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terça-feira, setembro 23, 2025

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Entidades repudiam ataques a Schirlei Alves, do Intercept

Cerca de 50 organizações defensoras do jornalismo divulgaram nota em apoio à repórter do Intercept Brasil Schirlei Alves, vítima de inúmeros ataques nas redes após ter publicado uma reportagem sobre violência institucional e revitimização no caso Mariana Ferrer.

O comunicado ressalta que o Estado tem a “obrigação de prevenir, proteger e processar ataques contra jornalistas e defensores dos direitos humanos”, além de “atuar para que mulheres comunicadoras possam desempenhar sua profissão em segurança, contribuindo com o direito da população à informação e com debates urgentes a toda sociedade.”

Assinam a nota as seguintes entidades, por ordem alfabética: Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero; Articulação de Mulheres Brasileiras; Artigo 19; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); Associação Mulheres pela Paz; Católicas pelo Direito de Decidir; Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia); Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea); Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada; Coletivo Feminino Plural; Coletivo Jornalistas Contra o Assédio; Coletivo Leila Diniz; Comissão da Mulher Advogada OAB-SP; Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM/Brasil); Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen);  Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio (Criar Brasil); Escreva Lola Escreva; Evangélicas pela Igualdade de Gênero; Fórum de Mulheres da Zona Oeste SP; Instituto da Mulher Negra  (Geledés); Gênero e Número; Grupo Curumim – Gestação e Parto; Instituto AzMina; Instituto Patrícia Galvão; Instituto Vladimir Herzog; Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social; Levante das Mulheres Brasileiras; Marcha das Mulheres Negras de São Paulo; Marcha Mundial das Mulheres (MMM SP); Milhas pela Vida das Mulheres; Não Me Kahlo; Nosso Instituto – Acesso, Respeito e Acolhimento; Observatório da Mulher; Portal Catarinas; Promotoras Legais Populares de São Paulo; Rede de Jornalistas e Comunicadoras com Visão de Gênero e Raça – Brasil; Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras; Rede Médica pelo Direito de Decidir (Global Doctors for Choice/Brasil); Rede Mulher e Mídia; Rede Nacional de Proteção a Comunicadores; Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos;  Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh); Repórteres Sem Fronteiras; SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia; TamoJuntas; The Intercept Brasil; Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos; Think Olga; e União de Mulheres do Município de São Paulo.

Minhas cenas inesquecíveis

Por Flávio Tiné

Chego para trabalhar na Editora Abril e me deparo com algumas pessoas sentadas na sala de espera para falar comigo. Cumprimento-as. A representante da gravadora me apresenta uma nova cantora, Gal Costa, e me oferece seu primeiro disco. Aperto-lhe a mão e digo: encantado. Nos anos seguintes muitas entrevistas se sucedem, até o ponto em que ela nem sabe mais quem sou.

Fui entrevistar Muhammad Ali, nascido Cassius Marcellus Clay, um dos mais importantes pugilistas do mundo, no hotel San Raphael, avenida São João, São Paulo. Meu Inglês não dava para nenhuma pergunta, mas não precisava, ele só queria dizer que se convertera ao islamismo e a temática era notória. O importante era registrar o evento fotograficamente e gravar suas declarações. Década de 1970. Rolou uísque à vontade. Ao sair da entrevista bati meu Fusca quando o farol fechou e não percebi. Nada grave, felizmente. A revista Intervalo relevou.

Fotografei a apresentação especial da peça Julgamento em Novo Sol, de Nelson Xavier, no Palácio da Alvorada, década de 1970. Na primeira fila da plateia, a primeira dama Teresa Goulart, nem um pouco incomodada com o chato fotógrafo de Pernambuco, que a entrevistou em seguida para UH-NE. Na semana seguinte, quando o Movimento de Cultura Popular (MCP) apresentava a mesma peça no Teatro Nacional do Rio de Janeiro, roubaram minha bolsa de fotógrafo com filmes não revelados. A imagem da linda Teresa ficou apenas “em minha retina cansada”, como na canção Lábios que beijei, de J. Cascata e Leonel Azevedo, imortalizada por Orlando Silva.

