O presidente Jair Bolsonaro ironizou o levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) sobre ataques à imprensa em 2019. Segundo o estudo, ocorreram 208 ataques a jornalistas ou veículos de comunicação no ano passado. Bolsonaro foi responsável por 121 casos, o que equivale a 58% do total.
Nas redes sociais, o presidente ironizou e riu dos dados registrados no levantamento. Além disso, em resposta a um internauta que perguntou como foi obtido o índice, ele escreveu: “Pegaram o QI médio da galera da imprensa. Deu 58”.
O relatório da Fenaj mostrou também um aumento de 54% no número de ataques registrados: em 2019, foram 208, enquanto que em 2018 foram 135.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) passou a integrar o projeto Voces del Sur, que monitora e denuncia ameaças à liberdade de expressão e de imprensa na América Latina. Além do Brasil, entidades de Argentina, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Bolívia, Honduras e Nicarágua fazem parte da rede.
O projeto visa a garantir o cumprimento dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, como o acesso público à
informação e a proteção das liberdades fundamentais. As ameaças são
classificadas em restrições ao acesso à informação, abuso de poder, agressões
físicas e verbais, e desaparecimentos forçados.
A Abraji fornecerá dados de ameaças à liberdade de
expressão e imprensa no Brasil ao projeto, ampliando o seu alcance na América
Latina.
Maju Coutinho (TV Globo) narrou a versão em áudio do livro Becoming: A minha história, biografia da ex-primeira dama dos Estados Unidos Michelle Obama. Segundo a apresentadora do Jornal Hoje, sua história de vida tem algumas semelhanças com a de Michelle, principalmente em relação à exposição que ambas sofrem até hoje, que vai desde o que falam até a forma como se vestem, além do fato de que as duas vieram de famílias de baixa renda.
No lançamento do audiolivro,
Maju contou também que admira muito a ex-primeira dama dos EUA e que se
emocionou lendo algumas passagens do livro, pois apresenta elementos que podem
ser encontrados no Brasil: “Tinha momentos em que eu chorava mesmo, porque
a história dela é muito emocionante. (…) Ela conta coisas que eu vejo no
Brasil; sonhos interrompidos de mulheres e homens por conta da barreira
social”.
Nos
Estados Unidos, foi a própria Michelle Obama quem gravou a versão em áudio. O
livro teve mais de dez milhões de exemplares vendidos.
Mario Simas Filho, diretor de núcleo da revista IstoÉ, morreu na madrugada desta sexta-feira (17/1), em São Paulo, aos 59 anos. Ele tinha câncer no rim e estava internado no Hospital Paulistano. O velório começou às 9h e o sepultamento será por volta às 15h30, no Cemitério Gethsemani, no Morumbi. Deixa mulher, três filhos e dois netos.
Simas trabalhou na Folha da Tarde e na Folha de S.Paulo
antes de chegar à IstoÉ. Fez reportagens marcantes, como a que revelou o
assassinato (e não suicídio, como havia sido veiculado) de PC Farias, aliado do
ex-presidente Fernando Collor. Em 2001, ganhou um Prêmio Esso de Jornalismo
pela série Senadores envolvidos na fraude do painel de votação do Senado.
Era filho do também jornalista Mario Simas,
especialista em direitos humanos e que defendeu ativistas durante a ditadura.
Livro de Thais Oyama revela os bastidores do primeiro ano do governo de Bolsonaro, com segredos, escândalos e polêmicas
O presidente Jair Bolsonaro atacou Thaís Oyama (Jovem Pan), autora do livro Tormenta – O governo Bolsonaro: Crises, intrigas e segredo, com uma frase xenófoba. Questionado sobre o escândalo da Secom e Fabio Wajngarten, o presidente irritou-se e afirmou que os jornalistas “têm medo da verdade, deturpam o tempo todo, mentem descaradamente. Trabalham contra a democracia, como o livro dessa japonesa, que eu não sei o que faz no Brasil”, referindo-se a Thaís, descendente de japoneses.
Bolsonaro também mandou a imprensa tomar vergonha na cara: “Essa imprensa que está me olhando, não tomarei nenhuma medida para censurá-los, mas tomem vergonha na cara. Deixem nosso governo em paz, para levar harmonia ao nosso povo”.
