O apresentador Marcelo Castro, da TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, voltou a pedir doações via PIX para pessoas pobres durante o programa Alô Juca, comandado por ele. Castro é réu na Justiça baiana por ter supostamente desviado cerca de R$ 500 mil em doações via PIX durante o programa Balanço Geral, da Record, nos anos 2022 e 2023, quando atuava como repórter da emissora.
No novo pedido, o apresentador pediu doações para uma senhora de Lobato, bairro no subúrbio de Salvador (BA), que perdeu seus móveis por causa de uma inundação por chuva. O caso gerou muita repercussão negativa nos bastidores. A Record classificou o novo pedido como uma afronta à ação em curso e pediu à Justiça que a nova campanha de doação seja investigada.
De acordo com a investigação do caso, conhecido como Golpe do PIX na TV baiana, Castro, e o então editor do Balanço Geral, Jamerson Oliveira, se apropriaram de aproximadamente R$ 407 mil das mais de R$ 500 mil doações feitas via PIX por telespectadores do programa a pessoas em situações de vulnerabilidade. A dupla exibia na tevê chaves PIX de laranjas, e ficavam com a maior parte da verba, repassando uma quantia significativamente menor aos necessitados.
Após investigação interna, Castro e Oliveira foram demitidos da Record. Eles hoje trabalham juntos na TV Aratu.
Jornalistas&Cia realizou nesta segunda-feira (24/11), em São Paulo, a cerimônia de premiação dos +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças. Em sua décima edição, o prêmio elegeu Fernando Nakagawa, apresentador e comentarista da CNN Brasil, como o +Admirado Jornalista do setor em 2025. Esta é a primeira vez que Fernando fica no topo do pódio da premiação. Antes, esteve entre os TOP 50 +Admirados Jornalistas em outras três edições.
“Uma grande honra ter sido escolhido. Sou jornalista econômico há 25 anos. Passei por quase todas as redações, passei por Gazeta Mercantil, Valor, Folha, Grupo Estado… tem sido uma jornada incrível”, disse Fernando. “Começar a fazer TV há cinco anos foi maravilhoso, e entendi porque fazer jornalismo na TV especificamente é um trabalho de muita gente, e agradeço à minha equipe pelo esforço diário. trabalhar em conjunto é muito gratificante, muitas vezes difícil, mas muito gratificante. Vivemos nos últimos dias uma verdadeira loucura na imprensa econômica, com a questão do Grupo Master, e isso nos faz lembrar sobre o nosso papel como jornalistas, como comunicadores sociais, e temos muitas histórias ainda para contar. Mais para frente, teremos eleições, e a economia será tema central. E que bom ver que temos tanta gente boa, competente e engajada em fornecer essas informações, prezando o interesse comum das pessoas. O profissional que mora em cada um de vocês, em cada um de nós, precisa resistir, e é essa resistência que me faz acordar todos os dias”.
Especializado em jornalismo econômico, Fernando está na CNN Brasil há mais de seis anos, desde o lançamento do canal no País. Antes, passou por Grupo Estado, onde atuou como editor, repórter e correspondente internacional, e Folha de S.Paulo, Gazeta Mercantil e Valor Econômico, como repórter com foco na economia nacional e mundial.
Fernando Nakagawa
Em segundo lugar ficou Flávia Oliveira, do Grupo Globo, que esteve entre os TOP 10 +Admirados Jornalistas do setor em outras três edições do prêmio. Na terceira posição, completando o pódio, ficou Layane Serrano, repórter da revista Exame, que pela primeira vez está entre os +Admirados Jornalistas de Economia, Negócios e Finanças do Brasil.
A palavra Renovação, inclusive, define esta décima edição. Ao olharmos para os TOP 10, temos nomes que estão entre os +Admirados pela primeira vez, como Márcio Rodrigues (Agência Estado), que ficou em 7º lugar, e Ana Luiza Serrão (O Povo), a 8ª colocada. Completam os TOP 10Karla Spotorno (Broadcast/Agência Estado), em 4º lugar; Edna Simão (Valor Econômico), em 5º lugar; Daniel Giussani (Exame), em 6º; Danilo Moliterno (CNN Brasil), em 9º; e Alexa Salomão (Folha de S.Paulo), em 10º.
