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terça-feira, julho 15, 2025

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Aplicativo possibilita que pessoas com deficiência visual acompanhem notícias

O Marco Zero Conteúdo e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) lançaram em 11/4 o aplicativo Lume.
O Marco Zero Conteúdo e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) lançaram em 11/4 o aplicativo Lume.

O Marco Zero Conteúdo e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), através do projeto Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê, lançaram em 11/4 o aplicativo Lume, que oferece conteúdo acessível e de qualidade produzido por nove organizações de jornalismo independente do Nordeste.

Coordenado por Carolina Monteiro, diretora da Escola de Comunicação da Unicap e jornalista da Marco Zero, o projeto faz parte do programa financiado pelo desafio de inovação do Google News Initiative (GNI), que premiou oito projetos brasileiros na sua edição do ano passado.

Para desenvolvimento do aplicativo foram entrevistadas 17 pessoas que apresentam diferentes níveis de cegueira ou baixa visão em várias regiões do País, sobre como se sentem em relação à inclusão e à representatividade nos conteúdos jornalísticos de sites e redes sociais.

Por outro lado, foi disponibilizado um questionário online para entender a relação das redações com os protocolos de acessibilidade e se esta forma de inclusão era uma questão para os veículos na hora de pensar, produzir e distribuir seus conteúdos. O questionário foi respondido por 53 organizações jornalísticas brasileiras.

Disponível para o sistema Android através da Play Store, o Lume reúne conteúdo de nove organizações de mídia independente do Nordeste que compõe o projeto, sendo elas: Marco Zero Conteúdo; Olhos Jornalismo; Agência Saiba Mais; Agência Diadorim; Newsletter Cajueira; Eco Nordeste; Agência Retruco; Revista Afirmativa; e Mídia Caeté.

Ao navegar na home do aplicativo é possível escolher entre as editorias de direitos humanos, segurança, cultura, educação, entre outros, de maneira simples e acessível.

Hill+Knowlton e DGBB firmam acordo para atuação conjunta no DF

Bernardo Brandão (esq.), Daniela Guima Migliari e Marco Antonio Sabino
Bernardo Brandão (esq.), Daniela Guima Migliari e Marco Antonio Sabino

A Hill+Knowlton Brasil deu um passo estratégico para expandir sua presença e negócios em Brasília, ao assinar acordo operacional com a DGBB Comunicação, da Capital Federal. O primeiro trabalho em parceria é para a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), que reúne 41 concessionárias distribuídas por todo o País.

O acordo foi firmado por Ricardo Cesar e Marco Antonio Sabino, respectivamente presidente e fundador do Grupo Ideal e CEO da H+K Brasil, e os sócios-fundadores da DGBB, Daniela Guima Migliari e Bernardo Brandão.

Bernardo Brandão (esq.), Daniela Guima Migliari e Marco Antonio Sabino
Bernardo Brandão (esq.), Daniela Guima Migliari e Marco Antonio Sabino

Pertencente no Brasil ao Grupo Ideal, a H+K Brasil faz parte de uma rede global com mais de 80 escritórios espalhados por 40 países e é uma das marcas globais da WPP. Com uma estratégia de prestação de serviços de comunicação que une a estrutura internacional e expertise do seu time no mundo inteiro, como uma grande agência, conta com a presença de profissionais seniores no dia a dia dos clientes.

Atualmente, a Hill+Knowlton tem entre seus clientes Amazon, Whatsapp, Banco Bmg, Campari, Lenovo, Amex, Copa Airlines e outras dezenas de grandes empresas e marcas nacionais e internacionais, executando diversas atividades, como uma full-service agency. Com a parceria, além de oferecer novos serviços aos clientes, passará a contar com estrutura capaz de disputar contas com novos perfis, em Terceiro Setor, área pública e privada.

A DGBB está no mercado há dez anos e foi, por quatro anos consecutivos, finalista entre as melhores agências de comunicação corporativa da Região Centro-Oeste no Top Mega Brasil. Atua nas áreas de RP, digital, mídias on e off para clientes como Grupo Santa Lúcia, CNSaúde e SBH, na área de saúde; Abradee, Abiogás, Abiape, Abeeólica, Focus Energia, Abragel e Apine, em energia; ABMES, Fenep e Sinepe/DF, em educação; Abrasce, O Boticário, Brasília Shopping, JK Shopping, Taguatinga Shopping, em varejo; Sicredi, no sistema financeiro; e Anafe, em carreiras públicas. A agência, aliás, inaugurou, em outubro passado, um moderno escritório no Complexo Brasil XXI, em Brasília.

