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quarta-feira, julho 23, 2025

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Melhora a diversidade de gênero e raça na mídia britânica, mas classes baixas seguem excluídas

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

Ao produzir a edição especial do MediaTalks sobre DEI (diversidade, equidade e inclusão) na mídia, que circulará em algumas semanas, percebemos como as dores variam em cada país. No Reino Unido, a principal dor chama-se classe.

Não que a mídia britânica tenha acertado as contas em diversidade de gênero e raça. Mas progrediu. Já a inclusão das classes sociais menos favorecidas segue patinando.

O relatório anual de diversidade do NCTJ (National Council of Training for Journalists), divulgado semana passada, constatou que 80% dos 108 mil profissionais que se descrevem como jornalistas no país (incluindo os de grande imprensa, mídias digitais e de atividades de comunicação e RP) vêm da classe alta.

O levantamento registrou avanço no equilíbrio de gênero inclusive em níveis sêniores, e “uma certa melhora” na representação de etnias, embora alertando que “há questões associadas à promoção de pessoas de grupos étnicos não brancos para cargos editoriais mais altos”.

Já em classe o país regrediu. A proporção de profissionais de imprensa oriundos da elite era de 75% em 2020 e subiu para 80% em 2021.

O estudo mostrou ainda que mais repórteres (84%) vieram de classes mais altas do que seus editores (73%). A porta de entrada fechou-se mais para a chamada working class.

Isso significa que o conjunto de fontes que molda a opinião pública e determina comportamentos (de jornais tradicionais a blogs e comunicados de empresas) enxerga o mundo pelas lentes da elite.

E pelas lentes nacionais. O NCTJ constatou que em um país cheio de imigrantes e com uma capital multicultural como Londres, sede de boa parte da mídia e das corporações, 92% dos profissionais de jornalismo são britânicos.

Parece óbvio, considerando que o idioma é vital para a atividade. Mas não é bem assim. Há uma parcela significativa de imigrantes de países que têm o inglês como primeira ou segunda língua. E os que vieram crianças e se formaram em inglês.

Outro sinal de que a baixa inclusão de outras nacionalidades não se deve só ao idioma é que a cadeia produtiva de notícias tem funções que não exigem inglês nativo nem o sotaque da elite, questão sensível no país que conserva estruturas políticas e sociais da era do Império Britânico.

Quem estudou em escolas privadas e se formou em Oxford ou em Cambridge (os Oxbridge) tem uma forma caraterística de falar, denotando uma suposta superioridade intelectual e social. O inglês da elite chama-se Received Pronunciation, conhecido como Queen’s English ou “inglês da BBC”, porque era obrigatório nas transmissões da rede pública.

Não é mais, e a BBC tem se esforçado para incluir gente diversa em suas telas. Só que nem todos aprovam.

Nas Olimpíadas de Tóquio, o barão Jones de Birmingham, ex-ministro que teve assento na Câmara dos Lordes, atacou via Twitter o sotaque da comentarista esportiva Alex Scott, nascida em Poplar, região humilde de Londres onde se passa a série Call the Midwife. O motivo: ela não pronuncia o g no final de palavras como swimming.

Alex Scott
Alex Scott (Crédito: Reprodução BBC)

O barão incluiu no ataque a secretária nacional do Home Office, Priti Patel, e a jornalista política Beth Rigby, pedindo: “Socorro, em nome da língua inglesa alguém pode dar aulas de locução para essas pessoas?”.

Essa é uma mentalidade resistente em parte da população, seja por origem aristocrática ou resultante da polarização insuflada pelo Brexit, que elegeu imigrantes como destruidores da cultura e dos empregos dos ingleses.

Embora não caiba apenas ao jornalismo exterminar preconceitos, diversidade nas redações e diante das câmeras e microfones é parte importante da equação, porque adiciona variadas visões de mundo à cobertura e demonstra que não importa o sotaque, e sim o que se fala.

O consultor de pesquisas Mark Spilsbury, autor do relatório do NCTJ, reconhece que a alta qualificação exigida para jornalistas é uma barreira. Mas salienta que se os empregadores continuarem a recrutar principalmente dentro do seu pool, que não representa o conjunto da população, a sub-representação continuará.