“Esta renovação demonstra, com muita clareza, a pujança do jornalismo de economia, finanças e negócios, que ano a ano atrai novos talentos para seus quadros, sem abrir mão dos experientes, muitos deles velhos conhecidos nossos aqui nos +Admirados”, destacou Eduardo Ribeiro, diretor do Jornalistas&Cia, que ressaltou também que a edição deste ano é muito especial por ser realizada no mesmo ano em que J&Cia comemora 30 anos de trabalho.
Entre os veículos, os vencedores foram Agência Estado, que recebeu o quinto troféu consecutivo como +Admirada Agência de Notícias e é agora octacampeã da categoria; o programa Café da Manhã (Folha de S.Paulo), bicampeão da categoria Áudio; CNN Brasil Money, que em sua primeira indicação venceu a categoria Canal de Vídeo; Jornal da Globo, que levou para casa o seu primeiro troféu como +Admirado Telejornal; revista Exame, que venceu as categorias Site/Portal e Revista; Estúdio i, da GloboNews, agora tricampeão da categoria Programa de TV; e Valor Econômico, que atingiu a incrível marca de dez troféus consecutivos na categoria Jornal (na primeira edição do prêmio, o Valor venceu a categoria Impresso, que reunia Revista e Jornal).
Homenagens especiais a Mino Carta, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg
Além da entrega dos prêmios aos vencedores, a cerimônia foi marcada por homenagens especiais. A primeira foi a Mino Carta, fundador e diretor de Redação da CartaCapital, que morreu no começo de setembro, aos 91 anos. Fez parte da criação e comandou algumas das publicações mais icônicas e influentes do Brasil, como Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ, além da CartaCapital. Recebeu diversos prêmios de jornalismo, como quatro Esso, incluindo os de Jornalismo e de Contribuição à Imprensa, um Vladimir Herzog, e o Prêmio Personalidade da Comunicação 2003. Figura entre os 100 jornalistas +Premiados da história, segundo levantamento feito por este J&Cia.
“Mino era mais do que um jornalista, era um pai inacreditável. Inesquecível, de todos os pontos de vista, e faz muita falta”, declarou Manuela, em agradecimento à homenagem. “E levar adiante um projeto que era a ‘Menina dos Olhos’ da carreira dele é um desafio diário. Fico emocionada pela homenagem. Que meu pai possa de alguma maneira estar um pouquinho no coração de cada um de vocês jornalistas”.
Eduardo Ribeiro (esq.) e Manuela Carta
Uma novidade desta edição foi a criação do troféu especial Hors Concours, entregue a Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg em reconhecimento às suas trajetórias profissionais, à presença deles sempre com destaque nos +Admirados e à celebração do décimo aniversário da premiação. Miriam é a maior vencedora do prêmio, com cinco títulos (2016, 17, 18, 19 e 22), um deles inclusive dividido com o próprio Sardenberg (2019), que tem outros quatro troféus de segundo colocado (2016, 17, 18 e 22). Ambos também acumulam diversos troféus em outras posições ou conquistados pelos veículos em que atuam.
Miriam, que não pôde comparecer ao evento pois participaria de uma discussão sobre o Selo Escola Antirracista e a inclusão de negros no mercado de trabalho, no Museu do Amanhã, enviou um vídeo de agradecimento pela homenagem, ressaltando que é uma “grande honra, pois os vencedores são escolhidos democraticamente pelos próprios jornalistas, por quem faz o jornalismo acontecer. São os próprios colegas avaliando o meu trabalho, e ser uma das mais premiadas é uma grande alegria e me faz perceber que o trabalho segue dando certo”.
Sardenberg subiu ao palco para agradecer a votação dos colegas ao longo dos últimos dez anos: “Me sinto muito honrado por todos os votos que recebi na última década, especialmente quando pensamos que são os próprios colegas que valorizam o nosso trabalho. Uma curiosidade: nunca pensei em ser jornalista, fiz faculdade de Filosofia e Direito, mas, sem perceber, eu já tinha um pezinho no jornalismo, escrevi um texto sobre o enfraquecimento da Ditadura e distribuí a colegas do grêmio estudantil. Com o AI-5, tive que deixar a faculdade, e fui atuar na reportagem, mas sempre pensando ser algo passageiro e, após o fim da ditadura, eu voltaria para a faculdade. Mas quando isso aconteceu, com a Lei da Anistia, fui convidado a retomar os estudos, mas eu já estava entregue, apaixonado pelo jornalismo. Então, virei jornalista meio que sem querer, ao acaso, e hoje estou aqui, com décadas de carreira. Então, agradeço muito por esta homenagem e o apoio dos colegas, que valorizam tudo o que foi feito ao longo deste anos todos”.
