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quarta-feira, maio 21, 2025

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COP26 − Transformação é o nome do jogo

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Sediar eventos globais sempre foi o sonho de muitas nações, disputando ferozmente a oportunidade de atrair a atenção do mundo e receitas em turismo e propaganda.

No entanto, depois que ativistas aprenderam a aproveitar os encontros para protestar em escala planetária, e que populações locais tornaram-se críticas quanto aos investimentos e impacto em suas vidas, alguns países podem estar se arrependendo da briga travada.

A COP26, que começa daqui a menos de três semanas, é um exemplo. Embora sem o potencial de impacto urbano de uma Olimpíada, está fazendo com que o governo e até a realeza britânica sejam confrontados mais diretamente pela sociedade.

Para complicar, o Reino Unido vive uma crise energética, com preços elevados e temores de racionamento.

Catastrofistas vaticinam que o país pode repetir o “Winter of Discontent” de 1979, marcado por greves e falta de produtos nos supermercados.

O modelo energético da Grã-Bretanha, fortemente dependente de combustíveis fósseis, é um ponto sensível para o país que recebe a conferência, mais vulnerável por ter sua população (e os ativistas) perto dos acontecimentos.

O grupo Extinction Rebellion começou cedo. Há três semanas bloqueia vias públicas para exigir instalação de proteção térmica nas residências.

O transtorno gera sentimentos ambíguos. Uma pesquisa do instituto YouGov publicada em 8 de outubro mostrou que 72% dos entrevistados opõem-se aos protestos, um aumento de 13% em comparação à primeira semana da ação.

Nem a rainha escapou

Ainda assim os ativistas ambientais seguem firmes, não poupando sequer a realeza.

No sábado (9/10), uma manifestação liderada pelo apresentador da BBC Chris Packham fez barulho diante do Palácio de Buckingham, pedindo que os Windsor deixem a mata voltar a tomar conta de suas propriedades.

Chris Packham

Packham apresenta um dos principais shows ambientais da rede, o Springwatch. E paga caro por seu ativismo fora das telas.

Um dia antes do protesto, seu Land Rover foi incendiado em frente de casa, aparentemente por gente que discorda de sua campanha contra a caça.

Enquanto isso, empresas que operam no país esforçam-se para mostrar seu compromisso ambiental antes da conferência, acelerando projetos e lançamentos capazes de posicioná-las como companhias alinhadas ao que a COP26 vai debater: o desafio de reduzir a temperatura do planeta.

Transformação

Em conversa com Vinícius de Carvalho, professor brasileiro que dirige o Brazil’s Institute do King’s College e mediou um debate promovido com a Aberje na semana passada, ele disse achar louvável a disposição das empresas em ouvir e repensar modos de produção e produtos, o que leva à transformação.

Vinicius de Carvalho

Para o professor, a grande lição da COP26 será demonstrar que há conhecimento disponível para empresas e governos utilizarem. E ele acredita que as empresas reagem mais rápido.

Um exemplo é o McDonald’s, que lançou o Big Mac plant-based no Reino Unido. Não foi a primeira rede a fazê-lo, mas fez bem feito, garantindo ausência de contato com ingredientes de origem animal durante a produção, crítica feita a outros que tinham saído na frente.

Essa é outra lição: não dá mais jogar para a plateia sem consistência, pois ativistas e mídia não engolem greenwashing.

Carvalho está entre os 28% que aprovam a ação de ativistas, mesmo os radicais. Lembra que foi graças ao radicalismo que mulheres ganharam o direito ao voto. E acha que o barulho que fazem é um recado: se não estamos sendo ouvidos, vamos gritar e espernear.

A COP26 é um evento único. Diferentemente da longínqua Rio 92, acontece quando a emergência climática é inquestionável. E na era do engajamento e da descentralização de narrativas proporcionados pelas redes sociais.

Nesse contexto, diz o professor, cabe à comunicação estratégica perceber as situações desafiadoras que exigirão respostas e não discursos. E que mostrem transformação à sociedade.