Quando o industrial pernambucano José Ermírio de Moraes era candidato a senador, acompanhava-o em comícios pelo sertão, a serviço da Última Hora-Nordeste. Anos depois, acompanhava o trabalho meritório de um de seus filhos, Antônio Ermírio de Moraes, como superintendente da Beneficência Portuguesa, que frequentava habitualmente o Hospital das Clínicas da FM-USP em busca de colaboração mútua. Muitos médicos do HC trabalhavam na Beneficência. Como assessor de imprensa, eu divulgava todos os eventos e atividades, como interlocutor e porta-voz das instituições. Ficou a cena de encontros marcados pela cordialidade.

Como repórter de UH-NE fui designado pelo chefe de Reportagem, Milton Coelho da Graça, para entrevistar o general Humberto Castelo Branco sobre o discurso de João Goulart no dia 30 de março de 1964. Ele me recebeu educadamente e em seguida, educadamente, apertou minha mão e me expulsou de sua sala, sem uma única palavra; nunca esqueci a cena. Era baixinho como eu.

Dácio Nitrini, editor-chefe da Folha de S. Paulo, combina comigo a produção de uma foto com as principais autoridades em Aids no País, ao meio-dia, na Secretaria de Estado da Saúde. Um dos convidados era o meu chefe no HC, que concordara em comparecer, mas havia dado ordens à secretária para não interromper “em nenhuma hipótese” a reunião de que participava. Quando a reunião acabou, todos os demais convidados já estavam no local combinado, menos meu chefe, que chegou ofegante e foi xingado de “estrela” pelos demais membros do grupo. De volta ao gabinete decretou três dias de suspensão como responsável pelo incidente, que considerou proposital. No domingo, a Folha publicou a tal foto, em página inteira.

Francisco Cuoco e outras estrelas globais faziam uma novela sobre garimpo no interior do Brasil e o repórter acompanhava tudo de perto por uma semana para a revista Intervalo. Comprou uma calça e juntou a nota fiscal à prestação de contas. Alguns dias depois a auditoria da Editora Abril glosou a despesa, que, embora pequena, era irregular. A empresa só pagaria hospedagem e alimentação, praxe nesses casos. De nada adiantou recorrer ao chefe de Reportagem, Giba Um, que tirou o dele da reta, como se diz vulgarmente. E o repórter famoso, Arley Pereira (1932-2007), foi demitido sumariamente por justa causa.

No auge do Aqui, agora, do SBT, o apresentador pediu para entrevistar médico que fazia cirurgia pioneira no Brasil. O cirurgião negou-se energicamente, alegando que não queria aparecer numa tevê que era vista apenas por empregada doméstica. Contou que quando passava pela cozinha, aos domingos, via de relance o pessoal preparando o almoço e assistindo ao Programa Silvio Santos. Após informar à administração superior sobre a recusa e explicar as vantagens de divulgar o pioneirismo, o cirurgião foi convencido a conceder a entrevista. Nos dias, meses e anos seguintes ele tornou-se grande amigo, sempre à disposição da imprensa. Até hoje me agradece pela insistência.

O escritor Hernâni Donato, da Academia Paulista de Letras, era Relações Públicas da Editora Abril. Quando não almoçava com Victor Civita, presidente da empresa, encontrava-o na fila do restaurante dos funcionários e sentávamos juntos, em conversação descontraída, quando ele tentava me convencer a mudar para uma cidade média do interior e criar um jornal, se lá não tivesse um. Argumentava que eu poderia arranjar um bom casamento e virar figura importante da cidade. Quando perguntei os motivos da inusitada sugestão ele foi sincero: eu não teria como progredir em meio a incontáveis gênios que criaram Quatro Rodas, Veja e Realidade. Talvez ele tivesse razão. Nunca passei de redator (copy desk) da revista Intervalo, que fechou por não dar lucro individualmente. Fui para o Estadão.