Carlos Alberto Sardenberg
O Prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças contou com patrocínios de APqC, BTG Pactual, CNseg, Deloitte, Febraban e Grupo Nexcom; apoio de Honda, Press Manager e PressID; além do apoio institucional do IBRI e apoio de divulgação da 2Live.
A Justiça de Goiás condenou na semana passada o vereador José Eduardo Alves da Silva (PR) por envolvimento no assassinato do radialista Jefferson Pureza, de 39 anos, em janeiro de 2018, em Edealina (GO), a cerca de 136 km de Goiânia. A decisão foi proferida após julgamento pelo Tribunal do Júri, que condenou o vereador por homicídio simples e corrupção de menores, pois o crime foi cometido por adolescentes.
José Eduardo foi considerado culpado pela morte do jornalista. De seis envolvidos no assassinato, três eram eram adolescentes, um seria o autor dos disparos, outro teria pilotado a motocicleta e o terceiro teria indicado os dois para cometer o crime. O vereador foi condenado a 10 anos, 10 meses e 15 dias de prisão, inicialmente em regime fechado. A pena foi agravada devido à atuação conjunta com outros envolvidos no crime, além do fato de que a vítima deixou filhos pequenos. De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, réus condenados pelo Tribunal do Júri devem iniciar imediatamente o cumprimento da pena, e portanto o vereador não poderá recorrer em liberdade.
O segundo réu, Marcelo Rodrigues dos Santos, caseiro e amigo do vereador, foi absolvido da acusação de homicídio, mas foi condenado por corrupção dos menores. Ele foi condenado a dois anos e 15 dias de prisão, em regime inicial aberto.
Jefferson Pureza foi assassinado em 17 de janeiro de 2018, com três tiros no rosto, enquanto descansava na varanda de sua casa. Na ocasião, ele estava junto da companheira, então com 17 anos e grávida de quatro meses. Jefferson apresentava o programa A Voz do Povo, na rádio comunitária Beira Rio FM, fazendo críticas à gestão municipal anterior, liderada pelo ex-prefeito João Batista Gomes Rodrigues e o vereador José Eduardo, denunciando supostas irregularidades envolvendo ambos. Um ano antes do assassinato, em meio a diversas ameaças e episódios de violência contra ele e sua família, Jefferson afirmou, durante seu programa, que havia um plano para matá-lo e responsabilizou publicamente o ex-prefeito e o vereador caso algo lhe acontecesse.
Em 2019, o júri absolveu os réus pelo homicídio do radialista. A Promotoria recorreu e o Tribunal, em segunda instância, anulou o veredito e determinou que o caso retornasse à primeira instância.
Estão abertas até 31 de janeiro do ano que vem as inscrições para a Categoria Estudante do 7º Edital de Jornalismo de Educação da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca). A iniciativa, feita em parceria com a Fundação Itaú, reconhece e premia os melhores Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) que abordem temas relacionados à educação no Brasil.
Podem fazer a inscrição estudantes que se formam em 2025 ou recém-formados que tenham apresentado seus TCCs nos anos de 2024 ou 2023. Serão aceitos trabalhos nos mais diversos formatos, como reportagens escritas e em vídeo, documentários, podcasts, etc. É obrigatório que os trabalhos tratem de temas relacionados à educação pública e ao jornalismo de educação. O primeiro lugar receberá R$ 4.500. O segundo colocado será premiado com a quantia de R$ 3.000 e o terceiro com R$ 1.500.
Entre os critérios de avaliação, estão originalidade, qualidade e relevância do tema. A Comissão Organizadora é composta pelos jornalistas Denise Chiarato, Eduardo Geraque, Marta Avancini, Ricardo Falzetta e Rodrigo Ratier.
A história registra a presença de escravos desde tempos imemoriais. Foi assim na Grécia, no Egito, na Inglaterra, na Itália, nos EUA e mais e mais em todo canto.
Nos primeiros 320 anos de história, o Brasil registrou a presença de pelo menos 5 milhões de escravizados oriundos do continente africano.
O primeiro Censo realizado no Brasil, em 1872, registrou a existência de aproximadamente 1,5 milhão de homens, mulheres e crianças escravizados. À época, o número de habitantes do País girava em torno de 10 milhões de pessoas.
