neste seu aniversário de 468 anos: em prosa, verso e música. E o autor da façanha é o jornalista, escritor, cordelista, letrista e estudioso da cultura popular brasileira Assis Ângelo, dono de um acervo que contabiliza mais de 210 mil itens, entre discos (dos mais antigos 78 rpm aos CDs, passando pelos de vinil), partituras, livros, esculturas, pinturas, cordéis e tudo o que se pode imaginar de manifestações culturais produzidas no País.

Especial de J&Cia homenageia 468 anos de São Paulo

Assis estudou por quase três décadas as canções que de algum modo exaltam São Paulo, sua gente, seus costumes, seus bairros, suas mazelas, e catalogou nada menos do que 3 mil delas, compostas por centenas de artistas. Tem compartilhado esse estudo e esse conteúdo em exposições, instalações culturais, palestras, entrevistas e resolveu agora compartilhá-lo neste Jornalistas&Cia e no Portal dos Jornalistas, presenteando os leitores com um pouco dessa singela jornada, em que mostra como a música, a poesia e a literatura, de um modo geral, fazem um bem danado para a cidade e sua gente.

Neste especial, além de contar um pouco dessa jornada, Assis nos brinda com trechos de gravações de históricas entrevistas que fez ao longo de quase 50 anos de carreira, com alguns dos mais ilustres nomes da cultura popular brasileira, gente que já se foi, como Nelson Gonçalves, Paulo Vanzolini, Silvio Caldas e Zica Bérgami, entre outros, e outros que aqui ainda estão. Esses aceitaram o convite de mostrar o amor e o carinho que têm pela cidade, que ao longo de seus 468 anos, tem conseguido harmonizar as mazelas de uma sociedade desigual com a esperança de um mundo melhor, impedindo que o concreto, o asfalto, a miséria, a violência, as doenças infectem o espírito dos milhões que aqui vivem e que encontram na cultura e na arte um fio de esperança para apaziguar as tensões e os problemas do dia a dia e para elevar a alma e enlevar a mente, na busca de uma vida plena, melhor, mais doce e suave. A edição traz ainda a transcrição da entrevista que ele fez em novembro de 1980 com Adoniran Barbosa, ícone maior da música paulistana.

Especial de J&Cia homenageia 468 anos de São Paulo
Assis Ângelo

Só que Assis, com a autoridade de quem estuda há décadas, com afinco, a cultura popular, tendo São Paulo como seu grande farol, revela: “A cidade de São Paulo não tem um hino oficial. É a única das grandes capitais brasileiras que não tem seu hino. E quero aqui fazer uma conclamação, um desafio: que a Prefeitura e a Câmara Municipal se unam para dar à cidade o hino que ela tanto merece. Seja via concurso público ou mesmo eleição das canções que ganharam os corações e as mentes dos paulistanos”.

Desafio feito, deixamos agora nossos leitores com esse especial histórico, que mostra São Paulo em prosa, verso e música.

Boa leitura!

Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli

Acesse o especial aqui.

Depois de 18 anos, Marcelo de Moraes deixa a sucursal do Estadão no DF

Depois de 18 anos, Marcelo de Moraes deixa a sucursal do Estadão no DF

Em comunicado pelo Twitter no último dia 20/1, Marcelo de Moraes anunciou sua saída do Estadão: “Depois de 18 anos, encerrei minha participação no Grupo Estado. É hora de abrir as asas e dar uma olhada no que tem aí fora no mundo”. Indagado por este J&Cia se tinha algum projeto fora do País, respondeu: “Sair do Brasil? Nunca pensei nisso… rs”, mas não revelou seu destino profissional.

Especializado na cobertura política, Marcelo atuava ultimamente como repórter especial em Brasília e era também colunista da Rádio Eldorado. Foi diretor da sucursal, de 2013 a 2016. Mas saiu da função para editar a Coluna do Estadão, recriada em 2016. Em 2018 foi deslocado no Estadão para o projeto do BR18, do qual foi um dos editores, junto com Vera Magalhães e José Fucs. Em fevereiro do ano passado, com o fim do projeto, voltou à reportagem especial na capital do País.

Nesses 18 anos no Grupo Estado, foi também editor executivo em São Paulo, editor, colunista e repórter. Antes de chegar ao Estadão, passou pelas redações de O Globo, Veja, Jornal do Brasil, Valor Econômico e Correio Braziliense.