Como redator da revista Intervalo, era convidado para lançamentos de discos, estreias de espetáculos e eventos artísticos em geral. Também comparecia a restaurantes frequentados por artistas, para colher informações a serem utilizadas em reportagens e colunas de fofocas. Era assediado por empresários, insinuantes “secretárias” e até por mães de cantoras. Com o maior respeito, naturalmente. Tomava uísque com Antônio Marcos e Vanusa, com Altemar Dutra e Martha Mendonça, com Eduardo Araújo e Silvinha etc. Quem não gostava nada disso era a mãe de meus filhos, que acabou pedindo desquite.

Por duas vezes fui jurado do Troféu Imprensa. Entreguei o troféu a Ivan Lins, num ano, e a Altemar Dutra, em outro. Antes de me dirigir ao auditório, na praça Marechal Deodoro, fui buscar Altemar na rua Doutor Veiga Filho. Lá pelo fim da tarde, quando Silvio Santos nos chamou para a entrega do troféu, nenhum dos dois estava em condições de falar. Convidado a cumprimentar o cantor pelo merecido prêmio, informei que ele acabara de me mostrar dois cômodos da casa dele cheios de troféus. Aquele seria mais um. Silvio me tomou o microfone e chamou os comerciais.

Andava para lá e para cá nos estúdios da TV Record, proximidades do aeroporto de Congonhas, quando resolvo ir à sala do Dr. Paulo Machado de Carvalho, como de hábito, em busca de notícias. A secretária me barrou, assustada, pedindo “pelo amor de Deus” para não entrar. Achei que seria algo inusitado, no mínimo uma boa notícia. Ela então me explicou: Hebe Camargo estava chorando porque lera um desagradável comentário sobre o programa dela. A crítica impiedosa a chamava de várias coisas, menos de inteligente. O crítico impiedoso, do jornal A Gazeta, era Zé Flávio, ou seja, nada menos que meu pseudônimo. Saí de mansinho.

Passava as tardes observando quem descia dos aviões no Aeroporto dos Guararapes. Ao avistar D. Hélder Câmara fui correndo perguntar o motivo de sua viagem e ele não se fez de rogado. Disse que iria assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife e me explicou sua prioridade: os mais humildes, claro. Dia seguinte, a entrevista saiu em Última Hora – Nordeste, onde eu era foca.


Flávio Tiné

Reproduzimos nesta semana algumas reminiscências jornalísticas que Flávio Tiné publicou em seu blog. Ex-Última Hora, Abril, Estadão e Diário do Grande ABC, entre outros, aposentou-se em 2004 como assessor de imprensa do Hospital das Clínicas de São Paulo. Como ele próprio diz, com problemas de locomoção, já estava confinado quando começou o confinamento.


Tem alguma história de redação interessante para contar? Mande para baroncelli@jornalistasecia.com.br.

+Premiados: pandemia adia mais da metade dos prêmios de jornalismo em 2020

A newsletter Jornalistas&Cia, com o apoio deste Portal dos Jornalistas, divulga nesta terça-feira (22/12) a primeira de cinco pesquisas que apresentarão os mais premiados jornalistas, veículos e grupos de comunicação do ano e da história.

O tradicional Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, que chega em 2020 à sua décima edição, fará uma análise histórica sobre 170 prêmios de jornalismo, entre iniciativas nacionais e internacionais, extintas ou ativas.

Em um ano marcado pela Covid-19, o destaque negativo desta edição do levantamento será o grande número de premiações que cancelaram ou adiaram para 2021 suas edições em decorrência da pandemia.

Dos 75 prêmios de jornalismo que realizaram concursos em 2019, 40 não divulgaram resultados em 2020, com destaque para algumas iniciativas tradicionais como os prêmios Comunique-se, BNB, Estácio, Gabo, Abraji e MPT.