De acordo com os números apresentados até então, aproximadamente 10% a 20% dos brasileiros eram alfabetizados.
As mulheres escravizadas que nasciam cegas ou cegas ficavam no correr da vida eram levadas para trabalhos domésticos, quando não eram disponibilizadas para a prostituição por seus senhores. Aliás, pouco tem se falado a respeito desse que foi gravíssimo problema da vida brasileira num tempo ainda não tão distante de hoje.
De modo geral, o período escravocrata no Brasil tem sido contado e cantado em prosa e verso.
Em 1916, o cordelista piauiense Firmino Teixeira do Amaral (1896-1926) escreveu e fez publicar o folheto que virou clássico: Peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho dos Tucuns. Um trecho:
Apreciem, meus leitores,
Uma forte discussão,
Que tive com Zé Pretinho,
Um cantador do sertão,
O qual, no tanger do verso,
Vencia qualquer questão.
Um dia, determinei
A sair de Quixadá –
Uma das belas cidades
Do estado do Ceará.
Fui até o Piauí,
Ver os cantores de lá.
Me hospedei na Pimenteira
Depois em Alagoinha;
Cantei em Campo Maior,
No Angico e na Baixinha.
De lá eu tive um convite
Para cantar na Varzinha…
Cego Aderaldo, de batismo Aderaldo Ferreira de Araújo (1878-1967), ficou órfão de pai e mãe, sem irmãos e cego quando tinha 18 anos de idade. Até então, a sua atividade profissional era a de descaroçador de algodão.
Um tanto perdido, o jovem Aderaldo descartou totalmente a possibilidade de andar pelas ruas pedindo fosse o que fosse a quem quer que fosse. A propósito, palavras sabia o Cego muito bem trabalhá-las de modo curioso para do público arrancar risos e palmas. Nisso era mestre. Aqui e ali ele fazia assim:
(Crédito: bemblogado.com.br)
Quem a paca cara compra
Cara a paca pagará
Pagará a paca cara
Quem a paca cara compra…
Pois é, o Cego Aderaldo era um cara muito engraçado e competentíssimo em tudo que fazia. Criou 26 crianças órfãs e aprendeu a tocar viola, violão e rabeca. Um dia, alguém achou de provocá-lo numa cantoria, perguntando porque nunca se casara. Numa sextilha, despachou os seguintes versos:
Pensar em casar,
Eu pensei isso eu não nego
Mas com minha experiência
Batata quente eu não pego
Quem enxerga leva chifres
Imagina eu que sou cego
De acordo com o Censo de 2022, havia no País uma população de 203 milhões de habitantes. Nesse total se achavam 14,4 milhões de pessoas portadoras de algum problema físico ou visual que os impedia de se locomover com total naturalidade no seu cotidiano. Entre essas pessoas estavam indígenas cegos e surdos.
As indígenas eram as pessoas mais vulneráveis e suscetíveis à cegueira.
O mercado de smart glasses vive uma ascensão global – e, com ela, uma transformação silenciosa, que impacta diretamente o rádio, o streaming e os podcasts. A união entre tecnologia vestível e inteligência artificial inaugura uma forma inédita de consumo de conteúdo: mãos livres, olhos atentos e ouvidos conectados.
O caso mais emblemático vem do Ray-Ban Meta, resultado da parceria entre a icônica fabricante de óculos e a Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp. Com design discreto e alto-falantes embutidos nas hastes, os óculos se tornaram um dispositivo de áudio pessoal, permitindo ao usuário ouvir música, rádio ou podcasts enquanto caminha, dirige ou trabalha – sem fones e sem isolamento. A condução óssea, tecnologia que transmite o som direto para o ouvido sem bloquear o ambiente, transforma o ato de escutar em algo fluido e natural.
(Crédito: essilorluxottica.com)
O mercado reagiu com entusiasmo. Em 2024, o segmento global de smart glasses foi avaliado em US$ 1,93 bilhão, com previsão de alcançar US$ 8,26 bilhões até 2030, crescendo a uma taxa anual de 27,3 %. Só o Brasil já movimenta US$ 128 milhões, com expansão projetada de 27,5 % ao ano. O salto de 210% na penetração mundial entre 2023 e 2024 mostra que os óculos inteligentes deixaram de ser curiosidade de laboratório para se tornarem plataforma de mídia portátil.
