A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior abriu as inscrições para a quinta edição do Prêmio ABMES de Jornalismo.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) abriu, até 10/6, as inscrições para a quinta edição do Prêmio ABMES de Jornalismo. Criado em 2017 com o objetivo de incentivar e valorizar o papel da imprensa e das mídias independentes na cobertura de temas relacionados ao ensino superior brasileiro, a iniciativa chega à sua quinta edição com premiação total de R$ 75 mil, divididos em seis prêmios em dinheiro.
Podem concorrer trabalhos jornalísticos nas modalidades de vídeo, áudio e escrito − impresso e online − e em duas categorias (nacional e regional), publicados em veículo de comunicação entre 12/6 de 2021 e 10/6 de 2022. Cada candidato pode cadastrar até cinco trabalhos em seu CPF.
A comissão julgadora será formada por Arnaldo Niskier, Marcos Vilaça e Merval Pereira, membros da Academia Brasileira de Letras (ABL). Os três vencedores na modalidade nacional receberão R$ 15 mil cada, e os ganhadores da categoria regional serão premiados com R$ 10 mil cada. Os finalistas serão conhecidos em 8/7 e receberão os prêmios em 9 de agosto.
Não conheci pessoalmente o Tão Gomes Pinto, mas por um desses mistérios da vida acabamos nos encontrando graças ao correio eletrônico, vulgo e-mail. Mandei para ele algumas colunas e, gentilmente, ele respondeu com elogios e me aconselhou a ir pro Facebook. “Sandro, leva tuas crônicas pro Facebook”, sugeriu.
Talvez por ser relapso, não fiz o que Tão me recomendou e me arrependo por isso. Deveria ter acatado o conselho dele. Confesso que estou meio perdido na tal de era digital. Aliás, estou mais perdido do que candidato em queda nas pesquisas. Se me permitem outro exemplo comparativo, estou mais perdido do que o Brasil nos 7 a 1 contra a Alemanha. Preciso aprender mais sobre informática, internet e o escambau.
Ainda sobre a troca de figurinhas com Tão, lembro-me de uma frase dele que, para mim, é uma verdadeira injeção de ânimo − injeção que, aliás, os farmacêuticos não aplicam e isto é apenas um chiste deste aristocrata e charmoso cronista. Disse Tão: “A tua palavra me anima”.
Eu incentivando Tão Gomes Pinto? Bondade dele… A palavra desse grande jornalista é que me anima. Desde então, quando me lembro, acrescento a frase nas mensagens para meus milhares de amigos e uns três inimigos, cuja existência desconheço.
Um incentivo, uma força para quem precisa e, até certo ponto, lembra as palavras do diretor Jorge Fernando quando dirigia atores nas novelas e nas peças de teatro. “Vai lá e brilha”, dizia o diretor. Evidente que, com tal incentivo, os atores se desdobravam e produziam muito mais.
Há um fato hilário envolvendo Tão. Ele era editor e repórter da IstoÉ e foi escalado para entrevistar ninguém menos do que $ílvio $antos, dono do SBT. Se não me falha a cachola, ele foi recepcionado na sede da emissora pelo então diretor artístico Luciano Callegari, que, por falar nisso, era bem parecido fisicamente com o jornalista, quase um sósia do Tão.
Naquela época, a audiência do SBT crescia mais do que a inflação no governo do presifake Riaj (leia de trás pra frente) e comentava-se à boca grande mesmo que a Globo temia perder a liderança de audiência. $$ não era enforcado, mas estava com a corda toda. Era uma pedra no sapato do nosso companheiro redator-chefe Roberto Marinho, dono da Globo e, óbvio, do Brasil.
Terminada a entrevista, Callegari procurou Tão Gomes e perguntou se ele não tinha ficado emocionado por entrevistar $ílvio $antos. “Não”, respondeu o jornalista, com um clássico monossilábico. Um jornalista do quilate de Tão Gomes Pinto emocionar-se após entrevistar alguém, mesmo sendo $$?
Tão não se prestava a esse papel, o de tiete, e, cá entre nós, repórter que é repórter não deve dar uma de tiete durante uma conversa com celebridades, a não ser que o entrevistado seja Jesus Cristo, Buda ou o próprio Deus.