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Cinegrafista da GloboNews é agredido no Santuário de Aparecida

Leandro Matozo (Foto: Victor Ferreira)
Leandro Matozo (Foto: Victor Ferreira)

O cinegrafista Leandro Matozo, da GloboNews, foi agredido durante uma cobertura no Santuário Nacional, em Aparecida, nesta terça-feira (12/10). Segundo relatos do repórter Victor Ferreira, um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) abordou a equipe para insultar o trabalho deles e da emissora, e em seguida deu uma cabeçada no repórter cinematográfico.

“Registramos uma ocorrência na PM, que não quis conduzir o agressor para a delegacia para não “prender a viatura” no DP, alegando uma tal resolução 150. O agressor foi liberado antes mesmo que nós e ainda pegou carona no carro da PM para voltar ao santuário”, relatou o jornalista em sua conta no Twitter. “O Leandro Matozo está bem. Já estamos tomando as medidas cabíveis. O mais triste é saber que o agressor é um professor de educação básica de uma escola estadual de Mogi das Cruzes. “Escola Sem Partido”, vão dizer por aí.”

É o segundo caso de ataque físico por parte de apoiadores de Jair Bolsonaro contra cinegrafistas em menos de uma semana. Na última sexta-feira (8/10) o repórter cinematográfico Helio Oliveira, da TV Tribuna, de Santos, foi atacado por um homem identificado como Armando Izzo com um tapa em seu equipamento e xingamentos direcionados ao jornalista e aos profissionais de imprensa que estavam cobrindo a chegada do presidente Jair Bolsonaro, para um período de descanso no Guarujá.

Vale lembrar que também nesta terça-feira Bolsonaro visitou a cidade do interior paulista, em compromisso oficial por conta do feriado do Dia de Nossa Senhora Aparecida. Durante sua visita, o presidente foi alvo de críticas e apoios por parte de diferentes grupos, e participou da missa oficial em homenagem à padroeira do Brasil.

Entrega de retrato de Paulo Freire homenageia centenário do patrono da educação

Em homenagem ao centenário de Paulo Freire, será entregue um retrato pintura a óleo sobre tela do patrono da educação brasileira, feito pelo artista plástico Luís Mielle, a partir da iniciativa do Instituto Paulo Freire e do apoio financeiro de um grupo de brasileiros financiadores do trabalho.

O retrato será exposto no Centro de Referência Paulo Freire (CRPF – Rua Cerro Corá, 550, em São Paulo), na sexta-feira (15/10), Dia do Professor, das 10h às 11h30, em cerimônia para convidados. O Instituto Paulo Freire informou que, após a pandemia, vai retomar as atividades de visitação ao CRPF. Atualmente, existem Institutos Paulo Freire em 18 países ao redor do mundo.

Curso internacional aborda a cobertura de direitos LGBTQI+

Curso internacional aborda a cobertura de direitos LGBTQI+

A revista argentina Late promove de 29 de outubro e 17 de dezembro um curso sobre a cobertura de direitos LGBTQI+. As aulas, sempre às sextas-feiras, às 17h, abordarão progressos e dificuldades da comunidade na busca por reconhecimento e direitos.

O curso será ministrado por Bruno Bimbi, escritor e doutor em Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. As aulas serão ao vivo, mas ficarão gravadas e os participantes poderão acessá-las posteriormente. O curso, em espanhol, custa 12 mil pesos argentinos (cerca de R$ 670). Inscrições aqui.

Jornalista é preso no Piauí após nova acusação de extorsão

Arimatéia Azevedo
Arimatéia Azevedo
Arimatéia de Azevedo já havia sido preso em 2020, também sob acusação de extorsão

Menos de um ano após se beneficiar de um habeas corpus concedido pelo STJ, o jornalista piauiense Arimatéia Azevedo foi preso novamente no último dia 7 de outubro, em Teresina. Assim como em 2020, a acusação contra o diretor do Portal AZ envolve um suposto caso de extorsão, desta vez intermediada por um advogado próximo ao jornalista.

De acordo com o inquérito, o advogado Rony Samuel de Negreiros Nunes, amigo de Arimatéia, teria feito pressões contra Lamarque Lavor Santana de Almeida Rocha, representante da distribuidora de medicamentos Saúde e Vida, da região de São Raimundo Nonato. Na conversa, Rony manda a Lamarque um print de tela da nota publicada por Arimatéia sobre a empresa em 29 de maio deste ano e escreve: “Se ele não terminar de pagar o rafael [sic] vai ser uma nota por dia até sexta feira. Pelo menos atenção da polícia eu tenho certeza que chama”.

