Em crise política, Bielorussia foi um dos países que mais prenderam jornalistas mulheres em 2020, segundo RSF / Foto: Reuters
A OnG Repórteres sem Fronteiras publicou a primeira parte de seu balanço anual de abusos cometidos contra jornalistas em todo o mundo. Em 2020, 387 jornalistas foram presos, 54 foram feitos reféns e 4 estão desaparecidos. O número de prisioneiros permaneceu estável, apesar de um aumento significativo das violações e prisões ligadas à crise sanitária.
O número de mulheres jornalistas detidas, porém, aumentou em 35%. Ao final de 2020, 42 delas estão privadas de liberdade. As novas prisioneiras são, sobretudo, da Bielorrússia, que sofre com uma repressão sem precedentes desde a controvertida eleição presidencial, em agosto, do Irã e da China, onde a repressão ficou mais forte com a crise sanitária. Na lista das mulheres jornalistas presas, está a vencedora do Prêmio RSF da Liberdade de Imprensa de 2019, Pham Doan Trang, do Vietnã.
Segundo a pesquisa, mais da metade dos jornalistas presos (61%) estão em apenas cinco países: China, Egito, Arábia Saudita, Vietnã e Síria, que pelo segundo ano consecutivo representam as cinco maiores prisões do mundo para jornalistas.
Ainda que não exaustivos, os dados coletados pelas equipes da RSF e do Observatório 19 revelam que o número de prisões e interpelações arbitrárias quadruplicou entre os meses de março e maio de 2020, início da disseminação do coronavírus pelo mundo. Embora a maioria dos jornalistas fique detida por algumas horas, dias, ou semanas, 14 jornalistas ainda estão presos por conta das suas coberturas da pandemia de Covid-19.
“Cerca de 400 jornalistas vão passar as festas de fim de ano atrás das grades, longe de familiares e amigos, em condições de detenção que, por vezes, colocam suas vidas em perigo”, denuncia o Secretário-Geral da RSF Christophe Deloire. Desde 1995, a RSF publica o Balanço Anual de ataques contra jornalistas, que se baseia em dados coletados ao longo de cada ano. A entidade publicará ainda o Balanço Anual dos jornalistas mortos em 2020, no dia 29 de dezembro.
Grande número de iniciativas adiadas ou suspensas por causa da pandemia foi o destaque negativo de 2020
Em sua décima edição, o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira chegou à marca de 170 prêmios de jornalismo analisados, entre iniciativas nacionais e internacionais, extintas ou ativas. Em um ano marcado pela Covid-19, o destaque negativo desta edição do levantamento foi o grande número de premiações que cancelaram ou adiaram para 2021 suas edições em decorrência da pandemia.
A redução, como já era de se esperar, impactou diretamente no número de jornalistas premiados em 2020. No total, 282 jornalistas conquistaram algum dos 170 prêmios analisados neste ano, menos da metade dos 598 registrados em 2019.
Dos 75 prêmios de jornalismo que realizaram concursos em 2019, 40 não divulgaram resultados em 2020, com destaque para algumas iniciativas tradicionais como os prêmios Comunique-se, BNB, Estácio, Gabo, Abraji e MPT. No total, apenas 31 dos prêmios que já integravam a base de dados do Ranking mantiveram suas edições mesmo com a pandemia. A elas, juntaram-se outras quatro iniciativas: CICV de Cobertura Humanitária, ADPEC, Policiais Federais e 99 de Jornalismo.
Autor de livro-reportagem de maior sucesso no Brasil, Laurentino Gomes fica na segunda colocação
Patrícia Campos Mello
Pela segunda edição consecutiva, o Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, iniciativa promovida desde 2011 por Jornalistas&Cia, com o apoio deste Portal dos Jornalistas, apontou a repórter especial e colunista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello como a jornalista mais premiada do ano no Brasil. Foi a primeira vez, não apenas de forma consecutiva, que um profissional repetiu a liderança da pesquisa.
No total, ela conquistou 150 pontos, cinco a mais do que em 2019, a partir de três prêmios de jornalismo. Dentre eles, destaque para o Maria Moors Cabot, mais antiga premiação de jornalismo do mundo, concedido pela Universidade Columbia, de Nova York. Ela também faturou neste ano o Mulher Imprensa de Contribuição ao Jornalismo e o Prêmio Folha, na categoria Reportagem, pelo especial Desigualdade Global.
Estes reconhecimentos são fruto do excelente trabalho investigativo que Patrícia vem realizando nos últimos anos. Em 2018, após publicar a reportagem Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp, que denunciava investimentos não declarados de R$ 12 milhões por apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro, ação vedada pela Justiça Eleitoral, ela passou a receber inúmeros ataques e ameaças nas redes sociais. Ainda como desdobramento desse trabalho, em fevereiro deste ano ela foi alvo de insultos de cunho sexual durante a CPMI das Fake News por parte de membros do governo.
