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sexta-feira, dezembro 19, 2025

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Empresa francesa demite jornalistas no Brasil três meses após contratações

Empresa francesa North Star Network demite jornalistas no Brasil três meses após contratações

A empresa francesa North Star Network, que chegou ao Brasil no início de 2023 com planos para montar em São Paulo uma redação focada em cobertura esportiva, demitiu jornalistas contratados após somente três meses de trabalho.

A plataforma contaria com diferentes sites esportivos, como Superesportes e a Trivela. Cerca de 25 jornalistas foram contratados, com o objetivo de criar um grande projeto de jornalismo esportivo, nacionalizando sites focados em coberturas regionais e profissionalizando outros sites do grupo. Muitos desses profissionais contratados deixaram suas cidades pelo novo trabalho em São Paulo.

Porém, na última semana de julho, houve uma demissão coletiva. Ao menos dez jornalistas foram cortados, e o restante da redação tem futuro incerto. Os vínculos CLT foram encerrados e a empresa estabeleceu contratos PJ.

Em contato com o Sindicato dos Jornalistas de SP (SJSP), profissionais demitidos contaram que trabalharam cerca de um a dois meses sem carteira assinada. A North Star Network explicou que ainda estava regularizando sua situação no Brasil e iria contratá-los em regime CLT posteriormente, o que de fato aconteceu, mas os salários prometidos não correspondiam à realidade. Outro problema era que jornalistas não recebiam diversos direitos, como plano de saúde, além de várias promessas que não foram cumpridas.

A situação agravou-se pouco depois, quando a empresa parou de publicar notícias no site Superesportes. A North Star Network prometeu que, mesmo com o fim do site, não haveria cortes na empresa, mas as demissões ocorreram cerca de 20 dias depois, e o futuro dos profissionais que permaneceram segue incerto.

O SJSP repudiou as demissões dos jornalistas. A entidade está em contato com os profissionais demitidos, para que o vínculo empregatício seja reconhecido, e exige a abertura de negociações para discutir as demissões.

Thais Herédia está de volta à CNN Brasil

Thais Herédia, especializada na cobertura de economia, está de volta à CNN Brasil, cerca de quatro meses após sua saída. A jornalista assinou novo contrato nessa quinta-feira (10/8), e seu retorno à programação da emissora deve ocorrer ao longo deste mês de agosto. As informações são de Flavio Ricco, do R7.

Herédia estava na CNN Brasil desde 2020. Comandava o programa CNN Money, focado em análises financeiras, e participou da bancada do Nosso Mundo. Em abril deste ano, deixou a CNN e assinou com o BM&C News, canal no qual fazia análises de assuntos relacionados a economia. Antes da CNN, passou por GloboNews, Rádio Bandeirantes, SBT e Canal My News.

Estudo aponta que ataques de Bolsonaro não intimidaram a imprensa

O estudo Ataques contra jornalistas no Brasil: Efeitos catalisadores e resiliência durante o governo de Jair Bolsonaro mostra que os ataques do ex-presidente em vez de intimidarem, motivaram a imprensa.

Publicada em julho no The International Journal of Press/Politics, um dos principais periódicos das áreas de imprensa e política, a análise revelou que as ofensas contra comunicadores tiveram o efeito oposto do esperado.

Produzido por João Vicente Seno Ozawa, doutorando da Escola de Jornalismo e Mídia na Universidade do Texas, em Austin, em conjunto com os professores Josephine Lukito, Anita Varma, Rosental Alves e Taeyoung Lee, o artigo utilizou métodos quantitativos e qualitativos na avaliação.

As primeiras hipóteses foram divididas em duas; a primeira era “um aumento nos ataques contra jornalistas leva a uma diminuição na cobertura jornalística sobre Jair Bolsonaro”, e a segunda, “um aumento nos ataques contra jornalistas leva a um aumento na cobertura jornalística”. No entanto, nenhuma mostrou-se comprovada, segundo a análise quantitativa.