Leia em MediaTalks o relatório completo.


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Inscrições abertas para evento gratuito sobre jornalismo, negritude e responsabilidade social

O Coletivo Lena Santos realizará em 14/5, em parceria com a Abrajo a segunda edição do Congresso de Jornalistas Negras e Negros.
O Coletivo Lena Santos realizará em 14/5, em parceria com a Abrajo a segunda edição do Congresso de Jornalistas Negras e Negros.

O Coletivo Lena Santos realizará em 14/5, em parceria com Abraji e Academia Mineira de Letras, a segunda edição do Congresso de Jornalistas Negras e Negros. Buscando ampliar o debate racial que atravessa as mídias no Brasil, o evento será gratuito, presencial e com inscrições online.

Marcado para o espaço da Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte, o congresso contará com duas mesas: Abrindo Caminhos − A presença e o pioneirismo negro nos veículos de comunicação, ministrada por Cláudio Henrique, da Rede Minas, Márcia Maria Cruz, do Estado de Minas, e Misael Avelino, da Rádio Favela; e Escolhendo muito bem as palavras − Jornalismo e Responsabilidade Social, com Arthur Bugre, Etiene Martins e Zu Moreira, da Globo Minas.

Nascido há três anos com a ideia de mudar a realidade da comunicação brasileira num cenário em que 50% dos brasileiros se autodeclaram negros ou pardos, mas no qual existem poucos jornalistas representantes, o Coletivo Lena Santos tem o objetivo de fazer a construção de uma comunicação antirracista e representativa.

O coletivo já participou de eventos da Abraji, como o 16º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, com a mesa Diversificando as fontes: como empretecer a cobertura e tornar o jornalismo mais plural, debatendo sobre como a escolha de fontes no processo de produção da notícia é primordial na construção da narrativa.

Livro revela bastidores de investigações do caso Marielle Franco

O cientista político e jornalista Carlos Ramos e o delegado Ginilton Lages lançaram o livro Quem Matou Marielle? (Matrix Editora), que revela bastidores das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, crime ainda sem solução. Ginilton foi o primeiro delegado responsável pela apuração do caso.

O livro retrata a trajetória de Ginilton à frente do caso, desde o dia em que assumiu o inquérito até a prisão de dois acusados pelos homicídios. A obra aborda também as tensões pré-eleições que geraram protestos, enfrentamentos ideológicos e outras pautas relacionadas à segurança pública, além de mostrar as linhas de investigação adotadas no caso, depoimentos de testemunhas e suspeitos e de detalhar o envolvimento de Ronnie Lessa, policial militar reformado acusado de executar a vereadora.

A obra traz a versão do próprio delegado encarregado do caso, que analisa com detalhes a investigação, evidências, a busca por suspeitos, e aponta erros e acertos durante a apuração. A ideia é que o livro ajude “a sociedade a se preparar melhor para lidar com situações semelhantes no futuro e, se possível, evitá-las”, diz a apresentação da obra.

Adquira o livro no site da Matrix Editora.

+Admirados do Agronegócio: Primeiro turno termina nesta quinta-feira (12)

Confira os +Admirados da Imprensa do Agronegócio

Termina nessa quinta-feira (12/5) o primeiro turno dos +Admirados da Imprensa do Agronegócio 2022. Nesta primeira etapa os eleitores poderão indicar os jornalistas e veículos +Admirados em cada uma das nove categorias: Veículo Impresso, Veículo especializado, Site/Blog, Canal Digital, Programa de TV aberta, Programa de TV em canais especializados, Programa de Rádio, Podcast e Agência de Notícias, além dos tradicionais TOP 25 jornalistas +Admirados do País. Clique aqui para votar.

A cerimônia de premiação está marcada para dia 5 de julho, de forma presencial, em local ainda a definir. O certame conta com patrocínio de Cargill, Syngenta e Yara, apoio de Mosaic Fertilizantes e Portal dos Jornalistas, além de apoio Institucional da CNA.