Jornal10, de Uberlândia, encerra atividades

Jornal10, de Uberlândia, encerra atividades

Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro

Depois de circular por 46 anos, o Jornal10, da cidade mineira de Uberlândia, comunicou que encerra suas atividades – no papel, no site e nas redes sociais – dia 31 deste mês. Carlos Franco, o editor-chefe, deu a informação a J&Cia.

Segundo ele, o Informativo Comercial Diário começou como exclusivamente de classificados, fossem imóveis, veículos, empregos, balanços e editais, tudo o que pudesse ser anunciado. Evoluiu para o noticiário de esportes da região, feito por dois estagiários da universidade local. De volta a Uberlândia, Franco apresentou um projeto aos donos do jornal, com muita prestação de serviço e atento ao fato de que o público leitor, mais velho, desconfiava da internet.

Carlos Franco

“No ano passado, o jornal enfrentou bem a pandemia, até chegar o aumento de 50% no custo do papel, e ser atingido pela retração dos negócios”, contou Franco. “Os jornais menores, com poucas compras, têm estreita margem de negociação. Manter uma gráfica com cinco rotativas também representava um custo alto para o jornal. De 60 páginas em média, caiu para 40 e, esta semana, chegou a 12”. Uberlândia, com 700 mil habitantes, é a segunda cidade do estado, depois da capital BH, à frente mesmo de Juiz de Fora.

Embora presente no site, no Instagram e no Facebook, os gestores chegaram a pensar em fortalecer o digital. Mas o custo para fazer classificados diários seria enorme, precisaria de servidores próprios, e foi preferível encerrar a operação. Cerca de 20 pessoas, entre funcionários e colaboradores, foram dispensadas. Além do editor, eram dois estagiários, três diagramadores, um fotógrafo, gráficos, e os motoqueiros que levam o jornal para as bancas.

Franco é de Uberlândia e de lá saiu aos 17 anos, para cursar a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Esteve em alguns veículos no Rio de Janeiro, com destaque para sua passagem pelo Jornal do Brasil. Nos últimos 14 anos, foi do Estadão, em São Paulo. Na comunicação corporativa, esteve na Ogilvy PR. Por questões familiares, voltou a Uberlândia, onde pretende permanecer até que todas sejam resolvidas. Para trabalho remoto, ele atende em sua empresa Olympia, no e-mail editoraolympia@gmail.com.

Caê Vasconcelos lançará livro sobre pessoas trans no mercado de trabalho

Caê Vasconcelos lançará livro sobre pessoas trans no mercado de trabalho

O jornalista Caê Vasconcelos lança no próximo sábado (29/1) o livro Transresistência: Pessoas Trans no Mercado de Trabalho (Dita Livros), que traz relatos e histórias de trans e travestis que conseguiram fugir das estatísticas de desemprego e exploração sexual. A obra é uma atualização de seu Trabalho de Conclusão de Curso em jornalismo na Fiam-Faam.

“Quando decidi escrever um livro sobre esse tema eu queria mostrar para as pessoas trans que existem outras possibilidades”, explicou Caê. “Não é fácil e até hoje existem muitas que nunca trabalharam em uma empresa. São pessoas que, muitas vezes, trabalham com arte, que é o que as acolhe”.

Por dois anos, o autor, que hoje se identifica como homem transsexual, pesquisou a exclusão da população trans no mercado de trabalho. Para o lançamento este ano, a obra ganhou novas histórias e o relato do próprio Caê, incluindo seu processo de descoberta e aceitação. A orelha da obra é assinada pela ativista Neon Cunha, primeira mulher trans a ter o nome retificado no Brasil.

“A primeira vez que eu percebi que poderia ser uma pessoa trans foi escrevendo esse livro. Quando comecei a entrevistar as pessoas, senti como se a história delas fosse a minha. Isso foi revolucionário para mim, não apenas como repórter”, disse o autor.

A obra traz relatos como o de Luiza, que percorreu a trilha do tráfico sexual na Europa, e, ao voltar para o Brasil, tornou-se a primeira funcionária trans do Museu de Arte de São Paulo (Masp); e os de duas parlamentares trans eleitas pela capital paulista em 2020, Carolina Iara, covereadora pela Bancada Feminista do PSOL, e Erika Hilton, primeira vereadora trans eleita na história da Câmara Municipal de São Paulo.