O alvo da cobrança seria Thiago Gomes Duarte, dono da Saúde e Vida, que é investigada pela Polícia Federal por possíveis fraudes em licitações no estado.

No inquérito aberto pela Polícia Civil, há vários prints de tela de conversas extraídas do celular de Arimatéia que provam a relação entre ele e Rony Samuel como jornalista e fonte. Não há nada que relacione o jornalista à suposta tentativa de extorsão praticada por Rony Samuel em 2021. Porém, há uma conversa entre os dois, de 21 de maio, em que Arimatéia menciona o pagamento de R$ 150 mil para uma pessoa chamada André da parte de Edson Ferreira. O inquérito não avança sobre quem seriam essas pessoas, muito menos se o fato tem relação com o caso deste ano.

Filha de Arimatéia, Maria Tereza Azevedo, questiona o fato do pai estar preso, enquanto o advogado que trocou as mensagens com o representante da Saúde e Vida segue em liberdade. “Contra o Rony havia um pedido de prisão temporária. Ele é de São Raimundo Nonato e estava a caminho de Teresina. A Polícia Rodoviária Federal o prendeu na cidade de Floriano. E, do próprio posto da PRF, via videoconferência, ele respondeu a três perguntas do delegado e foi liberado”, argumentou.

A defesa de Arimatéia considera a prisão “um absurdo jurídico” e entrou com um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. Para o advogado Paulo Germano, o jornalista ignorava a troca de mensagens entre Rony Samuel e o representante da Saúde e Vida.

Arimatéia, que encontra-se detido na Penitenciária Irmão Guido, em Teresina, já havia sido preso em 12 de junho de 2020, também sob acusação de extorsão. Na época, o caso envolvia o cirurgião plástico Alexandre Andrade, e o acerto seria para que o jornalista não publicasse notícias sobre um caso de erro médico envolvendo o médico, que quase resultou na morte de uma paciente.

Movimento defende valorização e remuneração de conteúdo jornalístico

O Movimento Conteúdo Jornalístico Tem Valor reúne entidades defensoras do jornalismo e da liberdade de imprensa na luta pela valorização e remuneração do conteúdo produzido por veículos jornalísticos por parte de empresas de tecnologia (Google, Facebook, entre outras), que compartilham essas informações.

O projeto surgiu em agosto de 2020, a partir de uma iniciativa de Luiz Queiroz, do site Capital Digital. Desde o começo, o objetivo foi buscar soluções para remunerar jornalistas e empresas pelo conteúdo reproduzido nas chamadas empresas donas de plataformas de aplicação na internet, ou seja, redes sociais e “buscadores”.

Fazem parte do movimento a Associação Profissão Jornalista (APJor), representada por Fred Ghedini; a Associação Brasileira de Imprensa, representada por Arnaldo Cesar; a ABC Pública, nas pessoas de Lincoln Macário e Karla Mendes; e o Barão de Itararé (Altamiro Borges), além de jornalistas de várias praças, em todo o País.

O Portal dos Jornalistas conversou com Fred Ghedini, que além de representar a APJor no projeto, é presidente da entidade e pós-doutorando na Universidade Federal de Santa Catarina.

Ghedini falou sobre o progresso no que se refere à garantia de remuneração para a imprensa desde o começo do movimento: “O que temos hoje, passados 14 meses? Um projeto de lei na Câmara, o PL 2950/2021, do deputado Rui Falcão (PT-SP), que tem algumas características. Primeiro, trata-se de algo autoaplicável. As plataformas são incentivadas a pagar diretamente aos jornalistas e às empresas pois se assim o fizerem, pagarão menos. Os percentuais começam com 5% para cada parte. Quando o jornalista é o próprio dono do veículo − no caso de um pequeno site, blog jornalístico etc. – ele fica com os 10% do faturamento”.

O presidente da APJor citou também que o movimento vem conversando com o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator do PL das Fake News, que fez o primeiro projeto de lei sobre o tema da remuneração do conteúdo jornalístico (PL 4255/2020). A ideia era introduzir algumas mudanças no projeto de lei por meio do relator, mas ele não foi indicado até hoje.