A primeira edição do prêmio, que homenageou 26 jornalistas e 27 veículos, teve grande repercussão entre os profissionais do setor. Vinícius Ribeiro, coordenador do projeto, afirmou: “Tivemos um recorde de votação mesmo comparando ao Prêmio de Economia e Negócios, que estava indo para a sexta edição. O Twitter foi a principal plataforma onde os jornalistas e veículos repercutiram, chegando a mais de 1 milhão de visualizações somente uma semana após a divulgação dos resultados”.

Mais informações sobre o prêmio com Vinicius Ribeiro (11-99244-6655 ou vinicius@jornalistasecia.com.br).

Leia também: 

Ferramenta digital identificará ataques de gênero nas redes sociais durante as eleições

A revista digital AzMina desenvolveu uma ferramenta que vai monitorar discursos de ódio e palavras misóginas.
A revista digital AzMina desenvolveu uma ferramenta que vai monitorar discursos de ódio e palavras misóginas.

A revista digital AzMina desenvolveu, em parceria com colegas de trabalho da América Latina, uma ferramenta que vai monitorar discursos de ódio e palavras misóginas no período das eleições deste ano. A interface de programação de aplicativos (API) detectará por meio de um modelo treinado em Processamento de Linguagem Natural (NLP) os ataques contra mulheres em duas línguas, espanhol e português.

Fazem parte da equipe as brasileiras Helena Bertho e Marina Gama Cubas da Silva, junto com Fernanda Aguirre, do Data Crítica (México), Gaby Bouret, do La Nación (Argentina), e José Luis Peñarredonda, do CLIP (Colômbia), para desenvolver o que virá a ser o Monitor de Discurso Político Misógino.

Para a construção da ferramenta foi necessário que a equipe editasse um dicionário contendo termos de ataques de gênero contra mulheres, criado anteriormente pela AzMina para treinar o modelo de aprendizado de máquina de PLN. Cada veículo em espanhol também criou o seu, e uma base de dados de termos ofensivos foi criada.

Pelo Monitor será possível sistematizar e automatizar a análise de mensagens nas redes sociais para que jornalistas possam mirar no que é importante durante as investigações de gênero. Além dos insultos de gênero, o dicionário contém insultos sobre aparência física, intelecto, raça, sexuais e transfóbicos, entre outros.

Com capacidade de identificar as relações das palavras dentro dos contextos, a ferramenta já está em funcionamento, entretanto continuará passando por melhorias antes de ser aplicada na prática jornalística.

Justiça de Goiás arquiva processo contra o Aos Fatos

TJ-SP determina que Aos Fatos não mencione que Revista Oeste publicou desinformação
TJ-SP determina que Aos Fatos não mencione que Revista Oeste publicou desinformação

O Tribunal de Justiça de Goiás arquivou, na última segunda-feira (9/5), um pedido do procurador federal Ailton Benedito para censurar uma reportagem do Aos Fatos e indenizá-lo pela publicação.

Mencionado na reportagem Apoio à cloroquina engaja mais no Twitter sustentado em desinformação, publicada em maio de 2020, Benedito foi apontado como um dos usuários bolsonaristas do Twitter que mais promoveram o uso da cloroquina contra a Covid-19.

O juiz Felipe Vaz de Queiroz, do 10º Juizado Cível Especial, rejeitou o pedido em março deste ano, decidindo pelo arquivamento da ação. Em 11 de abril, ele negou um embargo declaratório de Ailton Benedito. Após o fim do trânsito em julgado da sentença, os autos foram arquivados.

A reportagem, de Marina Gama Cubas, Bruno Fávero e Amanda Ribeiro, lista o procurador dentre os usuários que mais tuitaram sobre cloroquina. Em março, em sua decisão, o juiz Felipe Vaz de Queiroz considerou que, no texto do Aos Fatos, “dados foram genericamente apresentados, sem cunho vexatório, intimidatório, calunioso ou difamatório”.

A ação do procurador foi precedida de episódios de assédio ao Aos Fatos nas redes sociais fomentada por expoentes do bolsonarismo. O procurador chegou a ameaçar a publicação em seu Twitter e estimulou a prática de assédio judicial contra outros jornalistas. Na época, a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou uma nota de solidariedade ao Aos Fatos e de repúdio às tentativas de intimidação.

