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quinta-feira, abril 25, 2024

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?Eu estava decidida, já há quatro anos, a sair da bancada?, diz Ana Paula Padrão

Uma semana após anunciar sua saída da bancada do Jornal da Record, Ana Paula Padrão aponta como coincidência o fim de seu contrato com a Record e a necessidade de se dedicar aos seus negócios, que cresceram além do esperado. “Desde o início estava previsto que seriam quatro anos, mas claro que isso não é uma coisa que se diz no mercado. Eu estava decidida, já há quatro anos, a sair da bancada, a não fazer mais jornalismo diário”, disse em entrevista ao Portal dos Jornalistas.   Ana Paula hoje comanda a produtora de conteúdo Touareg, o portal Tempo de Mulher e promove o evento Momento Mulher, destinado a lideranças femininas do mundo corporativo. “Fiz um business plan que foi atropelado pelas coisas, porque os eventos viraram sucesso, o site atingiu média de 30 milhões de acessos por mês. […] Era uma questão de escolha: ou eu saía agora ou eu não teria condições de cuidar disso aqui.”, conta. Confira a entrevista na íntegra: Portal dos Jornalistas – O que motivou sua saída da Record foi exclusivamente o sucesso de suas empresas? Ana Paula Padrão – Na verdade, foi uma coincidência de fatores. Meu contrato, de fato, terminou com a Record. Terminaria em um mês, e eu sugeri antecipar por causa do lançamento da programação. Não tinha cabimento eu participar do lançamento de uma programação da qual não participaria efetivamente. Desde o início estava previsto que seriam quatro anos, mas claro que isso não é uma coisa que se diz no mercado. Seriam quatro anos de qualquer maneira. Eu estava decidida, já há quatro anos, a sair da bancada, a não fazer mais jornalismo diário, de bancada e tal… Nesse meio tempo lancei a minha segunda empresa [o portal Tempo de Mulher], e ela está indo melhor do que eu imaginava. Fiz um business plan que foi atropelado pelas coisas, porque os novos eventos viraram sucesso, o nosso site muito rapidamente se tornou o site feminino de maior acesso no Brasil, com média de 30 milhões de acessos por mês. Eu realmente precisava de um olho maior, precisava ficar mais tempo aqui no escritório. A empresa [Record] já estava avisada de que eu realmente não queria renovar. Eles foram muito gentis comigo, queriam que eu ficasse mais tempo na bancada, mas não dava. Era uma questão de escolher mesmo: ou eu saía agora ou eu não ia ter condições de cuidar disso aqui. Portal dos Jornalistas – E de quanto foi esse crescimento além do esperado? Ana Paula – Tínhamos uma expectativa (o próprio MSN também) de fazer quatro, cinco milhões de pageviews num primeiro mês e chegar a dez milhões em seis meses. No primeiro mês, fizemos 23 milhões. E, de lá para cá, isso só cresce. Chegamos à média de 30 milhões de pageviews por mês. Ou seja: a minha previsão de crescimento lento foi totalmente ultrapassada. E aí, é claro, que a procura comercial pelo site aumentou muito, os projetos que criamos de conteúdo associado à marca para o portal também cresceram muito, os formatos em vídeo criados para o portal idem. Eu imaginava estar onde estou hoje somente daqui a um ano, e era uma previsão muito otimista, porque antes fiz muita pesquisa sobre os meus concorrentes no mercado, sobre como estariam. Outra área que cresceu muito foi a de eventos. Como o portal andou muito bem, antecipei o lançamento da plataforma de eventos, que estava prevista para este ano: fizemos três ainda no ano passado. Este ano, além de fazermos um grande aqui em São Paulo, vamos ter vários regionais, que é uma outra demanda que só imaginava conseguir lá pelo quarto ano. Portal dos Jornalistas – Como são esses eventos? Ana Paula – O Momento Mulher é um evento meio inspiracional, meio corporativo, com painéis sobre assuntos que interessam a mulheres que trabalham. Desde a conciliação da vida de executiva com toda a agenda por trás da agenda do trabalho da mulher até coisas como previdência privada para mulher, comportamento de mulheres CEOs (o que é difícil, o que não é), relacionamento, barreiras para que se chegue ao topo da carreira, o que uma empresa efetivamente precisa fazer para estimular a diversidade em seu ambiente. Também chamamos lideranças importantes no mundo para falar um pouco sobre qual a importância disso, que impacto elas têm em suas comunidades.  