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segunda-feira, julho 14, 2025

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Gilmar Mendes derruba censura à piauí sobre caso Marcius Melhem

Gilmar Mendes derruba censura à piauí sobre caso Marcius Melhem

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes derrubou uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro que proibia a revista piauí de publicar reportagem sobre mais desdobramentos do caso envolvendo o humorista Marcius Melhem, acusado de assédio sexual e moral contra diversas funcionárias da TV Globo.

Para o ministro, houve uma “indevida censura judicial contra reportagem jornalística de relevante interesse público”. Mendes destacou também que “a liberdade de imprensa, essencial ao Estado democrático de Direito, é valor em permanente afirmação e concretização”.

A decisão em questão ocorreu em agosto de 2021, quando a juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal da Justiça do Rio, acatou um pedido de Melhem e determinou a suspensão da reportagem na revista e no site da piauí, “pelo tempo que durarem as investigações”. Em caso de descumprimento, a piauí seria obrigada a pagar multa de R$ 500 mil, os exemplares da revista seriam recolhidos das bancas e a reportagem removida do site.

O repórter João Batista Jr. relatou que, poucos dias antes da decisão da Justiça que proibiria a publicação da reportagem, entrou em contato com a assessoria de Melhem contando o que havia apurado sobre as acusações de assédio e solicitando uma entrevista com o humorista ou seus advogados.

A assessoria pediu que as perguntas fossem enviadas por escrito. O jornalista enviou seis questões e deu um prazo de cinco dias para o envio das respostas. Após esse período, a assessoria pediu um tempo maior para responder. De acordo com João Batista, Melhem entrou na Justiça enquanto negociava mais tempo para responder à piauí, pedindo que a revista fosse submetida a censura prévia e impedida de publicar a reportagem.

A piauí informou que apenas em 13 de agosto, quando a reportagem já estava sob censura, recebeu um e-mail assinado pelos advogados do humorista, no qual escreveram que, “em respeito ao sigilo decretado nos processos”, Melhem não poderia responder às perguntas da revista.

Procurado pela Folha de S.Paulo na época, Melhem negou que seus advogados teriam pedido a censura da reportagem da piauí.

João Batista publicou em dezembro de 2020 uma primeira reportagem sobre o caso, com o título O que mais você quer, filha, para calar a boca?. Melhem chegou a processar a piauí pela publicação de uma matéria “mentirosa e tendenciosa”, mas a Justiça de São Paulo julgou que a demanda não procedia.

3º Festival 3i será online e gratuito, de 15 a 25 de março

3º Festival 3i será online e gratuito, de 15 a 25 de março

A terceira edição do Festival 3i será realizada de 15 a 25 de março, em formato online e totalmente gratuito. O evento oferece mesas, painéis e oficinas com os principais nomes do jornalismo inovador, inspirador e independente.

O conteúdo será virtual e multiplataforma, possibilitando que as pessoas acompanhem o evento de onde estiverem. O Festival 3i é a primeira iniciativa na América Latina especialmente dedicada ao tema de inovação e empreendedorismo no jornalismo.

Nesta edição, o festival inaugura uma nova identidade visual, com mudanças no logotipo: o degradê roxo e laranja representa a identidade inovadora e plural do evento e a diversidade das pessoas e veículos que compõem o Festival 3i. E as formas arredondadas e a tipografia refletem o movimento realizado pelo evento desde 2017 em prol do jornalismo independente brasileiro.

Novidades e a programação completa serão divulgadas ao longo das próximas semanas nos canais do Festival 3i e da Associação de Jornalismo Digital (Ajor) organizadora do evento. O Portal dos Jornalistas é um dos veículos associados à Ajor.


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Marcelo Pontes deixa a Novonor e Marcelo Gentil assume como diretor de Comunicação

Marcelo Gentil é o novo diretor de Comunicação Corporativa da Novonor (ex-Odebrecht). Ele assume o cargo em substituição a Marcelo Pontes.
Marcelo Gentil é o novo diretor de Comunicação Corporativa da Novonor (ex-Odebrecht). Ele assume o cargo em substituição a Marcelo Pontes.

Marcelo Gentil é o novo diretor de Comunicação Corporativa da Novonor (ex-Odebrecht). Na empresa desde 2012, assume o cargo em substituição a Marcelo Pontes (ex-O Globo), que deixa o grupo após uma década.