Em fevereiro do ano passado, Erika participou do Roda Viva, da TV Cultura. Na ocasião, Caê tornou-se o primeiro jornalista trans a participar da bancada de entrevistadores do programa. Formado em 2017, o jornalista passou a colaborar com Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo na cobertura de segurança pública e sistema prisional.

É possível adquirir a obra no site da editora.

Livro reúne estudos sobre comunicação e saúde em meio à Covid-19

Livro reúne estudos sobre comunicação e saúde em meio à Covid-19

Pesquisadores de diversas áreas lançaram o livro Covid-19 – Comunicação, negacionismo e responsabilidade social (Editora Insular), que reúne estudos, pesquisas e textos científicos sobre a problemática da saúde e da comunicação no combate à pandemia de Covid-19.

A primeira metade do livro traz falas (convertidas em artigos) de palestrantes que participaram de um debate sobre a pandemia na disciplina Comunicação e Política – Pandemia, Negacionismo e Responsabilidade Social, do programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ministrada por Luiz Artur Ferraretto, um dos organizadores da obra. O restante do livro mostra pesquisas de alunos e alunas, que foram a campo com orientação de textos científicos.

A obra aborda temas como o conceito de ciência, negacionismo, desinformação, produção e difusão de conteúdo relacionado à pandemia, abordagem científica da doença, entre outros.

Segundo texto de divulgação, o livro “procura dar conta de um momento histórico difícil e ainda em análise. Transita pelo papel fundamental da ciência na construção de um futuro de respeito à vida: a razão no embate com o senso comum, a responsabilidade social enfrentando o negacionismo, os processos de desinformação presentes em flertes da ignorância com o autoritarismo e a comunicação profissional como única alternativa em relação à propaganda apresentada como jornalismo”.

Os outros organizadores da obra são Andrei dos Santos Rossetto, Francielly Brites, Gustavo Monteiro Chagas e Paloma da Silveira Fleck.

Adquira o livro aqui.

Repórter é atropelada ao vivo nos EUA, mas continua transmissão

Repórter é atropelada ao vivo nos EUA, mas continua transmissão

A repórter americana Tori Yorgey, da WSAZ-TV, foi atropelada por um carro durante uma entrada ao vivo em Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, na quarta-feira (19/1). No entanto, ela se levantou e continuou a transmissão da notícia.

Tori estava trabalhando na cobertura de um rompimento de uma adutora na cidade de Dunbar, quando um SUV a atingiu. Após o susto, explicou o que havia acontecido ao âncora Tim Irr: “Meu Deus! Acabei de ser atropelada por um carro, mas estou bem, Tim”. Na transmissão, é possível ouvir a motorista pedindo desculpas e Tori assegurando que estava bem.

A repórter fazia a transmissão sozinha, pois não estava acompanhada de qualquer cinegrafista ou fotógrafo. Após reajustar a câmera, a jornalista “brincou” com a situação e disse que já tinha sido atropelada outra vez, no período da faculdade. No final da reportagem, declarou: “Minha vida inteira passou diante dos meus olhos. Mas isso é TV ao vivo e está tudo bem. Eu pensei que estava em um local seguro, mas claramente podemos precisar mover a câmera um pouco”.

O vídeo de Tori viralizou nas redes sociais. Alguns internautas chegaram a criticar a WSAZ-TV em relação às condições de trabalho, especialmente pelo fato de a repórter estar sozinha na cobertura.

3º Prêmio C6 de Jornalismo anuncia finalistas

3º Prêmio C6 de Jornalismo anuncia finalistas

O C6 Bank anunciou os finalistas da terceira edição do Prêmio C6 de Jornalismo, que incentiva a produção de trabalhos jornalísticos sobre a cidadania financeira no Brasil.

Na categoria Impresso e Online, que inclui jornais, revistas, sites e apps, os finalistas são os textos Finanças na escola (de Larissa Lopes, Luiza Monteiro e Flávia Hashimoto − Galileu), Fintechs desbravam interior do País atrás de clientes ainda “sem banco” (Renée Pereira − O Estado de S. Paulo) e Grana Preta (Ana Flávia Castro − Metrópoles).