Sandro Villar
Assíduo colaborador deste espaço, Sandro Villar, radialista e jornalista que por muitos anos atuou como correspondente do Estadão em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, presta homenagem a Tão Gomes Pinto, falecido em 29 de abril.
Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você tem alguma história de redação interessante para contar mande para [email protected].
A repórter Paula Araújo, da GloboNews, quase foi atropelada enquanto fazia uma entrada ao vivo na terça-feira (10/5), na Avenida Cupecê, na zona sul de São Paulo. O motorista, ainda não identificado, parou no semáforo ao lado de Paula e da repórter cinematográfica Patrícia Santos, e passou a xingá-las, ameaçá-las e fazer críticas à Globo. Em seguida, o homem colocou a marcha à ré e jogou o veículo contra Paula, que estava em cima da calçada.
“Ele só não me atingiu porque dei dois passos para a frente. Ainda bem que tinha um policial do lado. Daí ele logo saiu”, relatou a repórter à revista Veja. Um trabalhador de um comércio testemunhou a agressão e avisou que iria chamar a polícia. No momento do ocorrido, havia uma viatura por perto, mas os policiais não presenciaram o ataque. Segundo as jornalistas, as circunstâncias evitaram que o homem tentasse algo mais grave.
Em nota, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) repudiaram o ataque, pedindo que a Globo “tome todas as providências para que o caso seja investigado com rigor e que o agressor seja identificado. É imperativo que todas as partes tomem atitudes para conter essa escalada e garantir a integridade dos jornalistas no exercício de sua profissão”.
A nota destaca também que este é o terceiro episódio de grave agressão contra jornalistas da Globo de São Paulo nos últimos sete meses. Em outubro, o repórter cinematográfico Leandro Matozo levou uma cabeçada no nariz de um apoiador do presidente Jair Bolsonaro na parte externa do Santuário de Aparecida. E mais recentemente, em março, o repórter cinematográfico Ronaldo de Souza foi atacado com uma corrente por um homem no Brás. O agressor foi localizado pela polícia.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) negou pedido de indenização feito à Globo e ao médico Drauzio Varella pelo pai de uma criança estuprada e assassinada em 2010. Na ação, o pai alega que a reportagem Mulheres trans presas enfrentam preconceito, abandono e violência, exibida pelo Fantástico, lhe causou abalo psicológico por contar com uma entrevista com a detenta Susy, condenada pelo assassinato de seu filho.
O pai da vítima alegou também que foi procurado por outros veículos de imprensa e teve que reviver o trauma. Seus advogados declararam que a Globo abusou do direito à informação e solicitaram indenização por danos morais no valor de R$ 200 mil.
Na reportagem, Varella mostra o cotidiano de mulheres trans em presídios masculinos. Ele solidarizou-se com Susy, que há oito anos não recebia visitas, e deu-lhe um abraço. Contrariando decisão de primeira instância, o TJSP entendeu que a Globo e o médico não ultrapassaram o limite da liberdade de imprensa. Na decisão, a corte entendeu a revolta do pai da vítima, mas destacou que a reportagem não menciona o crime sofrido pelo filho do autor da ação e nem o nome da vítima. A defesa da Globo argumentou também que a matéria foi feita sem o conhecimento do crime cometido por Suzy.
Ao produzir a edição especial do MediaTalks sobre DEI (diversidade, equidade e inclusão) na mídia, que circulará em algumas semanas, percebemos como as dores variam em cada país. No Reino Unido, a principal dor chama-se classe.
Não que a mídia britânica tenha acertado as contas em diversidade de gênero e raça. Mas progrediu. Já a inclusão das classes sociais menos favorecidas segue patinando.
O relatório anual de diversidade do NCTJ (National Council of Training for Journalists), divulgado semana passada, constatou que 80% dos 108 mil profissionais que se descrevem como jornalistas no país (incluindo os de grande imprensa, mídias digitais e de atividades de comunicação e RP) vêm da classe alta.
O levantamento registrou avanço no equilíbrio de gênero inclusive em níveis sêniores, e “uma certa melhora” na representação de etnias, embora alertando que “há questões associadas à promoção de pessoas de grupos étnicos não brancos para cargos editoriais mais altos”.