No total, 31 dos prêmios que já integravam a base de dados do Ranking mantiveram suas edições mesmo com a pandemia. A elas, juntaram-se outras quatro iniciativas: CICV de Cobertura Humanitária, ADPEC, Policiais Federais e 99 de Jornalismo.

Calendário – Em decorrência do recesso de fim de ano, o segundo recorte do Ranking, que trará os +Premiados Jornalistas da História, será publicado em 6 de janeiro. O calendário oficial segue com os +Premiados Veículos do Ano (13/1), +Premiados Veículos da História (20/1) e +Premiados Grupos de Comunicação – Ano e História (27/1).

Apoio – Esta edição do Ranking dos +Premiados da Imprensa conta até agora com os apoios de Archer Daniels, BRF Foods, Cargill, DOW Química, Honda, Intel e Sicredi. Empresas interessadas podem solicitar mais informações com Silvio Ribeiro (silvio@jornalistasecia.com.br).

Alexandre Caldini leva jornalistas para a Maratona Fest das Casas André Luiz

Alexandre Caldini, ex-presidente do Valor Econômico e da Editora Abril, conhecido também como escritor espírita, levará diversos jornalistas para a Maratona Fest, das qual é curador e apresentador, evento online que as Casas André Luiz realizarão neste domingo (20/12), entre meio-dia e meia-noite, no Facebook e no YouTube.

O objetivo da maratona, que reunirá mais de cem personalidades, é divulgar o trabalho realizado há mais de 70 anos pela instituição em prol da pessoa com deficiência.

Entre os jornalistas, gravaram depoimentos Sérgio Dávila, Miriam Leitão, Renata Lo Prete, Erick Bretas, André Trigueiro, Heródoto Barbeiro, Teté Ribeiro, César Tralli, Izabella Camargo, Ana Michelle Soares, Daniela Diniz, Sérgio Xavier e Ricardo Sennes.

Haverá também diversas atrações para o público permanecer por 12 horas envolvido na festividade. Entre os demais convidados confirmados estão Leandro Karnal, Luiza Helena Trajano, Rodrigo Faro, Cafú, Antônio Fagundes, Ana Maria Braga, Amyr Klynk, Toquinho, Zizi Possi, Tiago Abravanel, Mario Sérgio Cortella e Orquestra Osesp.

Demissões no Estadão e dança das cadeiras no Valor. Ainda não são informações oficiais

Correm no mercado diversas informações sobre cortes no Estadão (a exemplo do que fizeram O Globo e Jornal do Commercio/PE nos últimos dias) e de mudanças no Valor Econômico. Tentamos confirmá-las junto aos veículos, mas por motivos que até podemos imaginar quais sejam não obtivemos respostas oficiais. Essas informações, porém, são tão consistentes que decidimos publicá-las mesmo assim.

Do Estadão, saíram Luiz Carlos Merten (Caderno 2), Daniel Batista (Esportes), Ugo Giorgetti (colunista/Esportes), Bruno Voloch (blogueiro/Esportes), Hélvio Romero e Josias Bernardino (Fotografia), Heloisa Lupinacci e Neide Rigo (colunistas/Paladar), Marisa Oliveira (Focas), Ana Estanislau e Mariusa Carmo (secretárias), Eric Cerdeira (Produtos), Luciane Yuri Sato (Estratégias Digitais) e Fábio Macedo (TI).

No Valor, segundo apuramos, o processo ainda está em gestação, fruto de decisões que vêm sendo estudadas há muitos meses. As informações que circulam o mercado saíram da própria redação, daí deduzir-se que devem estar muito próximas da realidade.

Seria mais uma dança de cadeiras, provocada principalmente pela saída da diretora de Redação Vera Brandimarte, e dos editores executivos Célia Gouvea e Pedro Cafardo. Sabe-se que o jornal deve mantê-los com algum vínculo, provavelmente como colunistas, em acordo que está ainda sendo negociado.

