Quando era repórter de Veja, eu costumava visitar semanalmente o Deic, o delegado-geral, algumas delegacias especializadas, a Polícia Federal e o Tribunal de Justiça, onde o corregedor Walter Maierovitch tinha sempre a melhor conversa e o café fresco. Às vezes, no inverno, parava um pouco na Praça da Sé, sentava num banco e ficava observando os pregadores, os vendedores ambulantes e os batedores de carteira. Mas isso é outra história.
Um dia, numa delegacia especializada, estava jogando conversa fora com o delegado e vi um relatório sobre a mesa. Comecei a ler disfarçadamente, mas ele notou e virou o papel. Em seguida, perguntou se eu aceitaria água e café, eu disse que sim. Quando saiu, peguei o relatório, li e, enquanto tomava o café, propus a ele uma negociação: eu publicaria o que sabia sobre o caso Hebe Camargo [NdaR: que teve joias furtadas em sua casa em abril de 2008] e diria que a fonte era a delegacia dele, ou ele me contava tudo e eu protegeria a fonte. Ele topou, porque evidentemente queria que eu publicasse a história, que estava interditada pelo governador [NdaR: José Serra].
Era o seguinte: um advogado com escritório na Faria Lima, ex-genro de um ex-prefeito de São Paulo, era chefe de uma quadrilha. Sócio de um clube de elite e filho de uma senhora que tinha uma butique de especiarias de moda, ele pegava a agenda da mãe, anotava as festas e recepções da elite paulistana e fazia o projeto do roubo para os ladrões, que eram clientes de seu escritório. Assim, furtaram Hebe Camargo, Sig Bergamin e outros socialites. Publiquei a história na Veja.
O advogado me processou, a mãe dele me processou, e de repente me vi com quatro processos nas costas. Elio Gaspari me chamou e disse: nosso advogado está cuidando disso, mas se quiser, tire uns dias e ajude a reforçar as provas contra ele. Passei a perseguir o sujeito.
Um dia, ele tinha um almoço com o presidente do tribunal no Jóquei Clube. Fui até lá, dei uma gorjeta pro garçom e ele me contou o que a dupla tinha comido, que vinho tinham bebido etc. Saí de lá, fui ao tribunal, esperei o magistrado chegar e lhe perguntei quais eram suas relações com o elemento. Ele disse que conhecia apenas socialmente. Eu disse: “O salmão à belle meunière e o chianti de hoje são parte desse relacionamento? O senhor também é relacionado com um advogado chamado Romano, não é?” (O presidente do TJ era sócio de um mafioso chamado Romano, coisa que eu soubera por acaso no gabinete de Maierovitch). Bom, pra resumir, consegui que ele não interferisse no processo em favor do bandido.
Também fui à PF e levantei citações de casos de traficantes que eram clientes dele. Mas não precisei fazer nada. Ele era viciado em jogo, estava envolvido num plano de financiamento do tráfico de cocaína organizado pela máfia americana, com a participação de bicheiros (história que pretendo contar) e a Interpol já estava de olho. Nesse período, foi preso em Atlantic City comprando fichas no cassino com notas falsas de dólar, que certamente foram plantadas pela DEA. Fez um acordo de delação dos traficantes e acabou assassinado.
O advogado que ele tinha contratado também estava envolvido e tentou se candidatar a deputado, mas fui ao TRE e, por meio do saudoso jornalista Paulo de Tarso Costa, do Estadão, encaminhei um processo de anulação da candidatura. Esse advogado também foi assassinado logo depois.
Quando soube disso, o editor Tales Alvarenga me chamou e perguntou se eu tinha feito algum trabalho na encruzilhada. Eu disse: “Não, é tudo coincidência. Meus desafetos têm a boa educação de morrer cedo”.
Daí o Augusto Nunes só me chamava de “marginal”. Elio Gaspari me chamava de “intelectual”.