Laurentino Gomes
Na segunda colocação, com 110 pontos, aparece o premiado escritor de livros-reportagem Laurentino Gomes. Maior vencedor do Prêmio Jabuti, ele ergueu mais uma vez o tradicional troféu da literatura brasileira neste ano, com o livro Escravidão Volume I – Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares.
Ele já havia conquistado a premiação anteriormente em outras três oportunidades com a trilogia 1808 (2008), 1822 (2011) e 1889 (2014). Também foi reconhecido neste ano com o prêmio Personalidade da Comunicação, concedido pela Mega Brasil.
Completando o pódio, aparece Rafael Ramos, da Record TV, que integrou as equipes do programa Câmera Record que venceram em 2020 os prêmios Rei da Espanha – Televisão, Vladimir Herzog – Multimídia e República – TV.
Alvo de diversas ações judiciais por seus artigos no Jornal GGN e sem uma grande empresa para respaldá-lo juridicamente, Luís Nassif publicou em 20/12 um desabafo sobre sua situação. Ele debita a um “ativismo ideológico de parcela do Judiciário” a enxurrada de ações contra sites e jornais, que estaria extrapolando qualquer limite de razoabilidade.
“A falta de jurisprudência, de consenso, de regras mínimas de atuação está transformando o Judiciário na maior ameaça à liberdade de expressão desde os anos de chumbo da ditadura militar”, escreveu ele no artigo Estou juridicamente marcado para morrer. “O protagonismo político da Justiça espalhou-se por todos os poros da corporação. Não há mais limites para a atuação de juízes militantes, fazendo do seu poder uma arma política, não apenas para inviabilizar a liberdade de expressão, mas para a própria destruição dos ‘inimigos’”.
Ele afirma ter-se criado uma atmosfera em tudo semelhante à dos anos 1970, quando muitos profissionais, marcados pela ditadura, eram obrigados a mergulhar, a buscar trabalhos de forma clandestina, para não serem esmagados pelas restrições impostas pela ditadura: “Narro a minha situação, que deve ser igual a de outros jornalistas que não possuem o respaldo de empresas jornalísticas, alvos de uma ofensiva que, se não for contida, inevitavelmente atingirá também os grupos jornalísticos. Estou juridicamente marcado para morrer por críticas que faço ao Judiciário, cumprindo minha função de jornalista”.
Em seguida, detalha cinco das ações de que é alvo para depois concluir que o cerco o está expulsando do exercício do jornalismo, “pouco importando se tem 50 anos de carreira, inúmeras premiações e um trabalho reconhecido na área de economia e na defesa dos direitos”.
Coincidentemente, no mesmo domingo em que saiu o artigo a revista Veja publicou um direito de resposta que ele havia solicitado há 12 anos, por ataques do então colunista Diogo Mainardi, que o acusou de privilégios junto ao BNDES e de chantagear um secretário de Segurança de São Paulo. “12 anos! Qual o efeito dessa decisão? Apenas o de reabrir velhas chagas”, escreveu Nassif.
O ano de 2020 não deixará saudades, sobretudo para as mulheres, desafiadas a conciliar trabalho e cuidados com a casa, família e filhos em condições tão adversas. As jornalistas não foram exceção: em nossa série examinando os efeitos da pandemia sobre a imprensa, reunimos estudos mostrando os efeitos mais perversos da crise sobre elas do que sobre os colegas homens.
Agora, surge mais um. A pesquisa anual da organização Repórteres Sem Fronteiras contabilizou um aumento de 35% no número de jornalistas presas este ano.
Segundo a RSF, em 1º de dezembro 42 delas estavam privadas da liberdade, das quais quatro na Bielorrúsia, país que desde agosto enfrenta protestos contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko. Ao fim de 2019, eram 35 as jornalistas presas por motivos diversos, incluindo denúncias relacionadas à pandemia.
A RSF destaca em seu relatório o caso da vencedora do Prêmio RSF da Liberdade de Imprensa de 2019, Pham Doan Trang, do Vietnã. Ela foi detida em outubro, acusada de fazer “propaganda contra o Estado”.
Pham Doan Trang
A profissional fundou a revista jurídica Luât Khoa e dirige o thevietnamese, publicações que permitem aos leitores conhecerem as leis do país e combaterem arbitrariedades do Partido Comunista. Já prevendo que poderia ser presa, deixou uma carta dizendo “não desejar a liberdade para si mesma, mas algo maior: a liberdade para o Vietnã”.
Haze Fan
Outra história emblemática é a da chinesa Haze Fan, que trabalha na Bloomberg desde 2017. Foi capturada em casa, em Pequim, acusada de atividades criminosas ameaçando a segurança nacional. A China só permite que chineses trabalhem como tradutores, pesquisadores e assistentes para organizações de notícias estrangeiras, e não como jornalistas com direito de fazer reportagens.