O movimento pretende agora preparar uma conversa com todos os parlamentares autores de projetos de lei sobre remuneração de conteúdos jornalísticos. Além de Ângelo Coronel e Rui Falcão, há os PLs dos deputados Filipe Barros (PSL-PR), o PL 1586/2021, e Denis Bezerra (PSB-CE), o PL 1354/2021.

“Todos os projetos, com exceção do que nós patrocinamos, o do deputado Rui Falcão, são voltados para a remuneração das empresas. O único que trata de forma igual jornalistas e empresas é o nosso”, destaca Ghedini. “E, como há uma miríade de jornalistas que têm seus próprios blogs e sites, não poderia ser diferente. É extremamente injusto olhar apenas para os grandes veículos jornalísticos que, embora também estejam à míngua por causa da esperteza das empresas de internet de terem inventado uma forma de sugar a parte do leão da verba publicitária pelo mundo afora, só existem porque há milhares de jornalistas trabalhando para elas e ganhando muito mal, em sua esmagadora maioria”.

O representante da APJor destaca também o projeto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) para a criação de um fundo de fomento ao jornalismo, com base na taxação dessas mesmas empresas de internet. “Achamos isso muito importante, principalmente levando-se em conta que o projeto em elaboração pela Fenaj prevê formas diferenciadas de fomento, que equilibrem e diversifiquem mais as linhas editoriais existentes no País, proporcionalmente falando. Ou seja, levando em conta o alcance de público”, disse.

Por fim, Ghedini falou sobre o apoio da APJor ao Perfil Racial da Imprensa Brasileira, projeto deste Portal dos Jornalistas e da newsletter Jornalistas&Cia, em parceria com o Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas e o I’Max.

“Para nós, da APJor, a questão racial no Brasil está muito presente no dia a dia das redações e no resultado do trabalho jornalístico. São pouquíssimos os jornalistas negros”, disse. “As redações continuam a contratar principalmente brancos, pois há uma seleção ’natural‘ (bem entre aspas) em função de os candidatos a vagas terem feito os cursos que têm mais nome no mercado. São umas quatro ou cinco escolas. Estamos falando aqui de São Paulo, capital, principalmente. Então, acho importante saber como anda a situação. Tenho alguma expectativa de que, ao final deste estudo, as mesmas organizações que apoiam a iniciativa da pesquisa possam se unir para desenhar um projeto capaz de interferir de maneira concreta na realidade que será mostrada”.

Prefeito de Manaus ignora perguntas e acusa veículo de extorsão

Prefeito de Manaus ignora perguntas e acusa veículo de extorsão

O prefeito de Manaus David Almeida ignorou perguntas feitas pela repórter Gabriela Alves, do portal Amazonas 1, em 7/10, sobre suspeitas de irregularidades na distribuição de apartamentos a famílias de baixa renda na capital. “Com o portal de vocês, eu não falo”, disse o político.

Após insistência da repórter, Almeida declarou que ela estaria sendo usada: “A sua chefe quer extorquir a Prefeitura, e eu não vou servir à extorsão deles. O chefe do seu blog quer extorquir o povo de Manaus (…). Eles querem tirar R$ 160 mil por mês da Prefeitura. Isso é roubo”.

À Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Gabriela disse que se sentiu desrespeitada: “Eu não esperava que ele fosse responder, mas esperava ter o direito de fazer minhas perguntas. Tive a sensação de que estava sendo intimidada, além de revolta por não ter conseguido fazer o mínimo do meu trabalho”.

Para Rudson Peixoto, dono do Amazonas 1, “é lamentável a postura do prefeito, que age dessa forma todas as vezes que os jornalistas fazem perguntas que o incomodam, porque buscam mostrar os fatos para a população”. Em nota o portal escreveu que “não se calará diante de fatos e acontecimentos contrários ao interesse público” e que “atentar contra a imprensa livre é um atentado contra a democracia e transparência na aplicação dos recursos públicos”.

O Amazonas 1 disse também que tomará as medidas cabíveis contra o prefeito e que aguarda provas de que o proprietário do portal tenta extorquir ou roubar dinheiro público.

Sikêra Jr. consegue liminar que interrompe campanha da Sleeping Giants

A RedeTV disse em nota repudiar a homofobia e o preconceito após o MPF pedir a condenação da emissora e do apresentador Sikêra Jr.
A RedeTV disse em nota repudiar a homofobia e o preconceito após o MPF pedir a condenação da emissora e do apresentador Sikêra Jr.