Durante o estudo qualitativo, quando 18 jornalistas que sofreram ataques pessoais do ex-presidente e seus aliados foram entrevistados, constatou-se uma maior disposição para o trabalho como reação.

“Vários jornalistas usaram a palavra ‘gás’ para articular sua reação aos ataques, que catalisaram a cobertura em vez de esfriá-la”, dizem os autores. “O objetivo de Bolsonaro de silenciar jornalistas por meio de ataques não parece funcionar. Em vez disso, eles não estão recuando”.

O resultado surpreendeu os pesquisadores e o principal autor do artigo. Osawa revelou à LatAm Journalism Review (LJR) que, “embora a democracia no Brasil seja falha e para poucos, ela mostrou resiliência. Esse estudo me deu ainda mais admiração pelo jornalismo brasileiro”.

 

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Fantástico “se mexe para trazer o novo”

Fantástico “se mexe para trazer o novo”

Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio de Janeiro

O Fantástico, da Globo, comemora 50 anos no ar, depois de 2,6 mil edições, mantendo seu tripé de jornalismo, entretenimento e esporte. Desde o início deste mês, são exibidos cinco documentários, um por semana, mostrando as transformações do País e do mundo a cada década, os personagens que ajudaram a construir essa história, os shows, quadros e reportagens marcantes, os repórteres e profissionais reconhecidos e queridos pelo público.

O programa procura dialogar com as famílias brasileiras. No início, era o entretenimento, com muita música e curiosidades, pontuado por notícias. Ao longo dos anos, foi mudando de acordo com as necessidades do tempo e as exigências da audiência. Na entrada dos anos 2000, vieram a investigação, o comportamento, a ciência e materiais comprados da BBC.

Hoje, a pauta tem o aprofundamento dos assuntos mais falados na semana e as reportagens especiais, a música e as entrevistas com grandes talentos, que formam um mosaico, completado pelo esporte, que há 15 anos fecha as edições. Atualmente, o programa é apresentado por duas mulheres, num formato que deu certo: Poliana Abritta chegou em 2014, e Maju Coutinho, sete anos depois. Permanece a música de abertura, com letra criada por Boni e Guto Graça Mello.

Para o futuro, novas séries e quadros vão estrear, ao longo do segundo semestre, com temas como comportamento, saúde, música, entretenimento, diversidade e universo feminino. O estúdio também vai passar pela maior remodelação desde que o cenário atual foi inaugurado, em 2014. O palco será ampliado, contará com LED por baixo do piso e três novas telas, o que por vezes permitirá colocar os entrevistados no palco virtualmente, em forma de holograma. A redação tem novidades: os telões, tela interativa com sistema touch e um controle remoto único.

Bruno Bernardes diretor do programa desde 2017, há 24 anos na Globo, resume seu trabalho: “Não temos a pressão do dia a dia de colocar matéria como os telejornais, mas tem a cobrança e a obrigação de fazer a matéria mais elaborada, com mais profundidade. Esse é o desafio do Fantástico: fazer o diferente, procurar um ângulo novo, aprofundar, ir mais longe, conseguir o inédito, o exclusivo”.

Em 22 de setembro, a emissora inaugura em São Paulo a exposição Fantástico, o Show da Vida, no Solar Fábio Prado (antigo Museu da Casa Brasileira), com a celebração das cinco décadas do programa e as inspirações para o futuro.

Jornalistas aprovam moção de repúdio ao SBT por caso de racismo de Marcão do Povo

Jornalistas aprovam moção de repúdio ao SBT por caso de racismo de Marcão do Povo

Jornalistas presentes ao 16º congresso estadual da categoria em São Paulo aprovaram, por unanimidade, moção de repúdio contra o SBT pela manutenção do apresentador Marcão do Povo, condenado por injúria racial contra a cantora Ludmilla, na bancada do telejornal Primeiro Impacto.