Já em classe o país regrediu. A proporção de profissionais de imprensa oriundos da elite era de 75% em 2020 e subiu para 80% em 2021.
O estudo mostrou ainda que mais repórteres (84%) vieram de classes mais altas do que seus editores (73%). A porta de entrada fechou-se mais para a chamada working class.
Isso significa que o conjunto de fontes que molda a opinião pública e determina comportamentos (de jornais tradicionais a blogs e comunicados de empresas) enxerga o mundo pelas lentes da elite.
E pelas lentes nacionais. O NCTJ constatou que em um país cheio de imigrantes e com uma capital multicultural como Londres, sede de boa parte da mídia e das corporações, 92% dos profissionais de jornalismo são britânicos.
Parece óbvio, considerando que o idioma é vital para a atividade. Mas não é bem assim. Há uma parcela significativa de imigrantes de países que têm o inglês como primeira ou segunda língua. E os que vieram crianças e se formaram em inglês.
Outro sinal de que a baixa inclusão de outras nacionalidades não se deve só ao idioma é que a cadeia produtiva de notícias tem funções que não exigem inglês nativo nem o sotaque da elite, questão sensível no país que conserva estruturas políticas e sociais da era do Império Britânico.
Quem estudou em escolas privadas e se formou em Oxford ou em Cambridge (os Oxbridge) tem uma forma caraterística de falar, denotando uma suposta superioridade intelectual e social. O inglês da elite chama-se Received Pronunciation, conhecido como Queen’s English ou “inglês da BBC”, porque era obrigatório nas transmissões da rede pública.
Não é mais, e a BBC tem se esforçado para incluir gente diversa em suas telas. Só que nem todos aprovam.
Nas Olimpíadas de Tóquio, o barão Jones de Birmingham, ex-ministro que teve assento na Câmara dos Lordes, atacou via Twitter o sotaque da comentarista esportiva Alex Scott, nascida em Poplar, região humilde de Londres onde se passa a série Call the Midwife. O motivo: ela não pronuncia o g no final de palavras como swimming.
Alex Scott (Crédito: Reprodução BBC)
O barão incluiu no ataque a secretária nacional do Home Office, Priti Patel, e a jornalista política Beth Rigby, pedindo: “Socorro, em nome da língua inglesa alguém pode dar aulas de locução para essas pessoas?”.
Essa é uma mentalidade resistente em parte da população, seja por origem aristocrática ou resultante da polarização insuflada pelo Brexit, que elegeu imigrantes como destruidores da cultura e dos empregos dos ingleses.
Embora não caiba apenas ao jornalismo exterminar preconceitos, diversidade nas redações e diante das câmeras e microfones é parte importante da equação, porque adiciona variadas visões de mundo à cobertura e demonstra que não importa o sotaque, e sim o que se fala.
O consultor de pesquisas Mark Spilsbury, autor do relatório do NCTJ, reconhece que a alta qualificação exigida para jornalistas é uma barreira. Mas salienta que se os empregadores continuarem a recrutar principalmente dentro do seu pool, que não representa o conjunto da população, a sub-representação continuará.
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O Coletivo Lena Santos realizará em 14/5, em parceria com a Abrajo a segunda edição do Congresso de Jornalistas Negras e Negros.
O Coletivo Lena Santos realizará em 14/5, em parceria com Abraji e Academia Mineira de Letras, a segunda edição do Congresso de Jornalistas Negras e Negros. Buscando ampliar o debate racial que atravessa as mídias no Brasil, o evento será gratuito, presencial e com inscrições online.
Marcado para o espaço da Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte, o congresso contará com duas mesas: Abrindo Caminhos − A presença e o pioneirismo negro nos veículos de comunicação, ministrada por Cláudio Henrique, da Rede Minas, Márcia Maria Cruz, do Estado de Minas, e Misael Avelino, da Rádio Favela; e Escolhendo muito bem as palavras − Jornalismo e Responsabilidade Social, com Arthur Bugre, Etiene Martins e Zu Moreira, da Globo Minas.
Nascido há três anos com a ideia de mudar a realidade da comunicação brasileira num cenário em que 50% dos brasileiros se autodeclaram negros ou pardos, mas no qual existem poucos jornalistas representantes, o Coletivo Lena Santos tem o objetivo de fazer a construção de uma comunicação antirracista e representativa.
