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segunda-feira, dezembro 8, 2025

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Abertas as inscrições para curso de Jornalismo em Guerra

O Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada, promovido pelo CICV, Oboré, Abraji, e IPFD, está com inscrições abertas até 23/8,
O Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada, promovido pelo CICV, Oboré, Abraji, e IPFD, está com inscrições abertas até 23/8,

O Curso de Jornalismo em Guerra e Violência Armada, promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em parceria com Oboré, Abraji e Instituto de Pesquisa, Formação e Difusão em Políticas Públicas e Sociais (IPFD), está com inscrições abertas até 23/8 para a sua 20ª edição.

O objetivo é fomentar o debate e o respeito às normas internacionais que regem a condução de hostilidades, e apresentar o perfil neutro, imparcial e independente da ação humanitária do CICV em favor das vítimas dos conflitos armados e de outras situações de violência. Serão selecionados 50 estudantes de comunicação, avaliados com base nos dados informados no formulário no ato da inscrição.

As aulas serão realizadas de 11/9 a 30 de outubro, sempre aos sábados, em encontros virtuais reunindo juristas, militares, policiais e jornalistas.

Além dos conteúdos regulares, contará com apresentações e entrevistas de representantes do CICV que atuam em operações em diferentes continentes, numa experiência de volta ao mundo nas principais crises humanitárias da atualidade. Os alunos selecionados também participarão do lançamento de uma iniciativa pioneira em cobertura humanitária, ainda não divulgada, e de um encontro comemorativo com egressos desse módulo do Projeto Repórter do Futuro.

A Oboré anunciou também a nova coleção do Voo Rasante, da cartunista Laerte Coutinho. O projeto é uma seleção de charges da artista sobre o Brasil. São 70 desenhos que se renovam a cada lote e que retratam algumas cenas do nosso cotidiano político e social entre 2014 e 2020.

Autoesporte estreia programa na CBN

Guilherme Blanco Muniz, Marcus Vinicius Gasques e André Schaun na gravação do primeiro programa do CBN Autoesporte
Guilherme Blanco Muniz, Marcus Vinicius Gasques e André Schaun na gravação do primeiro programa do CBN Autoesporte

A rádio CBN estreou neste domingo (15/8) o CBN Autoesporte. Com 30 minutos de duração, o programa aborda desde lançamentos e novidades sobre produtos até outros assuntos ligados à área, como tecnologia, segurança e tendências.

O comando da nova atração é de Marcus Vinicius Gasques, diretor de Redação da revista e site Autoesporte, e do repórter e apresentador da CBN Guilherme Blanco Muniz, que curiosamente começou a carreira na revista da Editora Globo, onde atuou como repórter até 2019.

“O programa terá um formato de podcast, com conversas entre os âncoras e seus convidados, e estará disponível também no site e no aplicativo da CBN, além dos principais agregadores de áudio”, informa Gasques, que também seguirá atuando como comentarista automotivo às terças e quintas-feiras, às 19h20, em outro programa da emissora, Ponto Final, que tem apresentação de Rodrigo Bocardi e Carolina Morand.

Dois convidados participaram da edição de estreia do CBN Autoesporte: Emilio Paganoni, gerente sênior de treinamento da BMW Brasil, que falou sobre carros elétricos e o avanço dos veículos híbridos no Brasil; e o ex-jogador Zico, que participou do quadro Meu Primeiro Carro, em que contou sobre o Corcel verde que teve no início de sua carreira.

Colaborador da Autoesporte, André Shchaun também participou da gravação do primeiro episódio.

Cecília Olliveira entra para o Conselho Consultivo da Agência Pública

Cecilia Olliveira
Cecilia Olliveira

Cecília Olliveira é a mais nova integrante do Conselho Consultivo da Agência Pública, um grupo de dez profissionais reconhecidos do jornalismo e do Terceiro Setor. Esse grupo se reúne duas vezes por ano para discutir o trabalho que vem sendo feito e aconselhar a direção da Pública.

Cecilia Olliveira
Cecilia Olliveira

Jornalista investigativa dedicada à cobertura da violência e do tráfico de drogas e de armas, Cecília criou em 2016 a plataforma Fogo Cruzado para mapear os tiroteios no Rio de Janeiro. Hoje o Fogo Cruzado é um instituto que, por meio de dados abertos, quer ajudar na redução da violência armada. Também fellow da Shuttleworth Foundation, atualmente escreve para o El País e tem um programa no canal My News.