O livro de Thaís Oyama revela os bastidores do primeiro ano do governo de Bolsonaro, com segredos, escândalos e polêmicas, incluindo o fato de que foi o próprio presidente o responsável pela ausência de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro, em um depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro, em 2018.
O escritor Luiz Octavio de Lima morreu em 15/1, em São Paulo, aos 60 anos. Ele estava internado desde o dia 13 com suspeita de AVC, mas o quadro piorou por causa de uma infecção.
Formado pela PUC-RJ e com MBA em Economia pela
Unicamp-Facamp, Luiz teve passagens, entre outros, por Folha de S.Paulo, Veja,
O Globo, Exame e Época. No Estadão, foi um dos pioneiros na publicação de
conteúdo na internet.
É autor de livros como A Guerra do Paraguai, 21
Grandes batalhas que mudaram o Brasil, Pimenta Neves − Uma reportagem
e 1932: São Paulo em chamas.
Hoje, voltando no tempo e buscando na memória fragmentos dos meus primeiros anos de vida na fazenda Mombuca, região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, convenço-me de que, antes de ser vítima da poliomielite, que me tomou os movimentos das pernas, eu já havia adquirido a “síndrome do capotão”. No raiar da infância, diziam os meus, eu só dormia a sono solto se abraçado a uma velha bola de couro, daquelas da pré-história do futebol, que tinha uma câmara dentro do capotão fechado por uma amarra de tentos. E quando meus irmãos seguiam com ela para o terreiro em frente a nossa casa, lá ia eu, ainda andando e mais tarde me arrastando, exigindo, em lágrimas, participar do jogo.
O tempo passou, eu passei com
ele, e jamais o futebol saiu da minha vida. Ano após ano, mesmo com todas as
dificuldades, não deixava a beira de um campinho ou a arquibancada dos
estádios. Sempre com o olhar pregado nela, que deixou de ser de capotão para
virar esfera tecnológica, mas que não eliminou do meu inconsciente o que
batizei de síndrome. E que com o tempo virou mesmo uma relação atávica com o
esporte que jamais pude praticar.
No começo foi o campinho que
ficava em frente à estação de trens de Guatapará, a vila da minha infância, que
mais tarde virou a praça de uma cidade; depois vieram, não muito longe dali, os
estádios do Mogiana, onde jogava o Comercial, até construir o Palma Travassos;
o da Vila Tibério, do Botafogo, em Ribeirão Preto, antes do Santa Cruz; e o
Adhemar de Barros, na Fonte Luminosa, da Ferroviária de Araraquara, todos na
minha adolescência. Depois, tantos outros fui conhecendo por onde passei, no
Brasil e no exterior, cenários em que colecionei incontáveis e memoráveis
momentos que formam um inesquecível rosário de lembranças inesquecíveis.
Time do coração? Como toda
criança, facilmente influenciável, doutrinado por meus irmãos, foi o São Paulo,
ainda o do Canindé. Todavia, fui aficionado tricolor até por volta dos oito
anos, quando um episódio marcante me fez “virar a casaca”. Lembro, de passagem,
que um ano depois o Brasil ainda chorava a tragédia do Maracanazo.
Mas veio a Copa Rio, que a imprensa brasileira, na época, apelidou de
“Torneio Mundial de Campeões” ou “Campeonato Mundial de
Clubes”, e que deu ao Palmeiras a honra de, no mesmo
Maracanã da hecatombe de 16 de julho de 1950, conquistar, em 22 de julho de
1951, o título de primeiro campeão mundial interclubes.
A colônia italiana de São
Paulo ainda estava em êxtase com essa conquista quando, em setembro daquele
ano, numa quinta-feira, pouco antes do meio-dia, os campeões irromperam na ala
do 3º andar em que eu estava internado na Santa Casa de Misericórdia, no
Arouche. O time inteiro. Diferente do marketing de hoje, frio e individualista,
naquele tempo a visita a hospitais era quase que uma obrigação. Principalmente,
como me contaram, para pagar a promessa feita e pela graça alcançada: o título
de campeões. Nós, meninos de todo o Brasil, muitos como eu recém-saídos de mais
uma cirurgia, fomos privilegiados. Creio que eu mais que todos.