A Bloomberg divulgou um comunicado dizendo que havia perdido contato com Fan desde 7 de dezembro e que só recebeu a notícia de sua detenção depois de dias perguntando ao governo em Pequim e à embaixada chinesa em Washington.
Também na China, Cheng Lei, apresentadora australiana que trabalha para a TV estatal chinesa CGTN, foi detida em agosto. Desde então, estaria “sob vigilância em uma residência designada”, como informaram as autoridades do país.
A União Europeia emitiu uma nota em 12 de dezembro pedindo a libertação de todos os jornalistas presos na China. Recebeu como resposta do governo um lacônico “trata-se de assunto interno”.
Mais da metade dos jornalistas presos estão em cinco nações
A China lidera a lista de países apontados pela RSF como os que mais têm jornalistas encarcerados. Os outros são Egito, Arábia Saudita, Vietnã e Síria. O total de profissionais privados de liberdade em 1º de dezembro era de 387, segundo a entidade. Há ainda 54 apontados como reféns − em Síria, Iraque e Iêmen − e quatro desaparecidos.
O número apresentado no relatório é a soma de repórteres profissionais, jornalistas cidadãos (como blogueiros independentes) e os que trabalham para organizações de notícias em funções de suporte. Levando-se em conta apenas os profissionais, o número de presos é de 252, enquanto o de independentes é de 122 e o dos colaboradores é de 13.
Outra entidade que monitora violações à liberdade de imprensa, o Comitê para a Proteção aos Jornalistas, havia identificado pelo menos 274 jornalistas privados de liberdade em 1º de dezembro, dos quais 250 presos este ano, como apresentamos aqui. Há variação nos números, mas em um ponto as duas entidades concordam: ambas apontaram a China como “o pior carcereiro do mundo”.
Não é nada bom ter jornalistas presos, sejam eles homens ou mulheres. Mas tentando ver o lado meio cheio do copo, há uma faceta inspiradora quando vemos mulheres corajosas enfrentando líderes autoritários, muitas vezes à custa da própria liberdade ou correndo risco de vida, como a maltesa Daphne Galizia, assassinada por denunciar corrupção no governo.
Na lista de pedidos para 2020 podemos acrescentar mais dois: que esses números caiam, e que as jornalistas não percam a coragem.
O alto número de prêmios suspensos ou adiados em 2020 por causa do coronavírus impactou de maneira determinante os resultados regionais do Ranking dos +Premiados da Imprensa. O caso mais emblemático aconteceu no Norte, que não contou com nenhum de seus prêmios locais nem com as categorias regionais do MPT, único que ainda mantinha premiações específicas em todas as regiões do País.
Com isso, o único jornalista premiado foi Luciano Abreu, da TV Amazonas, que integrou a equipe da Rede Globo vencedora do Grande Prêmio CNT de Jornalismo, com a reportagem Famílias destruídas por brigas de trânsito.
No Nordeste, um empate triplo entre Ana Paula Omena (Portal Tribuna Hoje), José Sérgio Cunha (Diário do Nordeste) e Lucas Moraes (Jornal do Commercio) definiu a primeira colocação.
Na Região Centro-Oeste o Metrópoles dominou as primeiras colocações do Ranking. Após conquistar, entre outros, os prêmios SIP, Roche, CNT e 99, o portal garantiu as 13 primeiras colocações na região. O primeiro colocado foi Saulo Araújo, vencedor do SIP na categoria Cobertura de notícias em internet. Na segunda colocação aparece Manoela Alcântara, que faturou os prêmios CNT e 99 com a reportagem Invisíveis no banco da frente. Dez jornalistas da publicação terminaram empatados no terceiro lugar.
O Sul também foi bastante afetado pelo adiamento de diversas premiações locais. Foram apenas 37 jornalistas premiados em 2020, bem abaixo dos quase 140 no ano passado. A primeira colocação local ficou com Marcel Hartmann Prestes, de Zero Hora, com Gustavo Chagas, da Rádio Guaíba, na segunda posição. O terceiro lugar foi dividido por oito profissionais de diversos veículos.
O pódio do Sudeste repetiu o Nacional, com Patrícia Campos Mello na primeira posição, Laurentino Gomes em segundo e Rafael Ramos, da Record, em terceiro.
Confira a seguir as tabelas dos +Premiados Jornalistas do Ano nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste.
