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sábado, julho 12, 2025

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Pandemia: bolha de confiança estourou, com recuo para a imprensa e avanços para as corporações

Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia

Luciana Gurgel

No início da crise do coronavírus, no ano passado, uma pesquisa da agência Edelman em 11 países (Brasil não incluído) divulgada em maio apontou que a confiança do público nos quatro setores que vêm sendo pesquisados há 20 anos pelo Edelman Trust Barometer havia atingido os recordes históricos.

Mas a edição 2021, que acaba de ser publicada, mostra que o resultado era uma bolha, cujo estouro, embora tenha feito os índices dos quatro setores caírem nos últimos seis meses, foi desastroso para os governos, que sofreram as maiores perdas no período, e péssimo para a mídia e para as ONGs, que perderam mais do que tinham ganhado na fase inicial.

O setor empresarial foi o que menos perdeu nos últimos seis meses e teve ótimas notícias: além de reassumir a liderança como o mais confiável, que havia perdido para os governos, foi o único considerado competente e ético pelas mais de 33 mil pessoas em 27 países entrevistadas em outubro e novembro de 2020.

Efeito residual ao fim de um ano é positivo para empresas e governos

No retrato divulgado em maio, tomando por base 11 países, as urgências médicas, econômicas e sociais tinham feito a confiança nos governos subir 11 pontos em poucos meses, chegando a 65 numa escala até 100. Pela primeira vez em 20 anos, os governos foram vistos como o setor mais confiável. Considerando-se a queda de 8 pontos nos últimos seis meses, o resultado manteve-se positivo (+3) ao final de um ano, assim como o do setor empresarial (+1).

Com a queda de 6 pontos que apresentaram nos últimos seis meses, tanto as ONGs (-2) como a mídia (-1) retrocederam em relação a janeiro de 2020 no ranking dos 11 países comparáveis.

No retrato de 27 países, resultado da mídia melhora

Quando se observa o retrato de janeiro deste ano em 27 países (Brasil incluído), o efeito bolha do meio da pandemia não é captado. As posições permaneceram inalteradas em relação a janeiro passado, com o setor empresarial mantendo-se na liderança e as ONGs sem terem perdido a segunda posição. Os governos aparecem em terceiro e a mídia em último.

Assim como no ranking dos 11 países comparáveis, ao fim de um ano os índices do setor empresarial (+2) e dos governos (+3) avançaram. A confiança nas ONGs também retrocedeu (-1), mas a diferença é que a confiança na mídia avançou 2 pontos.

Percepção de competência e ética não andaram juntas

A pesquisa com os dados dos 27 países também mostra que o setor empresarial foi o único visto como competente e ético, aparecendo como líder em competência e o segundo mais ético. A liderança em ética permanece com as ONGs, que no entanto tiveram resultado negativo em competência. A mídia aparece com resultados negativos em ética (embora tenha melhorado) e em competência. As piores avaliações nos dois atributos foram as dos governos.

A confiança dos funcionários em seus empregadores é um dos pilares da performance das corporações. O Brasil aparece com o oitavo maior escore nesse quesito (79%) dentre os 27 países pesquisados. CEOs estão em segundo lugar (63%) como os líderes mais confiáveis na amostra global, atrás apenas dos cientistas (73%).

A liderança do setor, associada ao declínio da confiança no governo, faz aumentar as expectativas quanto à atuação dos CEOs: 86% dos respondentes acham que eles devem se posicionar sobre desafios sociais e 68% esperam que se envolvam quando governos não resolverem os problemas.

O valor da comunicação interna na crise do coronavírus

Adicionalmente, o declínio da confiança nas notícias veiculadas pela imprensa, que na nova pesquisa atingiu seu mais baixo índice na série histórica, também faz com que mais da metade dos respondentes (53%) acredite que quando a imprensa não cumpre o papel de informar cabe às corporações preencher o vácuo.

As informações recebidas da empresa foram vistas como as mais confiáveis por 61% dos entrevistados, à frente dos comunicados dos governos (58%) e de reportagens com fontes identificadas (57%). As mídias sociais lideram em desconfiança: um em cada quatro dos respondentes (24%) disse não acreditar em informações recebidas somente por elas.