Na categoria Audiovisual, para conteúdos em TVs, rádios, canais no YouTube e podcasts, os finalistas são A mandala feminista investigada pela polícia (Jéssica Maes, Júlia Cagliari, Laila Mouallem, Magê Flores, Maurício Meireles, Natália Belizario Silva, Thomé Granemann Rosa e Victor Lacombepodcast Café da Manhã/Folha de S.Paulo), Educação financeira no pós-pandemia (Adriana Almeida, Márcio Claver, Raphaela Ribeiro e Vinícius Purgatopodcast Olhar Contemporâneo) e Pix é novo. Golpes são antigos (Mônica Carvalho, Joel Franzoni e Diego Nascimento − TV Globo Brasília).

O prêmio para o primeiro colocado de cada categoria é de R$ 15 mil. Os vencedores serão conhecidos em 31 de janeiro.

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Ato falho

Ato falho

Por Marco Antonio Zanfra 

Durante a gestão de César Souza Júnior na Prefeitura de Florianópolis fui diretor de Apoio e Mídias na Secretaria de Comunicação. Era o segundo nome na estrutura, atrás apenas do secretário João Cavallazzi. Fui uma espécie de secretário adjunto, exercendo muitas vezes as atribuições de adjunto, embora sem o status – e a remuneração – correspondente. A bem da verdade, o cargo de adjunto não era previsto na composição da Secom.

Mas era eu quem pegava no pesado: tinha a árdua responsabilidade de adequar aos padrões da escrita os às vezes difíceis textos dos assessores de imprensa das diversas secretarias e órgãos da Prefeitura, atendia jornalistas e encaminhava entrevistas, acompanhava o prefeito em eventos e coletivas, fazia literalmente o meio de campo.

Entre os eventos que devia acompanhar estava um que fora criado pelo próprio prefeito – uma estrutura móvel da administração municipal chamada de Prefeitura no Bairro. Era uma ideia simples: prefeito e secretários deslocavam-se para determinado bairro da Capital e atendiam aos moradores e suas reivindicações pessoalmente, debaixo de uma estrutura coberta por lona. Era um desfile de queixas e súplicas que às vezes se estendia por quatro ou cinco horas.

Uma dessas reuniões, já nos estertores da iniciativa, aconteceu no bairro Saco Grande, à margem da rodovia SC-401, que leva ao Norte da Ilha e às famosas praias de Jurerê e Canasvieiras. A tenda foi montada num campinho de futebol diante da sede da associação dos moradores. Ventava muito, mas ninguém deu maior importância a isso desde o início do evento.

Pois bem. Eu estava sentado a cerca de cinco metros da mesa que acomodava o prefeito e sua assessoria direta quando uma rajada mais forte de vento sacudiu a lona e a fez lamber a estrutura onde estava apoiada a caixa de som. Era um poste com três metros de altura, com a base insuficientemente larga para suportar uma ação de desequilíbrio que partisse do topo. Mas só fomos notar a insuficiência da base quando a tal de lambida da lona provocou o tombamento do pedestal, com caixa de som e tudo.

A caixa pesava uns dez quilos e adivinhem na cabeça de quem ela caiu! Por sorte, o choque se deu contra a quina do crânio – se é que o crânio pode ter uma quina – na parte mais resistente, e, portanto, não houve maiores danos físicos.

Os danos, mesmo, foram morais: com o barulho, César Souza Júnior deu uma olhada de no máximo três segundos em minha direção, mas voltou sua atenção ao que realmente importava. Fez pior foi o secretário Cavallazzi, que sequer perguntou se eu estava bem e se mostrou irritado com o descuido do pessoal que montou a estrutura: “E se essa caixa cai e atinge uma pessoa?”.

Uma pessoa. Não era o meu caso, evidentemente. Eu era apenas mão de obra.

Ele tentou consertar, pouco depois, dizendo que se referia, em seu temor, a que a caixa atingisse “uma pessoa idosa, uma senhorinha frágil”. Para mim, entretanto, a reação dele foi o melhor exemplo de ato falho que vi, e vivi, na minha história.


A história desta semana é novamente de Marco Antonio Zanfra, que atuou em diversos veículos na capital paulista e em Santa Catarina. Em Florianópolis, onde reside, trabalhou em O Estado e A Notícia, na assessoria de imprensa do Detran e do Instituto de Planejamento Urbano, além de ter sido diretor de Apoio e Mídias na Secretaria de Comunicação da Prefeitura. É também escritor.

Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

Folha defende publicação de artigo considerado racista: “Acusações sem fundamento”

A Folha de S.Paulo defendeu a publicação do artigo de opinião de Antonio Risério, que foi ao ar no último domingo (16/1), na Ilustrada/Ilustríssima. O texto Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo, que identifica supostos excessos das lutas identitárias que levariam ao “racismo reverso”, foi alvo de uma carta aberta, assinada por quase 200 jornalistas da publicação, que questiona a abordagem da Folha sobre o racismo e o espaço dado para artigos que relativizam a questão no País.

O jornal defendeu-se das acusações de que daria espaço para textos racistas, destacando que publicou também outros artigos que refutam a tese apresentada por Risério. Ainda assim, a Folha defendeu a publicação do texto em questão, em prol da “liberdade de expressão”.

Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha, e Marcos Augusto Gonçalves, editor da Ilustríssima, deram uma resposta à carta aberta. Eles reconhecem o documento como instrumento legítimo de manifestação, mas acreditam que o conteúdo da carta vai contra a pluralidade e defesa intransigente da liberdade de expressão, dois dos pilares do Projeto Folha.

Dávila declarou que o abaixo-assinado “erra, é parcial e faz acusações sem fundamento, três características indesejáveis em se tratando de profissionais do jornalismo. Erra ao sugerir que a Folha publicou artigos que relativizam ou fazem apologia do racismo, o que não aconteceu, até porque racismo é crime. É parcial ao omitir iniciativas que têm sido a prioridade do jornal nos últimos três anos. Acusa sem fundamento ao creditar a publicação de opiniões divergentes, que são a base do jornalismo defendido pelo jornal, a uma pretensa busca por audiência – os textos mencionados tiveram cerca de 1% da audiência total dos dias em que foram publicados”.

E Gonçalves escreveu que não concorda com a avaliação feita na carta e que o texto de Risério se inscreve nos limites do debate público, “algo que, infelizmente, vem se estreitando nos últimos tempos”.

O colunista Hélio Schwartsman afirmou que não viu nada de “escandaloso” no artigo de Risério e declarou que comemora “o fato de a Folha continuar promovendo o debate de assuntos que estão se tornando tabu”. E Leandro Narloch, citado na carta, disse que “uma concepção não racista do mundo pressupõe que a cor da pele não determina a moralidade de um indivíduo. Por isso é bastante questionável afirmar que ‘obviamente não existe racismo reverso’, como dizem os autores”.

Em outubro do ano passado, Narloch publicou o artigo Luxo e riqueza das ‘sinhás pretas’, muito criticado por colegas, que acusaram o texto de relativizar a escravidão. Tal artigo foi citado no documento assinado pelos jornalistas da Folha como exemplo de espaço dado a textos que relativizam a questão do racismo.

Nessa quarta-feira (19/1), Suzana Singer, editora de Treinamentos e Especiais da Folha, destacou a criação do treinamento exclusivo para negros, o cargo de editor de diversidade, o aumento no número de colunistas negros e a importância da questão identitária na formação do novo Conselho Editorial. Vale lembrar que, após a publicação do artigo de Narloch, Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracista, deixou o Conselho Editorial do jornal.

Por fim, a Folha declarou que vai organizar um seminário interno para discutir pluralismo e a questão racial. Antonio Risério não quis comentar ocaso, assim como Demétrio Magnoli, também citado na carta.

Leia a seguir as respostas de Sérgio Dávila e Marcos Augusto Gonçalves à carta aberta.

O abaixo-assinado é um instrumento legítimo de manifestação dos jornalistas sem cargo de confiança que ali colocaram seu nome. O recurso já foi usado em outros momentos da história da Folha. Também são saudáveis a crítica e a autocrítica, desde sempre estimuladas pelo jornal. O preocupante é o teor do texto, que vai contra um dos pontos basilares e inegociáveis do Projeto Folha: a pluralidade e a defesa intransigente da liberdade de expressão.

Além disso, o texto erra, é parcial e faz acusações sem fundamento, três características indesejáveis em se tratando de profissionais do jornalismo.

Erra ao sugerir que a Folha publicou artigos que relativizam ou fazem apologia do racismo, o que não aconteceu, até porque racismo é crime.