Luciano Martins-Costa
A história desta semana é de Luciano Martins-Costa, que teve passagens por Estadão, Folha de S.Paulo e Abril, além de ter atuado em comunicação corporativa e como coordenador de Curso de Extensão Universitária na FGV – GVPEC, entre outras atividades.
O Instituto Reuters para estudos do jornalismo na Universidade de Oxford publicou em 19 de novembro uma pesquisa demonstrando que os podcasts de notícias estão mais vivos do que nunca. E que seu crescimento não foi afetado pela pandemia.
Mesmo com boa parte da população dos grandes centros confinada em casa, o hábito de ouvir as notícias do dia por meio de podcasts cresceu ainda mais, mostrando que eles não são uma alternativa apenas para pessoas em deslocamento para o trabalho ou praticando exercícios.
O estudo avaliou profundamente podcasts de notícias de seis países: Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, França, Dinamarca e Suécia. A partir de entrevistas com editores e executivos de veículos de comunicação e coleta de dados de audiência, quantificou o tamanho do mercado e identificou as principais tendências.
Uma delas é o potencial de os podcasts de notícias atrairem audiência jovem e de alto nível educacional. O estudo mapeou os tipos de podcasts de notícias existentes, mostrou a estrutura que os veículos têm empregado para produzi-los e traz lições importantes para quem tem ou pretende ter um podcast.
A Verizon Media anunciou nessa quinta-feira (19/11) que vai vender o site de notícias HuffPost para o BuzzFeed. Em comunicado, as empresas explicaram que distribuirão conteúdo entre suas plataformas, com o objetivo de explorar oportunidades de monetização e alavancar formatos de anúncios emergentes.
Jonah Peretti, CEO e fundador do BuzzFeed, disse que, “com a adição do HuffPost, nossa rede de mídia terá mais usuários, gastando muito mais tempo com nosso conteúdo do que qualquer um de nossos colegas”. Ele ocupará a função de presidente da empresa combinada. O BuzzFeed vai liderar a busca por um novo editor-chefe do HuffPost. As empresas declararam também que “têm públicos complementares e se beneficiarão da maior escala”.
Em entrevista ao The Wall Street Journal, Peretti explicou que ele esteve ao lado Arianna Huffington e Kenneth Lerer, fundadores do HuffPost, em 2005: “Por vários anos, passei todos os meus momentos no HuffPost focado em como fazê-lo crescer e como transformá-lo em uma marca líder de mídia na internet. Mas não se trata de nostalgia para mim, é sobre o futuro, a marca e o público”.
Cezar Motta lança, pela Máquina de Livros, de Bruno Thys e Luiz André Alzer, Por trás das palavras – As intrigas e disputas que marcaram a criação do dicionário ‘Aurélio’, o maior fenômeno do mercado editorial brasileiro. E tenta explicar como um livro de referência transformou-se no maior best seller brasileiro de todos os tempos, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos.
O personagem central do livro é o Dicionário Aurélio e os bastidores da obra, revelados em detalhes pelo autor. Num trabalho de reportagem minucioso, Motta descreve a dinâmica de produção da mais ambiciosa obra de referência do País. Ele colheu depoimentos de quem esteve na linha de frente do dicionário e construiu uma narrativa que lembra o romance, não fossem reais os personagens. Foram escritores, acadêmicos, editores, jornalistas, políticos e empresários – um painel da intelectualidade do País – que participaram ou testemunharam os momentos determinantes de Aurélio Buarque de Holanda e sua equipe.
Cezar Motta é formado em Jornalismo pela UFF, trabalhou nas rádios Nacional e JB, na TV Globo, na revista Veja, e nos jornais O Fluminense, O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Correio Braziliense e Zero Hora. Passou ainda pela Comunicação Social do Senado Federal. É autor de Até a última página: uma história do Jornal do Brasil, de 2018.