É um evento grande destinado a mulheres de classes A e B, que trabalham de alta gerência para cima. Já o Portal é inteiramente direcionado a mulheres de C e B menos. Os eventos não são associados ao portal. Eu tenho uma pesquisa muito grande e muito transversal sobre mulher, que mantenho atualizada sempre. Nós desenvolvemos uma maneira de nos comunicarmos com o repertório que ela [a mulher] quer, de um jeito que ela entenda. Abordamos assuntos que ela precisa saber, sabemos como ela consegue absorver esse conteúdo. Para o Portal, estudamos especificamente essa comunicação com mulher média brasileira, de classes C e B menos. Portal dos Jornalistas – Houve outro tipo de pesquisa que tenha reforçado sua ideia de deixar a bancada e focar no tema Mulher? Que a tenha feito pensar, inclusive, em um outro tipo de programa para a tevê, agora direcionado ao público feminino? Ana Paula – Por enquanto, eu realmente preciso estar aqui na empresa. Evidentemente que se aparecer alguma outra coisa que me interesse em tevê e que tenha a ver com os negócios, com o Tempo de Mulher, que tenha a ver com essa minha comunicação com o universo feminino, eu vou estudar. O que não quero mais fazer é bancada, porque não consigo mais associar as duas coisas, ficou muito difícil fazer isso. Mas é óbvio que se aparecer uma outra oportunidade, eu estudo. Não estou procurando, não vou atrás, mas estou totalmente aberta a ouvir isso. É uma coisa que tem cabimento, eu gosto de tevê, tem a ver comigo, mas não estou procurando isso neste momento. Pesquisa sobre transversalidade e aceitação de imagem eu faço o tempo inteiro! A cada pesquisa que faço sobre mulher, faço também uma sobre a minha imagem, para saber se está indo bem ou não, se eu disse alguma coisa que não foi legal para elas… Pesquiso muito sobre tudo. Mesmo quando fazia reportagens, gastava muito mais tempo na pré-produção do que na execução em si. Às vezes levava um ano na pesquisa sobre determinada série de reportagens e a realizava em duas semanas. Gosto muito da fase de pré-produção, pesquiso muito. Todas essas pesquisas que aplico – e aplicamos uma por semana para o portal, e uma grande a cada três meses, pelo menos – envolvem, inclusive, a minha imagem. Portal dos Jornalistas – Desde o lançamento do portal até agora você observou alguma mudança em relação à vinculação de sua imagem a essa mulher que você hoje atinge? Ana Paula Padrão – Eu já havia feito pesquisa sobre a minha imagem para a classe C. Não poria na rede um portal para C se não tivesse feito uma pesquisa.  Até poderia, mas não com a minha imagem. No entanto, chegamos à conclusão, na época, de que era muito apropriado lançar com a minha imagem. Desde então faço pesquisas de transversalidade. A aceitação só melhora, de recall da imagem, de penetração em diversas classes sociais. Tudo isso está muito bem, me encoraja. A minha imagem como liderança feminina forte aparece muito bem nas pesquisas, o que me leva a crer que qualquer produto associado a isso, qualquer iniciativa associada à causa tem muito cabimento. Portal dos Jornalistas – Você acredita que o período em que esteve na Record a aproximou desse público? Ana Paula – Definitivamente. Acho que tanto no SBT quanto na Record. Minha imagem estava muito associada ao público de classe AB pelos assuntos que eu cobria, que eram Política, Economia, regiões de conflito. Ter passado pelo SBT e pela Record deixou minha imagem muito mais aberta, muito mais transversal e me fez conversar muito melhor com esse público. Não há dúvidas sobre isso, me ajudou muito. Portal dos Jornalistas – Há previsão de programa para web estrelado por você na TV Tempo de Mulher? Ana Paula Padrão – Não neste momento. Descarto isso? Não, não descarto. Mas neste momento, não. Estamos muito focados nos produtos que já oferecemos, que já nos atropelam loucamente! Agora estou exatamente fazendo a estruturação de todos esses produtos para aproveitar melhor as oportunidades de mercado e, aí sim, começar a fazer outros que podem ser para web, tevê ou nossas plataformas presenciais. Portal dos Jornalistas – Quanto da ideia de projeto multiplataforma do Tempo de Mulher já foi executado? Ana Paula – O Portal e todas as suas possibilidades de atrelar marca a conteúdo, de fazer branding, aplicação de pesquisa por ele; as pesquisas efetivamente; os eventos presenciais… E há várias outras coisas que estão no nosso business plan, mas que agora eu estou afogada no que estou fazendo. Algumas lançamos já este ano, mas mais para o fim do ano. Portal dos Jornalistas – O que, por exemplo? Ana Paula – Se eu te disser agora, perde a graça! Acho que este ano ainda a gente lança outra plataforma interessante com relação às empresas, ao universo corporativo. Portal dos Jornalistas – Sobre a equipe do Portal, você havia dito, em 2011, que ela era uma mescla de profissionais experientes com jovens formados em universidades periféricas, justamente para se comunicar melhor com a mulher média brasileira… Ana Paula – Não fazia sentido formar um portal só com pessoas que tinham referência na classe AB. Fizemos uma redação bem mista, uma redação de gente de todo lugar, de pessoas que têm, obviamente, empatia com o universo feminino, que gostem de escrever para mulher, mas que têm várias referências. Tenho gente aqui que é apaixonada por sertanejo, gente que é apaixonada por relacionamento, por vários assuntos diferentes que compõem o universo da mulher, principalmente o universo dessa mulher média brasileira. Portal dos Jornalistas – E o resultado disso? Ana Paula – 30 milhões de acessos por mês! Portal dos Jornalistas – Mas houve alguma dificuldade por conta dessa “mistura”? Ana Paula – Não teve, porque a Guta Nascimento, que chefia o portal, fez todas as pesquisas do Tempo de Mulher comigo. Era muita a noção dela sobre os assuntos em que precisávamos investir e de que maneira deveriam ser tratados. Foi uma questão de treinar a equipe – que estava começando a atuar junto ao mesmo tempo – para trabalhar na mesma linguagem, escrevendo mais ou menos do mesmo jeito, que era como sabíamos (por meio das pesquisas) que a mulher queria receber essa comunicação. Então, não foi difícil, foi muito tranquilo esse processo. E acho que devemos em parte a isso [à diversidade dos profissionais] o sucesso que temos. É claro que a parceria com o MSN foi muito importante, o uso da minha imagem foi muito importante, mas acho que em parte [o sucesso] também se deu pela maneira como a gente formou a equipe do portal e toda a pesquisa anterior a isso. Portal dos Jornalistas – E a Touareg? O foco é conteúdo corporativo, mas vocês também têm feito produções independentes? Ana Paula – Focamos muito nos últimos anos na produção de conteúdo em vídeo para as empresas, no mundo corporativo. Montamos tevês corporativas, fazemos vídeos institucionais… Mas de uns meses para cá, por causa do aquecimento do conteúdo para as tevês a cabo, por causa da legislação nova, estamos recebendo muita demanda para isso. E também é uma coisa que faz parte do nosso core business. Portal dos Jornalistas – As próprias emissoras procuram vocês? Ana Paula – Exatamente. As próprias tevês têm procurado. E, como tem demanda, acho que vou abrir uma área específica para esse setor. Porque aí passo a procurar também. Portal dos Jornalistas – De repente um programa feminino em alguma tevê a cabo… Ana Paula – Até agora, não. Não descarto. Mas não houve nenhuma proposta, por enquanto. Já recebi muitos telefonemas, mas nem sentei para conversar com ninguém ainda. 

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