Entre os pioneiros, a iHeartRadio assumiu o posto de primeira emissora a integrar rádio ao vivo, podcasts e playlists diretamente no Ray-Ban Meta. Basta o comando “Ei, Meta, toque Z100!” para iniciar a estação. É possível favoritar programas, pausar ou trocar faixas e até receber sugestões automáticas do assistente Meta AI, com novos episódios e transmissões ao vivo. A experiência é contínua: o áudio é processado pelo smartphone pareado, mas a interação ocorre inteiramente por voz – sem toque, sem tela.
Essa fusão entre tecnologia e som redefine o papel do rádio. O que antes dependia do dial ou do aplicativo passa a estar literalmente no rosto do ouvinte. Para emissoras e plataformas de streaming, trata-se de um novo canal de distribuição, direto e íntimo. O ouvinte não precisa interromper o que faz; o conteúdo acompanha sua rotina, tornando-se parte da paisagem sonora do cotidiano. O rádio volta a ocupar o espaço que sempre lhe pertenceu: o de companheiro invisível, agora reconfigurado em chave digital.
Mas esse avanço traz dilemas. A adoção ainda é restrita a consumidores de alta renda e mercados mais conectados. A privacidade preocupa – afinal, são dispositivos equipados com microfones, câmeras e sensores permanentes. Há também o desafio de criar conteúdos compatíveis com esse novo contexto de escuta, pensados para quem está em movimento: blocos mais curtos, linguagem direta e presença de voz humana que dialogue com o ambiente.
Mesmo assim, o potencial é inegável. À medida que as interfaces por voz se consolidam – Alexa, Siri, Google Assistant e, agora, Meta AI –, o consumo de áudio tende a migrar para experiências cada vez mais integradas ao corpo. O rádio, longe de desaparecer, se metamorfoseia: sai do aparelho de mesa, passa pelo smartphone e chega aos óculos, mantendo a mesma missão de informar, entreter e acompanhar.
Nos próximos anos, veremos rádios locais e produtoras independentes criando versões wearable-friendly de seus programas. As playlists se adaptarão ao contexto – o trajeto, o horário, o humor. E a fronteira entre emissor e ouvinte será cada vez mais tênue: ambos dialogam, literalmente, pelo olhar.
Os smart glasses não são o fim de nada; são o começo de uma escuta ubíqua, leve e personalizada. O som, antes estacionado no fone, agora caminha conosco. O rádio, aquele velho amigo de vozes e histórias, ganha novos olhos para continuar sendo ouvido.
Fontes consultadas
Radio Ink – “Smart glasses em ascensão são mais um canal de distribuição para rádios, streaming e podcasts” (26 out. 2025)
Grand View Research – Smart Glasses Market Size, Share & Trends Analysis Report (2024 – 2030)
Statista – Wearable Technology Forecast 2025-2032
Meta / Ray-Ban – Ray-Ban Meta Product Overview and SDK Documentation
Kantar IBOPE Media – Inside Audio 2025 (92 % dos brasileiros consomem áudio em múltiplos formatos)
Álvaro Bufarah
Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
(*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.
O Portal Migalhas, veículo especializado na cobertura do mundo jurídico, completou neste mês de novembro 25 anos de existência. Fundado em 2000 por Miguel Matos, o projeto teve início como uma simples lista de e-mails enviadas por Miguel a seus amigos, com algumas informações que ele julgava serem importantes. Com o tempo, o Migalhas tornou-se referência em trazer informações confiáveis sobre as principais decisões e acontecimentos do Poder Judiciário.
Miguel, fundador, CEO e editor do Migalhas, trabalha ao lado da chefe de Redação Marcela Congio no comando do veículo. A redação do portal conta com 22 pessoas, sendo 14 jornalistas, dois editores de vídeo, dois designers e quatro estagiárias. Além do trabalho do dia a dia do site, o Migalhas tem também uma editora, que conta com mais 30 funcionários, responsável pela realização de eventos e a produção de livros assinados por juristas, advogados e referências do Direito brasileiro.
O Portal dos Jornalistas conversou com Miguel Matos sobre os 25 anos do Migalhas, a importância do marco, o trabalho de cobrir o setor jurídico e as perspectivas para o futuro. Leia na íntegra:
Portal dos Jornalistas – Como nasceu o Migalhas? De onde veio a ideia?
Miguel Matos
Miguel Matos – Migalhas surgiu sem grandes pretensões. Eu tinha acabado de me formar na Faculdade de Direito de Franca, mas a verdade é que meu sonho sempre flertou com o jornalismo. Quando comecei a advogar, bem no comecinho mesmo, sentia falta de um veículo ágil, direto, feito para o mundo digital, com informações rápidas e objetivas.