Em janeiro de 2017, durante o Balanço Geral do Distrito Federal, Marcão comentou uma notícia de que Ludmilla teria evitado tirar fotos com fãs. Para se referir à cantora, ele usou o termo “pobre macaca”. Ele chegou a ser demitido da emissora, mas retornou à empresa um mês depois. À época, o Ministério Público do DF o acusou de injúria racial.

Em março deste ano, ele foi absolvido em primeira instância, sob a justificativa de que o termo “pobre macaca” era um regionalismo. Após recurso de Ludmilla, a 1º Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal decidiu no final de junho condenar o apresentador a 1 ano e 4 meses em regime aberto pelo crime de racismo. O apresentador também deverá pagar uma indenização de R$ 30 mil para a cantora.

Os jornalistas que aprovaram a moção repudiaram a atitude do SBT pela “conivência da emissora em manter Marcão do Povo, mesmo condenado por tão grave crime, comandando um programa com importante audiência nacional na emissora”. A moção foi enviada à direção do SBT nessa quarta-feira (9/8). Leia o texto na íntegra.

Conseguimos separar a comunicação pública da governamental, diz Hélio Doyle, da EBC

Conseguimos separar a comunicação pública da governamental, diz Hélio Doyle, da EBC
Conseguimos separar a comunicação pública da governamental, diz Hélio Doyle, da EBC

A newsletter Jornalistas&Cia tem noticiado nas últimas semanas as novidades anunciadas pela EBC, entre elas o lançamento da nova identidade institucional da empresa e seus veículos, a estreia do Canal Gov e parcerias internacionais. Para falar sobre elas, Kátia Morais, editora em Brasília, conversou com o presidente da empresa, Hélio Doyle.

Jornalistas&Cia − É chegada a hora de operar verdadeiras mudanças na EBC?

Hélio Doyle − Estamos vivendo um momento importante na empresa, de reconstrução e fortalecimento. Quando chegamos aqui, tínhamos a expectativa de que poderíamos fazer mudanças e executar projetos rapidamente. Mas descobrimos que, por uma série de limitações inerentes a uma empresa pública, o processo não seria tão rápido como imaginávamos. Mesmo assim, estamos avançando. Uma mudança muito importante era a separação da comunicação pública da governamental, o que concluímos agora em julho com o lançamento do Canal Gov. Essa era uma recomendação do Grupo de Transição do governo e conseguimos cumprir. A partir dessa reestruturação, lançamos as novas marcas dos veículos públicos e estamos trabalhando intensamente para lançar a nova programação da TV Brasil e das rádios neste segundo semestre.

J&Cia − Como foi resolvido o lançamento do Canal Gov com relação aos profissionais que atuam na empresa? E quanto à Agência Gov, seria também um canal específico para tratar do Poder Executivo?

Doyle − A Agência Gov compõe aquilo que estamos chamando de Rede Gov, que reúne a agência, o canal de televisão e as redes sociais. A ideia é justamente separar o conteúdo governamental do conteúdo da comunicação pública, deixando cada canal com o seu objetivo específico. A Agência, além de destacar a programação ao vivo da TV, vai trazer conteúdos em texto e áudio, como um hub de informações governamentais. Esses conteúdos estão sendo produzidos pela equipe da Superintendência de Serviços de Comunicação. Já eram profissionais da casa que, com a reestruturação da empresa, assumiram integralmente essa produção.

J&Cia − Quando começarão a serem veiculados os conteúdos firmados com as emissoras públicas da Argentina?

Doyle − Esses são acordos muito importantes para nós. O intercâmbio de conteúdos e notícias entre a EBC e as empresas argentinas de comunicação pública resultará em mais conhecimento mútuo de nossas realidades, culturas e manifestações artísticas. A partir da assinatura do acordo, no final de julho, as emissoras têm um prazo para disponibilizar o catálogo. A partir daí, vamos estudar quais conteúdos são relevantes para compor a nossa grade, pensando em oferecer conteúdo de qualidade e ter mais diversidade na nossa programação. No caso da Agência Brasil, agora em agosto ela já poderá ter acesso e reproduzir as notícias em texto publicadas pela Agência Télam.