Outra mudança seria a ida do também editor executivo Cristiano Romero para o mesmo posto em Brasília.

Para o lugar de Vera fala-se no nome de Fernanda Delmas, segunda na hierarquia editorial do Globo no momento. Os novos editores executivos seriam Sergio Lamucci (editor de Brasil), Robinson Borges (editor de Cultura) e Zínia Baeta (editora de Legislação). Marcos Moura (correspondente em BH), seria o novo editor de Brasil, substituído na capital mineira por Cibelle Bouças, hoje repórter em Comércio/Serviços.

Rafael Soriano é reeleito presidente da Aner para o biênio 2020-2022

Rafael Soriano

O Conselho da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) reelegeu para sua Presidência no biênio 2020-2022 Rafael Soriano, executivo Jurídico do Grupo Globo e membro do Conselho de Administração da Edições Globo Condé Nast. A decisão foi na terça-feira (15/12), em assembleia virtual, na qual também foram empossados os novos integrantes dos Conselhos Diretor e Fiscal da entidade. Confira a lista completa:

Diretoria

Presidente – Rafael Menin Soriano (Editora Globo S.A. – Rio de Janeiro)

1º vice-presidente – José Eduardo Severo Martins (Panini Brasil Ltda. – Barueri – SP)

2º vice-presidente – Marcelo de Salles Gomes (Editora Meio & Mensagem Ltda. – São Paulo)

Diretor Tesoureiro – Rogério Loyola Ventura (Ediouro Publicações de Lazer e Cultura Ltda. – Rio de Janeiro)

Diretora secretária – Adriana Cury de Melo (Brasil MN Manchete Editora Eireli – São Paulo)

Diretores Conselheiros

Edgardo A. Zabala (Três Comércio de Publicações Ltda. – São Paulo)

Guilherme Terra Silva (Editora Alvinegra Ltda. – Rio de Janeiro)

Joaquim Carqueijó (Edicase Gestão de Negócios Eireli – São Paulo)

Luis Fernando Cirillo Maluf (Perfil Brasil Comunicações Eireli – São Paulo)

Pedro Henrique Valente (Editora e Comércio Valongo Ltda. – São Paulo)

Livro-reportagem discute o controle sobre a Polícia Federal

Polícia Federal – Como a PF se transformou numa das instituições mais respeitadas do País e as disputas por seu controle, de Anderson Sanchez, é o lançamento desta semana da editora Máquina de Livros.

A obra traz os bastidores das grandes investigações, a partir do caso PC Farias, nos anos 1990, que resultou na renúncia do então presidente Fernando Collor, até os dias de hoje, com a Operação Lava Jato. Mas detalha também os tropeços da PF e seu passado associado à ditadura. Tudo com riqueza de detalhes e narrado de maneira direta, levando o leitor ao epicentro dos fatos. Além de nomes determinantes na reestruturação da instituição, e que comandaram ou dirigiram setores estratégicos da Federal, o autor entrevistou dezenas de agentes, escrivães, peritos e até ministros.

Polícia Federal mostra que o Estado pode ser bom gestor e a população, contar com uma polícia independente, que investiga e prende também quem está dentro de sua estrutura. Uma instituição que passou a ter em sua mira ex-presidentes, governadores, grandes empresários, magnatas do mercado ­financeiro, mafiosos e traficantes internacionais. Mas, que ainda assim, não está imune a interferências e pressões que podem pôr seu futuro em risco. Justamente por essa razão, é uma leitura essencial para se entender por que o controle da Federal tornou-se chave no centro do poder, capaz de abater políticos de prestígio.

Sanchez, o autor, é jornalista e policial penal, com especialização em gestão penitenciária e MBA em segurança pública. Dirigiu o Centro de Estudos e Pesquisa da Secretaria de Administração Penitenciária e trabalha na Associação dos Servidores da Fundação para a Infância e Adolescência. É autor do livro O carcereiro do Cabral.