No começo era só uma lista de e-mails enviada para alguns amigos. Eu acordava cedo, lia os jornais, selecionava o que achava importante, fazia um comentário rápido e enviava. Era início dos anos 2000, não existia spam, e a caixa de entrada era um lugar sossegado. Um paraíso para quem queria começar algo do zero. Hoje isso seria impensável.
Portal – Quais são os desafios de trabalhar com informação jurídica?
Miguel – Como todo veículo especializado, o jornalismo jurídico também tem suas manhas. Precisamos usar o discurso do leitor. Assim, um termo em latim aqui e ali não assusta ninguém. Em um jornal generalista, seria heresia.
Mas também é preciso entender o Direito com alguma profundidade. Não dá para tratar de temas complexos de forma descuidada, se não a credibilidade desmorona.
Portal – O que mais mudou o trabalho do Migalhas nos últimos anos?
Miguel – A pandemia virou o mundo jurídico de cabeça para baixo. Quem não vive nesse ambiente nem imagina: fóruns esvaziados, processos totalmente digitais, audiências virtuais. A nova geração do Direito talvez nunca veja uma audiência presencial com todo mundo reunido na mesma sala. Isso muda como as pessoas estudam, trabalham e, claro, consomem informação. O nosso desafio é acompanhar esse público novo: entender o que ele quer, o que come, onde vive… rsrs.
Portal – Como o Migalhas enxerga o problema do assédio judicial a jornalistas? Como lidar com essa enxurrada de processos que buscam intimidar?
Miguel – É um tema urgente. Enquanto presidi o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, até maio deste ano, recebi muitas denúncias desse tipo de abuso.
Existem caminhos possíveis. Um deles seria o CNJ criar um comitê específico para monitorar ações desse tipo, o que também ajudaria os juízes na condução desses casos. Outro ponto é retirar essas ações dos Juizados Especiais e limitar a gratuidade. Quem quiser entrar com a ação entra, mas se perder, arca com o custo. Isso, por si só, já desencoraja aventureiros. Há mais ideias, mas deixemos algumas para a próxima entrevista.
Portal – O que significa um veículo jurídico como o Migalhas comemorar 25 anos? E o que vem pela frente?
Miguel – Primeiro, é uma alegria enorme chegar até aqui. No jornalismo, e especialmente no jurídico, o tempo é um grande avalista. Vinte e cinco anos dizem muito sobre credibilidade e constância.
Migalhas sempre quis ser um ponto de encontro dos profissionais do Direito. Virtual, claro, mas um ponto de encontro. Chegar ao aniversário de um quarto de século mostra que isso fez sentido para muita gente.
E sobre o futuro, seguimos como sempre: pensando no que melhorar, no que reinventar, no que os leitores precisam. Olhos estão no amanhã, mas os pés seguem fincados no chão. Já a cabeça, essa está cheia de ideias.
Os buscadores que oferecem resumos feitos por IA ou ferramentas como o ChatGPT não estão apenas afetando a já abalada sustentabilidade financeira da imprensa ao deixar de exibir links para o conteúdo, mas também comprometendo a qualidade da informação.
É o que revela uma investigação coordenada pela União Europeia de Radiodifusão (EBU), que reúne as emissoras de serviço público na região. Coordenado pela BBC, o levantamento constatou que os assistentes de IA deturpam regularmente o conteúdo das notícias, não importa qual idioma, país ou plataforma testada.
O resultado não é novidade para quem usa chatboots ou buscas por IA e frequentemente se depara com respostas absurdas, mas que passam despercebidas se o leitor não é familiarizado com o tema ou está desatento.
E essa não é apenas a visão de chatos refratários a novas tecnologias ou de jornalistas com medo de perderem o emprego para as máquinas. É também dos próprios chefões das plataformas digitais.
Em uma entrevista à BBC publicada em 18/11, Sundai Pichai, CEO do Google, foi honesto: “Não confie cegamente no que a IA diz”, aconselhou. E sugeriu que ela seja usada junto com outras ferramentas – incluindo naturalmente a pesquisa do Google, que ironicamente agora usa a IA.
O que ele reconhece é o que a pesquisa da EBC e outras mostram: uma proliferação de conteúdo errado, induzindo usuários a decisões erradas sobre finanças, saúde e até viagens. Ou perigoso, como incitamento ao suicídio.