Naquele dia, os jogadores
palestrinos não só foram à Santa Casa, mas levaram quilos e quilos de
macarronada, que foram entregando a cada paciente já desesperado com a demora
do almoço. Tudo acompanhado pelo olhar nervoso de irmã Maria José, que, por
causa de deficiência física numa das pernas, fora paciente e interna e depois
entrou para a congregação do Sagrado Coração de Jesus, cujas freiras
trabalhavam no hospital. Enérgica, às vezes dura, não admitia indisciplina e a
algazarra que vivemos ali foi para ela uma viagem ao inferno.
Entretanto, eu estava no céu.
De repente veio até mim um jovem forte, cabelos lisos, bigodinho, simpático e
sorridente. Entregou-me o prato e perguntou: “Qual é seu nome?”. “Plínio”,
disse encabulado, sotaque ainda impregnado do caipirismo que trouxera lá do
interior. ”O meu é Oberdan”, respondeu. O mesmo Oberdan Cattani que fora
reserva do Fábio Crippa nos homéricos confrontos com a Juventus da Itália, com
vitória alviverde de 1 a 0 no primeiro jogo e empate de 2 a 2 no confronto
final.
Depois de dividir comigo as
garfadas do macarrão com porpetas, que de tão deliciosas são ainda hoje um dos
meus pratos preferidos, ele se foi como chegou: sorridente, despedindo-se com
um abraço que pareço ainda sentir 70 anos depois e com dois beijos nas minhas
faces, gesto característico da fraternidade própria do povo da Bota.
Enfim, quando voltei a
Guatapará para um período de convalescença entre uma cirurgia e outra – foram
sete até que os médicos conseguissem pôr-me de pé outra vez –, deixei bem claro
a todos lá em casa que desde meu encontro com Oberdan e seus companheiros meu
coração ganhara um novo dono: era agora o de um periquito.
O tempo se foi, os anos
voaram, deixei Guatapará, fui para Jundiaí, onde “sentei praça” no Jayme
Cintra, do Paulista, do qual cheguei a ser técnico do júnior e auxiliar do
lendário Benoni Pires na conquista do Campeonato Paulista de Futebol Amador de
1965. Uma tarde memorável aquela no campo do Juventus, na rua Javari, com
vitória por 2 a 0 sobre o Matarazzo, que tinha como capitão Bibe, outra lenda
do futebol, de belíssima carreira como meia do São Paulo e da Ponte Preta.
Trabalhando como escriturário
da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, um dia, em 1969, recebi um
inesperado convite de Ademir Fernandes
e Sandro Vaia, meus mestres, comecei
ali minha carreira no jornalismo e em 1979 cheguei à redação do Estadão.
Pelos meados do ano de 1980,
eu já dividindo a Chefia de Reportagem com meu inesquecível amigo Moacyr Castro, conversava no “paralelo
17” – corredor que dividia as redações dos dois jornais da família Mesquita –
com Mário Lucio Marinho, então um
dos editores de Esportes do Jornal da Tarde. No meio da conversa ele me falou
qualquer coisa sobre a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo
(Aceesp) e eu quis saber como fazer para me associar. Ele prometeu me trazer
uma ficha de cadastro, e trouxe. Preenchi e no dia seguinte, na Rádio Globo,
onde eu era chefe de Reportagem pela manhã, entreguei-a ao Edson Scatamachia, da equipe do Osmar
Santos, diretor do programa Balancê e vice-presidente
do Mário Marinho na Aceesp.
Com a credencial passei a ter mais
facilidades para ir aos estádios da capital. Por morar no bairro do Limão,
minhas idas passaram a ter como destino mais frequente o Parque Antártica. Lá,
na entrada pelo trecho da ainda rua Turiaçu, hoje rua Palestra Itália, bastava
pegar o elevador e subir para a cabine de imprensa.
Pois foi numa dessas idas, num
jogo noturno do Palmeiras contra quem nem me lembro mais, que quase 30 anos
depois o destino me pregou uma bela peça. Sentado ao lado de outros
jornalistas, ouvi uma voz que ecoou lá do passado. Um senhor forte, cabelo
liso, bigodinho, veio nos cumprimentar. Sim, era ele, Oberdan Cattani.