CPJ divulga número recorde de jornalistas presos no mundo em 2020

Crédito: Emiliano Bar / Unsplash

O Comitê para Proteção de Jornalistas, organização com sede em Nova York que promove a liberdade de imprensa desde 1981, divulgou o relatório de profissionais de imprensa presos em todo o mundo. Pelo quinto ano consecutivo, governos repressivos encarceraram mais de 250 jornalistas. Em 2020 o total chegou a 274, superando o recorde anterior, de 272, registrado em 2016, tomando por base o dia 1º de dezembro de cada ano.

Segundo a entidade, em meio à pandemia governos atrasaram julgamentos, restringiram visitas e ignoraram o aumento do risco à saúde na prisão. Pelo menos dois jornalistas morreram atrás das grades após contraírem a Covid-19.

A China, que prendeu vários jornalistas por sua cobertura da pandemia, manteve-se na liderança do ranking pelo segundo ano consecutivo. Em seguida aparece a Turquia, que continua a processar jornalistas em liberdade condicional e a prender outros. O Egito completa o pódio.
 
Depois de apontar que a hostilidade do presidente americano Donald Trump em relação à imprensa contribuiu para a atual onda de repressão da mídia global, o CPJ elaborou uma série de recomendações ao futuro presidente Joe Biden. O objetivo é restabelecer a liderança dos Estados Unidos na promoção da liberdade de imprensa no mundo, tornando-a parte da nova política externa do país.

Leia mais sobre o relatório e as propostas para o presidente americano em MediaTalks.


Justiça condena Bolsonaro a indenizar Bianca Santana por falsa acusação de fake news

O juiz César Augusto Vieira Macedo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, condenou o presidente Jair Bolsonaro a pagar uma indenização no valor de R$ 10 mil para a jornalista Bianca Santana, após acusá-la de produzir fake news contra ele.

Em maio, Bianca publicou uma matéria na qual questionava a ligação de amigos e familiares de Bolsonaro com o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco. O presidente acusou-a de produzir fake news contra ele. Alguns meses depois, ele desculpou-se por citar o nome de Bianca, mas ela seguiu com o processo.

A jornalista declarou que “uma condenação na Justiça, ao presidente da República, que tenha atacado a jornalistas, a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão, é uma vitória coletiva importante. Eu espero que abra precedente para outras condenações e que ele pare de atacar a liberdade de imprensa, os jornalistas, as mulheres jornalistas, os movimentos por direitos humanos, o movimento negro e o movimento feminista. É inaceitável que o presidente da República faça esse tipo de ataque à população, à Constituição e aos direitos humanos”. Se vencer a ação, ela diz que vai doar a indenização para o Instituto Marielle Franco.

Abraji questiona ação do MP-RS contra jornalista

David Coimbra

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) questionou uma ação ajuizada pelo promotor de justiça Voltaire de Freitas Michel, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Porto Alegre, que pede indenização de R$ 200 mil do jornalista David Coimbra e da Rádio Gaúcha devido a comentários sobre o assalto em Criciúma (SC), em 1º de dezembro. O jornalista desculpou-se por ironizar o tema durante o programa Timeline.

Para o promotor, os comentários de Coimbra visaram a “enaltecer a prática criminosa supostamente sem agressão aos cidadãos, e desmerecer a ação dos policiais militares que intervieram para impedir maiores danos à pessoa e ao patrimônio”. Porém, segundo a Abraji, a ação falha em presentar evidências de que o jornalista tenha tido a intenção de enaltecer o crime e mostra-se vaga quanto ao bem público que teria sido lesado pela ironia.

A entidade escreveu que “ausência de substância na petição ajuizada pelo MP-RS, apontada pelo TJ-RS, sugere que a ação se configura em mera tentativa de intimidação contra o jornalista e a empresa na qual trabalha. A Abraji lembra que a liberdade de expressão e de imprensa também são direitos cuja defesa está sob responsabilidade do Ministério Público, e a atitude do promotor Voltaire Michel os coloca em risco”.

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