J&Cia − E a TV Internacional? O que você poderia nos adiantar sobre a retomada desse projeto? O canal, por exemplo, terá interação com outras emissoras do continente, como a TV Sur, da Venezuela?

Doyle − O presidente Lula, ao mencionar o projeto, falou que a intenção é mostrar as atrações turísticas, a culinária, a cultura do Brasil para o mundo. Um canal que fale do Brasil também para os brasileiros que estão lá fora. Ainda não há uma definição quanto ao formato e à grade. Nós constituímos um grupo de trabalho interno para que essa proposta seja construída. O canal internacional já existiu na EBC, nasceu como Canal Integración e depois virou TV Brasil Internacional. Foi extinto e não será fácil recuperá-lo, pois precisamos de investimentos. Mas, como é um dos pontos do nosso plano estratégico, vamos trabalhar para viabilizar o projeto, e o viabilizaremos.

Ao acertar a entrevista com Doyle sobre as mudanças e inovação na EBC, J&Cia teve acesso a uma carta assinada por Fenaj e alguns sindicatos de jornalistas mostrando indignação sobre o comportamento do presidente da EBC, a quem acusam estar tomando medidas neoliberais, sobretudo para calar os funcionários concursados. Não tivemos tempo de incluir o tema na entrevista, mas trazemos aqui a resposta que Doyle publicou no Linkedin: “Lamento que o Sindicato dos Jornalistas do DF, do qual fui presidente, e a Federação Nacional dos Jornalistas, cujo Conselho de Representantes integrei, tenham divulgado longa e raivosa nota com ataques pessoais a mim, em função da entrevista que dei ao jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles. Aos que receberam o texto das entidades, sugiro que ouçam integralmente a entrevista e avaliem se a nota injuriosa e difamatória realmente reflete o que eu disse ao jornalista. Tenho a certeza de que saberão interpretar corretamente o que eu disse. Mas, se depois de ouvirem tiverem alguma dúvida, estou, como sempre, à disposição para esclarecer. O diálogo sempre caracterizou minha atuação como gestor em empresas privadas, nas secretarias de Estado que chefiei e, é claro, como dirigente sindical. Não seria diferente na EBC”.

 

Leia também: No Reino Unido, vitórias para mulheres jornalistas assediadas dentro e fora das redações

Alma Preta lançou o primeiro manual para uma redação antirracista

Alma Preta lançou o primeiro manual para uma redação antirracista
Alma Preta lançou o primeiro manual para uma redação antirracista

 

A Alma Preta Jornalismo lançou em 9/8 seu primeiro manual de redação antirracista. O lançamento do Manual de Redação: o jornalismo antirracista a partir da experiência da Alma Preta foi realizado na sede do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado de São Paulo (Siemaco), no centro da cidade.

Fruto de três anos de estudo e trabalho com pesquisadores, jornalistas e estudantes, o manual contribui para a construção de um cenário jornalístico antirracista. Visto como um marco para a agência, o texto resgata a história de quase três séculos de imprensa negra no Brasil.

“A Alma Preta assumiu um compromisso, de muitas mãos, de construir um manual de redação de uma agência de mídia negra”, aponta Pedro Borges, editor-chefe da Alma Preta e um dos idealizadores do manual. “Foi um processo longo, de mais de três anos, de escuta de muitos profissionais, de leitura de muitos cadernos da imprensa negra do século XIX e XX”.

O processo de pesquisa foi acompanhado da consultoria da historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, que além de presidir o Arquivo Nacional é professora da UnB; e do jornalista Juarez Xavier, professor e vice-diretor da Faculdade de Artes, Arquitetura e Comunicação (FAAC) da UNESP.

Fernanda Rosário, uma das redatoras do manual, aponta que o levantamento histórico feito pelo livro resgata a “negritude pioneira do passado” e retoma a atual discussão do tema na área.

