O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) começou a divulgar as reportagens da série Luanda Leaks. Reunindo 120 profissionais, de 36 veículos e 20 países, a série teve como base mais de 715 mil registros financeiros e comerciais confidenciais e entrevistas para expor duas décadas de acordos corruptos que tornaram Isabel dos Santos, filha do ex-presidente da Angola José Eduardo dos Santos, a mulher mais rica da África e a nação angolana, rica em petróleo e diamantes, uma das mais pobres da Terra. No Brasil, participaram da apuração e divulgação o site Poder360, a revista piauí e a Agência Pública.
Os documentos utilizados como fonte para as reportagens, que incluem também e-mails pessoais da família Santos, relatórios de assessores, auditorias privadas e vídeos de reuniões, foram fornecidos ao ICIJ pela Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAFF, em inglês).
Alexandre Freeland deixa a Infoglobo, onde esteve nos últimos dois anos, ultimamente como diretor de Projetos Estratégicos da redação integrada de O Globo, Extra e Época, e volta para a In Press Porter Novelli como diretor executivo. Vai dirigir o escritório do Rio, posição que ocupava antes na empresa, cuidando de branded content e projetos especiais em comunicação. A nova atividade, porém, tem um modelo que ainda está sendo elaborado – ele deve atuar também na produção de conteúdo, em conjunto com o estúdio de criação, que tem sua base em São Paulo. A propósito, Infoglobo é cliente da In Press.
Em mensagem de despedida, Freeland disse: “Cheguei com muitos planos e expectativas. Saio realizado pela sorte de ter encontrado tanta gente talentosa e guerreira. Levo ótimas lembranças, amizades de dar gosto e uma enorme admiração pelo trabalho desse time. Sou fã, em resumo. Ou brand lover, como gostam de dizer nesse mundo da comunicação corporativa, para onde estou de mudança”.
O Ministério Público Federal denunciou nesta terça-feira (21/1) o diretor do The Intercept Brasil (TIB) Glenn Greenwald por envolvimento com hackers que invadiram celulares de autoridades públicas. Segundo a acusação, ele teria orientado os criminosos a apagar parte do conteúdo vazado para a publicação de reportagens. Greenwald não foi investigado ou indiciado, mas segundo o MPF, foi comprovado que ele ajudou o grupo na invasão de celulares. O TIB usou o material para denunciar irregularidades na Operação Lava-Jato.
Outras seis pessoas também foram acusadas no âmbito da Operação Spoofing, responsável por investigar as invasões. A denúncia, assinada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, aponta práticas ilícitas como lavagem de dinheiro, fraudes bancárias e interceptação de ligações telefônicas, além da invasão de aparelhos celulares.
Greenwald defendeu-se das acusações afirmando que “a denúncia é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa”, criticando o atual governo: “O governo Bolsonaro e o movimento que o apoia deixaram claro que não acreditam em liberdade de imprensa. Não seremos intimidados por essas tentativas tirânicas de silenciar jornalistas. (…) Continuarei a fazer meu trabalho jornalístico. Muitos brasileiros corajosos sacrificaram sua liberdade e até suas vidas pela democracia brasileira, e sinto a obrigação de continuar esse nobre trabalho”.
Em nota, os advogados do diretor do TIB afirmam que a denúncia é um “expediente tosco”, que “fere a liberdade de imprensa” e serve como “instrumento de disputa política, depreciando o trabalho jornalístico de divulgação de mensagens realizado pela equipe do The Intercept Brasil”. Eles também disseram que “preparam medida judicial cabível” e que “pedirão à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que cerre fileiras em defesa do jornalista agredido”.
Em carta aos assinantes do The Intercept Brasil (TIB), o
editor executivo Leandro Demori afirmou que o ministro da justiça Sérgio
Moro, que será entrevistado no programa Roda
Viva desta segunda-feira (20/1), teve acesso à lista de entrevistadores e
aprovou os nomes que integrarão a bancada: “Ele aprovou os nomes dos
jornalistas que estarão na bancada para entrevistá-lo, nós confirmamos com
fontes. Não me espanta: Moro não sentaria em um canal ao vivo por duas horas
sem saber quem estaria na sua frente”. No mesmo comunicado, ele convidou os
assinantes a assistirem à live que o TIB
fará no horário do programa, em que os jornalistas do site reagirão à
entrevista com Moro ao vivo.
Antes da divulgação da lista dos jornalistas que
entrevistarão Moro, Glenn Greenwald, diretor do TIB, afirmou que “seria indesculpável e um tanto
covarde para o Roda Viva permitir que
Sergio Moro aparecesse sem colocar um jornalista do The Intercept Brasil no
painel para participar da discussão”. Ele publicou a hashtagInterceptNoRodaViva, que foi muito repercutida nas
redes sociais. Algum tempo depois, a TV Cultura divulgou a lista dos
jornalistas, sem a presença de nenhum integrante do The Intercept Brasil: Alan
Gripp (O Globo), Andreza Matais (Estadão), Leandro Colon
(Folha), Malu Gaspar (Piauí) e Felipe Moura Brasil (Jovem Pan).
Em entrevista
ao UOL, Leão Serva, diretor de Jornalismo da emissora, classificou a
frase de Greenwald como “indelicada” e afirmou que a escolha do entrevistado e
dos entrevistadores é feita pela própria TV Cultura: “Não pedimos sugestões nem
submetemos a bancada ao entrevistado. Alguns já fizeram sugestões, mas nenhuma
foi acatada”, disse Serva. Ele, porém, não detalhou os critérios da escolha.