Morre Alberico de Sousa Cruz, ex-diretor de Jornalismo da Globo

Morreu nesta terça-feira (10/5), Alberico de Sousa Cruz, ex-diretor da Central Globo de Jornalismo, aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado na Clínica São Vicente por causa de complicações decorrentes de uma leucemia, diagnosticada há alguns meses. Deixa a mulher, Regina, duas filhas, Cristiana e Janaína, e três netos.

Nascido em Minas Gerais, Alberico formou-se em direito, mas optou por trabalhar com jornalismo. Passou por Jornal da Cidade, o Binômio, a sucursal mineira de Última Hora, Revista Manchete, Revista Veja e O Jornal, dos Diários Associados.

Chegou à Globo em 1980, convidado por Armando Nogueira para ser o diretor de Jornalismo da emissora, em Minas Gerais. Dois anos depois, tornou-se diretor de Telejornais Comunitários da Central Globo de Jornalismo, no Rio de Janeiro.

Ao longo da carreira, fez importantes coberturas jornalísticas, como a da morte do presidente eleito Tancredo Neves, em 1985. Em 1987, assumiu o cargo de diretor de Telejornais de Rede, e em abril de 1990, substituiu a Armando Nogueira na direção da Central Globo de Jornalismo.

Um ano mais tarde, comandou a cobertura da Guerra do Golfo, com repórteres em Israel, Jordânia, Iraque e Estados Unidos. Também foi responsável por cobrir as eleições presidenciais americanas de 1992 e a Conferência do Clima, a Eco 92, no Rio de Janeiro, com a participação de 102 chefes de estado. Alberico foi também o responsável por levar a primeira mulher à bancada do Jornal Nacional, Valéria Monteiro, em 1992.

Ele ficou na Globo até 1995. Depois, tornou-se sócio de um canal de TV a cabo regional e comandou o jornalismo da Rede TV até se aposentar, em 2002.

Segundo texto publicado no g1, Alberico “Aprendeu com a terra e se aperfeiçoou com os livros. Contar e fazer história era o que se lia no destino daquele jovem. Alberico seria conhecido pelo Brasil como um dos jornalistas mais atuantes do País. (…) O que fica na memória da família e dos incontáveis amigos é a lembrança do homem alegre, descontraído e cheio de histórias, que buscou a leveza lá do começo da vida, pra não parar de sorrir”.

Flavio Ortega deixa a ESPN e vai para a Comunicação do Corinthians

Flavio Ortega deixa a ESPN e vai para a Comunicação do Corinthians

O repórter Flavio Ortega, setorista do Corinthians pela ESPN, deixa a emissora após 15 anos de contribuição. Ele ocupará um cargo na Comunicação do clube paulista, que cobria diariamente desde 2004. No Instagram, Flávio postou um agradecimento por sua trajetória na ESPN: “Toda história tem um começo e um final. Ou um até breve, quem sabe”.

Ortega chegou à ESPN em 2007, contratado para o projeto de rádio da emissora, a Eldorado/ESPN, posteriormente Estadão/ESPN. Em 2013, foi transferido para a TV e passou a cobrir o Corinthians em telejornais da casa, como o SportsCenter, tornando-se um dos mais conhecidos setoristas do clube.

Ao longo dos 15 anos de casa, cobriu Copa do Mundo, Olimpíada, final de Champions League, Copa das Confederações, Libertadores, Mundial de Clube, e “incontáveis reportagens e entrevistas. Estou de saída para um novo desafio, feliz por deixar tantos amigos. Por muitos anos o slogan da casa foi ‘informação é o nosso esporte’ e sempre foi o meu: apuração, hard news, reportagem, furos, jornalismo na essência. Ufa, missão cumprida! Muito, muito, muito obrigado ESPN!”, escreveu Ortega no Instagram.

No Corinthians, será responsável pela comunicação do dia a dia do futebol profissional e pela produção de conteúdo para a Corinthians TV, canal do clube no YouTube que conta com cerca de 1,6 milhão de inscritos.

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