O acesso a informações de qualidade foi considerado pelo público como o fator mais importante para reforçar a confiança entre funcionários e empresas. Uma boa comunicação interna emergiu como a segunda maior expectativa relatada por eles, atrás apenas da garantia de manter os funcionários seguros.

Por outro lado, a crise fez com que 50% dos respondentes tenham se mostrado mais propensos do que há um ano a se manifestarem contra atos da gerência dos quais discordem ou a se engajarem em manifestações no trabalho.

As tendências apresentadas pela pesquisa aumentam os desafios, as responsabilidades e a importância cada vez mais estratégica das áreas de comunicação corporativa no novo normal que emerge da pandemia.

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Folha e Google anunciam projeto que indexa 2,5 milhões de fotografias

Campanha de vacinação contra a meningite em 1975 (Crédito: Folhapress)

A Folha de S.Paulo anunciou um projeto em parceria com o Google que indexou 2,5 milhões de fotografias do acervo do jornal. Elas estavam abrigadas em pastas no servidor da Folha, o que dificultava a busca e o acesso e, na prática, mantinha a coleção obscura. Parte da Redação já usa esse novo sistema, e os demais jornalistas terão acesso nas próximas semanas.

A iniciativa resgata fotografias dos anos 1940 ao fim da década de 1990, produzidas para as Folhas da Manhã, da Tarde e da Noite. Também ficam disponíveis os acervos dos jornais Última Hora e Notícias Populares, uma coleção de quase 26 mil charges e cerca de 10 terabytes de informação.

A indexação consiste na transformação de informações contidas em uma base de dados em conteúdo organizado e facilmente pesquisável. O projeto, conduzido pela empresa Assetway, parceira do Google, chega próximo ao aniversário de 100 anos da Folha, em fevereiro deste ano.

Juliana Laurino, gerente administrativa das Redações e gerente-geral da Folhapress e do Banco de Dados, destacou que a iniciativa “vai melhorar o jornalismo que produzimos, já que o conteúdo hoje está praticamente inacessível. Também se beneficiam a comunidade acadêmica e instituições de pesquisa, autores e editores de livros e profissionais da imprensa em geral”.

Facebook começa a pagar por conteúdo jornalístico no UK e Espanha implanta imposto sobre gigantes digitais

2021 começa confirmando a tendência de grandes transformações para as plataformas digitais, seja por força de lei ou de iniciativas das próprias empresas. São movimentos que afetam o mercado publicitário, a privacidade do usuário e o jornalismo, que ganha com a valorização de informações confiáveis.

Na Espanha, acaba de entrar em vigor uma lei tributária que cria o chamado Imposto Google, impondo taxas aos agregadores de internet por vincularem-se a conteúdos de mídia protegidos por direitos autorais.

No Reino Unido, o Facebook fez acordo com as principais empresas jornalísticas do país para pagar por conteúdo, e assim lançou na terça-feira (26/1) o Facebook News, uma seção de notícias combinando as principais reportagens do dia e conteúdos escolhidos pelo usuário. A nova seção faz com que as notícias apareçam em uma área separada, e não misturadas com notícias de amigos e de conteúdos de outras páginas.

Já na Austrália, continua a tensão entre Google e Facebook em torno da lei que o país deseja implantar e que, se entrar em vigor, fará o Google pagar por links pela primeira vez na história.

Leia mais sobre o assunto em MediaTalks by J&Cia.

Mário Kempes deixa a Federação Cearense de Futebol

Mário Kempes em ação durante a Copa da Rússia (Arquivo pessoal)

Mário Kempes (Kempão) deixou a área de imprensa da Federação Cearense de Futebol (FCF) e parte para novos projetos acadêmicos. Ex-repórter e editor do caderno Jogada, do Diário do Nordeste, estava em sua segunda passagem pela entidade, onde já havia atuado anteriormente como assessor de imprensa. 

Também foi repórter-correspondente do jornal Lance! no Estado do Ceará, comentarista da Rádio Verdes Mares e da TV Diário. Em 2018 cobriu a Copa do Mundo na Rússia para o Sistema Verdes Mares.