REGIÃO SUDESTE
POSIÇÃO
PONTOS
NOME (Veículo)
1º
150
PATRICIA CAMPOS MELLO (Folha de S.Paulo)
2º
110
LAURENTINO GOMES
3º
87,5
RAFAEL RAMOS (Record TV)
4º
80
GUSTAVO COSTA (Record TV)
4º
80
MATEUS MUNIN (Record TV)
4º
80
PABLO TOLEDO (Record TV)
7º
70
FERNANDA GUIMARÃES (Agência Estado)
8º
62,5
MICHEL MENDES (Record TV)
9º
60
LAERTE COUTINHO (Folha de S.Paulo)
9º
60
TIAGO ROGERO (O Globo)
9º
60
YAN BOECHAT (O Globo)
12º
57,5
PEDRO ROCKENBACH (Rede Globo)
12º
57,5
RENATA GAROFANO (Record TV)
14º
55
MARCELO CANELLAS (Rede Globo)
15º
52,5
LENO FALK (Agência Radioweb)
16º
50
DAVID COHEN (Exame)
16º
50
FABIO ALARICO TEIXEIRA
16º
50
LUCAS CORRALES VIDIGAL (G1)
16º
50
RAFAEL SOARES (O Globo)
20º
45
VERA MAGALHÃES (TV Cultura)
21º
40
AUGUSTO FERNANDES CONCONI (Estadão)
21º
40
BRUNO PONCEANO (Estadão)
21º
40
FABIANA VILELLA (Record TV)
21º
40
GILSON FREDY SOUZA DE OLIVEIRA (Record TV)
21º
40
HENRIQUE BEIRANGÊ (Record TV)
21º
40
JULIA MARQUES (Estadão)
21º
40
MARCELO MAGALHÃES (Record TV)
21º
40
MARCUS FABRICIO MORAES REIS (Record TV)
21º
40
MARIANA CUNHA VISUAL (Estadão)
21º
40
NATALIA FLORENTINO (Record TV)
21º
40
RAFAEL GOMIDE (Record TV)
21º
40
ROMEU PICCOLI (Record TV
21º
40
VINICIUS SUEIRO (Estadão)
34º
35
ADELE SANTELLI (National Geographic)
34º
35
ANA CAROLINA DINIZ (O Globo)
34º
35
ANDRÉ PAIXÃO (G1)
34º
35
CARLOS HENRIQUE FIORAVANTI (Pesquisa Fapesp)
34º
35
FABIANO CANDIDO (PEGN)
34º
35
FABIO MOTTA (Estadão)
34º
35
ISABEL FILGUEIRAS (Valor.com)
34º
35
ISABELA BOLZANI (Valor Econômico)
34º
35
JULIA DANTAS SAAVEDRA (Revista RI)
34º
35
MARCELLE GUTIERREZ (Valor Econômico)
34º
35
MARCIA RODRIGUES (Plena Mulher)
34º
35
MARINA LOPES (Porvir)
34º
35
NAYARA OLIVEIRA (Intercept Brasil)
34º
35
PABLO LOPEZ GUELLI (Cine Brasil TV)
34º
35
RAFAELA BORGES (UOL)
34º
35
REGINALDO PIMENTA (O Dia)
34º
35
SÉRGIO TAUHATA YNEMINE (Valor Econômico)
34º
35
SULLIVAN SILVA (Rádio Gazeta/ES)
34º
35
TALITA BERTOLIM MOREIRA (Valor Econômico)
53º
30
ALAN GRAÇA FERREIRA (Rede Globo)
53º
30
ALICE MACIEL (Agência Pública)
53º
30
ANA MAGALHÃES (Repórter Brasil)
53º
30
ANDREW FISHMAN (Agência Pública)
53º
30
BOB SHARP (Autoentusiastas)
53º
30
BRUNO FONSECA (Agência Pública)
53º
30
CARLA BIGATTO (Bandnews FM)
53º
30
CAROLINA OMS (AzMina)
53º
30
CRISTINE KIST (Rede Globo)
53º
30
DANIEL CAMARGOS (Repórter Brasil)
53º
30
DANIELA ARBEX
53º
30
DIMITRI CALDEIRA (Rede Globo)
53º
30
DJAMILA RIBEIRO (Folha de S.Paulo)
53º
30
ERICK ARAÚJO (Repórter Brasil)
53º
30
FERNANDO MARTINHO (Repórter Brasil)
53º
30
FLAVIA MARINHO (Repórter Brasil)
53º
30
GABRIELA BILÓ (Estadão)
53º
30
ILZE SCAMPARINI (Rede Globo)
53º
30
LARISSA FERNANDES (Agência Pública)
53º
30
MALU GASPAR (Piauí)
53º
30
MARCELA RAFAEL (ESPN Brasil)
53º
30
MARCOS AURÉLIO SILVA (Rede Globo)
53º
30
MARCOS SILVA (Rede Globo)
53º
30
MARIA JULIA COUTINHO (Rede Globo)
53º
30
MARIAM SALEH (Agência Pública)
53º
30
MARIANA DELLA BARBA (Repórter Brasil)
53º
30
MARINA AMARAL (Agência Pública)
53º
30
NATALIA VIANA (Agência Pública)
53º
30
NATHALIA ARCURI (Me Poupe)
53º
30
OTAVIO BURIN (Repórter Brasil)
53º
30
RAFAEL NEVES (Agência Pública)
53º
30
RUBEM BERTA (Blog do Berta)
53º
30
SONIA BLOTA (TV Bandeirantes)
53º
30
WESLEY FRANCISCO (Rede Globo)
REGIÃO SUL
POSIÇÃO
PONTOS
NOME (Veículo)
1º
55
MARCEL HARTMANN PRESTES (Zero Hora)
2º
50