Gentil tem mais de 20 anos de experiência na área, em passagens por Enseada Indústria Naval e Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), entre outras. Também atuou como professor em diversas universidades.

Pontes foi repórter, colunista, editor e diretor de Redação de veículos como Jornal do Brasil, O Globo, Veja, O Povo e Rádio e TV Verdes Mares. Foi também chefe de Comunicação do ministro da Fazenda Pedro Malan e vice-presidente da agência CDN.

Polícia identifica suspeitos de agressão a jornalista em Garibaldi

A Polícia Civil de Garibaldi (RS) diz ter identificado os suspeitos de terem agredido a socos o jornalista Daniel Tercílio Carniel.
A Polícia Civil de Garibaldi (RS) diz ter identificado os suspeitos de terem agredido a socos o jornalista Daniel Tercílio Carniel.

A Polícia Civil de Garibaldi (RS) diz ter identificado os suspeitos de terem agredido a socos Daniel Tercílio Carniel, apresentador da TV Adesso, que foi pego de surpresa por dois homens enquanto chegava em seu local de trabalho.

Com o rosto ensanguentado, ele apareceu no programa que apresenta para mostrar ao público o estado em que se encontrava.

Em coletiva de imprensa nessa quarta-feira (2/2), os policiais revelaram apenas as iniciais dos nomes dos investigados, sendo o mandante um homem de 34 anos, residente na cidade.

Os advogados desse suposto mandante ajuizaram um mandado de segurança para que o delegado responsável, Clóvis Rodrigues da Silva, não divulgasse informações sobre o caso. O pedido foi negado pelo juiz Gérson Martins da Silva, o que possibilitou a realização da coletiva.

Em conversa com a Abraji, Carniel revelou que durante o ataque um dos agressores, enquanto o segurava, disse: “Isso aqui é para tu aprender a falar a verdade no programa. A fazer denúncia direito”. Ele sofreu lacerações no rosto e problemas nos dentes.

Daniel acredita que as agressões foram motivadas por uma denúncia que fez no início de janeiro, em que revelou o caso de um ex-prefeito que inaugurou um poço artesiano no município, durante campanha, e até hoje a estrutura não disponibiliza água. “Quarenta famílias estão sem água”, disse.

A polícia afirma não ser possível confirmar as motivações do ataque, uma vez que o suposto mandante apelou ao direito de manter-se em silêncio e só falar em juízo.

O advogado de Carniel, Flavio Koff, teve acesso aos autos e aos nomes dos suspeitos. Tendo conhecido o nome do mandante, o advogado afirma ser impossível não levantar o viés político do crime. A defesa de Carniel e a Polícia Civil acordaram não divulgar informações do inquérito até o fim da investigação. “Como assistente jurídico, trabalho agora para garantir a condenação dos culpados, para que casos assim não voltem a ocorrer na pacata Garibaldi”, disse Koff.

Prêmio CICV de Cobertura Humanitária abre inscrições

Prêmio CICV de Cobertura Humanitária abre inscrições

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) abriu inscrições para a quinta edição do Prêmio CICV de Cobertura Humanitária, que valoriza trabalhos e profissionais relacionados à cobertura de temas humanitários. As inscrições vão até 27 de março.

Neste ano, o prêmio terá a categoria CICV Humanitária Nacional, sobre temas humanitários que impactam a população brasileira, sobretudo em contexto de violência armada. As outras duas categorias são CICV Humanitária Internacional, presente desde a primeira edição, e ACNUR sobre refúgio e apatridia, feita em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

O vencedor da categoria CICV Humanitária Internacional ganhará uma viagem com despesas pagas e agenda organizada para cobrir uma realidade humanitária onde o CICV tenha atuação; a categoria CICV Humanitária Nacional concederá ao primeiro colocado uma premiação em dinheiro de R$ 9 mil; e o vencedor da categoria ACNUR sobre refúgio e apatridia receberá uma viagem com despesas pagas para um contexto operacional da ACNUR.

Podem ser inscritos trabalhos veiculados nos meios impresso, televisão, rádio e multimídia em todas as categorias. Os vencedores serão anunciados em maio, e a cerimônia de premiação, com roda de conversa com os vencedores, será em São Paulo, no início de junho.