O apresentador Sikêra Jr. conseguiu uma liminar para interromper a campanha promovida pelo movimento Sleeping Giants Brasil que pede que anunciantes deixem o Alerta Nacional, apresentado por ele. A Justiça classificou a atitude do grupo digital como “campanha de constrangimento aos anunciantes”.

O desembargador Airton Luiz Corrêa Gentil, do Tribunal de Justiça do Amazonas, determinou “aos recorridos (Sleeping Giants) a abstenção de dar seguimento à campanha de constrangimento aos anunciantes do agravante no prazo de 24 horas a partir da notificação, em face ao abuso do direito”.

O movimento contra Sikêra Jr. e o Alerta Nacional teve início após o apresentador dizer, em junho, que “gays são uma raça desgraçada”. Cerca de 150 marcas retiraram os anúncios da TV e das plataformas digitais do programa. Sikêra processou o Sleeping Giants e pediu a punição dos responsáveis e o pagamento de indenização por danos morais e materiais. A juíza Sheilla Jordana de Sales, da 1ª Vara Cível do Amazonas, negou o pedido em primeira instância.

O apresentador conseguiu reverter a decisão em segunda instância. Na decisão, o desembargador pontou que “os prejuízos financeiros ocasionados pela perseguição aos anunciantes do agravante (Sikêra) estão devidamente comprovados, bem como os agravados (Sleeping Giants) jactam-se deste comportamento ilícito”.

Inquérito de PM que atirou contra repórter na Av. Paulista é arquivado

Após quase dois anos de inquérito, o Ministério Público do Estado de São pediu o arquivamento do caso de um policial militar que atirou à queima-roupa com uma arma de bala de borracha contra o repórter fotográfico Daniel Arroyo, da Ponte Jornalismo. O caso ocorreu em janeiro de 2019 durante uma manifestação do Movimento Passe Livre, na Avenida Paulista.

Investigações feitas pelas polícia Civil e Militar deixaram de identificar os responsáveis pelo disparo e a justiça de São Paulo decidiu pelo arquivamento do inquérito. “Eu tenho a foto e o vídeo do PM que atirou em mim”, explica Daniel. “Mesmo de máscara, havia uma identificação alfanumérica, que mesmo não dando para ver na totalidade nas imagens, uma investigação mais criteriosa poderia concluir quem foi o autor do disparo”.

Além da não identificação do policial, outra justificativa dada pelo capitão Daniel Lourenço Kimura, da PM paulista, é que o policial não teve a intenção de atirar no fotógrafo, mas em um manifestante que tentou retirar um amigo que estava em poder da Caep (Companhia de Ações Especiais), que reprimia a manifestação naquele dia.

Polícias Civil e Militar não foram capazes de identificar policial que atirou contra jornalista (Foto: Daniel Arroyo / Ponte Jornalismo)

“A vítima acostou aos autos as fotografias dos averiguados, contudo, analisando as referidas imagens, não verifiquei, nas vestes dos averiguados, a existência de dados de identificação que pudessem ensejar o esclarecimento da autoria delitiva, razão pela qual a diligência restou prejudicada. Ante o exposto, à míngua de provas suficientes de autoria delitiva, requeiro o arquivamento dos autos, no tocante ao delito de lesão corporal”, decretou em seu pedido de arquivamento do caso a promotora Regiane Vinche Zampar Guimarães Pereira. O pedido foi acatado pelo juiz José Fernando Setinberg em março deste ano. Antes, em novembro de 2019, a promotora Rafaela Trombini havia pedido o arquivamento da acusação de abuso de autoridade contra o PM, que foi acatado pelo juiz José Zoéga Coelho.

Vale lembrar que na época do ocorrido, o governador João Doria (PSDB) se manifestou, através de nota, dizendo ser solidário aos jornalistas. “O Governo de São Paulo defende a liberdade de imprensa como um direito fundamental para o pleno funcionamento da democracia e esclarece que a Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar as condições em que aconteceu o caso”.