A operação conjunta, já iniciada, foi formalizada na tarde dessa terça-feira, 11 de abril.

Relatório da Voces del Sur avalia acesso à informação pública na América Latina

Relatório da Voces del Sur avalia acesso à informação pública na América Latina

A rede Voces del Sur lançou seu primeiro relatório sobre o acesso à informação pública em 13 países da América Latina, que avalia a regulamentação e implementação de políticas públicas sobre o tema. O documento reconhece que a região dispõe de mecanismos legais que garantem o direito de acesso a informações, mas alerta para problemas que dificultam a aplicação dessas leis.

O relatório teve como foco a área de saúde, analisando quatro grandes pontos: acessibilidade por meio de pedidos de informação; regulação e estrutura institucional para o acesso à informação pública; qualidade da transparência ativa na área da saúde; e transparência ativa na gestão da pandemia em Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Peru, Uruguai e Venezuela.

Os resultados mostram “avanços notáveis” na promoção de leis de acesso à informação, como o fato de que 11 dos 13 países têm dispositivos legais para que qualquer cidadão possa solicitar dados. Porém, o relatório destaca alguns problemas, como o desconhecimento por boa parte da população do direito do acesso à informação e a concentração desse uso em grupos específicos, como jornalistas. Para a Voces del Sur, os governos não priorizam ações para promover e disseminar essas garantias.

Outros problemas apontados foram dificuldade de acessibilidade nas plataformas que disponibilizam dados, resistência do governo em divulgar informações sensíveis, dificuldade na obtenção de respostas a pedidos e não cumprimento das obrigações de publicar informações de forma proativa.

No caso do Brasil, especificamente, o País é uma das quatro nações que publicam de forma completa os contatos de órgãos responsáveis pela Saúde, ao lado de Venezuela, Peru e Bolívia. Segundo o relatório, o Brasil melhorou na apresentação de dados oficiais de combate à pandemia. O País, porém, é citado como exemplo de assédio estatal contra quem solicita dados.

Confira o relatório na íntegra aqui, em espanhol. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que faz parte da Voces del Sur, deve divulgar em breve uma versão do documento em português.

Indígenas tornaram-se mais visíveis na imprensa brasileira na última década, diz pesquisa

Cristiane Fontes, da Amoreira Comunicação, coordenou a pesquisa Narrativas Ancestrais, Presente do Futuro, que mapeou e analisou as percepções da sociedade sobre os povos indígenas no Brasil na última década. Segundo os dados obtidos, o espaço concedido a indígenas na imprensa brasileira cresceu nos últimos dez anos.

O levantamento foi feito com base em extensa análise documental e entrevistas com 350 formadores de opinião de diferentes segmentos. Em geral, os elogios dos públicos engajados com temas indígenas foram dirigidos a jornalistas e programas, e não a veículos de comunicação. André Trigueiro, Rubens Valente e Eliane Brum foram os mais citados pela excelência, relevância e alcance de seus trabalhos.

Em relação aos programas, destacaram-se Jornal Nacional e Fantástico, da TV Globo, como os telejornais que tiveram maior abertura às pautas indígenas. O estudo destaca também a emergência de veículos independentes, como Repórter Brasil, Agência Pública, InfoAmazonia e Amazônia Real, que mudou o cenário midiático do Brasil.

A pesquisa foi conduzida com públicos engajados e não engajados em questões indígenas. Entre os formadores de opinião não engajados, ou seja, que pouco sabem sobre temas relacionados aos indígenas, as informações que obtêm são baseadas na cobertura da grande imprensa. Entre esse público, concepções sobre os povos indígenas parecem ser formadas a partir de fragmentos de informação, às vezes apenas títulos de reportagens ou de publicações em redes sociais.