A comissão julgadora do prêmio analisará o material com base nos seguintes critérios: qualidade técnica, pertinência da temática e abordagem qualificada. Confira o regulamento e inscreva-se aqui.

Nova métrica do Google afeta sites de notícias com conteúdo denso

Nova métrica do Google afeta sites de notícias com conteúdo denso

Reportagem do site Journalism.co.uk destaca os possíveis impactos da Page Experience, nova métrica do Google aplicada a partir deste mês de fevereiro, que altera o posicionamento dos sites em seus mecanismos de pesquisa. Páginas que carregam mais rápido serão melhor classificadas, o que pode afetar sites de notícias com conteúdo denso.

O ranqueamento de uma página na busca do Google baseia-se em três grandes métricas:

Largest Contentful Paint (LCP) mede quanto tempo o maior pedaço de conteúdo do site demora para carregar, geralmente é o item principal da página, no qual os editores querem que os leitores cliquem. Segundo o Google, se este conteúdo demorar para carregar, pode gerar desinteresse por parte do internauta;

First Input Delay (FID) cronometra a velocidade desde o acesso a uma página até o primeiro clique estar disponível. Novamente, se este clique demorar para aparecer, o leitor pode perder o interesse;

A terceira métrica, Cumulative Layout Shift, é a mais intangível. Mede a oscilação final de imagens e texto quando uma página termina de carregar.

Uma pesquisa do próprio Google mostrou que, se o carregamento de uma página leva de um a três segundos, existe uma chance de 32% de rejeição, ou seja, quando o usuário sai do site sem continuar a clicar em outra página. Além disso, se o leitor tiver que esperar cinco segundos até o carregamento completo, há uma chance de 90% de ele sair do site sem ler uma palavra do conteúdo nela.

O Journalism.co.uk destacou o tempo de carregamento de dez dos principais sites de notícias do Reino Unido. Nenhum deles registra tempo menor do que um segundo. Os sites de Mirror, MSN e Independent tiveram taxas maiores que três segundos. Express e BBC foram os que mais se aproximaram de um segundo.

Leia mais aqui.

Morre Tilden Santiago, ex-deputado federal e fundador do Jornal dos Bairros

Tilden Santiago morreu na última quarta-feira (2/2), aos 81 anos de idade, vítima de complicações causadas pela Covid 19.
Tilden Santiago morreu na última quarta-feira (2/2), aos 81 anos de idade, vítima de complicações causadas pela Covid 19.

Tilden Santiago morreu na última quarta-feira (2/2), aos 81 anos de idade, vítima de complicações causadas pela Covid-19. Ex-deputado federal e fundador do Jornal dos Bairros, de Belo Horizonte, foi também presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG).

Nascido no município mineiro de Nova Era, formou-se em Filosofia e Jornalismo e atuou, além dessas áreas, como padre-operário, sindicalista, embaixador do Brasil em Cuba, professor, deputado federal e militante pelas causas ambientais.

Tendo iniciado sua trajetória política ainda cedo, ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN) depois do golpe militar de 1964 e foi um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT).

Na manhã desta quinta-feira (3/2), em suas redes sociais, o ex-presidente Lula lamentou a morte de Tilden e afirmou: “Tilden militou pela democracia e por um Brasil melhor”. Ressaltou ainda que a Covid-19 já tirou a vida de quase 630 mil brasileiros.

A família do jornalista também usou as redes para expressar suas homenagens: “A maior herança deixada por ele para nós foi a cultural e sentimental. Ele sempre pediu para partir em paz, e assim foi. De padre a embaixador, mas a melhor função exercida por ele na terra foi a de pai. Você deixou muitas pessoas que te amam”.

O SJPMG pronunciou-se em nome dos jornalistas de Minas agradecendo a Tilden pela defesa intransigente dos jornalistas, “do jornalismo, e da liberdade de expressão, em um momento delicado da história brasileira, quando assumiu o comando da entidade ainda durante a ditadura”.

Neil Young, Spotify e a desinformação oculta em mensagens, games e streaming

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

As grandes redes sociais passaram 2021 apanhando por problemas como critérios de moderação, denúncias sobre males causados a jovens e descontrole sobre as fake news, principalmente no ano crítico das vacinas contra a Covid.