Carlos Henrique Schroder, até aqui diretor de Criação e Produção de Conteúdo da Globo, respondendo por Entretenimento, Jornalismo e Esporte, deixa o cargo em 1º de dezembro. Uma parte de suas funções, a que se refere especificamente ao Entretenimento, terá como diretor Ricardo Waddington. Até meados do ano que vem, Schroder fará a transição e, depois disso, deixa a empresa. Um comunicado a esse respeito foi divulgado nessa quinta-feira (19/11).
Em 35 anos de casa,Schroder galgou posições e chegou a diretor-geral da TV Globo em 2013. Com a reformulação do final de 2019, passou ao cargo atual, de diretor-executivo de Criação e Produção de Conteúdo. No Entretenimento da TV Globo há 37 anos, Waddington dirigiu produções importantes, foi diretor de núcleo e do gênero e, por último, diretor de Produção.
Prossegue, assim, a movimentação de um ano atrás na cúpula do Grupo Globo, quando teve início o processo Uma só Globo. Houve a fusão de cinco empresas – TVs aberta (Globo), paga (Globosat) e streaming (Globoplay); Globo.com; DGCorp (Direção de Gestão Corporativa) – e uma deslocada Som Livre. O SGR (Sistema Globo de Rádio) e a Editora Globo (jornais e revistas) continuaram com gestão independente e ligados diretamente ao poder central.
Este mês, o presidente executivo Jorge Nóbrega toma outras medidas de grande impacto. No organograma extraído de um site da Globo que saiu do ar, e que publicamos em J&Cia 1.231, de 13/11/19, aparece o antigo desenho institucional do Grupo. Agora, há alterações importantes. Análise de Mauricio Stycer mostrou que a “estrutura estabeleceu que a produção de conteúdo seria separada da gestão dos canais e serviços” e, com isso, Schroder perdeu o cargo de diretor-geral. Waddington vai desenvolver projetos tanto para a Globo aberta quanto para a plataforma de streaming Globoplay.
Grupo se despede da Som Livre
O sucesso do streaming da Globoplay não se repetiu na Som Livre. Desde o advento desse formato, a subsidiária revelou-se inviável. Com um acervo de 5 mil títulos, não era possível concorrer com serviços de streaming como Spotify e Deezer, com 5 milhões cada.
Na terça-feira (17/11), foi a vez do anúncio da saída do publicitário Sérgio Valente da Diretoria de Marca & Comunicação, a antiga CGCom (Central Globo de Comunicação), também no final do ano. Para substituí-lo foi escalado Manuel Falcão, diretor de Marketing e Operações da equipe de Valente. Na Globo, diretor de Central é um cargo bem diferente de diretor de Divisão.
Conforme os perfis de Márcio Ehrlich, há oito anos Valente trocou a Presidência da DM9 DDB e uma sociedade com Nizan Guanaes pela Comunicação da Globo. Falcão fez carreira na Globosat, para onde foi recém-formado e chegou a diretor de Marketing em 2016. Mais uma vez, quadros da Globosat, empresa que sempre pagou menores salários do que a Globo aberta, assumem posições na Globo. Novos tempos – há que enxugar.
Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro
A jornalista chinesa Zhang Zhan pode pegar de quatro a cinco anos de prisão por publicar notícias sobre a pandemia de coronavírus no país. Ela foi detida há seis meses, acusada de “provocar distúrbios e criar problemas”, crime que é comumente atribuído a críticos e ativistas políticos na China. Zhang será julgada por um tribunal em Xangai. As informações foram divulgadas em 17/11, pela ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD) no Twitter.
No início do ano, a jornalista informou que cidadãos de Wuhan receberam comida estragada durante o confinamento de 11 semanas e foram obrigados a pagar pelos testes de Covid-19. Além disso, ela veiculou que profissionais de imprensa foram detidos e familiares de vítimas foram ameaçados pelas autoridades.
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) anunciou a lista de indicados para o Prêmio RSF para a Liberdade de Imprensa2020, que valoriza o trabalho de profissionais de imprensa que defendem o jornalismo em geral. Ao todo, sete jornalistas e cinco veículos de Rússia, Brasil, Filipinas, Índia e França foram indicados.