Para uma parte dos entrevistados, mudanças comportamentais como o enfrentamento ao racismo e maior preocupação com temas como representatividade de diversidade ajudaram no aumento da cobertura de temas indígenas. Mesmo assim, muitos dos participantes consideram esse aumento como ainda “insuficiente” ou “insatisfatório” por causa de omissões e distorções históricas, além da diversidade de povos e realidades por todo o País, não apenas na Amazônia.

Os públicos destacaram ainda a necessidade de maior visibilidade para povos de outros biomas brasileiros, e criticaram a generalização, com usos de termos inadequados, e o uso ainda frequente de cientistas como especialistas e não os próprios indígenas. Outras críticas incluem a falta de reportagens sobre o cotidiano dos povos indígenas e as questões que permeiam suas vidas, e a crise financeira da imprensa como uma limitação para reportagens investigativas sobre o tema.

Confira o estudo na íntegra aqui.

Jornalismo nas veias: “Se a gente espremer tudo, o norte é sempre a questão da dignidade”

Especial Jornalismo nas veias “Se a gente espremer tudo, o norte é sempre a questão da dignidade”

Vanira Kunc Dantas, viúva de Audálio Dantas, falecido em 2018, e a filha, Juliana Kunc Dantas

Realmente Eduardo Ribeiro estava certo. Ele propõe um papo que talvez nunca tivemos com nossos filhos.

Fui perguntar à minha filha sobre o legado que deixamos a ela. E logo me respondeu que se a gente espremer tudo, o norte é sempre a questão da dignidade, independentemente do assunto a ser tratado, das escolhas de vida e do formato ou mesmo do conteúdo. Mas se o norte são a dignidade, os direitos humanos, o respeito à vida humana, não importa o que se faça. Esse sempre foi o intuito de buscar informação como meio de melhorar e salvar vidas e agregar dignidade socialmente.

Ela é Juliana Kunc Dantas, 33 anos de idade, faz o podcast Finitude.

Filha de dois jornalistas: pai, Audálio Dantas, que certamente estaria orgulhoso em escrevermos juntos esse texto. Eu, Vanira Kunc, a mãe. E já pra completar, o marido da Juliana, Victor Aguiar, claro, também jornalista.

Um dia, de repente, levei um susto. Ju, com seus 13 anos de idade, me falou que iria fazer Jornalismo. Se é uma coisa que eu nunca havia pensado era sobre a profissão das minhas filhas.

Ela não entendeu o motivo da minha surpresa. De certa maneira, ou de todas as maneiras, ela tinha razão. Ainda pequena, quando ficava com aquelas doenças de criança, e não podia ir à escolinha, era no meu pequeno escritório que ela ficava. Dava uma melhoradinha e já tava de olho em tudo que acontecia. Tinha muita curiosidade e já perguntava, perguntava…

Essa menina que pensava que algum dia os pais não falariam tanto em trabalho no almoço, no jantar, num passeio, na vida, acabou se juntando a todas essas conversas.

Pra ajudar, no segundo colegial quando visitou a redação do Último Segundo (iG), Leão Serva, que era diretor de lá, sugeriu que se ela estivesse em dúvida entre qualquer curso e Jornalismo, que fizesse a outra faculdade. Qualquer outro curso agregaria depois, ao fazer Jornalismo. Mas que se tivesse certeza, que fosse nele direto.

E não deu outra. Aos 17 anos, estava na Cásper Líbero, pra alegria da mãe Casperiana e do pai, que já havia sido conselheiro daquela Fundação.

No ano seguinte, pra pagar a faculdade e logo saborear o Jornalismo, Ju foi estagiar na TV Gazeta.

E aí veio a primeira preocupação dela: o fato de ser filha de jornalistas, principalmente tendo Audálio Dantas como pai. É até natural que eventualmente viessem comparações que o mercado poderia fazer ou de quem era de fora achar que ela poderia estar num lugar ou outro, bom ou ruim, por causa de ser filha de quem era. Ela sentia isso.

Mas a trajetória dela foi pra lado totalmente diferente. Eu e Audálio vínhamos da mídia impressa, depois fomos levar informação montando exposições de literatura e palestras voltadas para essa mesma área e jornalismo. Mas Ju fez o caminho dela. Da Gazeta, depois de já ser uma profissional, foi trabalhar com Heródoto Barbeiro, na Record News. Enquanto isso fez locução e de lá partiu pra BandNews FM. Após alguns anos, voltou pra Gazeta, aí em cargo de chefia e depois foi coordenar o Jornalismo da Alpha FM.