Enquanto isso, serviços de mensagem como WhatsApp e Telegram e plataformas de games e de áudio foram mencionados aqui e ali em alguns relatórios como ambiente de desinformação, mas conseguiram escapar dos holofotes.

Em 2022 a história começou diferente.

A crise do Spotify depois da confusão armada por Neil Young em protesto contra o podcast do comediante Joe Rogan tem o potencial de chamar a atenção para o que poucos estão observando.

Ao tirar canções gigante de áudio, abrindo mão de dinheiro e visibilidade, Young foi na contramão de outro astro, Eric Clapton.

Em 2021, o guitarrista virou objeto de críticas ao lançar uma canção antivacina e anunciar que não faria shows em locais que exigissem passaporte de imunização.

Não teve muito apoio no mundo artístico, ao contrário do que aconteceu com Young, logo seguido por seus companheiros de banda, David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash, e por Joni Mitchel.

Liberdade de expressão?

Nesse debate, as redes sociais apoiam-se na tese da liberdade de expressão, invocada regularmente por Facebook eTwitter para justificar decisões polêmicas de moderação.

Só tem um problema: a tese não se sustenta. O podcast de Rogan, comprado por uma fortuna pelo próprio Spotify, não expressa opinião, assim como outros similares que habitam a plataforma. Ele afronta o consenso cientifico validado por estudos das maiores universidades do mundo e pela OMS.

O reality check da BBC destacou quatro barbaridades sustentadas por Rogan e seus convidados que ajudam a explicar a recusa de muita gente em tomar a vacina. A audiência do programa é estimada em 11 milhões de pessoas.

Ao deixar Neil Young sair em vez de remover Rogan, o Spotify arriscou sua reputação, dando elementos aos que atribuem a decisão ao interesse comercial, sem responsabilidade perante a sociedade.

Talvez o episódio jogue mais luz sobre a necessidade de controle sobre o que se alastra discretamente em mídias digitais menos visadas, como áudio, serviços de mensagem e games.

Um estudo publicado semana passada pela Royal Society de Londres salienta esse ponto. O trabalho diz que a solução para a desinformação científica não está apenas em derrubar postagens com fake news, e sim em expor internautas a fatos para neutralizar teorias conspiratórias. E afirma que o perigo maior mora no submundo dos aplicativos de mensagens.

Games, porta de entrada no radicalismo

Outro flanco são os jogos. Em 2021 o ISD (Institute for Strategic Dialogue), do Reino Unido, mapeou o uso de plataformas de games pela extrema direita para propagar neonazismo e discriminação de muçulmanos, por meio das comunidades de jogadores.

Por ali também circulam fake news distantes do radar de quem apenas olha para Instagram, Facebook, Twitter e TikTok.

E com alcance poderoso: o ISD afirma que a indústria de games supera a da música e do cinema, com mais de 2,8 bilhões de jogadores no mundo.

O Substack é mais um canal que vem despertando atenção de organizações preocupadas com fake news.

A ONG britânica Center for Countering Digital Hate lançou na semana passada uma campanha denunciando lucro de pelo menos 2,5 milhões com apenas cinco newsletters de figuras carimbadas do negacionismo, como Joe Mercola e o ex-repórter do New York Times Alex Berenson, enxotado do Twitter em 2021.

Alex Berenson (Crédito: Divulgação/Simon & Schuster)

O Substack fica com 10% e os autores garantem 90%, todos enriquecendo com a desinformação.

Por enquanto, o movimento contra o Substack é restrito, e ele não tem a popularidade do Spotify para ganhar manchetes pelo mundo.

Já o streaming de áudio está mais exposto, por suas dimensões planetárias. A plataforma pode não perder receita significativa se deixar alguns talentos partirem, mas pode perder em reputação.

E reputação vale dinheiro, o que é atestado pela queda no valor das ações do Spotify depois do episódio. Investidor não gosta de confusão.

Leia mais sobre o caso do Spotify em MediaTalks.