O prêmio tem três categorias: Prêmio Coragem, Prêmio Independência e Prêmio Impacto. Nesta última, foi indicada a brasileira Cecília Olliveira, do Intercept Brasil, por revelar o interesse econômico de organizações internacionais na guerra de facções no Rio de Janeiro. Nomes de países como Estados Unidos, China, Rússia, Bélgica e até a OTAN estavam estampados em cartuchos de munição coletados nas zonas de conflito.
Cecília também faz parte da plataforma Fogo Cruzado, que lista casos de violência armada no Rio de Janeiro e em Recife, e reúne um banco de dados aberto com informações úteis para o desenvolvimento de políticas de segurança pública.
A cerimônia de premiação será em Taiwan, em 8 de dezembro, na Biblioteca Nacional de Taipei, com transmissão ao vivo no Facebook (em chinês) e no YouTube (em inglês).
“Agradeço muito meu destino”. A frase é de Yacoff Sarkovas. Sua história, sem dúvida, é um exemplo de dádiva. Não só pelo que empreendeu nas áreas da cultura, branding e comunicação. Mas, principalmente, pela forma.
Impressiona ouvir a sensibilidade e a lucidez permeando as escolhas que Sarkovas faz no meio dos seus empreendimentos. Vai muito além do espírito empreendedor, atento e criativo. Toca no espírito artístico.
É verdade que já havia, na história do jovem Yacoff, o encontro com a música, quando empreende os primeiros sistemas de rádioescuta e banco de dados para distribuição de direitos autorais, no País, mas falo de uma arte menos concreta e mais perceptiva. Da arte de quem dança com fogo. De quem respeita a chama de dentro e de fora.
Bom que se diga: é uma metáfora. Yacoff não é artista de rua nem de palco. É autônomo. Trabalha com propósito.
Crio a figura do dançarino para descrever a sensação que senti ao reconhecer que Sarkovas seguiu a chama da necessidade do mundo a partir da sua criatividade interna. Não é só isso. Existe algo no meio que tornou o relato dele um encontro para a minha busca.
Fogo da Liberdade
O mover-se pelas necessidades de fora a partir das capacidades de dentro tem a sutileza da liberdade no meio. Yacoff não segue o status quo do conforto econômico, que leva muitos líderes ao comodismo do crescimento e à cegueira do desenvolvimento. Nem voa pelo excesso da ambição, que gera a escassez espiritual e o automatismo intensivo.
Isso não significa que Yacoff não aprendeu o valor da invenção mais sagrada da humanidade: o capitalismo. Mas, sim, que soube usá-la de forma rara. Pelo menos pra mim, que olho a partir das margens capitalistas. Sentia medo do que via antes de conhecer a história de quem dança com o fogo da liberdade. Yacoff me apresentou a dança com o espírito da vida.
Ouvi algo raro na sua trajetória: respeito pelo futuro no presente. Pode ser que ouvi apenas algo que desejo muito que exista e só ouvi porque estou atenta. O fato é que Yacoff deixou claro, em mim, o exemplo de quem se responsabiliza pelo que percebe fora e dentro de si. Com isso, senti cheiro do que representa a maior incógnita da vida: a existência da liberdade humana.
Enquanto ele contava os marcos da sua trajetória, eu aprendia a reconhecer a habilidade de quem ouve as demandas do mundo, aprendia a compreender o que é desenvolver consciência da vida e transformar tal consciência em arte de criar para trazer valor ao mundo, e não só aos desejos dos homens.
Aprendendo a se libertar
O medo maior que Yacoff iluminou em mim foi do sistema econômico. Ele contou que também viveu a negligência que vivencio agora: “Por muito tempo negligenciei o dinheiro. Tinha um certo preconceito de ganhar dinheiro até o dia em que se revelou para mim sua função. Ele é a prova concreta que aquilo que você produz profissionalmente faz sentido para os outros”.