Eleição dos +Admirados da Imprensa Esportiva vai até domingo (29/8)

J&Cia, 2 Toques e LiveSports unem-se para lançar o Prêmio Os +Admirados da Imprensa Esportiva
J&Cia, 2 Toques e LiveSports unem-se para lançar o Prêmio Os +Admirados da Imprensa Esportiva

Termina em 29/8 o primeiro turno da eleição dos +Admirados da Imprensa Esportiva. A pesquisa apontará os jornalistas, programas e empresas de mídia de maior relevância no Brasil, na visão de jornalistas e demais profissionais de comunicação.

Assim como nas demais edições da série +Admirados, serão dois turnos de votação. No primeiro, os eleitores poderão fazer até cinco indicações em cada categoria. Os mais lembrados serão classificados para a fase final, em que novamente poderão ser feitas até cinco indicações, desta vez, porém, a partir da lista fechada com os nomes dos finalistas.

Entre as categorias e subcategorias, serão homenageados 21 profissionais, veículos ou programas dedicados à cobertura esportiva: Locutor (Rádio e TV), Comentarista (Rádio e TV), Repórter (Rádio, TV, Impresso e Digital), Repórter de Imagem (Fotógrafo e Cinegrafista), Jornalistas Regionais (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte), Programas (Rádio, TV Aberta e TV por Assinatura), Veículos (Impresso e Digital) e Canais Digitais (Podcast e Redes Sociais).

“É um modelo de eleição que tem sido muito elogiado por profissionais do setor e empresas que associam suas marcas à iniciativa, uma vez que o colégio eleitoral é composto majoritariamente por formadores de opinião”, destaca Eduardo Ribeiro, diretor deste Jornalistas&Cia e do Portal dos Jornalistas, que promovem a iniciativa. A eleição dos +Admirados da Imprensa Esportiva conta também com os apoios da 2Toques Assessoria em Comunicação Esportiva, do canal LiveSports e do I’Max, além do apoio institucional da Associação de Cronistas Esportivos do Brasil (Aceb).

Para votar, basta fazer um rápido cadastro em https://pesquisa.portaldosjornalistas.com.br/. Quem já votou em alguma outra eleição da série +Admirados pode acessar a cédula utilizando o cadastro anterior.

Morre Duarte Pereira, aos 82 anos, vítima de câncer

Morre Duarte Pereira, aos 82 anos, vítima de câncer

Morreu nesta quinta-feira (12/8) o jornalista, militante e intelectual Duarte Pereira, aos 82 anos, vítima de câncer. Ele estava internado no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo. Participou da criação da revista Realidade e foi um dos principais colaboradores do jornal Movimento, que combatia a ditadura militar.

Nascido em 1939, em Salvador, formou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Em 1962, teve atuação decisiva na criação do movimento revolucionário Ação Popular. Um ano depois, foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes.

É autor de artigos sobre diversos temas, publicados na clandestinidade e sob pseudônimo na imprensa alternativa, durante a ditadura. De 1966 em diante, escreveu sobre socialismo revolucionário, questões políticas, ideológicas e sociais em diferentes conjunturas políticas brasileiras e internacionais.

Em texto publicado no site da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Frei Betto, jornalista e frade dominicano, escreveu que visitou Pereira no hospital no mesmo dia 12. O intelectual contou que passou os 21 anos da ditadura sem ser preso “graças ao silêncio dos que caíram em mãos da repressão e sabiam, mas não disseram, onde eu me escondia”.

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Especial de aniversário de J&Cia debaterá jornalismo brasileiro no pós-pandemia

A edição do 26º aniversário de Jornalistas&Cia, que circulará em 27 de setembro próximo, vai abrir espaço para debater e projetar o jornalismo brasileiro no pós-pandemia e o fará pelo olhar das principais instituições jornalísticas do País, entre elas ABI, Abraji, Aner, ANJ, Projor e Fenaj.

“A proposta é fazer uma profunda reflexão sobre os desafios que precisarão ser enfrentados e vencidos para que o jornalismo brasileiro se fortaleça e cresça em confiança e audiência junto à sociedade”, diz Eduardo Ribeiro, publisher da newsletter.