Vale lembrar que o The Intercept Brasil foi o primeiro
veículo a publicar o vazamento de mensagens entre Sérgio Moro e os procuradores
da Operação Lava Jato, em junho de
2019.
O presidente Jair Bolsonaro ironizou o levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) sobre ataques à imprensa em 2019. Segundo o estudo, ocorreram 208 ataques a jornalistas ou veículos de comunicação no ano passado. Bolsonaro foi responsável por 121 casos, o que equivale a 58% do total.
Nas redes sociais, o presidente ironizou e riu dos dados registrados no levantamento. Além disso, em resposta a um internauta que perguntou como foi obtido o índice, ele escreveu: “Pegaram o QI médio da galera da imprensa. Deu 58”.
O relatório da Fenaj mostrou também um aumento de 54% no número de ataques registrados: em 2019, foram 208, enquanto que em 2018 foram 135.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) passou a integrar o projeto Voces del Sur, que monitora e denuncia ameaças à liberdade de expressão e de imprensa na América Latina. Além do Brasil, entidades de Argentina, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Bolívia, Honduras e Nicarágua fazem parte da rede.
O projeto visa a garantir o cumprimento dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, como o acesso público à
informação e a proteção das liberdades fundamentais. As ameaças são
classificadas em restrições ao acesso à informação, abuso de poder, agressões
físicas e verbais, e desaparecimentos forçados.
A Abraji fornecerá dados de ameaças à liberdade de
expressão e imprensa no Brasil ao projeto, ampliando o seu alcance na América
Latina.
Maju Coutinho (TV Globo) narrou a versão em áudio do livro Becoming: A minha história, biografia da ex-primeira dama dos Estados Unidos Michelle Obama. Segundo a apresentadora do Jornal Hoje, sua história de vida tem algumas semelhanças com a de Michelle, principalmente em relação à exposição que ambas sofrem até hoje, que vai desde o que falam até a forma como se vestem, além do fato de que as duas vieram de famílias de baixa renda.
No lançamento do audiolivro,
Maju contou também que admira muito a ex-primeira dama dos EUA e que se
emocionou lendo algumas passagens do livro, pois apresenta elementos que podem
ser encontrados no Brasil: “Tinha momentos em que eu chorava mesmo, porque
a história dela é muito emocionante. (…) Ela conta coisas que eu vejo no
Brasil; sonhos interrompidos de mulheres e homens por conta da barreira
social”.
Nos
Estados Unidos, foi a própria Michelle Obama quem gravou a versão em áudio. O
livro teve mais de dez milhões de exemplares vendidos.
Mario Simas Filho, diretor de núcleo da revista IstoÉ, morreu na madrugada desta sexta-feira (17/1), em São Paulo, aos 59 anos. Ele tinha câncer no rim e estava internado no Hospital Paulistano. O velório começou às 9h e o sepultamento será por volta às 15h30, no Cemitério Gethsemani, no Morumbi. Deixa mulher, três filhos e dois netos.
Simas trabalhou na Folha da Tarde e na Folha de S.Paulo
antes de chegar à IstoÉ. Fez reportagens marcantes, como a que revelou o
assassinato (e não suicídio, como havia sido veiculado) de PC Farias, aliado do
ex-presidente Fernando Collor. Em 2001, ganhou um Prêmio Esso de Jornalismo
pela série Senadores envolvidos na fraude do painel de votação do Senado.
Era filho do também jornalista Mario Simas,
especialista em direitos humanos e que defendeu ativistas durante a ditadura.
Livro de Thais Oyama revela os bastidores do primeiro ano do governo de Bolsonaro, com segredos, escândalos e polêmicas
O presidente Jair Bolsonaro atacou Thaís Oyama (Jovem Pan), autora do livro Tormenta – O governo Bolsonaro: Crises, intrigas e segredo, com uma frase xenófoba. Questionado sobre o escândalo da Secom e Fabio Wajngarten, o presidente irritou-se e afirmou que os jornalistas “têm medo da verdade, deturpam o tempo todo, mentem descaradamente. Trabalham contra a democracia, como o livro dessa japonesa, que eu não sei o que faz no Brasil”, referindo-se a Thaís, descendente de japoneses.
Bolsonaro também mandou a imprensa tomar vergonha na cara: “Essa imprensa que está me olhando, não tomarei nenhuma medida para censurá-los, mas tomem vergonha na cara. Deixem nosso governo em paz, para levar harmonia ao nosso povo”.
O livro de Thaís Oyama revela os bastidores do primeiro ano do governo de Bolsonaro, com segredos, escândalos e polêmicas, incluindo o fato de que foi o próprio presidente o responsável pela ausência de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro, em um depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro, em 2018.
O escritor Luiz Octavio de Lima morreu em 15/1, em São Paulo, aos 60 anos. Ele estava internado desde o dia 13 com suspeita de AVC, mas o quadro piorou por causa de uma infecção.
Formado pela PUC-RJ e com MBA em Economia pela
Unicamp-Facamp, Luiz teve passagens, entre outros, por Folha de S.Paulo, Veja,
O Globo, Exame e Época. No Estadão, foi um dos pioneiros na publicação de
conteúdo na internet.
É autor de livros como A Guerra do Paraguai, 21
Grandes batalhas que mudaram o Brasil, Pimenta Neves − Uma reportagem
e 1932: São Paulo em chamas.