Na Fundação Amazônia Sustentável, uma das instituições das quais hoje é conselheiro, o trabalho é ensinar aos moradores da floresta que vale mais dinheiro uma árvore em pé que cortada. Alívio ouvir que existe um jeito de usar o dinheiro para o bem comum.
Quando conheci Yacoff pela primeira vez eu estava cega pelo entusiasmo das descobertas. Era agosto de 2016. Vivia o início da minha capacitação em Pedagogia Social baseada em Antroposofia, entusiasmada pela potência em ser ponte entre a comunicação, o ativismo e o conhecimento recém-adquirido em Desenvolvimento Humano. Seguia o instinto do coração sem a consciência da fera que não discernia o fogo da madeira.
“Se você não sabe quem é e para onde vai, não pode se comunicar com o mundo. Fica difícil, sem esse entendimento primordial”. Eu que o diga. Minha idade é o tempo que Yacoff se dedicou a empreender em instituições antes de transformar seu próprio nome em um valor para a tomada de decisões de grandes líderes: 46 anos.
Na sala de espera daquele prédio, no entanto, eu senti pela segunda vez a alma paulista. A primeira, eu senti nos encontros do Plano Diretor do Conselho Participativo do meu bairro. Quando revelei a Yacoff esse sentimento descobri o trabalho feito naquele ambiente para comunicar com meu coração.
Então, entendi o valor de ter usado as duas horas daquele executivo sem ter clareza do propósito. Aquele encontro não era para ser feito em 2016, mas era crucial para desenvolver o discernimento que sinto agora, que me capacitou para escutar as chamas de quem dança com a vida.
No meio desses quatro anos eu senti vergonha de ocupar o tempo de um CEO sem objetivo claro. Hoje entendo que o mundo mudou. Não fui só eu que aprendi a valorizar a consciência para agir de forma sustentável. Sarkovas também se libertou do mantra da atitude, que ensinou a ação da comunicação, para falar da responsabilidade do futuro aos grandes líderes.
Yacoff Sarkovas
Yacoff Sarkovas
Sarkovas Consultoria Linha do Tempo dos Papéis
1972 a 1986 – Empreendedor
Instituição: Informa Som
1986 a 1996 – Empreendedor, Produtor Cultural e Consultor em Marketing Cultural
Instituições: Articultura
1996 a 2010 – Empreendedor, Consultor em Atitude de Marca
Instituição: Significa
2010 a 2018 – Empresário, Executivo
Instituição: Edelman Significa e Zeno Group
Atualmente – Consultor em Propósito Corporativo; Conselheiro
Ele não vem da comunicação nem do branding. Se formou na prática, pelo empreendedorismo: “Criei minha primeira empresa na área musical aos 18 anos”, conta Yacoff Sarkovas. Nascia a Informa Som, uma ponte entre o sonho de ser engenheiro eletrônico e trabalhar com música, uma grande paixão. “Fornecia boletins estatísticos para gravadoras e instituições de Direito Autoral. Enfrentei muitas dificuldades, mas a empresa cresceu e se consolidou. Aos 28 anos, eu já tinha uma condição confortável”. Foi aí que começou a dança: ele não queria restringir a vida às relações com executivos do mercado fonográfico e autoral. Vendeu a empresa e renasceu.
Fim da ditadura militar. A cultura vivia de passar o chapéu a raros mecenas ou depender da bilheteria. Ele, então, vislumbra acessar os recursos da comunicação das empresas e transforma o teatro contemporâneo do Brasil, produzindo nomes como Gabriel Vilela, Gerald Thomas, Bia Lessa e Antônio da Nóbrega,e autores como Becket e Kafka.“Em pouco tempo me tornei um produtor reconhecido, pois havia muito amadorismo”. Percebeu, então, que a relação simbólica entre marcas e cultura transcendia os projetos que produzia.