“São muitas as questões que nos afligem e que precisam de respostas consistentes e ousadas”, ressalta. “Entre elas, o inaceitável crescimento das fake news; o desequilíbrio racial das redações, com reflexos no próprio fazer jornalístico; os ataques constantes do poder constituído, de caso pensado, desacreditando a atividade e seus profissionais; a violência − inclusive física − contra os colegas da linha de frente; a excessiva jornada de trabalho provocada pelo encolhimento das redações; o sonho da prosperidade profissional, ainda distante de quem, com raras exceções, abraçou o jornalismo como profissão; o modelo de negócios que consiga garantir sustentabilidade e independência aos veículos; o enfrentamento ao duopólio das techs, que contribuíram decisivamente para desestabilizar o mercado publicitário e o financiamento do jornalismo; a tecnologia que tem provocado impactos incisivos na indústria; o jornalismo de dados, cada vez mais presente e dando respostas consistentes à sociedade; as redes sociais, que mudaram os hábitos e os fluxos de audiência e encerraram a era da intermediação da notícia pela imprensa; as novas gerações, que chegam ao mercado com novos hábitos de consumo de informação e que, no caso do próprio jornalismo, veem a atividade de um modo muito diferente das gerações precedentes. Ou seja, não faltam boas razões para que todos aqueles que propugnam e desejam o fortalecimento do jornalismo debatam caminhos que possam elevá-lo novamente à condição de quarto poder ou, ao menos, do poder de ser o inquestionável guardião da sociedade, da liberdade e da democracia. E esse é o propósito do especial, que trará o olhar de algumas de nossas principais lideranças institucionais”.

A editora Cristina Vaz de Carvalho, na equipe de Jornalistas&Cia praticamente desde o início, 26 anos atrás, aceitou o convite de conduzir a edição, o que fará desde o seu QG no Rio de Janeiro. Na coordenação comercial estará o diretor Silvio Ribeiro, cujos contatos são [email protected] e 19-97120-6693.

Cadê a Márcia C?

Por Sandro Villar

Não sei de onde ela veio e nem para onde foi. Só sei que ela estava lá, na redação da TV Cultura, em meados dos anos 80 do século passado. Seu nome: Márcia. Já quanto ao sobrenome são outros quinhentos. Ou outros seiscentos.

 Na verdade, o “sobrenome” dizia respeito ao… Oh, Céus, como direi nesta revista de família?… Enfim, era uma alusão ao anel de couro, já que não quero ser chulo diante de um público tão culto e sofisticado como a nossa “catigoria”, como diria o saudoso sindicalista Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão.

 Ela se apresentava aos colegas como Márcia, mas tinha o insólito “sobrenome”, que começava com a letra C, seguida de um U, depois um Z acrescido de A e, para completar, um O com o sinal gráfico til “cobrindo” penúltima letra.

 Fofa, para não dizer robusta como a inflação, e desengonçada, Márcia C lembrava o personagem do ator Charles Laughton no filme Spartacus, grande êxito de Kirk Douglas na década de 60 do século 20, como diz a Folha, ou século XX, como grafa o Estadão (nossa, enchi linguiça e outros embutidos para mais de metro − acho que vou trabalhar na JBS).

 Não me lembro mais qual era a função dela, mas, se não me engano, coordenava o telejornal noturno da TV Cultura. “Rápido aí, C, já está quase na hora do jornal entrar no ar. Cadê a matéria?”, cobrava dos editores. Ela era assim com os colegas. Chamava todo mundo de C. “Ô, C”, dizia. No aumentativo, óbvio. Maior deboche, sem papas e bispos na língua.

 Nem mesmo o diretor de Redação e o chefe de Reportagem eram poupados. Márcia também os chamava de C. Tremendo barato! Ninguém se irritava com o “tratamento”. Ela passava a imagem de uma pessoa boa. Nunca presenciei atrito dela com ninguém. 

 Como afirmei na primeira linha do primeiro parágrafo, não sei de onde ela veio e nem para onde foi. Márcia C nos divertia e isso não tem preço. Tomara que esteja bem nestes tempos de fazer vaca não reconhecer o bezerro e égua não reconhecer o potro.


Cadê a Márcia C?
Sandro Villar

A história desta semana é novamente uma colaboração de Sandro Villar, radialista e jornalista que por muitos anos atuou como correspondente do Estadão em Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

Nosso estoque do Memórias da Redação acabou. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para [email protected].

Instituto Serrapilheira e Fundação Gabo lançam programa de jornalismo científico

O Instituto Serrapilheira abriu, em parceria com a Fundação Gabo e apoio da Unesco, inscrições até 5/9 para o Programa de Formação e Estímulo ao Jornalismo de Ciência. Um projeto que busca fortalecer a cobertura crítica no campo científico a partir de abordagens rigorosas, baseadas em evidências, análise de contexto e colaboração.