É parcial ao omitir iniciativas que têm sido a prioridade do jornal nos últimos três anos, como a contratação de profissionais negros no elenco de colunistas, blogueiros e repórteres e a criação da editoria de Diversidade, a primeira do gênero na grande imprensa.

Acusa sem fundamento ao creditar a publicação de opiniões divergentes, que são a base do jornalismo defendido pelo jornal, a uma suposta busca por audiência –até porque os textos mencionados tiveram menos de 1% da audiência total do dia em que foram publicados e em muitos casos levaram a cancelamentos de assinatura.

A Folhaseguirá fazendo o jornalismo que a consagrou nos últimos 100 anos, com uma Redação que esteja disposta a implementar com profissionalismo os princípios defendidos por seu Projeto Editorial: um jornalismo crítico, apartidário, independente e pluralista.”

Sérgio Dávila, diretor de Redação


Como editor da Ilustríssima, considerei que o texto submetido a mim por Antonio Risério, por criticável que pudesse ser, se inscrevia nos limites do debate público, algo que infelizmente vem se estreitando nos últimos tempos, e não só no Brasil. O autor fala por si, tem uma história intelectual, acadêmica e política. Foi preso pela ditadura militar, estudou e publicou livros sobre as manifestações da cultura negra na Bahia e trabalhou com Gilberto Gil no Ministério da Cultura no governo do PT –partido com o qual passou a divergir posteriormente. Suas posições muito críticas sobre a ideologia identitária e seus dogmas o levaram a protagonista de polarizações com representantes desses movimentos.

Obviamente eu presumia que o texto provocaria reações, mas imaginava que viriam argumentos –o que seria uma contribuição para o debate. Infelizmente, não houve debate algum, mas um tsunami nas redes sociais para tentar silenciar e punir, como de hábito, o divergente. No caso, prevaleceu a acusação tida como verdade absoluta de que se tratou de uma manifestação ‘racista da Folha’. Respeito a posição do grupo expressivo de jornalistas que assinou a carta aberta, embora eu tenha sérias divergências conceituais sobre como e o que foi colocado.

Marcos Augusto Gonçalves, editor da Ilustríssima

Abaixo-assinado

A carta assinada por quase 200 jornalistas da própria Folha cobrava uma posição mais firme da direção do jornal contra a publicação recorrente de conteúdos racistas em suas páginas.

Além de negar a existência do “racismo reverso”, os jornalistas lembraram que o jornal não abre espaço em suas páginas, por exemplo, para conteúdos que relativizam o Holocausto e a Ditadura, ou de apoiadores do terraplanismo e movimentos antivacina.

“O racismo é um fato concreto da realidade brasileira, e a Folha contribui para a sua manutenção ao dar espaço e credibilidade a discursos que minimizam sua importância”, diz a carta. “Dessa forma, vai na contramão de esforços importantes para enfrentar o racismo institucional dentro do próprio jornal, como o programa de treinamento exclusivo para negros. Reconhecemos o pluralismo que está na base dos princípios editoriais da Folha e a defesa que nela se faz da liberdade de expressão. No entanto estes não se dissociam de outros valores que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana”.

Meiry Lanunce assina com a Record

Meiry Lanunce assina com a Record

Meiry Lanunce é a nova contratada da TV Guararapes, afiliada da Record em Pernambuco. Em comunicado divulgado nas redes sociais, a emissora explicou que ela chega para apresentar o Jornal Guararapes, telejornal em horário nobre. Na semana passada, Meiry pediu demissão da Globo em Pernambuco após 21 anos de casa.

Segundo apuração do site Notícias da TV (UOL), a jornalista deve estrear em fevereiro. O novo contrato possibilita trabalhos com comerciais e publicidade, o que não era permitido na Globo.

Meiry estava na Globo desde 2000, tendo atuado como editora e apresentadora de destaque. Comandou o Bom Dia Pernambuco e, até setembro de 2020, apresentava o NE2, em Recife. Posteriormente, passou a fazer reportagens com pouco destaque. A decisão de sair teria sido ocasionada justamente pela falta de espaço.

Vale lembrar que, nos últimos meses, a Globo demitiu outros jornalistas de sua sucursal em Recife, como Rodrigo Raposo, da equipe de esportes, dispensado no começo de janeiro após 15 anos de trabalho. E em novembro do ano passado, Francisco José, que tinha 46 anos na emissora, deixou a empresa.


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