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sexta-feira, abril 19, 2024

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The Guardian comemora confiança e fidelidade dos leitores

Luciana Gurgel

Por Luciana Gurgel, especial para o Jornalistas&Cia

Em meio a notícias de queda de circulação e redução de equipes, um veículo britânico fecha 2018 com motivos para comemorar. É The Guardian, que está vendo dar certo sua ousada estratégia de financiamento, adotada há três anos, e ainda festeja altos índices de credibilidade por parte de seus leitores.

A mais recente pesquisa do ABC (Audit Bureau of Circulation), organização independente que monitora a tiragem de impressos e visitas aos seus canais digitais, apontou que em novembro nenhum dos jornais pesquisados teve aumento em comparação ao mesmo mês do ano passado. As maiores quedas foram do Daily Telegraph (22%) e Sunday Telegraph (17%). O tabloide The Sun continua liderando quando se leva em conta a soma de edições impressas e acessos online, mas também caiu, 6%.

A liderança do The Sun é confirmada por outra pesquisa, da Pamco (Published Audience Measurement Company), que aponta o alcance dos veículos no período de setembro de 2017 a setembro de 2018. The Sun atinge 29,5 milhões de leitores mensalmente, considerando a soma dos títulos The Sun, Sun on Sunday e plataformas online.

Mas é aqui que The Guardian brilha. Aparece em terceiro neste ranking, com alcance de 23,5 milhões/mês. Nada mau para um veículo de perfil mais sofisticado do que um tabloide.

E, mais importante, é dele o título de jornal mais confiável para os seus leitores. Nada menos do que nove entre dez afirmaram confiar no que leem no The Guardian, e consideram que o tempo investido na leitura vale a pena. No digital, os números são, respectivamente, 85% e 97%.

O resultado coroa uma aposta original feita há três anos para tirar o jornal do vermelho, resultado da queda de vendas e de anúncios. Contrariando o movimento de muitos concorrentes, ele abriu mão de paywall, optando por partir para a busca de apoio entre os leitores, por meio de assinatura ou contribuições.

Todo o conteúdo do aplicativo é aberto, mas ao final há o convite para apoiar The Guardian. Estratégia que vem dando certo. Em novembro, eles bateram a marca de um milhão de apoiadores. Ainda não saíram do vermelho, mas continuam sustentáveis e oferecendo jornalismo da mais alta qualidade, com furos mundiais.

Foram do The Guardian histórias relevantes como a do Panama Papers e as revelações de Edward Snowden, por exemplo. Este ano ganhou vários prêmios de jornalismo, entre eles o de jornalista do ano para Amelia Gentleman.

The Guardian destaca o fato de não ter grandes investidores e não fazer parte de conglomerados, o que, segundo o jornal, assegura sua independência.

Os índices de confiança do leitor mostram que a promessa de entregar jornalismo relevante vem sendo cumprida. E que o bom jornalismo e o engajamento do leitor podem contornar os desafios impostos pelas novas tecnologias e pela redução das verbas publicitárias.

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