Consolidou sua metodologia de planejamento, no inicio dos anos 1990, e tornou sua empresa, a Articultura, uma consultoria pioneira em marketing cultural. Os dois primeiros clientes foram o Estadão e a Natura, onde construiu o consagrado Natura Musical, entre dezenas de trabalhos.
Veio, então, o terceiro passo: tome uma atitude e salve sua marca. Yacoff considerou que as empresas não engajavam mais seus públicos simplesmente falando: era preciso agir. Expandiu sua metodologia, integrando e dando caráter estratégico à presença das marcas nas áreas social, ambiental, cultural, esportiva e de entretenimento. Mudou o nome da consultoria para Significa. Além da Natura, empresas como Votorantim, Itaú, Petrobras, Vale, Claro, EDP, Fiat, Pão de Açúcar, Whirlpool, Santander, SulAmérica, Pepsico e Nestlé estruturam suas atuações, nas áreas de percepção de valor com base no conceito que Yacoff criou.
Em 2010, a Edelman, a maior empresa de relações públicas do mundo, bateu à sua porta. As operações foram integradas e ele se tornou sócio e CEO da Edelman Significa. Viveu pela primeira vez a experiência de se reportar a matriz em Nova Iorque. Concluiu a venda das suas cotas em 2018, quando deixou a agência, depois de fazê-la crescer 170% de forma orgânica e conquistar muitas premiações do setor. Entre elas, a Agência do Ano, na primeira edição do Prêmio Jatobá, em 2017.
Desde então, como consultor, se concentra em revelar e levar o propósito das empresas para o centro de suas estratégias de negócio. Também passou a integrar Conselhos de Administração e a dar suporte voluntário a organizações da sociedade civil no meio ambiente, empreendedorismo social, cultura e educação.
Dezessete anos depois de um escândalo envolvendo a credibilidade das matérias de um de seus repórteres, o The New York Times volta a viver uma crise. Não chega a ser uma questão de má-fé como foi o caso de Jayson Blair, demitido em 2003 por plagiar e forjar 36 das 73 reportagens publicadas ao longo de cinco meses. Mas já está fazendo grande estrago.
No centro da controvérsia está a série de podcasts Caliphate (Califado), de autoria da premiada correspondente Rukmini Callimachi, uma das estrelas da redação, especializada em terrorismo. O problema é que o podcast, no ar até hoje, é todo baseado nos relatos de um canadense de 25 anos que foi preso em setembro passado pela polícia do país, sob a acusação de falsificar seu passado como combatente do Estado Islâmico.
O jovem pode nunca ter estado na Síria, e as histórias que contou no podcast teriam sido simplesmente inventadas. Diferentemente da fraude de Blair, desta vez o motivo da crise parece ter sido o que os psicólogos chamam de viés de confirmação, que faz as pessoas atentarem mais para o que acreditam e ignorarem dados que os contradizem, gerando uma abordagem tendenciosa, na maioria das vezes não intencional.
Ben Smith, colunista de mídia do próprio New York Times, sentenciou que o caso obscurece não só a repórter como o próprio jornal. Também apontou erros em outras matérias da correspondente, que estão sendo todas revisadas. Callimachi, que colecionava prêmios, passou a colecionar críticas. Inclusive de colegas da redação e de ex-colegas.
—- Veja todos os detalhes do caso, o perfil do falso ex-combatente, as inconsistências que foram relevadas pela correspondente e sua equipe, a atuação da polícia, a análise de especialistas e como o jornal vem lidando com essa crise em mediatalks.com.br.
O Prêmio Influency.me será este ano realizado de forma online. No lugar da festa que reúne cerca de mil pessoas, será transmitido em uma live nesta quinta-feira (19/11), às 20h, com apresentação da comediante Samantha Shmütz.
A premiação valoriza o trabalho dos melhores influenciadores digitais do País nas categorias Beleza, Gastronomia, Viagem e Turismo, Tecnologia, Música, Variedades, Humor, Moda, Negócios, Família, Fitness, Opinião, Games, Ciências e Curiosidades. Confira a relação completa dos finalistas do prêmio.