Em 2018, aconteceu uma mudança na nossa vida, tivemos duas grandes perdas na família, minha mãe e Audálio. A convite do amigo-irmão (desde a Band) Renan Sukevicius, Ju deu ao podcast dele entrevista sobre essas perdas. Na sequência, foi convidada a participar com ele do outro lado do balcão. Foi fazer o podcast Finitude (que até então falava sobre fins de um modo geral). Passaram a abordar envelhecimento, saúde mental, cuidados paliativos, morte, luto. Juntos apresentam, produzem, fazem de cabo a rabo esse trabalho.

Dali, no começo do outro ano, ela teve um chamado interno. Abriu mão da segurança financeira da rádio e passou a se dedicar somente ao Finitude, que já recebeu alguns prêmios. É uma das fundadoras da Rádio Guarda-chuva, primeira rede brasileira de podcasts exclusivamente jornalísticos.

Juliana também fez seu primeiro roteiro de documentário, Esquina do mundo. Internou-se por nove dias no Hospital Premier durante a pandemia para fazer esse trabalho.

Ela olha para as redações e vê as transformações. Sente que o jornalismo tem sido sempre no sentido de tudo mais enxuto e o jornalista cada vez mais multifuncional. E não imagina como essa situação pode ser revertida. Mas acha que o jornalista tem que estar atento, não pode perder de vista o principal, que é o jornalismo em si.

Tem consciência de que não há isenção, que o jornalismo tem um lado, e esse lado tem que ser sempre pela Constituição, pelos direitos humanos. Mas às vezes a gente acaba escorregando em falsas simetrias. Um dos principais exemplos que se tem vivido hoje é o desafio de como cobrir um presidente que é contra os direitos humanos, a Constituição, mas ao mesmo tempo é a figura de um presidente. Ela acha que o jornalismo está tentando se encontrar para ver como é que cobre o absurdo vindo da autoridade máxima do País.

Comenta que tem gente muito boa nas poucas redações de grandes veículos que temos, mas que muitas vezes têm que se submeter a algumas diretrizes da casa, que nem sempre vão ao encontro do que o jornalismo deveria fazer. As redações estão sucateadas, sobrecarregadas, não dá tempo de refletir, e é quando, várias vezes, ocorrem erros graves.

O que pude observar dessa conversa com a Ju é que muitos profissionais competentes, ou porque a conta não fecha, salários, plantões ou por estresse, estão desistindo das redações, fazendo uma escolha entre a vida pessoal e a profissional.

Ela imagina que uma possibilidade seria os pequenos e médios veículos serem incentivados pela filantropia, pessoas que acreditem que a democracia é forte quando o jornalismo está forte. Talvez esse caminho esteja se abrindo um pouco mais no digital.

E nesses tempos tão difíceis, sem Audálio, fico querendo compartilhar com ele toda essa história de vida da nossa menina que aprendeu muito bem o seu ofício, que mantém a ética e que na cozinha prepara um sururu ao coco bom demais, que cresceu vendo o pai fazer, com um avental preto bordado em verde escrito: Mestre Audálio.

Monitor Abracom mostra tendência de alta em 2022

A Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) acaba de divulgar os resultados de seu primeiro Monitor de Mercado de 2022, com dados do primeiro trimestre obtidos junto a 41 agências de várias regiões do País, com destaque para São Paulo, que participou com pouco mais de 20 organizações, e Minas Gerais, com sete (também estiveram representados os estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí e Espírito Santo).

Os números mostram um mercado em expansão para 56,1% das agências pesquisadas, enquanto 26,88% tiveram receitas iguais ao trimestre anterior e 17,1% fecharam o período com queda. Apesar da manutenção do crescimento, em comparação com o trimestre anterior, o percentual de empresas com queda no faturamento quase dobrou no período, deixando o mercado em alerta.

Das que expandiram seus negócios, 34,6% cresceram acima de 15%; 34,4%, entre 5% e 15%; e 30,8%, até 5%. E das que registraram diminuição de receitas, 62% indicaram queda de até 5%.