GUSTAVO MONTEIRO CHAGAS (Rádio Guaíba)
3º
35
DIOGO OLIVIER (Zero Hora)
3º
35
GILMAR FRAGA (Zero Hora)
3º
35
GILMAR LUIZ TATSCH (Jornal ABC)
3º
35
HUMBERTO TREZZI (Zero Hora)
3º
35
LARISSA ROSSO (Gaúcha ZH)
3º
35
MATHEUS FELIPE DA SILVA (RBS TV)
3º
35
RICARDO GIUSTI (Correio do Povo)
3º
35
SHARON JEANINE ABDALLA (Gazeta do Povo)
11º
30
GEORGIA PELISSARO DOS SANTOS (Vós)
14º
25
IGOR NATUSCH VIEIRA (Jornal do Comércio)
14º
25
PATRICIA KNEBEL (Jornal do Comércio)
14º
25
RAFAEL MANO DIVÉRIO (Zero Hora)
17º
20
JONAS CAMPOS (RBS TV)
18º
15
BRUNA TASCHETTO (UFN TV)
18º
15
CARINE KRÜGER (Agora no Vale)
18º
15
CARLOS GUIMARÃES (Rádio Guaíba)
18º
15
CARLOS RODRIGO NASCIMENTO (Gazeta do Sul)
18º
15
CESAR CIDADE DIAS (TV Bandeirantes)
18º
15
CRISTINE RIBEIRO GALLISA (RBS TV)
18º
15
DENISE SAUERESSIG (A Granja)
18º
15
ED MOREIRA WISNIEWSKI (O Informativo do Vale)
18º
15
EDUARDO MATOS (Rádio Gaúcha)
18º
15
EDUARDO VIEIRA GABARDO (Rádio Gaúcha)
18º
15
FÁBIO SCHAFFNER (Gaúcha ZH)
18º
15
FABRICIO FALKOWSKI DE SOUZA (Correio do Povo)
18º
15
GABI LERINA (SBT)
18º
15
GIANE GUERRA (Zero Hora)
18º
15
GLAUCIUS OLIVEIRA (RBS TV)
18º
15
GUILHERME BAUMHARDT SCHEINER (Rádio Guaíba)
18º
15
JEFFERSON KLEIN (Jornal do Comércio)
18º
15
JOSÉ LUIZ PREVIDI (Previdi.com)
18º
15
LIA BENTHIEN (Try Sports)
18º
15
LUCIA MATTOS (TV Bandeirantes)
18º
15
LUIZA PRADO (Jornal do Comércio)
18º
15
SERGIO STOCK (TV Bandeirantes)
REGIÃO CENTRO-OESTE
POSIÇÃO
PONTOS
NOME (Veículo)
1º
80
SAULO ARAÚJO (Metrópoles)
2º
70
MANOELA ALCANTARA (Metrópoles)
3º
57,5
ERICA MONTENEGRO (Metrópoles)
3º
57,5
JULIANA CONTAIFER (Metrópoles)
3º
57,5
LILIAN TAHAN (Metrópoles)
3º
57,5
MARIA EUGÊNIA MOREIRA (Metrópoles)
3º
57,5
OLIVIA MEIRELES (Metrópoles)
3º
57,5
PRISCILLA BORGES (Metrópoles)
3º
57,5
RAQUEL MARTINS RIBEIRO (Metrópoles)
3º
57,5
STELA WOO (Metrópoles)
3º
57,5
STEPHANIE ARCAS (Metrópoles)
3º
57,5
YANKA ROMÃO (Metrópoles)
13º
35
LEILANE MENEZES RODRIGUES (Metópoles)
13º
35
MARCELA LUIZA ALVES RODRIGUES (TV Justiça)
15º
30
AMANDA AUDI (Intercept Brasil)
15º
30
BASILIA RODRIGUES (CBN)
17º
17,5
ALEXANDRE DE PAULA SOUZA E SILVA (Correio Braziliense)
17º
17,5
ANA LOUISE NUNES VIRIATO (Correio Braziliense)
17º
17,5
CRISTIANE CALIXTO COSTA MELO (Rádio Senado)
17º
17,5
RODRIGO RESENDE (Rádio Senado)
REGIÃO NORDESTE
POSIÇÃO
PONTOS
NOME (Veículo)
1º
35
ANA PAULA OMENA (Portal Tribuna Hoje)
1º
35
JOSÉ SERGIO CUNHA (Diário do Nordeste)
1º
35
LUCAS MORAES (Jornal do Commercio)
4º
30
THEYSE VIANA SANTANA (Portal Diário do Nordeste)
5º
25
FABIO PROCÓPIO DE LIMA (O Povo)
5º
25
SUELY FROTA BEZERRA (TV Assembleia/CE)
7º
22,5
ZUILA DAVID (TV Cabo Branco)
8º
20
AMANDA ARAÚJO (O Povo)
9º
15
ALINE OLIVEIRA (TV Verdes Mares)
9º
15
LUCAS BARBOSA (O Povo)
11º
12,5
ABRAHAN LINCOLN DE SOUZA (Diário do Nordeste)
11º
12,5
CRISTINA PIONER (Diário do Nordeste)
11º
12,5
DANIELA DE LAVOR (Rádio Verdes Mares)
11º
12,5
ELON NEPOMUCENO (Rádio Verdes Mares)
11º
12,5
GABRIELA DOURADO (Diário do Nordeste)
11º
12,5
GERMANA CABRAL (Diário do Nordeste)
11º
12,5
GUSTAVO MARQUES (Diário do Nordeste)
11º
12,5
HELENE CRISTIANE (Diário do Nordeste)
11º
12,5
LORENA CARDOSO (Diário do Nordeste)
11º
12,5
LOUISE EUGÊNIO (Diário do Nordeste)
11º
12,5
LYANA MARIA FRANÇA DA COSTA RIBEIRO (Rádio Verdes Mares)
