A newsletter Jornalistas&Cia tem noticiado nas últimas semanas as novidades anunciadas pela EBC, entre elas o lançamento da nova identidade institucional da empresa e seus veículos, a estreia do Canal Gov e parcerias internacionais. Para falar sobre elas, Kátia Morais, editora em Brasília, conversou com o presidente da empresa, Hélio Doyle.

Jornalistas&Cia − É chegada a hora de operar verdadeiras mudanças na EBC?

Hélio Doyle − Estamos vivendo um momento importante na empresa, de reconstrução e fortalecimento. Quando chegamos aqui, tínhamos a expectativa de que poderíamos fazer mudanças e executar projetos rapidamente. Mas descobrimos que, por uma série de limitações inerentes a uma empresa pública, o processo não seria tão rápido como imaginávamos. Mesmo assim, estamos avançando. Uma mudança muito importante era a separação da comunicação pública da governamental, o que concluímos agora em julho com o lançamento do Canal Gov. Essa era uma recomendação do Grupo de Transição do governo e conseguimos cumprir. A partir dessa reestruturação, lançamos as novas marcas dos veículos públicos e estamos trabalhando intensamente para lançar a nova programação da TV Brasil e das rádios neste segundo semestre.

J&Cia − Como foi resolvido o lançamento do Canal Gov com relação aos profissionais que atuam na empresa? E quanto à Agência Gov, seria também um canal específico para tratar do Poder Executivo?

Doyle − A Agência Gov compõe aquilo que estamos chamando de Rede Gov, que reúne a agência, o canal de televisão e as redes sociais. A ideia é justamente separar o conteúdo governamental do conteúdo da comunicação pública, deixando cada canal com o seu objetivo específico. A Agência, além de destacar a programação ao vivo da TV, vai trazer conteúdos em texto e áudio, como um hub de informações governamentais. Esses conteúdos estão sendo produzidos pela equipe da Superintendência de Serviços de Comunicação. Já eram profissionais da casa que, com a reestruturação da empresa, assumiram integralmente essa produção.

J&Cia − Quando começarão a serem veiculados os conteúdos firmados com as emissoras públicas da Argentina?

Doyle − Esses são acordos muito importantes para nós. O intercâmbio de conteúdos e notícias entre a EBC e as empresas argentinas de comunicação pública resultará em mais conhecimento mútuo de nossas realidades, culturas e manifestações artísticas. A partir da assinatura do acordo, no final de julho, as emissoras têm um prazo para disponibilizar o catálogo. A partir daí, vamos estudar quais conteúdos são relevantes para compor a nossa grade, pensando em oferecer conteúdo de qualidade e ter mais diversidade na nossa programação. No caso da Agência Brasil, agora em agosto ela já poderá ter acesso e reproduzir as notícias em texto publicadas pela Agência Télam.

J&Cia − E a TV Internacional? O que você poderia nos adiantar sobre a retomada desse projeto? O canal, por exemplo, terá interação com outras emissoras do continente, como a TV Sur, da Venezuela?

Doyle − O presidente Lula, ao mencionar o projeto, falou que a intenção é mostrar as atrações turísticas, a culinária, a cultura do Brasil para o mundo. Um canal que fale do Brasil também para os brasileiros que estão lá fora. Ainda não há uma definição quanto ao formato e à grade. Nós constituímos um grupo de trabalho interno para que essa proposta seja construída. O canal internacional já existiu na EBC, nasceu como Canal Integración e depois virou TV Brasil Internacional. Foi extinto e não será fácil recuperá-lo, pois precisamos de investimentos. Mas, como é um dos pontos do nosso plano estratégico, vamos trabalhar para viabilizar o projeto, e o viabilizaremos.

Ao acertar a entrevista com Doyle sobre as mudanças e inovação na EBC, J&Cia teve acesso a uma carta assinada por Fenaj e alguns sindicatos de jornalistas mostrando indignação sobre o comportamento do presidente da EBC, a quem acusam estar tomando medidas neoliberais, sobretudo para calar os funcionários concursados. Não tivemos tempo de incluir o tema na entrevista, mas trazemos aqui a resposta que Doyle publicou no Linkedin: “Lamento que o Sindicato dos Jornalistas do DF, do qual fui presidente, e a Federação Nacional dos Jornalistas, cujo Conselho de Representantes integrei, tenham divulgado longa e raivosa nota com ataques pessoais a mim, em função da entrevista que dei ao jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles. Aos que receberam o texto das entidades, sugiro que ouçam integralmente a entrevista e avaliem se a nota injuriosa e difamatória realmente reflete o que eu disse ao jornalista. Tenho a certeza de que saberão interpretar corretamente o que eu disse. Mas, se depois de ouvirem tiverem alguma dúvida, estou, como sempre, à disposição para esclarecer. O diálogo sempre caracterizou minha atuação como gestor em empresas privadas, nas secretarias de Estado que chefiei e, é claro, como dirigente sindical. Não seria diferente na EBC”.

 

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