Nas redes sociais, ele escreveu: “Nos últimos dez anos, foram duas passagens e quase cinco anos de trabalho, aprendizado e muito conhecimento no mundo do futebol. Mas meu ciclo na FCF se encerrou e a FCF TV vai seguir ainda mais firme e forte na sua jornada. Agradeço demais ao presidente Mauro Carmélio pela oportunidade e pelo trabalho árduo e muito gratificante. Foram mais de 200 transmissões ao vivo em pouco mais de dois anos. Experiência incrível e com um legado enorme para a FCF TV, mas, agora, é buscar novos projetos…”.

Ato virtual relembrou os 50 anos do assassinato de Rubens Paiva

O Núcleo de Preservação da Memória Política realizou em 20/1, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog e a Comissão Arns de Direitos Humanos, um ato virtual em homenagem ao engenheiro e deputado federal Rubens Beyrodt Paiva, um dos símbolos mais emblemáticos das arbitrariedades e violações contra os Direitos Humanos perpetrados pela ditadura militar. A data marcou os 50 anos do assassinato do homenageado.

O evento, mediado por Oswaldo de Oliveira Santos Jr., diretor do Núcleo Memória, contou com a presença de Felipe Alencastro, membro da Comissão Arns de DH; Belisario dos Santos Junior, membro da Comissão Arns de DH e do Conselho do Núcleo Memória; Adriano Diogo, ex-presidente da Comissão da Verdade Rubens Paiva; Ivo Herzog, presidente do Conselho do Instituto Vladimir Herzog; José Luiz Baeta, do Comitê Popular Verdade, Memória e Justiça (Santos/SP); Wladimir Sachetta, historiador e jornalista; e Vera Paiva e Francisco Paiva, respectivamente filha e neto de Rubens Paiva.

Confira!

Globoplay entra nos podcasts

Globoplay

* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora regional de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro

O Grupo Globo anunciou em 21/1 que a Globoplay – sua plataforma de vídeos sob demanda – será também um hub de podcasts. O comunicado foi feito durante o Audio Day 2021 e consta que terá cerca de 80 títulos, entre programas do G1, GE e GShow, as transmissões da rádio CBN, além do investimento em novas produções com o estúdio B9. A maioria dos programas continua a ser apresentada também em outras plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e Apple Podcasts.

Essa movimentação vai ao encontro da tendência da mudança nos hábitos de consumo durante a pandemia, que fortaleceu os podcasts, conforme artigo de Marcos Chehab no Meio&Mensagem. O formato é antigo, existe desde os primórdios da internet, mas vem ganhando qualidade nos últimos anos e provoca conexão com o ouvinte, mérito do poder afetivo da voz humana.

O líder Spotify cresceu mais de 200% no último ano, com aproximadamente 20% dos usuários ouvindo conteúdos. A chegada da Amazon Music e Globoplay a esse formato reforça o potencial do podcast para obter altas métricas de engajamento e segmentação de público.

Com Covid, Laerte é transferida para a UTI

Internada desde 21/1 no Instituto do Coração, em São Paulo, após ter contraído Covid, a cartunista Laerte Coutinho precisou ser transferida na noite dessa segunda-feira (25/1) para a Unidade de Terapia Intensiva.

A informação foi confirmada pelo quadrinista Rafael Coutinho, filho de Laerte, que afirmou que o estado de saúde da cartunista “ainda não é grave, mas requer cuidados mais rigorosos”.

“Escrevo aqui em nome da família, para atualizá-los sobre a atual condição de saúde dela. Como muitos já sabem, Laerte está internada com Covid desde o dia 21 de janeiro, no INCor. Está sendo supervisionada pelo dr. Ubiratan Paula Silva. A condição piorou lentamente, e ela foi internada na UTI na noite passada. O estado ainda não é grave, mas requer cuidados mais rigorosos”, escreveu Rafael.

“Ela deve ficar por no mínimo mais uma semana lá, e estamos acompanhando dia a dia a evolução, na torcida para que melhore. Agradecemos a todes que mandaram mensagens de apoio e carinho, se disponibilizando a ajudar das formas mais variadas”.

Fenaj: 2020 foi o ano mais violento contra jornalistas; Bolsonaro lidera ataques

Segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), 2020 foi o ano mais violento para profissionais de imprensa brasileiros desde o início da década de 1990, quando a entidade passou a contabilizar os índices de violência contra jornalistas. O principal agressor foi o presidente Jair Bolsonaro.