Quando lhe contei daquele nosso encontro lá na Santa Casa, comemorado com uma bela macarronada com porpetas, ele lembrou-se e percebi que lágrimas discretas escorreram dos seus olhos. Dos meus, uma enxurrada. Nos abraçamos, ele me beijou nas faces e se foi, desaparecendo no corredor. Recuperei o fôlego e ali, no velho e saudoso Palestra Itália, no Parque Antártica, descobri que ainda havia muita emoção para guardar no meu coração de periquito.
Plínio Vicente da Silva
Plínio Vicente da Silva (pvsilva42@gmail.com), editor de Opinião, Economia e Mundo do diário Roraima em Tempo, em Boa Vista, para onde se mudou em 1984, assíduo colaborador deste espaço, brinda-nos com mais uma bela história de futebol.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode aprovar a fusão de ESPN Brasil e Fox Sports, barrada anteriormente pela entidade, depois que a venda da Fox acabou não se concretizando. Segundo o Lance, alguns fatores atrapalharam as negociações, como valores abaixo do esperado, o interesse em apenas utilizar o equipamento e direito de transmissões, mas não adquirir na íntegra o canal, e baixas expectativas para o futuro. Diante da situação, o Cade pode rever a decisão e aprovar a fusão das duas emissoras.
A entidade considerou que juntar os dois canais
representaria monopólio de audiência, e obrigou a Disney, dona de ambas, a
vender a Fox Sports em até seis meses, mas isso não ocorreu.
A situação é de incerteza e só será definida depois da
reunião do Cade em 5/2. Segundo o colunista Flávio Ricco (UOL), existem
três possibilidades de desfecho: a fusão pode ser aprovada e a Disney operará
os dois canais em um só, com obrigações e restrições; a fusão é barrada, o que
levaria ao fim da Fox Sports e ao desligamento de muitos profissionais; ou a
emissora poderá continuar funcionando até a realização de um novo leilão.
Vale lembrar que alguns funcionários já deixaram a
emissora, como Paulo Vinícius Coelho, o PVC, que anunciou
sua saída da Fox Sports após término de seu contrato, no final de
janeiro, e pode assinar com o SporTV.
Correspondentes brasileiras de longa data no exterior, Marcia Carmo, Sylvia Colombo, Patrícia Vasconcellos e Mônica Yanakiew estrearam no YouTube o programa Enviadas y Especiais. Elas contam e analisam fatos dos Estados Unidos e da América Latina, com bastidores das coberturas e perrengues jornalísticos que enfrentam. No quarto programa, que foi ao ar nesta semana, observam as repercussões do assassinato do general iraniano Qasem Soleimani no Oriente Médio, especialmente na Argentina, onde há cinco anos um promotor de Justiça apareceu morto enquanto investigava um atentado com suposto envolvimento iraniano e espiões argentinos. O caso virou série recente da Netflix. O último episódio do Enviadas y Especiais inclui histórias de conspirações, além das eleições deste ano nos EUA, no Peru, na Bolívia e no Chile.
Mestre em Telejornalismo pela Universidade de Londres, Patrícia é correspondente do SBT nos Estados Unidos, e Sylvia, da Folha de S.Paulo na América Latina e colunista do New York Times em espanhol. Mônica contribui para o SBT, escreve para a revista piauí e para o portal em inglês da Al Jaazeera. Marcia, mestre em América Latina pela UNSAM, escreve para a BBC News Brasil e edita o site do Clarín em português. Sylvia, Mônica e Marcia estão baseadas em Buenos Aires. O editor de imagens do programa, que elas classificam de “fundamental”, é Sandro Dourado, residente em Paris.
Dois episódios sem relação direta – a luta pela igualdadade salarial entre homens e mulheres nas redações e a renúncia às obrigações reais do casal Harry e Meghan (já chamada de jocosamente de Megxit, em alusão ao Brexit) – estão colocando ao mesmo tempo práticas tradicionais da imprensa do Reino Unido sob os holofotes. E podem gerar mudanças na relação de profissionais com empregadores e de celebridades com a mídia.