Durante oito encontros comandados por Pablo Correa Torres, editor de ciência, saúde e ambiente do jornal El Espectador, da Colômbia, os participantes poderão se aprofundar e analisar diferentes formas de narrativas de fatos científicos por meio de um olhar sobre a história da ciência e um estudo de caso: a técnica genética Crispr-CAS9.

O programa concederá bolsas de até US$ 2,5 mil para a produção jornalística de 16 profissionais latino-americanos selecionados. Também estão previstas atividades sobre o tema no Festival Gabo 2021.

Para participar, é necessário ter entre três e dez anos de experiência na cobertura de assuntos científicos em veículos de qualquer formato. Os selecionados participarão do workshop Imersão no jornalismo científico: um método para desconfiar, que será realizado de forma online entre 21/9 e 14/10.

O objetivo do projeto, segundo o Instituto Serrapilheira e a Fundação Gabo, é promover a cobertura aprofundada da ciência a partir da difusão de informações confiáveis e do combate à desinformação, que representam atualmente um desafio nos meios de comunicação.

Natasha Felizi, diretora de Divulgação Científica do instituto, afirma que parte da missão do Serrapilheira é fazer com que a ciência esteja melhor representada no debate público, e “acreditamos que o jornalismo profissional é um meio essencial para alcançar esse objetivo”. E completou: “Por isso ficamos contentes em apoiar uma iniciativa promovida por uma instituição tão tradicional no jornalismo como é a Fundação Gabo, focada justamente em aumentar a qualidade da cobertura de ciência na mídia”.

Para Jaime Abello Banfi, diretor-geral da Fundação Gabo, traduzir a linguagem científica de forma clara, contextualizada e atraente por meio do jornalismo contribui para o combate à desinformação e o fomento a uma cultura do conhecimento: “A Fundação Gabo e o Instituto Serrapilheira uniram-se para promover um jornalismo apaixonante e interessante, com diferentes formatos, em espanhol e em português, sobre personagens, processos, conquistas e fracassos do imenso campo da ciência, que é cada vez mais importante globalmente e nos países da América Latina devido ao seu enorme impacto econômico, tecnológico, político e social”.

Globo.com está de cara nova

O Globo.com apresentou novos visual e interface tecnológica nesta sexta-feira (13/8), com objetivo de acelerar a distribuição de conteúdo e possibilitar navegação mais dinâmica em sua homepage. A evolução do site, que abriga as mais de 40 marcas do Grupo Globo, envolve também a versão mobile.

Thaisa Coelho, head de produto e executiva responsável pela homepage, disse que, além de ofertar novas funcionalidades, a mudança “reforça ainda mais esse papel de agregador de conteúdo como facilitador do dia a dia”.

O novo visual da página traz as cores das verticais de conteúdo, que organizam o feed de maneira a indicar de um novo jeito o que é jornalismo, esporte e entretenimento. E traz outros espaços de publicidade, construídos para preservar o engajamento, priorizando a experiência do usuário.

“Você continua batendo o olho e percebendo rapidamente o que é cada assunto, mas consegue, numa mesma tela, ter uma quantidade de temas ainda maior, só que de forma mais organizada”, explica Thaisa.

Na versão mobile, os elementos de interação com a página no celular estão mais intuitivos, possibilitando que o feed amplie tanto a distribuição de conteúdos de maior imersão, como vídeos, quanto aqueles para consumo mais rápido, como stories. Segundo Thaisa, “a mudança permite que cada pessoa acesse o que quiser, da forma como quiser, na hora em que quiser”.

A previsão é que ainda em 2021 o Globo.com passe por uma série de novas transformações, suportadas pelo forte investimento em tecnologia e dados. Novos formatos de conteúdo, como podcasts, vídeos curtos, novas funcionalidades de atualização e de distribuição, como recomendação, estarão cada vez mais presentes na página.

Inteligência Artificial – Sem palavras

Por Marcelo Molnar, consultor e sócio-diretor da Boxnet

 

O ditado popular “uma imagem vale mais que mil palavras”, creditado ao pensador e filósofo chinês Confúcio (552 a.C. a 479 a.C.), reverbera a ideia do poder da comunicação através das imagens, figuras e ideogramas.