A exemplo do Reino Unido, que anunciou a Online Harm Bill, a União Europeia também não esperou 2021 para apresentar seu pacote de medidas para regular as plataformas digitais. Trata-se de uma “reforma ambiciosa no espaço digital”, que vai abranger todos 27 países da comunidade.
O pacote é composto por duas legislações complementares: a Lei de Serviços Digitais e a Lei de Mercados Digitais, que visam a garantir que os cidadãos tenham direito “a acesso amplo aos serviços online, a comprar com confiança e a acreditar nas notícias que leem”. As leis disciplinarão conteúdo e aplicarão obrigações comerciais e multas maiores para gigantes de tecnologia de acordo com o conteúdo que circula em suas redes.
A medidas podem afetar o jornalismo em geral, principalmente no que se refere a concorrência e conteúdo, já que as regras alteram o mercado publicitário, e interferem na circulação de informações, e consequentemente, na de fake news.
A Abraji condenou os ataques que o presidente Jair Bolsonaro direcionou à imprensa em 18/12, durante cerimônia de formatura de soldados da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ele declarou que, “numa fração de segundo, está em risco a sua vida, do cidadão de bem ou de um canalha defendido pela imprensa brasileira (…) Não se esqueçam disso, essa imprensa jamais estará do lado da verdade, da honra e da lei. Sempre estará contra vocês. Pensem dessa forma para poderem agir“.
O presidente também insinuou que as fake news surgem, em sua maioria, na própria imprensa: “Não esperemos da imprensa a verdade. (…) O Brasil será uma grande nação. E, para isso, contamos com o povo maravilhoso ao nosso lado, e a liberdade das mídias sociais, que essa, sim, traz a verdade para vocês. Que a maior fábrica de fake news está em grande parte na imprensa brasileira”.
Em nota, a Abraji escreveu que “rejeita, de forma veemente, mais um discurso estigmatizante contra a imprensa por parte do presidente do País, que busca deslegitimar o trabalho de jornalistas e veículos, incitando seus apoiadores a fazer o mesmo. É inadmissível que a maior autoridade do País semeie entre PMs recém-formados a desconfiança contra a imprensa, que presta um serviço de interesse público garantido pela Constituição. Com essa atitude, Bolsonaro torna se corresponsável por eventuais conflitos entre jornalistas e policiais militares”.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também repudiou o pronunciamento. Para a entidade, “o episódio confirma, mais uma vez, que no que diz respeito à liberdade de expressão e ao compromisso com a democracia o presidente é irrecuperável. A ABI, por sua vez, não arredará pé de seus compromissos com a defesa da liberdade de imprensa e os direitos garantidos pela Constituição”.
Cerca de 50 organizações defensoras do jornalismo divulgaram nota em apoio à repórter do Intercept Brasil Schirlei Alves, vítima de inúmeros ataques nas redes após ter publicado uma reportagem sobre violência institucional e revitimização no caso Mariana Ferrer.
O comunicado ressalta que o Estado tem a “obrigação de prevenir, proteger e processar ataques contra jornalistas e defensores dos direitos humanos”, além de “atuar para que mulheres comunicadoras possam desempenhar sua profissão em segurança, contribuindo com o direito da população à informação e com debates urgentes a toda sociedade.”