“Além dessa consciência histórica que inspira o presente e os caminhos futuros, o manual se torna indispensável ao sistematizar e sugerir estratégias importantes de combate ao racismo no Jornalismo em tempos de hiperinformação”, conclui.

O livro aborda critérios de noticiabilidade e ensina cuidados e termos adequados para comunicadores adquirem durante coberturas de temáticas raciais. A previsão é que as vendas comecem em breve.

 

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Repórter Brasil oferece bolsas para reportagens sobre violações socioambientais

A Repórter Brasil lançou a terceira edição de seu programa de bolsas para a produção de reportagens sobre financiamento de violações socioambientais. Serão duas bolsas de R$ 8 mil cada para investigações sobre quem financia atividades econômicas com graves impactos socioambientais. As inscrições vão até 31/8.

As reportagens devem utilizar como base dados disponíveis na plataforma Florestas e Finanças, oferecida pela coalizão Florestas e Finanças. A plataforma é um grande banco de dados, aberto ao público, que mostra informações sobre financiamentos de mais de 300 empresas de carne bovina, soja, óleo de palma, celulose, papel, borracha, madeira, minérios, entre outros.

As bolsas são voltadas para jornalistas e estudantes de jornalismo interessados em investigar o papel de bancos e investidores em impactos socioambientais. Interessados devem enviar suas propostas de pauta por meio deste formulário até 31/08.

Os vencedores serão anunciados em 15 de setembro nas redes sociais da Repórter Brasil. Todo o processo da produção das reportagens, desde a apuração até a elaboração do conteúdo, será acompanhado pela equipe da Repórter Brasil. Posteriormente, as reportagens serão publicadas no site da Repórter Brasil.

Confira o regulamento completo aqui.

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A influência da orientação sexual na carreira, segundo Thales Rodrigues

A influência da orientação sexual na carreira, segundo Thales Rodrigues
A influência da orientação sexual na carreira, segundo Thales Rodrigues

Admilson Resende, correspondente de J&Cia em Minas, conversou com Thales Rodrigues sobre sua carreira no jornalismo e como a orientação sexual influenciou sua vida profissional, precisando lidar, muitas vezes, com o preconceito em ambiente de trabalho. Thales começou na profissão em Juiz de Fora e agora atua na TV Gazeta, no Espírito Santo.

Jornalistas&Cia − Você enfrentou preconceitos com fontes e/ou colegas de trabalho por causa de sua orientação?

Thales Rodrigues − de algumas No início da carreira recebi conselhos pessoas, a maioria jornalistas homens gays, para não falar sobre a minha orientação sexual. Eles me alertaram sobre o preconceito que poderia sofrer e contaram suas experiências. Entretanto, nunca pensei em esconder quem eu sou. Afinal, ser LGBT é ser resistência e combater o preconceito.

Em vários momentos, ao longo dos meus dez anos de jornalismo, ouvi muitos comentários homofóbicos. A maioria foi feita por colegas de trabalho mais velhos, em tom de piada, que não tinha graça nenhuma e só escancara o preconceito enraizado. Como sempre fui muito combativo, retrucava o máximo que podia. Mas, houve situações em que, por ser muito jovem, ouvi tudo calado.

J&CiaJá foi vítima de assédio sexual e/ou moral em decorrência de sua orientação?

Thales − Trabalhando na rua estamos mais expostos ao preconceito. Há algum tempo, fui fazer uma entrada ao vivo para divulgar um evento organizado por uma entidade. Enquanto esperávamos, o entrevistado começou a falar sobre a comunidade trans e fazer comentários transfóbicos. O homem chegou a afirmar que mulheres trans têm por objetivo estuprar crianças e adolescentes. Contestei as afirmações dele e expliquei que aquilo era transfobia. Mesmo assim, ele continuou falando. A minha vontade, naquela hora, era sair dali e não fazer o ao vivo. Porém, não quis prejudicar as outras pessoas que se esforçaram para fazer o tal evento.