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RedeTV transmitirá Super Bowl na TV aberta

A RedeTV anunciou que transmitirá, no próximo dia 13/2, o Super Bowl LVI, a final da NFL, liga futebol americano nos Estados Unidos, entre Cincinnati Bengals e Los Angeles Rams, a partir das 20h30. O acordo marca o retorno da competição à TV aberta brasileira depois de mais de duas décadas.

Antes do apito final, Fábio Borges, correspondente internacional da RedeTV, mostrará os bastidores da competição. E ao longo da programação, nos dias anteriores ao jogo, a RedeTV exibirá pequenos vídeos explicando o esporte e a competição.

Para Franz Vacek, superintendente de Jornalismo, Esporte e Digital da RedeTV, o evento marca a retomada de investimentos no setor esportivo em 2022: “Um dos maiores eventos esportivos do mundo na tela da emissora é uma conquista não só para a RedeTV, mas um verdadeiro presente para o nosso público, que poderá assistir um conteúdo de alta qualidade gratuitamente”.

Além da partida, a RedeTV exibirá também o show do intervalo, que neste ano terá nomes como Eminem, Snoop Dogg e Kendrick Lamar. O Super Bowl costuma ter a maior audiência da TV americana do ano.

Juliana Algañaraz, superintendente Artística e de Produção da emissora, lembra que a empresa também fechou acordo para transmitir a liga brasileira de Free Fire e o Mundial do jogo, um marco para os e-sports na TV aberta. A estreia, inclusive, será já no próximo sábado (5/2), a partir das 13 horas.

Diretor da EBC pressiona veículos públicos a diminuírem notícias sobre a Covid-19

Glen Lopes, presidente da EBC, tem pressionado os veículos da empresa pública a produzirem menos conteúdos sobre a pandemia.
Glen Lopes, presidente da EBC, tem pressionado os veículos da empresa pública a produzirem menos conteúdos sobre a pandemia.

Glen Lopes Valente, diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), tem pressionado os veículos da empresa pública, como a TV Brasil, a produzirem menos conteúdos diários sobre a pandemia de Covid-19 no País. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Valente considera as edições que falam da crise como “um jornal pesado”.

O diretor, que tem em sua gestão a Agência Brasil e rádios públicas, ainda comparou a crise sanitária ao surto de H1N1, menosprezando sua duração. Entidades repudiaram em nota as falas de Glen.

“Não é um negócio emocionante para ser veiculado constantemente”, disse Valente em conversa com a chefia da empresa, à qual a Folha de S.Paulo teve acesso. “Todo dia é chato. Entendeu? Tem que uma vez por semana é fazer um destaque do que está, por semana, fazer um destaque do que está pensando… Acho, sabe, não é um negócio emocionante”, continuou.

A EBC é alvo de críticas internas e públicas de funcionários, que afirmam haver censura do governo Jair Bolsonaro nas redações da empresa e ingerência nas atividades jornalísticas.

Repúdio às falas

Na última terça-feira (1°/2), a Organização Interamericana de Defensoras e Defensores das Audiências (OID) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticaram o posicionamento de Glen e ressaltaram que “informar sobre a pandemia e todos os fatos relacionados não é uma mera questão de programação televisiva, mas de prestação de serviço público à população”.

Em comunicado, a OID, presidida por Joseti Marques, ouvidora-geral da EBC de 2014 a 2018, disse repudiar veementemente “a interferência do diretor-presidente na orientação jornalística dos veículos públicos de comunicação, principalmente a TV Brasil”.

“Ao considerar que o jornalismo de emissoras públicas deve seguir o modelo de algumas empresas comerciais, nas quais prevalece o vale-tudo na busca por audiência, o diretor-presidente da EBC demonstra não apenas desconhecimento da importância da comunicação pública e sua previsão constitucional, mas também insensibilidade ao considerar que informações sobre a pandemia de Covid-19 e seus desdobramentos não devam ser noticiadas porque, segundo suas próprias palavras, é chato falar de crise sanitária”, concluiu.

A ABI também repudiou as falas do diretor. Em nota assinada pelo presidente Paulo Jeronimo, relembrou que o acesso à informação pelos cidadãos é “um direito constitucional, e a tentativa de manipular o noticiário ou, até mesmo, censurá-lo configura um crime contra o Estado democrático de Direito”. A nota ressalta ainda que a pandemia de Covid-19 já matou cerca de 630 mil brasileiros.

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