Assinam a nota as seguintes entidades, por ordem alfabética: Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero; Articulação de Mulheres Brasileiras; Artigo 19; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); Associação Mulheres pela Paz; Católicas pelo Direito de Decidir; Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia); Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea); Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada; Coletivo Feminino Plural; Coletivo Jornalistas Contra o Assédio; Coletivo Leila Diniz; Comissão da Mulher Advogada OAB-SP; Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM/Brasil); Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen); Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio (Criar Brasil); Escreva Lola Escreva; Evangélicas pela Igualdade de Gênero; Fórum de Mulheres da Zona Oeste SP; Instituto da Mulher Negra (Geledés); Gênero e Número; Grupo Curumim – Gestação e Parto; Instituto AzMina; Instituto Patrícia Galvão; Instituto Vladimir Herzog; Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social; Levante das Mulheres Brasileiras; Marcha das Mulheres Negras de São Paulo; Marcha Mundial das Mulheres (MMM SP); Milhas pela Vida das Mulheres; Não Me Kahlo; Nosso Instituto – Acesso, Respeito e Acolhimento; Observatório da Mulher; Portal Catarinas; Promotoras Legais Populares de São Paulo; Rede de Jornalistas e Comunicadoras com Visão de Gênero e Raça – Brasil; Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras; Rede Médica pelo Direito de Decidir (Global Doctors for Choice/Brasil); Rede Mulher e Mídia; Rede Nacional de Proteção a Comunicadores; Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos; Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh); Repórteres Sem Fronteiras; SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia; TamoJuntas; The Intercept Brasil; Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos; Think Olga; e União de Mulheres do Município de São Paulo.
Chego para trabalhar na Editora Abril e me deparo com algumas pessoas sentadas na sala de espera para falar comigo. Cumprimento-as. A representante da gravadora me apresenta uma nova cantora, Gal Costa, e me oferece seu primeiro disco. Aperto-lhe a mão e digo: encantado. Nos anos seguintes muitas entrevistas se sucedem, até o ponto em que ela nem sabe mais quem sou.
Fui entrevistar Muhammad Ali, nascido Cassius Marcellus Clay, um dos mais importantes pugilistas do mundo, no hotel San Raphael, avenida São João, São Paulo. Meu Inglês não dava para nenhuma pergunta, mas não precisava, ele só queria dizer que se convertera ao islamismo e a temática era notória. O importante era registrar o evento fotograficamente e gravar suas declarações. Década de 1970. Rolou uísque à vontade. Ao sair da entrevista bati meu Fusca quando o farol fechou e não percebi. Nada grave, felizmente. A revista Intervalo relevou.
Fotografei a apresentação especial da peça Julgamento em Novo Sol, de Nelson Xavier, no Palácio da Alvorada, década de 1970. Na primeira fila da plateia, a primeira dama Teresa Goulart, nem um pouco incomodada com o chato fotógrafo de Pernambuco, que a entrevistou em seguida para UH-NE. Na semana seguinte, quando o Movimento de Cultura Popular (MCP) apresentava a mesma peça no Teatro Nacional do Rio de Janeiro, roubaram minha bolsa de fotógrafo com filmes não revelados. A imagem da linda Teresa ficou apenas “em minha retina cansada”, como na canção Lábios que beijei, de J. Cascata e Leonel Azevedo, imortalizada por Orlando Silva.
Quando o industrial pernambucano José Ermírio de Moraes era candidato a senador, acompanhava-o em comícios pelo sertão, a serviço da Última Hora-Nordeste. Anos depois, acompanhava o trabalho meritório de um de seus filhos, Antônio Ermírio de Moraes, como superintendente da Beneficência Portuguesa, que frequentava habitualmente o Hospital das Clínicas da FM-USP em busca de colaboração mútua. Muitos médicos do HC trabalhavam na Beneficência. Como assessor de imprensa, eu divulgava todos os eventos e atividades, como interlocutor e porta-voz das instituições. Ficou a cena de encontros marcados pela cordialidade.
Como repórter de UH-NE fui designado pelo chefe de Reportagem, Milton Coelho da Graça, para entrevistar o general Humberto Castelo Branco sobre o discurso de João Goulart no dia 30 de março de 1964. Ele me recebeu educadamente e em seguida, educadamente, apertou minha mão e me expulsou de sua sala, sem uma única palavra; nunca esqueci a cena. Era baixinho como eu.
Dácio Nitrini, editor-chefe da Folha de S. Paulo, combina comigo a produção de uma foto com as principais autoridades em Aids no País, ao meio-dia, na Secretaria de Estado da Saúde. Um dos convidados era o meu chefe no HC, que concordara em comparecer, mas havia dado ordens à secretária para não interromper “em nenhuma hipótese” a reunião de que participava. Quando a reunião acabou, todos os demais convidados já estavam no local combinado, menos meu chefe, que chegou ofegante e foi xingado de “estrela” pelos demais membros do grupo. De volta ao gabinete decretou três dias de suspensão como responsável pelo incidente, que considerou proposital. No domingo, a Folha publicou a tal foto, em página inteira.