A lucratividade foi maior para 34,1%, enquanto 41,5% ficaram estáveis e 24,4% tiveram perdas; 60% das empresas indicaram crescimento de até 10% no lucro durante o trimestre e 55% informaram que a queda de rentabilidade ficou, em média, entre 5 e 15%.

Depois de quatro trimestres com crescimento nas equipes de trabalho, o primeiro período de 2022 mostrou, segundo o levantamento da Abracom, estabilidade no número de profissionais das agências em 56,1%, enquanto 43,9% aumentaram a equipe. Nenhuma agência reportou diminuição no time, mostrando que o mercado de trabalho no setor continua aquecido, embora em ritmo menos acelerado.

Sistema híbrido

Com planos de retomada dos espaços físicos adiados pela variante Ômicron, as agências agora já projetam situações de retorno aos escritórios. Nenhuma das agências que participaram da pesquisa relatou que já tenha retornado integralmente ao escritório; 43,6% estão trabalhando em sistema híbrido entre teletrabalho e presencial, com revezamento das equipes; 35,9% ainda estão totalmente em home office e as demais adotaram sistema híbrido com equipes fixas no presencial e no home office.

Das empresas participantes do levantamento da Abracom, 33,3% avaliam a manutenção do home office permanente como modelo de trabalho; 23,8% planejam voltar em sistema híbrido a partir de maio; e 14,3% estão voltando em sistema híbrido em abril. Nas restantes, foram apontados modelos que variam entre livre escolha dos profissionais, adoção de dias fixos para o home office e teletrabalho combinado com dias de presença obrigatória na agência para reuniões entre as equipes.

Perfil das agências

Entre as 41 agências que responderam ao Monitor de Mercado Abracom, 51,3% faturam até R$ 3 milhões anuais; 22%, entre R$ 3 e R$ 10 milhões; 12,4%, entre R$ 10 e R$ 50 milhões; e 12,2%, acima dos R$ 50 milhões.


E mais:

Investigado por pedofilia, Gabriel Monteiro promove campanha contra jornalistas

Após uma série de denúncias envolvendo pedofilia, e assédio moral e sexual, o vereador carioca e ex-policial militar Gabriel Monteiro (PL) iniciou uma campanha de desqualificação contra profissionais da imprensa que estão acompanhando o caso. Os principais alvos são os repórteres Pedro Figueiredo (TV Globo), Luiz Ernesto Magalhães e Felipe Grinberg (O Globo).

Em suas redes sociais, sobretudo seu canal no YouTube que conta com mais de seis milhões de inscritos, Monteiro vem atacando os jornalistas e suas respectivas publicações. Como resultado dessa campanha, muitos de seus seguidores passaram a assediar os repórteres citados, com mensagens e ameaças que não se restringem às redes sociais.

Sobre Pedro Figueiredo, Monteiro chegou a insinuar que o jornalista teria interesses escusos em denunciá-lo, além de editar um vídeo com uma fala do repórter para fazer parecer que ele desconhece o assunto do qual trata.

Flagrado em vídeo de sexo com menor de idade e denunciado por ex-assessores por assédio moral e sexual, o vereador tornou-se alvo de investigação policial e do Ministério Público e tem seu mandato questionado na Câmara dos Vereadores.

Em seu site, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou as atitudes de Gabriel Monteiro e recomendou que a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, ao analisar a conduta do vereador, considere também o modo condenável como ele tenta lidar com a imprensa no intuito de desviar o foco das graves denúncias contra si e na tentativa de intimidar jornalistas no exercício da profissão.

“A Abraji se solidariza com Pedro Figueiredo, Luiz Ernesto Magalhães e Felipe Grinberg, ressaltando que a fiscalização dos agentes do poder público é prática essencial na prestação de informações à sociedade”, diz a nota.

Jeduca realiza minicursos sobre jornalismo de educação e eleições

A Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) realizará entre maio e agosto o programa de minicursos Jornalismo de educação e as eleições de 2022, para profissionais e estudantes de jornalismo interessados na área de educação.

Online e gratuitos, abordarão temas relevantes para a cobertura de educação no contexto das eleições deste ano. Os principais assuntos discutidos serão o impacto do atraso da educação brasileira nos desafios atuais; as mudanças das avaliações de larga escala; a revisão da política de cotas para ingresso no ensino superior; a educação nos planos de governo, o monitoramento e a checagem de informação; e a implementação do Novo Ensino Médio.