Equal Pay – Um deles foi a vitória da jornalista Samira Ahmed sobre a BBC na causa reivindicando pagamento igual ao do colega Jeremy Vine (falamos disso aqui em J&Cia 1.230, em novembro), sob o argumento de que ambos despenhavam funções semelhantes. O resultado deve desencadear demandas por parte de outras jornalistas da emissora, em mais um capítulo da história iniciada em 2017, quando tornou-se pública a primeira lista de salários contendo uma só mulher entre os dez mais bem pagos.
Samira Ahmed
Especula-se que a BBC acabe fazendo acordos para
evitar o desgaste de novos julgamentos. Mas os efeitos podem ir mais longe. Na
sentença de 40 páginas, o juiz aponta a dificuldade de a emissora contestar a
tese de discriminação de gênero pela “ausência de um sistema organizado e transparente
de avaliação e estabelecimento de salários para os seus profissionais”.
A política de negociar remuneração com base na
fama do jornalista e capacidade de atrair audiência e anunciantes, navegando na
tênue fronteira entre jornalismo e entretenimento, não é exclusiva da BBC. Esse
aspecto do veredito oferece aos que discordam do modelo um poderoso elemento
para levar à mesa de negociação em disputas envolvendo salários diferentes para
funções iguais, mesmo entre profissionais do mesmo sexo.
E pode conduzir empresas de mídia a revisarem
estruturas de cargos, salários e promoções, aumentando a transparência e
reduzindo a subjetividade para evitar transtornos.
Harry&Meghan – A outra situação é a confusão provocada pela decisão do casal Harry e
Meghan de se desligar parcialmente das funções reais. O espaço dedicado ao tema
é proporcional ao tamanho da encrenca, considerada uma das maiores crises já
enfrentadas pela monarquia. Um briefing
com um especialista em protocolo real promovido pela FPA (Foreign Press
Association) na semana passada em Londres reuniu mais de 40 correspondentes
estrangeiros.
Mas nesse caso a imprensa é parte do problema, já
que a razão alegada para o refúgio no Canadá é a perseguição racista dos
tabloides. No estilo “mate o mensageiro”, os Sussexes chocaram o meio
anunciando intenção de romper com o sistema de “rota real“ (pool de equipes revezando-se na
cobertura de compromissos oficiais e distribuindo o material aos demais
veículos), passando a anunciar novidades diretamente em suas redes sociais e
privilegiando veículos independentes em
detrimento da mainstream media.
Como os tabloides não são novidade e o casal
sempre transitou no universo dos famosos, o caminho fácil de culpar a Imprensa
bem pode ser uma tentativa de escamotear o real motivo: divergências familiares
mal-resolvidas. Seja qual for a razão, é fato que os Sussexes tentam quebrar o
protocolo estabelecendo um modelo diferente para a relação com a imprensa,
buscando total controle. E que se der certo inspiraria outras celebridades a
seguirem o exemplo.
Pode dar certo se eles se esconderem em uma
caverna inacessível a fotógrafos, contarem com a discrição de todos com os
quais se relacionam e sumirem das redes sociais. Mas não parece ser o plano, já
que manterão engajamento em obras de caridade e querem trabalhar a fim de
evitar dependência financeira da Coroa.
Não precisa bola de cristal para prever que a
grande imprensa continuará reportando as aparições públicas do casal, queiram
eles ou não. E que pessoas mal-intencionadas seguirão fazendo bullying nas redes sociais a partir do
que eles postarem.
Ao abrirem guerra com a imprensa – parte dela
séria – Harry e Meghan assumem o risco de se tornarem ainda mais vulneráveis.
Sobretudo se deixarem flancos para críticas, como a má ideia de viajar em jatinho
particular enquanto expressam preocupação com a mudança climática. Falhas não
serão perdoadas.
É um momento delicado para a casa real,
parcialmente financiada pelos contribuintes. O rebelde Harry é o segundo membro
da família mais popular, logo após a avó, e o favorito entre os millenials, segundo o instituto de
pesquisas YouGov. Se a “Firma”, como é apelidada a monarquia, tiver juízo e
bons assessores de RP, vai fazer de tudo para não perder esse ativo tão
importante para a sua sobrevivência. Dando os anéis para não perder o cetro.