Francisco Cuoco e outras estrelas globais faziam uma novela sobre garimpo no interior do Brasil e o repórter acompanhava tudo de perto por uma semana para a revista Intervalo. Comprou uma calça e juntou a nota fiscal à prestação de contas. Alguns dias depois a auditoria da Editora Abril glosou a despesa, que, embora pequena, era irregular. A empresa só pagaria hospedagem e alimentação, praxe nesses casos. De nada adiantou recorrer ao chefe de Reportagem, Giba Um, que tirou o dele da reta, como se diz vulgarmente. E o repórter famoso, Arley Pereira (1932-2007), foi demitido sumariamente por justa causa.
No auge do Aqui, agora, do SBT, o apresentador pediu para entrevistar médico que fazia cirurgia pioneira no Brasil. O cirurgião negou-se energicamente, alegando que não queria aparecer numa tevê que era vista apenas por empregada doméstica. Contou que quando passava pela cozinha, aos domingos, via de relance o pessoal preparando o almoço e assistindo ao Programa Silvio Santos. Após informar à administração superior sobre a recusa e explicar as vantagens de divulgar o pioneirismo, o cirurgião foi convencido a conceder a entrevista. Nos dias, meses e anos seguintes ele tornou-se grande amigo, sempre à disposição da imprensa. Até hoje me agradece pela insistência.
O escritor Hernâni Donato, da Academia Paulista de Letras, era Relações Públicas da Editora Abril. Quando não almoçava com Victor Civita, presidente da empresa, encontrava-o na fila do restaurante dos funcionários e sentávamos juntos, em conversação descontraída, quando ele tentava me convencer a mudar para uma cidade média do interior e criar um jornal, se lá não tivesse um. Argumentava que eu poderia arranjar um bom casamento e virar figura importante da cidade. Quando perguntei os motivos da inusitada sugestão ele foi sincero: eu não teria como progredir em meio a incontáveis gênios que criaram Quatro Rodas, Veja e Realidade. Talvez ele tivesse razão. Nunca passei de redator (copy desk) da revista Intervalo, que fechou por não dar lucro individualmente. Fui para o Estadão.
Como redator da revista Intervalo, era convidado para lançamentos de discos, estreias de espetáculos e eventos artísticos em geral. Também comparecia a restaurantes frequentados por artistas, para colher informações a serem utilizadas em reportagens e colunas de fofocas. Era assediado por empresários, insinuantes “secretárias” e até por mães de cantoras. Com o maior respeito, naturalmente. Tomava uísque com Antônio Marcos e Vanusa, com Altemar Dutra e Martha Mendonça, com Eduardo Araújo e Silvinha etc. Quem não gostava nada disso era a mãe de meus filhos, que acabou pedindo desquite.
Por duas vezes fui jurado do Troféu Imprensa. Entreguei o troféu a Ivan Lins, num ano, e a Altemar Dutra, em outro. Antes de me dirigir ao auditório, na praça Marechal Deodoro, fui buscar Altemar na rua Doutor Veiga Filho. Lá pelo fim da tarde, quando Silvio Santos nos chamou para a entrega do troféu, nenhum dos dois estava em condições de falar. Convidado a cumprimentar o cantor pelo merecido prêmio, informei que ele acabara de me mostrar dois cômodos da casa dele cheios de troféus. Aquele seria mais um. Silvio me tomou o microfone e chamou os comerciais.
Andava para lá e para cá nos estúdios da TV Record, proximidades do aeroporto de Congonhas, quando resolvo ir à sala do Dr. Paulo Machado de Carvalho, como de hábito, em busca de notícias. A secretária me barrou, assustada, pedindo “pelo amor de Deus” para não entrar. Achei que seria algo inusitado, no mínimo uma boa notícia. Ela então me explicou: Hebe Camargo estava chorando porque lera um desagradável comentário sobre o programa dela. A crítica impiedosa a chamava de várias coisas, menos de inteligente. O crítico impiedoso, do jornal A Gazeta, era Zé Flávio, ou seja, nada menos que meu pseudônimo. Saí de mansinho.
Passava as tardes observando quem descia dos aviões no Aeroporto dos Guararapes. Ao avistar D. Hélder Câmara fui correndo perguntar o motivo de sua viagem e ele não se fez de rogado. Disse que iria assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife e me explicou sua prioridade: os mais humildes, claro. Dia seguinte, a entrevista saiu em Última Hora – Nordeste, onde eu era foca.
Flávio Tiné
Reproduzimos nesta semana algumas reminiscências jornalísticas que Flávio Tiné publicou em seu blog. Ex-Última Hora, Abril, Estadão e Diário do Grande ABC, entre outros, aposentou-se em 2004 como assessor de imprensa do Hospital das Clínicas de São Paulo. Como ele próprio diz, com problemas de locomoção, já estava confinado quando começou o confinamento.