O relatório contabilizou 428 casos de violência contra profissionais de imprensa em 2020, mais do que o dobro do número detectado em 2019. Bolsonaro foi responsável por quase 175 ataques, o equivalente a 41% do total. 

A ação de tentar desacreditar a imprensa foi a mais frequente: dos 428 casos registrados, 152 (35,51%) foram discursos que buscavam desqualificar a informação jornalística, seguidos por censura (85 casos – aproximadamente 20%) e agressões verbais/ataques virtuais (76 casos – quase 18%).

A Fenaj escreveu no relatório que “a explosão de casos está associada à sistemática ação do presidente da República, Jair Bolsonaro, para descredibilizar a imprensa e à ação de seus apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas”.

Maria José Braga, presidente da Fenaj, declarou que “esse crescimento evidencia a institucionalização do desrespeito ao princípio constitucional da liberdade de imprensa, por meio da Presidência da República, e a disseminação de uma cultura da violência para a relação cidadãos/veículos de comunicação/jornalistas”.

Instituto Reuters lança bolsas de pesquisa em parceria com a Oxford

Logo Reuters Institute

Estão abertas as inscrições para as bolsas de jornalismo do Instituto Reuters em parceria com a Universidade de Oxford. O programa oferece £ 2.000 (quase R$ 15 mil) a profissionais de todo o mundo que tenham mais de cinco anos de experiência. 

Segundo o site do Instituto Reuters, os selecionados passarão por “um período de reflexão e uma oportunidade de realizar uma pesquisa relevante em profundidade, longe da pressão de prazos apertados”.

Para inscrever-se, é preciso preencher um formulário (em inglês), além disso, os candidatos devem enviar uma declaração explicativa sobre o projeto. Junto, será necessária uma carta de apresentação que explique os motivos do interesse no programa, um currículo e duas referências profissionais. O prazo vai até 8 de fevereiro.

Fausto Silva deixará a Globo no final do ano

* Por Cristina Vaz de Carvalho, editora regional de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro

Na segunda-feira (25/1), a Globo emitiu um comunicado que agitou os canais digitais de televisão, com a informação de que Fausto Silva deixará a emissora no final do ano, quando vence seu contrato. O programa Domingão do Faustão, depois de 32 anos nas tardes de domingo da emissora, pode ou não continuar. Diz a nota: “Diante da decisão do apresentador de encerrar sua jornada à frente de programas semanais, só cabe à TV Globo respeitar e aplaudir a história que ele construiu”.

Ao elaborar uma remodelação completa na programação de domingo da Globo, Ricardo Waddington, diretor de Entretenimento, ofereceu a Fausto um programa diferente, a ser desenvolvido, para as noites de quinta-feira. A ideia seria fazer face à concorrência de A praça é nossa, do SBT, nesse horário. Fausto, porém, preferiu não renovar seu contrato nessas bases. O que não quer dizer que ele pretenda se aposentar. Sobre seu futuro na telinha, há apenas especulações.

Em resumo, Fausto começou como jornalista no rádio, e estreou na TV como apresentador do programa Perdidos na noite, exibido sucessivamente pelas TVs Gazeta, Record e Bandeirantes. Em 1989, convidado por Boni, assumiu o Domingão do Faustão na Globo, para concorrer com Sílvio Santos nas tardes de domingo.

Com uma equipe de criação própria consagrou diversos quadros de grande apelo e, com seu senso de improvisação, bordões como “quem sabe faz ao vivo”.

Feras da cobertura de celebridades, como Daniel Castro, Flávio Rico, Leo Dias e Maurício Stycer cederam espaços generosos a Faustão, caracterizando uma unanimidade em termos de respeito pelo seu trabalho. Ao contrário da postura avessa às entrevistas, que Fausto adotou desde o seu enorme sucesso, ele agora falou aos que o procuraram, sempre agradecendo e elogiando a emissora.

Há dez anos, Jornalistas&Cia o entrevistou, e sua biografia, currículo e postura profissional continuam valendo. Patrícia Kogut – que não divulga informação privilegiada –, no jornal O Globo, acrescentou que o diretor artístico do programa, Jayme Praça, deixa a empresa já em fevereiro e Cris Gomes,o diretor-geral da atração, acumula as funções dele.

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