As constatações preocupam não apenas pelo impacto social, mas também pelo risco cada vez mais temido de a bolha da IA estourar e afetar mercados, o que a falta de confiança na tecnologia não ajuda a evitar.
E, neste momento, não é fácil confiar em uma fonte que, segundo a pesquisa da EBC, falha em 45% das respostas considerando métricas clássicas do jornalismo como precisão, clareza da fonte, distinção entre opinião de fato e fornecimento de contexto.
Leia em MediaTalks a matéria completa e veja o relatório completo da pesquisa EBC / BBC.
(Crédito: YouTube)
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A série de premiações dos +Admirados encerra a temporada de 2025 com três festas na próxima semana, todas em São Paulo.
Na segunda-feira (24/11), o Vila Bisutti recebe o almoço de entrega dos prêmios da 10ª edição dos +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, com a definição dos TOP 10 +Admirados Jornalistas do Ano e dos vencedores nas categorias Agência de Notícias, Áudio, Canal de Vídeo, Jornal, Programa de TV/Webtv, Revista,Site/Portal e Telejornal Geral. Também haverá a entrega do troféu especial Hors Concours a Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, em reconhecimento às respectivas trajetórias profissionais e à presença deles sempre com destaque na premiação, além de uma homenagem a Mino Carta, falecido em 2 de setembro. A festa terá transmissão ao vivo pelo YouTube.
Na terça (25/11), às 19h, a ESPM abrigará a cerimônia de premiação da terceira edição dos +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira. Além da entrega de certificados a todos os vencedores, serão conhecidos os TOP 10 +Admirados Jornalistas do Ano, os jornalistas mais votados nas cinco regiões do Brasil, o primeiro colocado na categoria Profissional de Imagem/Vídeo e as publicações mais votadas nas categorias VeículosGeral e Veículos Liderados por Jornalistas Negros ou Negras.
Assim como nos anos anteriores, a iniciativa concederá o Troféu Luiz Gama a um decano e uma decana negros e que sejam referência para o jornalismo brasileiro, e o Troféu Glória Maria para a Personalidade do Ano. Nessas categorias serão homenageados, respectivamente, os jornalistas Antonio Carlos Fon, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de SP, e Céres Marisa Silva dos Santos, ativista do movimento negro, coordenadora do Conselho de Promoção da Igualdade Racial, em Juazeiro, na Bahia, e professora da UNEB; e Flávia Martins, diretora executiva da Associação Museu Afro Brasil e ex-presidente de DEI da TransUnion para o Brasil. Também haverá transmissão pelo YouTube.
Por fim, na quinta-feira (27/11), também às 19h, será a vez da cerimônia de entrega do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar, no Centro de Formação do Einstein. Além da entrega de certificados para todos os homenageados, serão anunciados os mais votados das 14 categorias temáticas e os TOP 5+Admirados Jornalistas do Ano, incluindo o campeão ou campeã geral. Aqui o link de transmissão pelo YouTube.
Depois de 13 anos de atuação na Quatro Rodas, em duas passagens, Isadora Lima Carvalho despediu-se da publicação da Editora Abril no início do mês e é a nova editora dos canais digitais do Jornal do Carro, do Estadão. Sua chegada marca o primeiro reforço nesta nova fase da publicação, que está passando por uma profunda reformulação, iniciada há pouco mais de um mês com a contratação da editora-chefe Giovanna Riato. Na semana passada, vale lembrar, cinco profissionais, entre equipe fixa e colaboradores, deixaram a casa. A expectativa é que novos reforços sejam anunciados nas próximas semanas.
“Não é fácil sair de um veículo tão incrível quanto a Quatro Rodas e onde comecei a minha carreira no jornalismo automotivo, porém o convite da editora-chefe Giovanna Riato brilhou os meus olhos pelo desafio e por integrar um veículo tão tradicional e importante quanto o Jornal do Carro”, destacou Isadora. “Será um desafio incrível e estou muito feliz com essa nova etapa da minha carreira e espero que todos possam continuar me acompanhando”.
Além da Quatro Rodas, onde conquistou em 2019 e 2021 o Prêmio SAE Brasil na categoria Vídeo, ela atuou por dois anos como produtora e coordenadora de conteúdo da Bufalos TV e foi estagiária na antiga Rádio Transamérica (atual TMC).