É fato que expressamos nossos pensamentos por meio de elementos como: gestos, placas, objetos, cores, utilizando apenas simbologias textuais. Especialistas afirmam que as expressões faciais transmitem muito mais informações do que as palavras. Albert Mehrabian, professor emérito de psicologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e pioneiro em pesquisas sobre linguagem corporal, apurou, na metade do século passado, que a mensagem na comunicação interpessoal é transferida na proporção de 55% não verbal, incluindo postura e expressões faciais, 38% vocal (incluindo tom de voz, velocidade, ritmo, volume e entonação) e apenas 7% com o uso da palavra. Apesar de esta regra e proporções não serem unanimidades, sabemos a dificuldade e a complexidade humana na comunicação.

Atualmente há muitos portais que tratam da análise das expressões faciais e suas relações com as emoções. As expressões faciais são reveladoras e o seu estudo está inserido no campo da cinésica. Para ajudar na comunicação, a expressão facial deve ser condizente com o discurso. Paul Ekman, no livro A linguagem das emoções, mostra como o semblante das pessoas reproduz o seu estado interno. Segundo o psicólogo, há diferenças biológicas entre um sorriso verdadeiro e um sorriso “educado”. A emoção da alegria genuína combina necessariamente a contração dos músculos zigótico maior (na região das laterais da boca) e do orbicular (ao redor dos olhos). O neurologista francês Duchenne de Boulogne, que estudou o impacto de cada músculo facial na aparência das pessoas, afirma que o músculo ao redor dos olhos não obedece à nossa vontade, pois só é ativado por um sentimento verdadeiro.

Um dos pontos mais controversos do uso da Inteligência Artificial (IA) atualmente está na evolução do reconhecimento facial, desenvolvido para identificar uma pessoa por meio de imagem ou vídeo. Essa tecnologia existe há décadas, mas seu uso tornou-se mais perceptível e acessível recentemente nos aplicativos pessoais de autenticação para dispositivos móveis. Muitos criticam seu uso pelo potencial de vigilância em massa, de exclusão e/ou repressão. A grande capacidade de processamento e a diminuição dos custos para seu desenvolvimento estão permitindo a proliferação em várias áreas de aplicação. Hoje, empresas e governos armazenam milhões de imagens de faces de pessoas no mundo em seus bancos de dados para os mais variados propósitos.

A aplicação dessa tecnologia na China permitiu a instauração de um sistema de crédito social, que nada mais é do que o uso de tecnologia de vigilância nas mãos de um governo. Todas as pessoas são registradas pelas câmeras de reconhecimento facial, e quando se deslocam no espaço público são avaliadas com notas de acordo com seu comportamento. Estão sujeitas a penalidades ou privilégios. Pagamento de multas, dívidas e infrações civis, até mesmo fumar em local público proibido são incluídos nas avaliações, realizadas por algoritmos cujo código não é conhecido pela população. Em caso de uma pontuação baixa o cidadão pode ser proibido de viajar de avião ou trem, por exemplo.

Mas há casos positivos em que a tecnologia facilita e produz agilidade. Desde 2018, os passageiros que voam de Dubai com a Emirates não precisam mais fazer fila nos controles de passaporte, pois são identificados pelos seus cadastros. O restaurante CaliBurger, na Califórnia, instalou sistemas nos locais de pedido, e o software reconhece as pessoas registradas no seu sistema, ativa suas contas, mostra as refeições favoritas e sugere pedidos; e, no final, os clientes podem pagar com reconhecimento facial em vez de usar o cartão. Aqui no Brasil, a empresa 99 lançou um recurso para a identificação automática do rosto dos motoristas na hora de se conectarem ao aplicativo. O procedimento de verificação acontece em parceria com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), que cruza a imagem coletada pela 99 com a foto armazenada no banco de dados do órgão, visando maior segurança aos usuários.

Não resta dúvida que o desenvolvimento tecnológico é positivo, e a IA vai revolucionar nossa sociedade. As críticas vão de encontro aos abusos, excessos e usos indevidos que deverão ser regulamentados. Em um mundo onde estamos inundados de fake news, negacionismos e contradições, a tecnologia deve nos ajudar a comunicar a verdade, mesmo que, às vezes, contra a nossa própria vontade.

Para quem quiser saber mais a respeito:

https://www.washingtonpost.com/world/facial-recognition-china-tech-data/2021/07/30/404c2e96-f049-11eb-81b2-9b7061a582d8_story.html;

https://analyticsindiamag.com/how-to-fool-facial-recognition-systems/;

https://igarape.org.br/wp-content/uploads/2020/06/2020-06-09-Regula%C3%A7%C3%A3o-do-reconhecimento-facial-no-setor-p%C3%BAblico.pdf.

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