Mandei mensagem para a equipe que estava na redação e pedi para antecipar o ao vivo porque não aguentava mais ficar lá com aquele homem. Quando voltei pra TV, contei o que aconteceu e todos ficaram indignados. Assumimos o compromisso de nunca mais abrir espaço para aquela fonte dar qualquer entrevista.

J&Cia − A sua orientação já foi empecilho em processos de seleção e/ou contratação?

Thales − Há alguns anos fiz um teste para apresentar um programa e não deu certo. Após o piloto, ouvi de algumas pessoas que tinha me saído bem e mostrando um bom desempenho no vídeo. No entanto, para quem batia o martelo da escolha sobre o novo apresentador, eu precisava ser “mais homem” e ter uma voz mais grave. Interpretei isso como “precisamos de um homem hétero” ou “ele até pode ser gay, mas sem dar tanta pinta”.

Conversando com alguns colegas, percebo que essa questão de aparentar ser gay, ou não, pode, realmente, ser um empecilho em processos seletivos. Já vi e ouvi sobre casos de jornalistas, extremamente competentes, que têm as qualidades necessárias para um determinada vaga e não conseguem espaço no vídeo por serem afeminados.

Conheço pessoas que não se sentem à vontade para falar sobre sua sexualidade no ambiente de trabalho, por terem medo de sofrer algum tipo de preconceito. Para outros, o medo é em relação ao público, já que alguns jornalistas, conhecidos nacionalmente, relatam sofrer ataques e perderem seguidores quando postam algo sobre serem gays, lésbicas ou bissexuais.

J&Cia − Observa mudanças em relação ao preconceito e a intolerância atualmente? O que ainda precisa mudar?

Thales − Defendo a bandeira levantada por Liniker e Johnny Hocker naquela música Ninguém vai poder querer nos dizer como amar. Ser gay é uma parte importante de mim, mas não é a única. Os LGBTs precisam de respeito e acesso a oportunidades de ensino e trabalho. Somos o país que mais mata travestis e transexuais e é preciso mudar isso. A educação deve ser o principal caminho, mas não o único. O governo precisa desenvolver políticas públicas que garantam direitos e protejam os LGBTs.

 

Leia também: “Desertos de notícias” diminuíram 8,6% no Brasil em 2023

TV Brasil estreia novo formato do Repórter Brasil

TV Brasil estreia novo formato do Repórter Brasil
TV Brasil estreia novo formato do Repórter Brasil

A TV Brasil estreou em 7/8 o novo formato do Repórter Brasil. O telejornal noturno, que vai ao ar de segunda a sábado, agora tem uma hora de duração (das 19h às 20h), conta com novo cenário, nova marca e dois novos apresentadores: Luiz Carlos Braga e Maria Paula Sato.

O telejornal teve seu conteúdo aprimorado, com diversificação da pauta e o aprofundamento dos temas tratados. Segundo Cidinha Matos, diretora de Jornalismo da EBC, o objetivo é fortalecer o jornalismo público, “dissociado do interesse do mercado e direcionado ao cidadão”. Outra novidade é a ampliação da participação de emissoras da Rede Nacional de Comunicação Pública, com conteúdos regionais de todo o País.

Braga já atuou como âncora em telejornais de diversas emissoras, inclusive da própria TV Brasil. Maria Paula é repórter e apresentadora, com passagens por canais públicos e privados.

A emissora também mantém na grade o Repórter Brasil Tarde, que vai ao ar diariamente, às 12h, e reúne as principais notícias do dia no País e no mundo, com links ao vivo de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A apresentação é de David Tapajós.

A TV Brasil tem previstas outras novidades neste segundo semestre. Entre elas, a mudança de horário do programa Stadium, passando para a faixa das 18h30 às 19h. Um dos mais antigos programas de esporte da TV brasileira, no ar desde 1976, está sob o comando de Paulo Garritano e Marília Arrigoni. 

 

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