“Priorizamos temáticas com desdobramentos relevantes previstos para 2022 e que devem aparecer com força nos debates entre os candidatos nas eleições deste ano”, explica Ângela Chagas (UFRGS), diretora da Jeduca e coordenadora do projeto.

Cada curso é independente, com aulas de 1h30 de duração. A ideia é que os participantes possam fazer somente um ou vários dos cursos de acordo com os temas que mais lhes interessam. As aulas serão ministradas pela própria Ângela e por Antônio Gois (O Globo), Marta Avancini (Jeduca), Renata Cafardo (O Estado de S. Paulo), Nadine Nascimento (Alma Preta), Rodrigo Ratier (Faculdade Cásper Líbero) e Sérgio Lüdke (Projeto Comprova e Abraji).

As inscrições estarão abertas até a véspera do primeiro encontro de cada tema. Confira a programação completa aqui.

Terra anuncia novo posicionamento editorial e mudanças na marca

Terra anuncia novo posicionamento editorial e mudanças na marca

O portal Terra anunciou mudanças em seu posicionamento editorial e um rebranding em sua marca, apresentando-se agora como uma plataforma mediatech, que usa a inteligência de negócio para potencializar a entrega de conteúdo e publicidade. Para marcar a nova fase, criou a campanha O que acontece na Terra, está no Terra, em parceria com a empresa VMLY&R.

As mudanças incluem alterações na identidade visual e na logomarca, “que trazem linhas mais fluídas e fonte mais atualizada, para acompanhar o novo momento da plataforma, mas mantendo a herança e o reconhecimento da marca”, explica Claudia Caliente, diretora do Terra. O novo leiaute traz uma navegação mais fluida, priorizando o mobile, onde estão nove dos dez usuários que acessam o portal. Entre as novidades há também formatos como webstories e uma nova fonte.

No editorial, os pilares agora focam em ampliar conversas como representatividade, pluralidade, local de fala e consciência. Entre as novas verticais de conteúdo estão Visão do Corre, sobre a população que vive nas favelas e periferias do País; e Nós, espaço dedicado a combater discriminações, com conteúdo sobre mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência e 50+. O portal também repaginou algumas verticais e outras devem entrar no ar em breve.

Entre os novos colunistas estão Marcia Rocha, Cris Guerra, Luã Santana, Joice Berth e Nathalia Santos, que abordam diversidade e representatividade; Roberta Camargo e os gêmeos Eduardo e Leonardo, da coluna Vegano Periférico, lançam um olhar atento e crítico sobre o movimento das periferias e quebradas do Brasil; e Pablo Miyasawa e Barbara Gutierrez discutem temas que permeiam o crescente mercado gamer.

O Terra pretende também formar mais parcerias de conteúdo e criar uma janela para a produção de parceiros regionais. Desde janeiro deste ano, veículos como Agência Nacional das Favelas, Alma Preta, Agência Mural, CartaCapital e Mais Goiás compartilham produção própria e diversa com as novas verticais temáticas.

Especial Jornalismo nas veias: Não se pode contrariar os genes

Especial Jornalismo nas veias: Não se pode contrariar os genes

Zuenir Ventura, hoje escritor, colunista e membro da Academia Brasileira de Letras, e o filho, Mauro Ventura

Por Mauro Ventura

Um dia meu pai chegou em casa com um menino de 13 anos a tiracolo e nos apresentou: “Aqui está o mais novo membro da família”. Eu e minha irmã ganhávamos ali uma espécie de irmão caçula. Meu pai vinha do Acre, para onde fora cobrir o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes. A série de reportagens rendeu-lhe, além de um prêmio, o Esso, um garoto, Genésio, testemunha-chave do crime e que estava marcado para morrer. Foi acolhido por nós como parente, embora nunca tenha se adaptado de fato ao Rio. Afinal, tivera uma infância muito difícil, e vinha de uma terra distante e de uma cultura estranha.

Meu pai diz que cometeu na ocasião uma transgressão contra uma lei básica do jornalismo – a de que, ao reportar os acontecimentos, não se deve interferir neles. Mas nos encheu de orgulho porque a alternativa era bem pior: a morte de Genésio.

