Dezessete anos depois de um escândalo envolvendo a credibilidade das matérias de um de seus repórteres, o The New York Times volta a viver uma crise. Não chega a ser uma questão de má-fé como foi o caso de Jayson Blair, demitido em 2003 por plagiar e forjar 36 das 73 reportagens publicadas ao longo de cinco meses. Mas já está fazendo grande estrago.
No centro da controvérsia está a série de podcasts Caliphate (Califado), de autoria da premiada correspondente Rukmini Callimachi, uma das estrelas da redação, especializada em terrorismo. O problema é que o podcast, no ar até hoje, é todo baseado nos relatos de um canadense de 25 anos que foi preso em setembro passado pela polícia do país, sob a acusação de falsificar seu passado como combatente do Estado Islâmico.
O jovem pode nunca ter estado na Síria, e as histórias que contou no podcast teriam sido simplesmente inventadas. Diferentemente da fraude de Blair, desta vez o motivo da crise parece ter sido o que os psicólogos chamam de viés de confirmação, que faz as pessoas atentarem mais para o que acreditam e ignorarem dados que os contradizem, gerando uma abordagem tendenciosa, na maioria das vezes não intencional.
Ben Smith, colunista de mídia do próprio New York Times, sentenciou que o caso obscurece não só a repórter como o próprio jornal. Também apontou erros em outras matérias da correspondente, que estão sendo todas revisadas. Callimachi, que colecionava prêmios, passou a colecionar críticas. Inclusive de colegas da redação e de ex-colegas.
—- Veja todos os detalhes do caso, o perfil do falso ex-combatente, as inconsistências que foram relevadas pela correspondente e sua equipe, a atuação da polícia, a análise de especialistas e como o jornal vem lidando com essa crise em mediatalks.com.br.