O cientista político e jornalista Carlos Ramos e o delegado Ginilton Lages lançaram o livro Quem Matou Marielle? (Matrix Editora), que revela bastidores das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, crime ainda sem solução. Ginilton foi o primeiro delegado responsável pela apuração do caso.
O livro retrata a trajetória de Ginilton à frente do caso, desde o dia em que assumiu o inquérito até a prisão de dois acusados pelos homicídios. A obra aborda também as tensões pré-eleições que geraram protestos, enfrentamentos ideológicos e outras pautas relacionadas à segurança pública, além de mostrar as linhas de investigação adotadas no caso, depoimentos de testemunhas e suspeitos e de detalhar o envolvimento de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de executar a vereadora.
A obra traz a versão do próprio delegado encarregado do caso, que analisa com detalhes a investigação, evidências, a busca por suspeitos, e aponta erros e acertos durante a apuração. A ideia é que o livro ajude “a sociedade a se preparar melhor para lidar com situações semelhantes no futuro e, se possível, evitá-las”, diz a apresentação da obra.
Termina nessa quinta-feira (12/5) o primeiro turno dos +Admirados da Imprensa do Agronegócio 2022. Nesta primeira etapa os eleitores poderão indicar os jornalistas e veículos +Admirados em cada uma das nove categorias: Veículo Impresso, Veículo especializado, Site/Blog, Canal Digital, Programa de TV aberta, Programa de TV em canais especializados, Programa de Rádio, Podcast e Agência de Notícias, além dos tradicionais TOP 25 jornalistas +Admirados do País. Clique aqui para votar.
A cerimônia de premiação está marcada para dia 5 de julho, de forma presencial, em local ainda a definir. O certame conta com patrocínio de Cargill, Syngenta e Yara, apoio de Mosaic Fertilizantes e Portal dos Jornalistas, além de apoio Institucional da CNA.
A primeira edição do prêmio, que homenageou 26 jornalistas e 27 veículos, teve grande repercussão entre os profissionais do setor. Vinícius Ribeiro, coordenador do projeto, afirmou: “Tivemos um recorde de votação mesmo comparando ao Prêmio de Economia e Negócios, que estava indo para a sexta edição. O Twitter foi a principal plataforma onde os jornalistas e veículos repercutiram, chegando a mais de 1 milhão de visualizações somente uma semana após a divulgação dos resultados”.
Mais informações sobre o prêmio com Vinicius Ribeiro (11-99244-6655 ou [email protected]).
A revista digital AzMina desenvolveu uma ferramenta que vai monitorar discursos de ódio e palavras misóginas.
A revista digital AzMina desenvolveu, em parceria com colegas de trabalho da América Latina, uma ferramenta que vai monitorar discursos de ódio e palavras misóginas no período das eleições deste ano. A interface de programação de aplicativos (API) detectará por meio de um modelo treinado em Processamento de Linguagem Natural (NLP) os ataques contra mulheres em duas línguas, espanhol e português.
Fazem parte da equipe as brasileiras Helena Bertho e Marina GamaCubas da Silva, junto com Fernanda Aguirre, do Data Crítica (México), Gaby Bouret, do La Nación (Argentina), e José Luis Peñarredonda, do CLIP (Colômbia), para desenvolver o que virá a ser o Monitor de Discurso Político Misógino.
Para a construção da ferramenta foi necessário que a equipe editasse um dicionário contendo termos de ataques de gênero contra mulheres, criado anteriormente pela AzMina para treinar o modelo de aprendizado de máquina de PLN. Cada veículo em espanhol também criou o seu, e uma base de dados de termos ofensivos foi criada.
Pelo Monitor será possível sistematizar e automatizar a análise de mensagens nas redes sociais para que jornalistas possam mirar no que é importante durante as investigações de gênero. Além dos insultos de gênero, o dicionário contém insultos sobre aparência física, intelecto, raça, sexuais e transfóbicos, entre outros.
Com capacidade de identificar as relações das palavras dentro dos contextos, a ferramenta já está em funcionamento, entretanto continuará passando por melhorias antes de ser aplicada na prática jornalística.