Lá em casa, como se vê, a vida profissional e pessoal de meus pais, que se conheceram no jornal Tribuna da Imprensa, sempre estiveram misturadas.

Num ambiente assim, seria natural que eu virasse jornalista. Mas a verdade é que isso nunca me passou pela cabeça – pelo menos não de forma racional. E tampouco meus pais deram força para que isso acontecesse. Talvez porque achassem que eu tivesse uma visão romanceada da profissão. De fato, havia convites para tudo quanto é show, dos Jackson Five aos do primeiro Rock in Rio, passando pelos espetáculos das estrelas da MPB. Havia ainda os momentos marcantes, como os ensaios da peça Gota d’água ou o encontro com a doutora Nise da Silveira, além dos eventos históricos, como as idas ao Galeão para a volta dos exilados. Havia também o contato com as celebridades, como quando apareceram lá em casa Cat Stevens e Rachel Welch, no auge da beleza. Nossa casa na Urca era palco de discussões dos destinos do País. Eu, pequeno, varava as madrugadas sentado na escada, ouvindo fascinado gente como Leon Hirszman, Chico Anysio, Ziraldo, Ferreira Gullar, Paulo Francis, Zelito Viana e Gabeira. E desde cedo estava acostumado a escutar histórias sobre nomes como Darcy Ribeiro, Glauber Rocha, Nelson Rodrigues, Manuel Bandeira, Hélio Pellegrino, Paulo Pontes, Flavio Rangel, Rubem Fonseca, Drummond e Joaquim Pedro de Andrade.

Mas havia o outro lado do glamour, marcado por plantões intermináveis, por jornadas de 12, 14 horas, pelo salário escasso, pela censura, pelo assassinato de amigos como Vladimir Herzog, pela ida deles para fora do País após o golpe de 64, pela prisão dos dois logo após a decretação do AI-5.

Sem apoio em casa e sem nenhum pendor para a escrita, encaminhei-me para a Engenharia, a exemplo de tantos amigos. Levei tempo para criar coragem e largar no último ano, ainda que sem um plano B. Decidi cursar História, depois pensei em fazer Economia, até que, aos 21 anos, resolvi dar uma chance à profissão. Mais por falta de opção do que por interesse genuíno. E logo de cara entendi o fascínio que ela exercia sobre meus pais. E finalmente encontrei o meu lugar. Como me disse um amigo, o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares, não se pode contrariar os genes.

Curioso que, em mais de 30 anos de magistério, meu pai formou várias gerações de jornalistas, mas, por um desses caprichos do acaso, não foi meu professor. Não importa. Mais determinante do que duas aulas semanais ao longo de quatro anos de faculdade tem sido o exemplo prático cotidiano e a convivência próxima durante esses meus 58 anos de vida e 37 de redação.

São muitos os ensinamentos que carrego comigo, e que extrapolam o jornalismo e a literatura e se espraiam para a vida. Afinal, é uma trajetória marcada pela coerência entre vida profissional e pessoal, pela inquietude, que levou meu pai a passar dez meses visitando a Favela de Vigário Geral; pela generosidade, que faz com que atenda com paciência jovens repórteres em busca de conselhos; pela coragem, que o fez tornar público o bilhete em que  Zuzu Angel denunciava que se aparecesse morta a culpa era dos assassinos de seu filho; pela curiosidade permanente, que o faz estar sempre se renovando; pelo perfil conciliador e pela vocação para a alegria, que não esmoreceu nem durante o cárcere nem por ocasião de um câncer, há 30 anos.

Como se sabe, o jornalismo passou por todo tipo de transformação nesses mais de 60 anos desde que meu pai começou. Mas algumas coisas não mudam e devem ser preservadas. Hoje, quando experimentamos toda forma de retrocessos, é um privilégio esse aprendizado diário ao lado de alguém que não transige com a ética, que escuta e se interessa pelas pessoas anônimas, que respeita os entrevistados, que combate toda forma de autoritarismo, que preza a diversidade, que cultiva a humildade e que reafirma a todo momento os ideais democráticos.


Zuenir pede para acrescentar uma dedicatória que fez para Mauro em seu livro Minhas histórias dos outros: “Querido: meu sonho cada vez mais era ser igual a você, cada vez mais. Mas, como não consigo, me contento em ser um pai coruja”.

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