Vice-presidente da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Guilherme Alpendre, lembra que nas manifestações é essencial que os agentes de segurança possam ser facilmente identificados, para que casos como o de Daniel e não fiquem impunes. “A Polícia Militar do estado de São Paulo reiteradamente viola direitos de jornalistas, em especial durante coberturas de manifestações. Uma das razões para que esse comportamento não cesse é a impunidade. É imperioso que todo agente fardado possa ser facilmente identificado: o controle social dos agentes públicos é uma premissa do Estado Democrático. Infelizmente, casos como esse tendem a se repetir caso a impunidade siga sendo a regra.”

Norian Segatto, diretor do Departamento de Saúde, Previdência e Segurança da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), corrobora que havia meios para identificar o policial que fez o disparo e, mesmo com a investigação não chegando ao autor dos tiros, era necessário punir seus superiores. “A instituição Polícia Militar e o comandante da operação deveriam ser responsabilizados pelos atos. Atitudes como essa, que levam à impunidade, só contribuem para o aumento da violência policial contra profissionais de imprensa, movimentos sociais e manifestantes”.

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), disse que “infelizmente, o caso de Daniel não é uma novidade para os profissionais de imprensa e, especialmente, para os repórteres fotográficos. Ao não realizar a devida apuração e responsabilização dos agentes de Estado que cometem atos de violência, as autoridades legitimam, na prática, o impedimento contra o livre exercício jornalístico e a garantia de que os profissionais realizem seu trabalho com segurança”.

Daniel Arroyo, da Ponte Jornalismo, foi atingido na perna por bala de borracha da PM (Foto: Rogerio de Santis)

Procurada pela reportagem da Ponte, o ouvidor das Polícias de São Paulo, Elizeu Soares, destacou que o Estado deveria repensar os instrumentos que utiliza nas manifestações para que episódios como esse não voltem a ocorrer. “É lamentável que infelizmente não foi identificado quem fez isso. O Estado deveria indenizar o jornalista e pensar qual seria o tipo de armamento seria mais adequado para esses atos.”

Rede Gazeta passa a exigir vacinação de funcionários contra a Covid-19

Profissionais de imprensa da Bahia foram incluídos, na terça-feira (18/5), nos grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19
Profissionais de imprensa da Bahia foram incluídos, na terça-feira (18/5), nos grupos prioritários para a vacinação contra a Covid-19

A Rede Gazeta, afiliada da TV Globo no Espírito Santo, anunciou a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 para todos os seus funcionários e prestadores de serviço permanentes. A medida foi adotada no último dia 6 de outubro, quando a campanha de vacinação atingiu todas as faixas etárias de quem está no dia a dia da empresa.

Desde esta data, todos os colaboradores precisaram apresentar a comprovação da imunização com pelo menos uma dose das vacinas disponíveis no SUS.

“A decisão segue o compromisso do grupo com ações de prevenção à pandemia e valorização da saúde coletiva e tem orientação das autoridades de saúde e da médica infectologista Rúbia Miossi, que presta consultoria à Rede Gazeta desde março de 2020”, explica o comunicado da empresa ligada ao Grupo Globo, onde a vacinação já é exigida desde agosto.

Além de quatro emissoras de tevê, a Rede Gazeta conta com dois portais de notícias (A Gazeta e G1ES), quatro emissoras de rádio (Rede Litoral, CBN Vitória, Mix Vitória e Gazeta FM) e um quadro de mais de 500 funcionários.

Antes de começar a exigir o comprovante de imunização, a Rede Gazeta realizou uma pesquisa interna com seus funcionários, para acompanhar o ritmo de vacinação. De acordo com o dado mais recente deste levantamento, o número de vacinados já passava de 82%.

Como nem todos os funcionários se vacinaram conforme o avanço do calendário, o grupo estipulou para 29 de outubro a data final para todos comprovem que tomaram um dos imunizantes disponíveis no SUS (Coronavac, Pfizer, Astrazeneca ou Janssen). Até este prazo, quem porventura ainda não tenha se vacinado poderá regularizar a situação para cumprir a exigência de imunização.

“Temos o compromisso sólido com os capixabas e com a busca por saídas eficientes deste momento que o mundo atravessa”, reforçou o diretor-geral da Rede Gazeta Marcello Moraes. “Como grupo de mídia, dia após dia frisamos a importância das vacinas e da ciência, então exigir essa postura dos nossos times é, também, uma questão de coerência”.

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