A Abraji e o Congresso em Foco identificaram através da campanha Bolos AntiBlock que o presidente Jair Bolsonaro é a autoridade que mais bloqueia usuários no Twitter. Lançada em abril deste ano, a plataforma, que monitora mais de 600 perfis de autoridades na rede social, verificou que a conta do presidente é responsável por 20% dos bloqueios realizados.

A iniciativa é um protesto virtual contra bloqueio de jornalistas, influenciadores e outros profissionais por autoridades públicas no Twitter. De acordo com os dados mais recentes, Bolsonaro bloqueia em média 240 vezes mais do que um deputado federal. Além disso, não foram identificados bloqueios por parte do vice-presidente Hamilton Mourão, sendo Bolsonaro o único responsável pelo percentual, que corresponde a 82 bloqueios.

Os mais de 500 deputados federais são responsáveis por 43% dos blocks.

A campanha mostrou também que os jornalistas são os usuários mais bloqueados, correspondendo a 20% de todas as pessoas que testaram a plataforma. Em seguida, vêm os profissionais do direito, 10%, e publicitários, 8%.

Os motivos que mais geram bloqueio no Twitter, de acordo com o levantamento, é fazer críticas à conduta ou à administração da autoridade, 15%. Manifestar opinião contrária, ironizar ato, figura pública ou apoiadores e levantar questionamento sobre a veracidade da informação divulgada estão empatados com 14%.

Para Artur Pericles Lima Monteiro, advogado e coordenador de pesquisa na área de liberdade de expressão do InternetLab, os bloqueios de Bolsonaro limitam a liberdade de expressão dos usuários: “Quando o presidente bloqueia alguém na sua conta do Twitter, onde ele anuncia decisões importantes de sua atividade, o Estado está manifestando a rejeição de determinado ponto de vista. É uma censura ideológica do usuário”.

Desenvolvido pelo FCB Studio, o levantamento é inspirado nas receitas de bolo publicadas nas páginas de jornais censurados no período da ditadura militar. Ao conectar o perfil do Twitter no site, a ferramenta rastreia se o usuário foi bloqueado por alguém no exercício do mandato e gera um bolo único em cryptoarte. Ao todo, foram identificados 409 bloqueios na rede social realizados por autoridades públicas.

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